ELABORAÇÃO DE PROTOCOLOS ESTANDARDIZADOS PARA AS AULAS PRÁTICAS DA DISCIPLINA DE HISTOLOGIA GERAL HUMANA



Antecedentes do tema:
Os estudos realizados em países desenvolvidos na área pedagógica como Brasil, Cuba e Portugal fizeram-nos reflectir sobre a importância deste tema. Os trabalhos de Del Sol (2005) no campo da histologia ao referir em sua obra de tese de doutoramento a importância que têm os protocolos experimentais para o desenvolvimento metodológico desta disciplina denotam e realçam essa importância.
Justificação da investigação:
A falta de boas aulas práticas nas escolas de ensino superior vincula-se, em geral, não apenas à falta de verbas e ao desinteresse das escolas em adquirir material didáctico pertinente, mas, na maioria das vezes encontra justificação na falta de preparação de muitos professores que desconhecem o material didáctico que poderia ser utilizado ou elaborado. Esta falta de preparação reflecte, na maioria das vezes, desde uma formação deficiente, a falta de iniciativa, até a falta de oportunidades para cursos de reciclagem ou de actualização que abram novas fronteiras do conhecimento, estimulando o professor a um melhor desempenho didáctico.
Particularmente em relação ao Ensino Superior, verifica-se que o processo actual aliena o aluno de sua realidade, pois há uma grande tendência dos professores a seguir o livro de texto, geralmente elaborado para outro contexto, que não aquele do ambiente onde está inserido.
Além disto, como a autora deste trabalho exerce actividades de ensino e pesquisa no Instituto Superior de Enfermagem, os resultados da aplicação de seus resultados reflectir-se-ão nos trabalhos de pesquisa e no ensino de nível de graduação, quer seja via curricular como através de uma nova postura metodológica.
Abordagem ao problema:
A introdução de práticas na disciplina de Histologia Geral e a sua normalização garante, uma educação equilibrada, com funções para todos os educandos, pois que prevê:
? a formação da pessoa de modo a desenvolver seus valores e as competências necessárias à integração de seu projecto ao projecto da sociedade em que se situa;
? a preparação e orientação básica para sua integração no mundo do trabalho, com as competências que garantam seu aprimoramento profissional e permitam acompanhar as mudanças que caracterizam a produção no nosso tempo;
? o desenvolvimento das competências para continuar aprendendo, de forma autónoma e crítica, em níveis cada vez mais complexos de estudos.
Definição do problema científico:
Actualmente, por falta de muitos dos recursos adequados, vem-se tornando hábito, em muitas instituições de ensino, quer do sector privado como do sector público, um ensino meramente teórico, mesmo em cursos que exigem a integração de uma percentagem maioritariamente prática como é o caso dos cursos que aqui interessam e que acima vêm referidos. Por outro lado, mesmo nas instituições de ensino que conseguiram adoptar as práticas destas disciplinas como meio fundamental de aprendizagem, não estabeleceram protocolos padronizados nos seus laboratórios, que tendam à uniformização das práticas laboratoriais em Histologia, garantindo uma melhor organização das mesmas, levando os estudantes a uma melhor compreensão dos conteúdos.
É de consenso geral entre os profissionais ligados ao ensino de Biologia, a necessidade de aulas práticas que elucidem e complementem o ensino teórico amplamente baseado apenas nos livros didácticos.
Tendo em consideração que a prática é o critério da verdade, aflora-se-nos o seguinte problema: "Que características devem ter os protocolos de aulas práticas aplicáveis ao programa de Histologia Humana vigente no Instituto Superior de Enfermagem da Universidade Agostinho Neto?"
Objecto:
Processo de Ensino-Aprendizagem da disciplina de Histologia Geral Humana
Objectivo geral da investigação:
O objectivo geral desta investigação é tentar minimizar, ou mesmo resolver, a falta de protocolos de práticas laboratoriais estandardizadas para a disciplina de Histologia Humana, ministrada no Instituto Superior de Enfermagem da Universidade Agostinho Neto. Mais especificamente, a elaborar, a baixo custo, protocolos estandardizados de práticas laboratoriais válidos para as aulas práticas de Histologia Humana, ministradas no Instituto Superior de Enfermagem da Universidade Agostinho Neto e noutras unidades orgânicas com cursos afins.
Métodos e Metodologia seguida:
Tipo de investigação:
Trata-se de um trabalho exploratório, de descobrimento ou contrastação, no qual também se fez uma interpretação crítica à forma de ministração das aulas práticas de Histologia, portanto, também se trabalhou nos marcos da metodologia clássica. Trabalhou-se nos marcos dos paradigmas quantitativo, qualitativo e crítico.
Determinação da população e da amostra:
A população a ter em conta abarca os cursos ligados a Ciências Médicas, como por exemplo Medicina Humana, Medicina Veterinária, Enfermagem, Fisioterapia, Odontologia, Laboratório e ainda Biologia, bem como outros cursos afins que tenham em comum o programa de Histologia Geral.
A amostra será apenas o Laboratório de Histologia Humana do Instituto Superior de Enfermagem da Universidade Agostinho Neto, apesar de existir necessidade de uniformização das práticas laboratoriais de Histologia para cursos afins.
Novidade Cientifica
A contribuição teórica da tese baseia-se na fundamentação de uma metodologia que integra a relação ciência ? disciplina baseada na determinação das ideias reitoras da Histologia assim como as habilidades generalizadas da disciplina e seu sistema operacional e na argumentação de um modelo pedagógico que permite a elaboração dos protocolos de uma forma efectiva, por estar enquadrada nas condições reais do processo.
A contribuição prática da investigação é a presença de uma proposta de "Protocolos Estandardizados para as aulas práticas de Histologia Geral Humana"
A significação prática está dada pela presença de uma nova proposta de metodologia adequada do ensino da Histologia em instituições do ensino superior da Universidade Agostinho Neto, a qual atinge a integração entre a lógica da ciência e as actuais exigências para a formação de estudantes.

Capítulo I. Fundamentos teóricos da investigação.
1.1. Pequena genealogia da racionalidade experimental
De acordo com Filho (1997): a ciência clássico-moderna tem uma dupla origem. Do final do século XII, quando a obra de Aristóteles chegou ao ocidente via filósofos árabes interpretados pelos escolásticos, até Copérnico, a ciência se baseava nos escritos de Aristóteles. Este, propunha uma ciência do universal e não do particular e, para isso, um método lógico de demonstração de verdades universais e necessárias, enfatizando no entanto a importância da pesquisa experimental e da investigação da natureza.
A justificação estaria no facto de que, para Aristóteles, as essências, que são as formas, e que definem a universalidade das coisas, se encontram tão-somente incorporadas ou encarnadas na matéria; elas não se encontram portanto, como para Platão, num mundo à parte servindo apenas de modelo exterior para as coisas. Logo, se as essências só existem nas próprias coisas, então apenas a observação da natureza poderá informar sobre elas. Ou ainda: enquanto que para Platão a essência do homem era a idéia de homem pré-existente no mundo das idéias, da qual os homens particulares participam, por dela serem cópias, de modo que não seria necessário sequer a existência de homens particulares para a existência da idéia de homem; para Aristóteles, a idéia (chamada forma inteligível, pois, justamente, é passível de apreensão pelo intelecto), idéia de homem, no caso, não existe previamente à coisa, aos homens particulares, mas sim é, da observação destes, apreendida intelectualmente. Ou seja, para Aristóteles, o intelecto somente apreende o universal a partir dos particulares. O raciocínio lógico serve portanto somente como garantia de que os universais foram apreendidos correctamente, isto é, de que a matéria e os sentidos não nos enganaram nesta operação intelectual.
No entanto a história modificou a importância dada por Aristóteles à observação: (Anon 7, 2005) a escolástica, sobretudo a escolástica dita tardia, tomou os escritos de Aristóteles não como resultados da prática de seu pensamento e de sua observação, mas como verdades incontestáveis em si; enfim, tomou-os como dogmas, e tomou o raciocínio segundo a lógica aristotélica como uma prova da veracidade de suas afirmações específicas, independentemente do que se observa na natureza.
Copérnico, em seu livro Sobre a revolução das orbes celestes, defende o sistema heliocêntrico, baseado em cálculos (segundo uma inspiração pitagórico-platônica, que considerava a matemática como a linguagem apropriada para se obter a verdade da natureza). Giordano Bruno, padre dominicano e cosmólogo copernicano, contestou em seus livros os dogmas escolástico-aristotélicos. O astrónomo copernicano Galileu, por sua vez, comprovou, através da utilização do telescópio, a tese de Copérnico. Em sua obra O ensaísta, Galileu contesta veementemente, em polêmica contra o aristotélico Sarsi, o princípio de autoridade, contrapondo a este a verificação da experiência.
Francis Bacon, em seu Novum Organum propõe a união da razão e da experiência, inaugurando o método indutivo-experimental, visando "a descoberta das formas e dos movimentos ocultos, que estão na origem das propriedades de base ou da natureza das coisas".
É curiosamente através de um neo-platonismo ? devido à importância dada à matemática na busca da verdade ?, que a experiência, característica não platônica mas aristotélica, volta à cena da ciência. No entanto, sempre trazendo consigo o desejo de alcançar idéias válidas universalmente, leis universais que informem do mundo a sua essência.
O mecanicismo toma a frente da ciência definitivamente com Newton e seu Philosophiæ naturalis principia Mathematica, introduzindo a noção de força e a lei de gravitação universal: planetas e corpos terrestres seguem uma mesma lei, contrariando a cosmologia aristotélica segundo a qual haveriam leis distintas para os mundos supra e sub ? lunar.
Descartes, enunciou o método que sintetizou os princípios do reducionismo, do mecanicismo e do racionalismo: considerar o corpo como uma máquina, e a razão como separada deste, é o que permite o projecto de objetivação da natureza-objeto, em oposição a um ego-sujeito que então a ordena, domina e manipula, dividindo-a em quantas partes for possível.
Em 1814, na introdução de seu livro Ensaio filosófico sobre as probabilidades, Laplace citado por Arbarello (1997) enunciaria a tese do determinismo universal, caracterizando a física clássica em seu mecanicismo, determinismo, reducionismo e positivismo:
"Uma inteligência que por um instante conhecesse todas as forças pelas quais a natureza é animada e a situação respectiva dos seres que a compõem, se ela fosse vasta para submeter estes dados à análise, abraçaria na mesma fórmula os movimentos dos maiores corpos do universo e do mais leve átomo; nada seria incerto para ela, e o futuro, como o passado, estaria presente a seus olhos. A mente humana oferece, pela perfeição que soube dar à Astronomia, um esboço desta inteligência. Suas descobertas em Mecânica e em Geometria, juntas à da gravitação universal, o puseram em condições de compreender, nas mesmas expressões analíticas, os estados passados e futuros do sistema do mundo. Aplicando o mesmo método a outros objectos de seu conhecimento, ele conseguiu trazer a leis gerais os fenómenos observados, e a prever aqueles que circunstâncias dadas devem fazer eclodir. Todos estes esforços na busca da verdade tendem a aproximá-lo ininterruptamente da inteligência que acabamos de conceber, mas da qual ele restará sempre infinitamente distante. Esta tendência própria à espécie humana é o que a torna superior aos animais, e seus progressos neste gênero distinguem as nações e os séculos e fazem sua verdadeira glória." (Arbarello et al 1997: pgs 37 e 38)
Neste célebre texto de Pierre-Simon Laplace, resume-se o ideário da idéia de ciência que prevaleceu durante toda a modernidade, que ainda se faz ver em parte do imaginário de nossos dias, mas que ? notadamente a partir da Física quântica mas também dos fracassos civilizatórios desta razão dominadora da natureza (bomba atômica, catástrofes ecológicas, desenvolvimento insustentável, esgotamento progressivo dos recursos do planeta, geração de bolsões de miséria, "efeitos colaterais" do "progresso" do homem sobre a natureza e de certas nações, detentoras desta racionalidade, sobre outras, que não a detêm) ? dá lugar em nossos dias a uma redefinição das idéias de ciência e de razão, assim como de saúde e de doença.
Para Altet (2000) o ideário da ciência moderna se define portanto, como vemos no trecho laplaciano supracitado, da seguinte maneira: a complexidade do mundo em contínuo devir pode e deve ser reduzida a leis pelas quais seus movimentos, complexos, podem ser tidos como mecânicos. As leis mecânicas aparecem assim como as regras ocultas que regem a natureza, e que podem ser desta apreendidas submetendo-se a natureza a experiências, sendo estas determinadas e analisadas pela razão, pela inteligência humana. Assim, o homem racional poderá prever e portanto determinar, pela análise do presente e do passado, o que ocorrerá no futuro, conquanto que controle as variáveis presentes. A inteligência humana, deste modo, se aproxima da inteligência divina. O Deus medieval morreu, mas em seu lugar erige-se um outro Deus, o Homem, em certo sentido ainda mais potente, pelo facto de poder dominar e manipular a natureza a seu grado. A natureza, a ser dominada e submetida, constitui-se não somente nos reinos vegetal e mineral e nos animais não racionais ? autómatos, segundo Descartes, objectos para servir ao Homem, segundo Kant ?, mas também nos animais racionais por definição porém desnaturados pela distância (atribuída pelo Homem e pela Ciência) para com a razão calculante, a saber: mulheres e crianças; assim como nos povos, raças e nações igualmente distantes desta racionalidade científica (cientificista), assim definida.
Segundo Woods (1999) tudo começou, como era de se esperar, com Platão. Em termos de ideário de civilização, começou com Platão; em termos psíquicos, podemos compreender sua empreitada humanamente: diante das mudanças, no mundo, nas relações, em nós mesmos, nossa civilização optou por denegá-las, controlá-las, por diminuir os imprevistos e se possível anulá-los. Fugir da dor, do tempo, do perecimento, da espiral da vida que contém necessariamente a morte e pequenas "mortes"; tender, portanto, a Deus, à perenidade, imutabilidade, imortalidade e omnipotência de Deus, para não mais se ver às voltas com a imperfeição dos corpos. O ideário da ciência é, pois, fruto de uma visão de mundo ? datada e não necessária ? que encontra seus primórdios na filosofia e no empreendimento de Platão: buscar a segurança da imortalidade, só é possível naquilo que não perece, isto é, no imaterial ? no ideal, na idéia, no inteligível, ao qual alcançamos através da razão. Platão fora o primeiro, portanto, a menosprezar o corpo, a matéria e os sentidos. A menosprezar o mundo real em prol de um mundo moral, racional, idealizado. A sentir a vida como perigosa, e a desejar uma ordem que a cristalize, que a domine, que a controle, que legisle. E este domínio somente pode se dar a partir daquilo que nos leva para o mundo do controle, do não-tempo: a razão, que deve, pois, impor sua lei sobre o real, a carne, o corpo, a matéria, a natureza, assim como sobre os entes e os povos que não a detêm.
Quando Descartes, cerca de dois mil anos depois, propõe que as idéias claras e distintas são aquelas que não se deixam misturar aos sentidos, pois o corpo é a fonte da confusão e obscuridade das idéias; ou quando Kant deseja estabelecer uma razão pura que legisle sobre a experiência; estão apenas desenvolvendo esta história de uma razão considerada em sua separação ? desejada pelo intelecto e assim idealizada por ele ? do corpo da natureza, assim como de seu próprio corpo. O Deus platônico, aristotélico e medieval apenas refletia o desejo humano, demasiado humano, de segurança e controle dos imprevistos. Com o advento da ciência moderna, o Homem que destronou Deus ? este, portanto, já criado à sua imagem e semelhança ? não é o indivíduo, a pessoa real, mas o homem que acreditou que os poderes que ele havia atribuído a Deus podiam ser atribuídos ao próprio homem, conquanto que este se identificasse não a si mesmo, indivíduo ou pessoa real, mas à sua razão universal, ao seu entendimento apriorístico, às leis que sua razão impusesse a si próprio enquanto indivíduo uno, não só mente, mas mente junto ao corpo e vice-versa, sem hierarquia ou distinção de valor entre estes dois aspectos de um ser complexamente uno.
A crise da ciência anuncia a falência justamente desta visão segundo a qual a identidade imposta pela razão, pela idéia, ao indivíduo, é mais definidora de si do que sua própria realidade somatopsíquica.
Ou seja, a ciência moderna surgiu de uma dupla exigência: origina-se, decerto, da necessidade de experimentação, rompendo assim com a ciência medieval; porém, esta experimentação é exigida em nome de um princípio oriundo tanto do platonismo quanto do aristotelismo: a busca dos universais. Pois o empirismo, assim como o pragmatismo, busca, na cientificidade, alcançar conhecimentos verdadeiros, verdades 'comprovadamente' universais. A idéia de ciência traz em seu bojo a idéia correlata de uma redução do real a um duplo que descreva seus princípios essenciais, de tal modo que não mais precisemos do real, nos bastando as leis apreendidas, a experiência laboratorial, para, por elas, manipular o porvir.

1. 2. O paradigma clássico nas "ciências da vida"
A "ciência biológica" surgiu junto com o nascimento da ciência clássica, mais precisamente com o mecanicismo de Descartes, segundo o qual o corpo é uma máquina, que vive e funciona como uma máquina, logo, sem princípio vital algum. Esta separação radical entre res cogitans e res extensa, tomando esta última como absolutamente inanimada e no entanto movente, é o que permitiu a imposição da mecânica como modelo científico de explicação e investigação não somente dos seres inanimados como também do corpo dos seres vivos, dando assim origem à biologia. A biologia surgiu portanto em oposição à História Natural que, aristotelicamente, buscava classificar os seres segundo sua essência.
Com Bernard e Descartes, opunha-se o mecanicismo e o reducionismo ao paradigma naturalista, basicamente aristotélico, caracterizado, por um lado, pelo animismo e vitalismo ? que afirmavam que a vida seria fruto de uma força ou princípio vital, ou alma, diferente tanto do corpo quanto da mente ?, e por outro, pelo finalismo e teleonomia ? segundo os quais a vida segue um projecto pré-determinado, existe para uma finalidade previamente estabelecida (para Aristóteles, por exemplo, o olho teria como causa final a visão, isto é, o olho existiria para realizar sua finalidade que é ver).
A Biologia torna-se então o discurso de referência sobre a vida (também a partir de Lamark e Darwin que se opuseram ao fixismo aristotélico das espécies). Porém esta "vida", por sua vez, torna-se um objeto da "ciência biológica": reduzindo a vida à categoria de objeto de ciência, perde-se seu caráter particular, real. Como escreve François Jacob citado por Frota-Pessoa (1997), a ciência biológica não descreve mais a vida, mas apenas estabelece uma lógica do ser vivo: "Hoje nos laboratórios não se interroga mais a vida (...). Esforça-se somente em analisar os sistemas vivos, sua estrutura, sua função, sua história (...). É pelos algoritmos do ser vivo que se interessa hoje a biologia." (Frota-Pessoa, 1997: págs 56, 61, 70, 83).
Em geral os cientistas têm consciência de que trabalham com reduções, com objectos laboratoriais simplificados e não com objectos reais complexos, mas em geral acreditam que a simplificação laboratorial desvela a essência do objeto complexo real, e não o contrário ? que consistiria em perceber que a essência do objecto real é complexa, e que a abstração científica a perde em prol de uma operacionalidade técnica. A crença ainda hoje predominante é a de que a redução mecânica é mais verdadeira do que a complexidade real, ou ainda: que a redução formal indica (aristotelicamente), do ser real, a "verdade" última e primeira. É o que prevalece também para as pessoas em geral, posto que os próprios cientistas alimentam este mito da cientificidade: o que é "científico" vale mais, é mais verdadeiro, pois foi "provado" laboratorialmente, "cientificamente".

Capítulo II: Proposta de solução do problema.
Introdução do Capitulo.
Neste capítulo se apresentam os elementos que concorrem como pressupostos para a elaboração e apresentação de uma proposta de solução, bem como uma Proposta de Modelo de Protocolo de Práticas adaptável às reais condições existentes na unidade orgânica alvo, como forma de melhoria da metodologia actualmente utilizada nas aulas práticas.

2.1. Contribuição prática da investigação.
2.1.1. Aperfeiçoamento da metodologia do programa da cadeira.
A partir dos resultados da observação e da análise de documentos, se realiza implicitamente um aperfeiçoamento do programa da cadeira de Histologia, o qual se vai conduzindo na seguinte ordem:
2.1.1.1 Aperfeiçoamento do sistema de objectivos.
2.1.1.2 Aperfeiçoamento do sistema de habilidades.
2.1.1.3 Aperfeiçoamento da metodologia.
2.1.1.4 Aperfeiçoamento dos métodos de ensino.
2.1.1.5 Aperfeiçoamento do sistema de avaliação

2.1.1.1. Aperfeiçoamento do sistema de objectivos:
Os objectivos gerais do programa adequaram-se em concordância com os conteúdos inseridos pela nova metodologia de aulas práticas, o que é imprescindível, pois só assim se poderá, de forma objectiva e científica, ir desenvolvendo os modos de actuação projectados no modelo do profissional, por isso se reelaboraram, ficando da seguinte forma:
1. Explicar os conceptos básicos da Histologia como Ciência como base da estrutura do corpo humano e animal como um todo na íntegra.
2. Explicar as características histológicas fundamentais do corpo humano e animal.

2.1.1.2. Aperfeiçoamento do sistema de habilidades:
Define-se o seguinte sistema de habilidades a desenvolver no novo desenho da disciplina: Habilidades docentes (auto-educação); Habilidades lógico-intelectuais; Habilidades específicas ou próprias da profissão.
2.1.1.2.1. Habilidades docentes (auto-educação):
Habilidades relacionadas com as operações e métodos do pensamento e a busca e emprego da informação científica, que permitem a determinação do significado, sentido ou alcance geral dos conteúdos que se hão-de assimilar para solucionar os problemas. Obedecem à formação das estratégias do pensamento e a aplicação na práctica dos métodos, técnicas e procedimentos do trabalho profissional empregues na solução dos problemas.

Proposta de Modelo de Protocolo de Práticas
Sendo a Histologia uma disciplina que nos delega para o mundo da microscopia, torna-se obrigatoriamente um vasto campo de investigação cujas aulas práticas começam mas não têm definição de todos os elementos que realmente se irão encontrar em cada preparação histológica, devendo, por isso, conter elementos que dirijam, facilitem e regrem a decorrência das aulas práticas, sem, no entanto, inibir a capacidade exploratória dos estudantes nem a sua criatividade.
Assim sendo, pensamos que o protocolo orientador da aula prática deve ser um instrumento que dirija as aulas práticas como um trabalho de investigação e, como tal, apesar de não ter rigorosamente a mesma estrutura do referido trabalho, deve obedecer à mesma lógica por forma a garantir um melhor acompanhamento do trabalho pelos estudantes e a garantia da emissão de um relatório de práticas válido e de boa qualidade.
Nessa óptica, se propõe que o protocolo de aulas seja estruturado com a mesma sequência de um trabalho de investigação científica, com uma estrutura que contemple os seguintes passos principais:
? Introdução
? Desenvolvimento
? Apresentação dos Resultados
? Discussão dos Resultados
? Avaliação

Desta forma estes pontos seriam assim estruturados:
Introdução
Tema a ser explorado
Eventuais sub-divisões do tema
Objectivos da matéria a ser abordada
Desenvolvimento
Introdução teórica
Projecção apresentação de cartazes ou desenho de imagens
Descrição das colorações empregues
Apresentação da sequência do protocolo da prática
Ampliações preferenciais
Pequeno aumento = menor ampliação. (x4)
Médio aumento = média ampliação.(x10; x25; x40)
Maior aumento = maior ampliação.(x90; x100)
Apresentação da bibliografia preferencial (recomendada)
Livros de texto
Atlas
Apresentação dos resultados e valorização da aula prática
Apresentação dos dados recolhidos na aula:
Imagens = Atlas individual
Relatório
Valorização da aula prática
Discussão dos Resultados
Avaliação de conhecimentos
Correcção e classificação dos atlas pessoais, dos relatórios e da participação activa durante a aula prática.
Autor: Maria Antonieta Josefina Sabina Baptista


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