PERCEPÇÃO DOS IDOSOS QUANTO AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS: UMA REVISÃO LITERÁRIA



INTRODUÇÃO: Na atualidade, os estudos constatam um aumento substancial da expectativa de vida da população idosa, acompanhado pela melhoria da qualidade de vida, estimulando as mudanças de comportamento relacionadas a muitos campos sociais, e principalmente direcionado à sexualidade dos idosos, proporcionando a estes relações afetivas mais ativas. No idoso a sexualidade consiste muito mais que meramente o ato físico, ele inclui o carinho, o companheirismo e o amor. Sentir-se desejado e amado por outra pessoa proporciona muita satisfação e bem estar emocional, e isso é fundamental pelo fato das inúmeras perdas que os idosos enfrentam (ELIOPOULOS, 2005). Os avanços das ciências biomédicas disponibilizaram medicamentos para disfunção erétil que permitem o prolongamento da vida sexual ativa, em associação com a desmistificação do sexo, tornam as pessoas da terceira idade mais vulneráveis a Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST?s) (GOMES, 2008). Do mesmo modo, estes indivíduos podem estar expostos a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) devido à carência de informações sobre a patologia, o preconceito contra o uso de preservativos, diagnósticos tardios e falta de ações preventivas eficazes voltadas para esse grupo, conjuntamente a falta de capacitação profissional (MOLETTA; OLIVEIRA, 2007). O aumento no número de pessoas idosas contaminados por IST/AIDS emerge como um grande problema de saúde pública, tornando-se um desafio para a nação e exigindo dos gestores públicos o desenvolvimento de políticas e estratégias direcionadas especificamente a este grupo etário, garantindo assim um padrão de qualidade de vida adequado a esta população. Torna-se relevante conhecer a percepção dos idosos quanto as IST?s, para que a partir deste conhecimento possam ser formuladas medidas de prevenção compatíveis com os indivíduos da terceira idade. Deste modo, o presente estudo objetivou conhecer a percepção dos idosos acerca das Infecções Sexualmente Transmissíveis através de uma revisão de literatura sobre a temática. METODOLOGIA: Tratou-se de uma pesquisa de caráter exploratório-descritivo, de abordagem qualitativa, utilizando-se o método de levantamento bibliográfico. O presente estudo foi realizado durante o mês de maio de 2011 pelos acadêmicos do Curso de Enfermagem da Universidade Regional do Cariri ? URCA, Campus Iguatu, sendo elaborado a partir da literatura pertinente publicada nas bases de dados eletrônicas (LILACS, BIREME), além de livros e revistas eletrônicas. Foram pesquisados em 10 artigos retirados das bases de dados citadas, sendo utilizados os descritores: Infecção Sexualmente Transmissível; Sexualidade; Idoso; Percepção. O mesmo foi classificado em duas etapas, onde a primeira teve o intuito de identificar trabalhos que abordassem a temática, e na segunda etapa realizou-se a análise e distribuição das pesquisas abordando as variáveis escolhidas para o estudo: o conhecimento dos idosos acerca da AIDS; a percepção de riscos, vulnerabilidade, transmissão e prevenção. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS: A qualidade de vida é fundamental para que os idosos enfrentem o processo do envelhecimento de forma mais prazerosa e saudável. A sexualidade constitui uma maneira de qualidade de vida que é essencial para a satisfação da vida dos idosos. Envelhecer não significa enfraquecer, ficar triste ou assexuado. Entretanto, em nossa cultura, diversos mitos e atitudes sociais são atribuídos às pessoas com idade avançada, principalmente os relacionados à sexualidade, dificultando a manifestação desta área em suas vidas (MOLETTA; OLIVEIRA, 2007). Para Vicente (2005), na terceira idade o desejo sexual não desaparece apenas a vitalidade física do idoso o impede de ser tão ativo sexualmente. A atividade sexual passa a ser mais sensível, com uma frequência e intensidade menor. O sexo vaginal deixa de ser a principal fonte de prazer e outras formas de estimulação são apreciadas. É importante saber que o envelhecimento não compromete necessariamente a sexualidade, pois a mesma não é sinônima de ato sexual, envolve muito mais do que o desejo físico. Dantas (2002) em seu estudo com um grupo de 30 idosos obteve como resultados que cerca de 43,33% dos idosos ainda vivenciam a sexualidade, e 43,33% não vivenciam, sendo que apenas 13,33% não existe mais o interesse sexual. Tendo em vista que estes indivíduos encontram-se mais ativos nas práticas sexuais, é preciso reconhecer que tal situação predispõe à transmissão de IST/AIDS, caso não sejam reconhecidos como população de risco, assim como não sejam traçadas estratégias de prevenção destas infecções. Analisando o conhecimento dos idosos sobre as IST?s, através da literatura pertinente, podemos constatar que a maioria dos idosos não tem conhecimento adequado sobre a IST/AIDS, chegando a definir como uma "doença contagiosa", mesmo desconhecendo o conceito real. Quanto à transmissão, alguns acreditam que o mosquito pode ser o transmissor, reforçando a necessidade de atividade de educação em saúde. Quando analisado a questão dos fatores de risco ou de proteção observou-se que a maioria dos entrevistados aponta o preservativo como fonte de prevenção, mas não utilizam nas relações sexuais. Do mesmo modo, algumas mulheres relataram ter dificuldade em negociar o uso do preservativo com os parceiros e outras consideram desnecessário o uso do preservativo por estarem na menopausa e que não precisam preocupar-se em prevenir uma gravidez, pois associam o preservativo apenas a um método contraceptivo, e a maioria cultua o pensamento de que a situação de ter um parceiro fixo exclui a utilidade do preservativo. Alguns acreditam ainda que por estarem em uma idade avançada, estão imunes à infecção sexualmente transmissíveis, no entanto a vulnerabilidade para adquirir-las tende a aumentar quando o indivíduo não está preocupado. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O idoso encontra-se numa etapa existencial e orgânica peculiar, na qual se faz necessário o cuidado em saúde, inclusive a saúde sexual, esta dependente de como é formulada a percepção destes sujeitos quanto à atividade sexual e o potencial de infecções a qual estão em risco. O resultado deste trabalho possibilitou verificar a existência de uma percepção inadequada dos idosos em relação às IST/AIDS, do mesmo modo quanto às medidas de prevenção e fatores de risco, mostrando-nos a importância de haver campanhas que visem a promoção da saúde na terceira idade, sendo relevante a formulação e implementação de programas de educação em saúde que proporcionem o acesso às informações sobre a afecção, contribuindo de maneira fidedigna para a melhor qualidade de vida do idoso, garantindo a integralidade prevista na carta magna brasileira.
Descritores: Infecção Sexualmente Transmissível; Sexualidade; Idoso; Percepção.

REFERÊNCIAS
DANTAS, J. M. R. et al. Lazer e Sexualidade no Envelhecer Humano. Goiânia, 2002.

ELIOPOULOS, C. Enfermagem Gerontológica. Porto Alegre, Artmed, 2005.

GOMES, D. M. O. Processo de Envelhecimento. O portal dos psicólogos, 2008..

MOLETTA, A. K.; OLIVEIRA, R. C. S. Sexualidade na Terceira Idade: Um Estudo de Caso. In: ANAIS DO XVI ENCONTRO ANUAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA. Paraná. 2007.

VICENTE, N. Sexualidade na terceira idade. O Portal dos psicólogos, 2005.

Autor: Vanderlucia Lôbo


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