O SENTIR DAS PERCEPÇÕES



O SENTIR

Através de Merleau-Pontu o sujeito perceptível é o lugar dessas coisas, e o filósofo descreve as sensações e seu substrato como se descreve a fauna de um país distante ? sem perceber que ele mesmo percebe, que ele é sujeito perceptivo e que a percepção, tal como ele a vive, desmente tudo o que ele diz a percepção em geral.
As relações entre aquele que sente e o sensível são compráveis às relações entre o dominador e seu sono: o sono vem quando uma certa atitude voluntária repentinamente recebe do exterior a confirmação que ela esperava.
O ser só é para alguém que seja capaz de recuar em relação a ele e que portanto esteja absolutamente fora do ser. É assim que o espírito se torna o sujeito da percepção e que a noção de "sentidos" se torna indispensável. Se ver ou ouvir for afastar-se da impressão para inverti-la em pensamento e deixar de ser para conhecer, seres absurdo dizer que vejo com meus olhos e meus ouvidos ainda são seres do mundo, incapazes, então, de preparar diante deste a zona de subjetividade de onde ele será visto ou ouvido. Não posso nem mesmo conservar alguma potência de conhecer aos meus olhos ou aos meus ouvidos fazendo deles instrumentos de minha percepção, pois esta noção é ambígua, eles só são instrumentos da excitação corporal e não há meio-termo entre o em si e o para si, e já que meus sentidos, sendo vario, não são eu mesmo, eles só podem ser objetos, ou seja, coloco a percepção no percebido.
Com a distinção entre os sentidos e a intelecção, encontra-se justificativa a distinção entre os sentidos. O intelectualismo não fala dos sentidos porque, para ele, sensações e sentidos só aparecem quando eu retorno ao ato concreto de conhecimento para analisar-lo. Então distingo nele uma matéria contingente e uma forma necessária, mas a matéria é apenas um momento ideal e não um elemento separável do ato total.
Portanto, os sentidos não existem, mas apenas a consciência, o empirismo tentaria em vão opor fatos, se admito que o espaço pertence originalmente à visão e que dali ele passa ao tato e aos outros sentidos, como no adulto aparentemente existe uma percepção tátil do espaço, pelo menos devo admitir que os "dados táteis puros" ao deslocados e recobertos por uma experiência de origem visual, que eles se integram a uma experiência total na qual são finalmente indiscerníveis.

O Método indutivo e produzindo "fato" , trata-se da reflexão intelectualiza, temátiza o objeto e a consciência e, para retomar uma expressão Kantiana, ela os "conduz ao conceito".

"o Eu penso deve poder acompanhar todas as nossas representações". "se um mundo deve poder ser pensado", então é preciso que a qualidade o contenha em germe. Mas, em primeiro lugar, de onde sabemos que extraímos que o mundo deve poder ser pensado?

Talvez se responderá ainda que a análise reflexiva não apreende o sujeito e o objeto apenas "em idéia", que ela é uma experiência, que, ao refletir, eu me recoloco neste sujeito infinito que eu já era, e recoloco o objeto nas relações que já o subtendiam, e que enfim não convém perguntar de onde extraio essa idéia do sujeito e essa idéia do objeto, já que elas são a simples formulação das condições sem as quais haveria nada para ninguém.
É a condição sem a qual não se pode pensar a plenitude da objetividade, e é verdade que, se tratamos tematizar vários espaços, eles se reduzem à unidade, cada um delas encontrando-se em uma certa relação de posição com os outros e, portanto, sendo uma e a mesma coisa que eles, que é a da concepção fenomenológica, significa em outros termos dar uma nova definição do a priori. Kant já mostrou que o a priori não é cognoscível antes da existência, quer dizer, fora de nosso horizonte de factidade, e que não se pode tratar de distinguir dois elementos reais do conhecimento, dos quais um seria a priori e o outro a posterior.
Não há nenhum meio de distinguir um plano das verdades a priori é um plano da verdades de fatos, aquilo que o mundo deve ser aquilo que efetivamente ele é.
Porque a qualidade enquanto objeto só pode ser pensada no espaço, mas porque, enquanto contato primordial com o ser, enquanto retomada, pelo sujeito que sente, de uma forma de existência indicada pelo sensível, enquanto coexistente entre aquele que sente o e o sensível ela própria é constituída de um meio de experiência, quer dizer, de um espaço.
Seria contraditório dizer que o tato é sem espacialidade, e é a priori impossível tocar sem tocar no espaço, já que nossa experiência é a experiência de um mundo.
Não é nem contraditório nem impossível que cada sentido constitua um pequeno mundo no interior do grande, é ate mesmo em razão de sua particularidade que ele é necessário ao todo e se abre a este.

Autor: Michelli Santos Da Silva


Artigos Relacionados


Resenha Fenomenologia Da Percepção De Maurice Merleau-ponty.

Kant: EspaÇo E Tempo

Causa E Efeito: Discussão De Kant E Hume (part I)

Merleau-ponty, Maurice. Fenomenologia Da Percepção. Tradução De Reginaldo Di Piero. São Paulo: Lvraria Freitas Bastos S.a, 1971.

Critica Da Razão Pura

Como Entender A Epistemologia Crítica Em Kant

Conhecimento.