TUDO É POESIA - PARTE 5



O poeta vai passeando
Pela margem de um lago.
O lago é lindo.
Sem que ele ou ninguém
Ou mesmo ela esperasse,
Encontra-se frente a uma mulher,

Mulher linda e pescadora.
Ela estava de bikini,
Na mão direita, uma linda vara.
De repente, sem que se esperasse
O peixe esticou a linha,
E ela esticou o peixe.
Também o peixe era lindo.
Tinha lindas cores e era grande.
Tão lindas quanto a pescadora.
Então o poeta disse, poético:
Que peixão lindo!
A mulher se assustou.
Ao se refazer do susto, disse:
Eu ou ele? Apontou para o peixe.
O poeta ficou embaraçado,
Então respondeu:
Os dois.
Logo aproximou-se da mulher.
Abraçou-a com carinho e a beijou.
Ela correspondeu ao beijo.
De repente ela sumiu
Como somem as fadas encantadas.
O poeta no seu sonho poético diz:
Sonhei que vi e beijei uma poesia.
O poeta, certa vez,
Conversando com outro poeta,
Sendo que o outro era reacionário,
Perguntou o que era a poesia.
E o outro poeta
Não lhe soube responder.
Depois de muito silencio
O outro poeta respondeu:
É a arte de escrever em versos
Visando ficar famoso.
O poeta deu as costas
E, com falta de paciência,

Abandonou o falso poeta
Louco de raiva.
O poeta fez uma poesia.
Nesta poesia
O poeta atacou o capitalismo,
Atacou os poetas comerciais.
Ah! Se ele pudesse
Matava a todos, naquela hora
Com um golpe certeiro.
Todos aqueles poetas
Que não dizem o que sentem
Um cérebro de poeta,
E que só fazem aquilo
Que é mandado e encomendado
Para ganhar dinheiro.
Ah! Maldito dinheiro.
Maldito poeta vendido.
Maldita suas poesias, se o nome for esse.
O poeta caminhava
Ao lado da mulher mais linda.
A mulher mais linda do mundo.
Ele sentiu-se prestigiado.
A mulher estava nua
Aliás, estava vestida
Com sua pele bronzeada.
Parecia uma rosa.
Ela com seus lábios róseos,
Lançando pétalas para o poeta.
Pétalas perfumadas
Que só a rosa possui,
E com dois lábios cor de rosa,
Lançando leite de rosas
E alimentando a imaginação do poeta.
O poeta sugava seus lábios.
Também os lábios da mulher mais bela
É como dois lábios vermelhos,

Lançando sangue que é a vida.
É como dois lábios cheios de vida.
O poeta alucinado
Sugava o sangue da mulher mais bela,
O sangue da mulher amada,
O sangue da mulher,
O sangue.
Agora o poeta
Sentia-se cheio de vida,
Alegre e em folia.
O poeta despediu-se da mulher amada
E foi fazer uma poesia.
A insônia agarra o poeta.
Ele luta por muitas horas
Para conseguir dormir,
O que é muito difícil para ele.
Quando o sono chega
Ele lembra-se de algo,
E esse algo vai acontecendo
Na mente do poeta,
Até se transformar magicamente
Numa bela poesia.
Ele vai formando as frases,
Sente preguiça de levantar
Mas, que jeito?
Mesmo assim ele não levanta.
Agora, um poder mágico
O impede de dormir.
Então ele pensa:
Antes eu fosse um homem comum.
Um homem como milhões de outros
Que existe por aí.
Muito aborrecido
Ele tenta esquecer os versos,
E dormir como os outros homens.
O poeta fecha os olhos

Os olhos se abrem automaticamente.
Ele tem que escrever.
Sem que ele queira, se levanta.
Suas mãos pegam lápis e papel
E o poeta escreve sobre a insônia.
Até a insônia é motivo para poesia.
O poeta ouve as noticias
Que são transmitidas pelo rádio.
De repente uma noticia
Que o abala profundamente.
É o assassinato de um grande homem,
Pelos imperialistas ianques e seus lacaios.
Um homem que lutou para dar ao seu povo
A dignidade que precisavam.
Ah setembro!
Que nome lindo.
Tornou-se horrível de repente.
Seu povo que fará
De agora em diante,
Sendo dominado por assassinos?
Irão morrer pela pátria.
Se ele pudesse voltar
E dizer que tudo é um sonho,
O povo explodiria de alegria
À volta de seu ídolo Allende.
Volte, homem de paz,
O povo lhe espera.
Diga que tudo foi um sonho,
Diga que nada aconteceu,
Diga que tudo está normal.
O povo lhe espera
De coração e braços abertos.
Só o povo sabe o que quer.
Se o povo lhe pedisse
Sei que você atenderia,
Por isso escrevo essa poesia.

Um poeta pescador
Passeia pela praia.
Na mão carrega uma vara,
No pensamento carrega os peixes.
De repente, outro pensamento:
Se não pescar nenhum?
O pescador fica triste,
Logo se conforma
E segue o seu caminho,
Assobiando uma musica triste.
Em casa, deixou a família
E saiu em busca de alimento,
Em busca do pão de cada dia.
Morreria de fome os seus filhos,
Também ele e sua mulher,
Se ele não tivesse coragem
De enfrentar o oceano,
Fosse bravo, atlântico ou pacífico,
Triste ou alegre
Ele teria que ir,
Teria que avançar,
Teria que pescar.
Agora ele cantava
Uma musica folclórica
E se emocionava,
E lembrava da família,
Tinha vontade de voltar
Só para ver a família,
Se estavam todos bem.
Talvez fosse a ultima vez.
Mas não voltava,
Tinha que seguir
Para o seu outro mundo.
O mundo das águas,
O mundo dos peixes,
E seguia em frente.

Entrou na canoa
Começando a remar.
Foi em busca do pão,
E em homenagem ao seu trabalho
O poeta fez uma poesia.

Autor: Gilberto Nogueira De Oliveira


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