TUDO É POESIA - PARTE 6



Certa vez o poeta
Penetrou na miséria.
Aconteceu assim:
Um amigo seu o convidou
Para ir à sua casa,
E o poeta foi
Com todo prazer.
Chegando lá,
O amigo foi logo avisando
Que a casa era de pobre
Mas, para mim
É a casa mais nobre.
A educada e envergonhada esposa
Do amigo do poeta,
Desculpou-se por falta de cadeira.
O poeta não se importou e sentou-se no chão,
Porque no chão ela estava,
Também seu marido,
Também seus seis filhos.
O único que estava confortado
Era o que estava na barriga,
Dormindo com todo sossego.
Mais um anjo para a fome devorar.
Depois ela se desculpou
Por não ter nada para oferecer,
E o poeta respondeu
Que é sincero igual a ela.
Chegou uma garota, era Sofia.
O poeta apertou sua mão
E para ela fez uma poesia.
O poeta, certa vez

Fora chamado de louco
Por um senhor muito rico.
Ele era de opinião
Que muitos deveriam trabalhar,
Para o conforto de poucos.
O poeta é de opinião contraria:
Que todos deveriam trabalhar
Para o conforto de todos.
O burguês discordou
E perguntou ao poeta
Se ele gostaria de morrer de fome.
O poeta respondeu que não,
Mas não queria que os outros morressem.
O burguês disse que pouco lhe importava.
O poeta disse que muito lhe importava
O bem estar da coletividade.
O poeta só é poeta
Quando ele defende uma causa justa,
Uma causa verdadeira
Como a falta de alimentos,
Que beneficia a poucos
E que destrói a muitos.
O poeta compreende
Que o problema da pobreza,
Deve ser solucionado
Pelos homens de bem,
E anuncia sem ser convidado,
Que a loucura do poeta
Foi transformada em poesia.
Se o poeta ouve musica jovem,
É motivo para poesia.
Se o poeta ouve musicas clássicas,
É motivo de criticas
Pois, o nosso povo
Quando ouve uma boa música,
Quando ouve uma musica clássica

Fica arranjando defeitos e desculpas,
E é capaz de quebrar o disco.
E conservam os discos barulhentos
Com todo carinho,
Como se fosse uma coisa nossa.
É juventude alienada.
Vocês estão quadradamente enganados.
Mais que isso, ludibriados.
Se quiseres ouvir musicas jovens,
Para que melhor
Que a arte de Nara Leão.
Uma voz que se coaduna
Com o seu tipo de musica.
Parece que estamos sonhando.
Parece que estamos num paraíso.
Mais paraíso ainda é Beethoven,
Também Verdi e Puccini.
Se vocês dizem que o negocio
É ser jovem da onda,
Eu digo que o negocio
É ter um mínimo de razão.
Pelo menos, um pouco.
Ouçam as sinfonias,
Ouçam os concertos,
Ouçam as óperas.
Nada há de mais lindo.
Parece que estamos vivendo
Os tempos da obra de arte.
Vocês já ouviram as valsas?
Sabem o que é o Danúbio Azul?
É uma valsa que quando ouvimos
Em plena luz do dia,
Ou em plena escuridão da noite,
Lembramos da poesia.
Os pássaros cantam ao amanhecer,
Também os poetas

Ou os cantores poéticos.
Até as rosas cantam
Quando o sol no seu esplendor
Anuncia o amanhecer.
O sol ilumina as rosas,
As rosas iluminam a vida.
As rosas são capazes de tudo,
Até de evitar uma guerra.
Os homens são capazes
De evitar uma guerra nuclear,
Só em pensar nas rosas.
Só em pensar que elas
Perderão sua beleza,
Perderão a sua cor,
Perderão sua alegria,
Perderão sua vida.
Que seria do mundo
Se não existissem as rosas vermelhas?
Seria um mundo em guerras,
Seria um mundo pálido, doentio.
Jamais seria um mundo colorido.
A rosa vermelha faria a falta
Que faria o sangue nas veias.
Morreriam todas as mulheres.
Já pensaram amigos?
Como faríamos para nascermos?
Se morressem Joana e Maria
Rosa e Hortência
Tereza e Serafina,
Morreria também a poesia.

Autor: Gilberto Nogueira De Oliveira


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