CÍRCULO VICIOSO
Nazaré, 17-06-1988
Em um laboratório americano
Um cientista inventa um vírus
Do cruzamento de quatro vírus.
Viva! Ele é um gênio!
Vamos exportar e ganhar dinheiro!
Exporta-se para a África.
Mas como?
Numa agulha de injeção...
Descartável!
Entra um infeliz africano
Numa farmácia e compra
Uma agulha contaminada.
Logo toma a injeção,
Logo se contamina.
Passam-se cinco meses
E a vitima passa mal.
Se interna num hospital.
Diagnostico... desconhecido.
Médicos contaminados,
Enfermeiros contaminados,
Esgotos contaminados,
Ratos contaminados,
Rios contaminados,
Crianças contaminadas,
Mulheres contaminadas,
Filhos contaminados.
Passam-se dois anos.
Milhares contaminados.
Passam-se cinco anos.
Milhões contaminados.
Está na hora de soltar um paliativo.
Vamos ganhar bilhões de dólares,
Mas milhões já morreram.
Agora vamos aos lucros
Do nosso laboratório.
Preço do paliativo...
Dois mil dólares por mês.
Quem é rico
Tem acesso ao antídoto.
Quem é pobre
Vira agente propagador.
E os lucros continuam.
O governo, conivente,
Brada ao povo que se cuide
Mas não diz como.
Vamos comprar o paliativo.
E tome despesas,
E o laboratório lucra
Cada vez mais,
Às custas dos subdesenvolvidos.
E mais... e mais... e mais...
Esta é mais uma novela
Do capitalismo selvagem.
Autor: Gilberto Nogueira De Oliveira
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