A dislexia,uma realidade linguistica



A DISLEXIA: UMA REALIDADE LINGUISTICA
HELENISE BAIA NOGUEIRA,*
TELMA DE ARAGÂO MOURA*.

RESUMO

Este artigo tem como finalidade discutir um distúrbio de aprendizagem ainda pouco conhecido pela sociedade denominado DISLEXIA. A relação entre o aluno disléxico, o professor e os colegas de escola ainda é algo involuntário, pois, a falta de conhecimento torna a dislexia uma doença sem tratamento; e não um distúrbio que pode ser trabalhado na escola, com a cooperação de um quadro docente preparado para esse acompanhamento. É essencial o papel do professor, principalmente, na fase da alfabetização, pois é nesse período que a síndrome geralmente é detectada.. Através destas informações, desenvolvemos base para a construção deste artigo, com o intuito de somar com a sociedade, pautada na ciência.

Palavras-chave: Leitura. Escrita. Disléxico. Dificuldade. Lentidão.

RESUMEN

El objetivo de este articulo es discutir acerca del aprendizaje todavia poco conocido por La sociedad denominado DISLEXIA. La relación entre el alumno dislexico, el profesor y los colegas de la escuela todavia es algo involuntario, pues, la falta de conocimiento hace de la dislexia una enfermedad sin tratamiento; ademas no es un disturbio que se puede trabajar en la escuela, con la cooperación de un cuadro docente listo para este acompañamiento.Por medio de estas informaciónes desarrollamos la base para escribir este articulo con el objetivo de somar con la sociedad basada en la ciencia.
Palabras - Clave: Lectura. Escritura. Dislexico. Dificultad. Lentitud.

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Acadêmicas do Curso de Licenciatura Plena em Letras pela Universidade Vale do Acaraú sob orientação da Profª Drª Rosângela Lemos da Silva.
1 INTRODUÇÃO

O trabalho científico tece uma análise sobre a dislexia e suas consequências, enfatizando as dificuldades de transtornos de leitura e escrita que ocorre na educação infantil e ensino fundamental. Buscamos através de pesquisas e partindo da realidade vivenciada por uma de nós, que convive com uma criança disléxica em casa chegamos a concepção que tudo que sabemos sobre esse assunto ainda é pouco, diante da dimensão desse problema. Infelizmente esse distúrbio ainda é muito pouco divulgado e esclarecido em nosso país. Esperamos que a pesquisa e a elaboração desse artigo venham não somente ser mais um a circular, mas sirva também como fonte de esclarecimento, conhecimento e contribuição para que essa realidade que ainda hoje é motivo de preconceito e desinformação seja amplamente abordado. A partir daí, apresentamos a temática; a dislexia: uma realidade linguística. Conforme a problemática, as dificuldades de compreensão familiar e no processo educativo, onde a criança mostra um comportamento ansioso. Pautada na hipótese; a dislexia é um comportamento linguístico que não é bem divulgado, causando como consequência o despreparo dos pais, educadores, sociedade, deixando o disléxico desassistido. Tendo como objetivo expor todo o processo histórico da dislexia, verificar os processos do disléxico mediante estudo de caso; analisar do disléxico vivenciado na pesquisa . O trabalho terá como partes intituladas: a História da dislexia, Fatores da dislexia e o Estudo de caso, como contribuição aos conhecimentos científicos em prol do social.

2 HISTÓRIA DA DISLEXIA

Termo datado pela primeira vez em 1881 por Berklan e impresso em 1887, por Rudolf Berlim , um oftalmologista de Stuttgart, Alemanha, e estudando o caso de um menino que não conseguia ler e que apresentava sintomas típicos de vitimas de traumatismo. Samuel T. Orton, famoso neurologista, concluiu que havia uma síndrome não relacionada a traumatismos neurológicos que provocava dificuldade no aprendizado da leitura e acreditava que essa condição era causada por uma falha na laterização do cérebro. Segundo suas teorias:

Dislexia é uma dificuldade de aprendizagem de origem neurológica. É caracterizada pela dificuldade com a fluência correta na leitura e por dificuldade na habilidade de decodificação e soletração. Essas dificuldades resultam tipicamente do déficit no componente fonológico da linguagem que é inesperado em relação a outras habilidades cognitivas consideradas na faixa etária .

Mediante o posicionamento do autor verificamos que a dislexia é uma problemática muito comum no seio social, pois, a dislexia não ocorre somente com as crianças no ato da aprendizagem, no processo educativo, mas também com os adultos, em especial no ato do processo de expressão linguística no convívio ou nas relações interpessoais no âmbito profissional.

2.1 A DISLEXIA NO ÂMBITO ETIMOLÓGICO

Embora etimologicamente Dislexia seja traduzida do latim e do grego como distúrbio de linguagem, esse termo foi adotado para denominar um distúrbio específico na aquisição da leitura e escrita. Isso não implica que, ao menor sinal de dificuldade nessa área, possamos identificar um indivíduo disléxico. São várias as causas que podem intervir no processo da aquisição da linguagem, por isso se torna tão importante um diagnóstico preciso, realizado por uma equipe multidisciplinar e de exclusão. No campo da Medicina ou da Psicolinguística, refere-se à perturbação na aprendizagem da leitura pela dificuldade no reconhecimento da correspondência entre os símbolos gráficos e os fonemas, bem como na transformação de signos escritos em signos verbais. Tem também a acepção de dificuldade para compreender a leitura, após lesão do sistema nervoso central, apresentada por pessoa que anteriormente sabia ler. A etimologia do nome Dislexia (do grego ”Åûµ¾¯±, ´Åà ["difícil"] e »­¾¹Â ["palavra"]. Não é uma tarefa fácil conhecer o cérebro dos disléxicos. Por isso, um segundo passo é o aprofundamento dos fundamentos psicolinguísticos da lecto escrita. A abordagem psicolinguística (associando a estrutura linguística dos textos aos estados mentais do disléxico) é um caminho precioso para o entendimento da dislexia, uma vez que apresenta as conexões existentes entre questões pertinentes ao conhecimento e uso de uma língua, tais como a do processo de aquisição de linguagem e a do processamento linguístico, e os processos psicológicos que se supõe estarem a elas relacionados. Aqui, particularmente é bom salientar que tais dificuldades são específicas e bastante individualizadas, isto é, os disléxicos são incomuns, diferentes, atípicos e individualizados com relação aos demais colegas de sala de aula bem como aos sintomas manifestados durante a aquisição, desenvolvimento e processamento da linguagem escrita. Os sintomas da dislexia são: desempenho inconstante, lentidão nas tarefas de leitura e escrita, dificuldades com soletração, escrita incorreta, com trocas, omissões, junções e aglutinação de fonemas, dificuldade, A complexidade do entendimento do que é Dislexia, está diretamente vinculada ao entendimento do ser humano: de quem somos; do que é Memória e Pensamento- Pensamento e Linguagem; de como aprendemos e do por quê podemos encontrar facilidades até geniais, mescladas de dificuldades até básicas em nosso processo individual de aprendizado. O maior problema para assimilarmos esta realidade está no conceito arcaico de que: "quem é bom, é bom em tudo"; isto é, a pessoa, porque é inteligente, tem que saber tudo e ser habilidosa em tudo o que faz. Posição equivocada que Howard Gardner aprofundou com excepcional mestria, em suas pesquisas e estudos registrados, especialmente, em sua obra Inteligências Múltiplas. Insight que ele transformou em pesquisa cientificamente comprovada, que o alçou à posição de um dos maiores educadores de todos os tempos. associar o som ao símbolo, dificuldade com a rima, dificuldade em associações, como por exemplo, associar os rótulos aos seus produtos. Segundo o que Lanhez afirma, o diagnóstico é feito por exclusão de possibilidades e por isso, deve ser feito por uma equipe multidisciplinar, formada por psicólogo, fonoaudiólogo e médico. E quando necessário, se faz um encaminhamento para outros profissionais, como oftalmologista, geneticista, etc. e que tem tratamento:
Dislexia é uma dificuldade de aprendizagem de origem neurológica. É caracterizada pela dificuldade com a fluência correta na leitura e por dificuldade na habilidade de decodificação e soletração. Essas dificuldades resultam tipicamente do déficit no componente fonológico da linguagem que é inesperado em relação a outras habilidades cognitivas consideradas na faixa etária . (2003,P 33).

O psicólogo faz uma entrevista com os pais da criança ou com a pessoa que vai ser avaliada. Quando o avaliado frequenta escola, é encaminhado para o professor um questionário. Logo, são feitos os testes que medem o nível de inteligência, para determinar as habilidades globais de aprendizagem da pessoa. São aplicados testes viso motores, neuropsicológicos e de personalidade. Segundo Lanhez, são pedidos ainda, teste oftalmológico e audiométrico e afirma que:

Dislexiologia, um dos ramos da Psicolinguística Educacional. definida como ciência da dislexia, é um termo criado pelo professor Vicente Martins (UVA), referindo-se aos estudos e pesquisas, no campo da psicolinguística, que tratam das dificuldades de aprendizagem relacionadas com a linguagem escrita (dislexia, disgrafia e disortografia).

Por isso, são aplicados testes viso motores, neuropsicológicos e de personalidade. Essas avaliações revelam possíveis comprometimentos na inteligência, indícios de lesões neurológicas ou conflitos emocionais. São aplicados também por parte do psicopedagogo testes de lateralidade, leitura e linguagem.

2.2 A DISLEXIA NO BRASIL

É cada vez maior a incidência de casos precoces de transtornos de aprendizagem no Brasil, e a Dislexia é o distúrbio mais eminente descoberto pelos profissionais da área. A grande maioria das escolas, não dá suporte a crianças e adolescentes disléxicos, algumas nem ao menos tem conhecimento do problema. Esses alunos que não tem o acompanhamento adequado são tratados como normais e se não conseguem obter o sucesso no rendimento escolar, são taxados de preguiçosos e desinteressados sem que ninguém relacione tais problemas à doença. No âmbito das instituições de ensino, relatos de professores registram situações em que crianças, aparentemente brilhantes e muito inteligentes, não conseguem ler e escrever e tampouco têm boa ortografia para idade. Em certos exames vestibulares, as comissões descrevem casos "bizarros" (às vezes, motivo de gozação) em que candidatos apresentam baixo nível de compreensão leitora ou a ortografia ainda é fonética (baseada na fala) e inconstante. Assim, urge a realização de testes de leitura nas escolas públicas e privadas, desde cedo, de modo a diagnosticar e avaliar a dificuldade de leitura. Por trás do fracasso escolar ou da evasão escolar, sempre há fortes indícios de dificuldades de aprendizagem relacionadas à linguagem. Infelizmente, a legislação educacional (CF, LDB, resoluções e outras) não trata as diversas necessidades especiais dos educandos de forma clara, objetiva, pragmática e programática. Sua omissão tem de certa forma dificultado ações governamentais por parte dos gestores, do professor ao secretário de educação. A Constituição Federal , por exemplo, ao tratar sobre a educação especial diz:" O dever do estado com a educação será efetivado mediante a garantia de atendimento educacional especializada aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino" A Lei 9.394/96, a de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, apresenta uma melhor redação sobre a matéria. Diz assim:

O dever do estado com a educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino.

Quando isso realmente acontecer, cessará o preconceito e surgirão maiores oportunidades para os portadores de necessidade especial e isso inclui os portadores de dislexia, que além de sofrerem discriminação pela falta de conhecimento e também pela ignorância da maioria da população, são taxados de preguiçosos e "lerdos " pelos próprios professores.


3 FATORES DA DISLEXIA

A dislexia vai emergir, normalmente, nos momentos iniciais da aprendizagem da leitura e da escrita, usualmente não antes do final da primeira ou segunda série. Contudo, está se tornando progressivamente claro que antecessores da dislexia estão presentes antes da idade escolar. Clinicamente, as histórias pré-escolares de alguns disléxicos, mas não todos, contêm informações sobre retardo leve no falar, dificuldades de articulação, problemas para aprender os nomes das letras ou nomes das cores, problemas para encontrar palavras, sequência errada das sílabas ("aminais" por "animais", "donimós" por "dominós") e problemas para lembrar endereços, números de telefones e outras sequências verbais, incluindo ordens complexas. De fato, ao contrário de outras pessoas que não sofrem de dislexia, os disléxicos processam informações em uma área diferente de seu cérebro; embora os cérebros de disléxicos sejam perfeitamente normais. A dislexia parece resultar de falhas nas conexões cerebrais. Ou seja, uma criança aprende a ler ao reconhecer e processar fonemas, memorizando as letras e seus sons. Ela passa então a analisar as palavras, dividindo-as em sílabas e fonemas e relacionando as letras a seus respectivos sons. À medida que a criança adquire a habilidade de ler com mais facilidade, outra parte de seu cérebro passa a se desenvolver; sua função é a de construir uma memória permanente que imediatamente reconheça palavras que lhe são familiares. À medida que a criança progride no aprendizado da leitura, esta parte do cérebro passa a dominar o processo e, consequentemente, a leitura passa a exigir menos esforço. O disléxico, entretanto, no processo de leitura recorre somente à área cerebral que processa fonemas. A consequência disso é que disléxicos tem dificuldade em diferenciar fonemas de sílabas, pois sua região cerebral responsável pela análise de palavras permanece inativa. Suas ligações cerebrais não incluem a área responsável pela identificação de palavras e, portanto, a criança disléxica não consegue reconhecer palavras que já tenha lido ou estudado. A leitura se torna um grande esforço para ela, pois toda palavra que ela lê, apresenta ser nova e desconhecida. Felizmente, existem tratamentos que curam a dislexia. Estes tratamentos buscam estimular a capacidade do cérebro de relacionar letras aos sons que as representam e, posteriormente, ao significado das palavras que elas formam. Alguns pesquisadores acreditam que quanto mais cedo é tratada a dislexia, maior a chance de corrigir as falhas nas conexões cerebrais da criança, contudo só podemos considerar que alguém é disléxico, após dois anos de vivências leitoras. Antes deste período podemos detectar "dificuldades ou transtornos de leitura", que já necessitam de cuidados especiais, numa postura preventiva. Existem diversos sinais visíveis nos comportamentos e nos cadernos das crianças, que podem auxiliar aos pais e educadores a identificar precocemente alguns aspectos preditivos de dislexia, entre eles: demora nas aquisições e desenvolvimento da linguagem oral; dificuldades de expressão e compreensão; alterações persistentes na fala; copiar e escrever números e letras inadequadamente.; dificuldade para organizar-se no tempo, reconhecer as horas, dias da semana, meses do ano; dificuldades para organizar sequências espaciais e temporais, ordenar as letras do alfabeto, sílabas em palavras longas, sequências de fatos; pouco tempo de atenção nas atividades, ainda que sejam muito interessantes; dificuldade em memorizar fatos recentes - números de telefones e recados, por exemplo; severas dificuldades para organizar a agenda escolar ou da rotina diária; dificuldade em participar de brincadeiras coletivas.

4 ESTUDO DE CASO

O tema escolhido para a realização deste artigo condiz com a realidade de uma de nós, autoras, que tem que conviver diariamente com o fato de ter um filho disléxico e passar junto com ele as dificuldades enfrentadas pela falta de conhecimento e pela falta de suporte cedido nas escolas para alunos que sofrem com esse tipo de problema. Em algumas, a dislexia passa totalmente despercebida e a grande evasão escolar que aumenta a cada ano é consequência da falta de interesse dos alunos que não querem mais frequentar a escola por preferir outras companhias, que acreditam dar mais futuro do que a educação. E embasados nessa teoria, muitos professores e todo o corpo docente, fecham os olhos para os possíveis e reais fatores que levam muitas crianças ao baixo rendimento e abandono escolar. Felizmente já existem profissionais que estão atentos aos problemas da dislexia e estão tentando vir ao encontro desta população desassistida, através de associações, com objetivo de ampliar as pesquisas, estudos e oferecer apoio às famílias, escolas e profissionais que atuam junto à estas pessoas portadoras de dificuldades específicas de linguagem escrita - a dislexia.
No Rio de Janeiro já está funcionando a AND - Associação Nacional de Dislexia, uma associação sem fins lucrativos, constituída por profissionais de fonoaudiologia, psicopedagogia, psicologia, que vêm prestando serviços de diagnóstico diferencial às famílias e escolas da comunidade.
Importante é pensar a dislexia como uma modalidade peculiar de processamento da linguagem, o que vem sendo cada vez mais pesquisado pelas ciências neuro-cognitivas, tendo a linguagem como vetor. A pessoa com dislexia, ou com fatores disléxicos, mereceria ser examinada e acompanhada por profissionais especializados em linguagem, para que não venham a ser confundidos os sintomas de distúrbios na linguagem com distúrbios de aprendizagem.
Vale lembrar a todos que alguém, uma pessoa, não é apenas um ser humano, mas que este possui inúmeras dificuldades apresentadas; esta é só um detalhe de uma paisagem, rica, complexa e bela. Pois, é muito difícil e sofredor, você ver toda a dificuldade de uma criança em tentar aprender e se sobressair em meio aos outros, e não ter uma assessoria adequada para ajudá-lo e ter que aceitar, por não ter uma lei que te dê respaldo ou te dê ferramentas para trabalhar e mudar essa realidade. A partir daí, acreditamos que através deste trabalho teremos a oportunidade de mostrar a realidade de uma criança disléxica, que de forma sublime por meio de sua família, de onde uma de nós faz parte desse contexto histórico fora permitido frisar a verdadeira história da dislexia, conforme estudo de caso in loco. Para isso conheceremos um grande menino, lindo, inteligente e capaz de ser mais um personagem, estudado pela ciência no comportamento diário, onde fora identificado como uma pessoa muito especial, tendo uma dislexia, que servirá de ponte entre a cientificidade, a pesquisa e a realidade que precisa ser respeitada e valorizada no âmbito da sociedade amapaense.

4.1 ANTONIO CARLOS, 11 ANOS, ESTUDANTE DA REDE ESTADUAL


Foi diagnosticado disléxico há pouco mais de dois anos, logo após ser transferido de uma escola particular para a rede pública de ensino. A gestação de Helenise, mãe de Antonio foi um período cheio de complicações, com medicações para inibir um possível parto prematuro, seguidos de doses acentuadas de soros de indução, entre internações por hiperemese gravídica (problema gestacional que ocasiona desidratação profunda devido à rejeição à água) e problemas emocionais vividos durante todo o período gestacional. Problemas no parto também foram ocasionados pela falta de dilatação total da pelve uterina e rápido fechamento, provocando uma cesariana de emergência. Fatores esses que em nada evidenciam a causa da dislexia mas que podem ter ajudado no desenvolvimento do distúrbio, porém nada com comprovações cientificas.

As evidências atuais apoiam a perspectiva de que a dislexia é familial (cerca de 35% a 40% dos e dominantes responsável pelo distúrbio) e ligada em algumas famílias a marcadores genéticos no cromossomo 15 e possivelmente para outras famílias a marcadores genéticos do cromossomo 6 (Pennington, 1997). Os fatores ambientais são poucos conhecidos das causas da dislexia. As complicações perinatais apresentam uma associação fraca, não-específica, com problemas posteriores de leitura (Accordo, 1980 apud Pennington, 1997). Alguns autores postulam que insultos ambientais infecciosos ou tóxicos também poderão ter aqui um papel (Schulman & Leviton, 1978 apud Pennington, 1997).


É bem verdade que, o distúrbio em si passou desapercebido pelos pais e professores, que passaram no decorrer do período escolar de Antonio, que foi uma criança que sempre estudou em escolas particulares, com um corpo de orientadores bem extensos mas despreparados para lidar com distúrbios de aprendizagem de qualquer natureza, despreparados até mesmo para diagnosticar que algo esta errado com a criança. Foi preciso tomar uma medida mais drástica para que o problema viesse à tona; como a escola queria que a criança passasse para o próximo ano mesmo sem sequer saber escrever o próprio nome, os pais se viram obrigados a transferi-lo de escola e fazê-lo repetir a mesma série. O impacto foi grande para todos, sair de uma escola com todas a regalias mas sem estrutura alguma e ir para uma escola pública onde o medo da convivência com uma classe mais baixa era assustador. Mero engano, pois, foi numa escola pública que Antonio passou a ser ajudado e a receber o auxilio necessário para seu desenvolvimento. Hoje, Antonio sofre sim com as dificuldades que enfrenta diariamente na escola, a cada matéria nova que surge, a cada assunto que precisa aprender e a cada prova que sempre o leva para a reavaliação; todo dia é um recomeço e uma vitória a ser alcançada. .
4.2 CARACTERÍSTICAS DA DISLEXIA NA VIDA DE ANTONIO CARLOS

A dislexia é um fator muito presente na vida de Antonio Carlos. Pois depois de sofrer as consequências da falta de conhecimento sobre o distúrbio, foi necessário uma abordagem sobre o tema mais aprofundado numa novela televisiva para que seu familiares se atentassem para esse problema e passassem a observar os sintomas que Antonio transparecia facilmente em casa e na escola. Após um período de intensa observação e passagens por terapeutas ocupacionais e psicólogos , a novela despertou o interesse mais acentuado pelo problema e as pesquisas em busca de um conhecimento mais profundo levou a todos o diagnóstico mais concreto: ele era uma criança disléxica, fato que foi atestado mais tarde, através de um estudo minucioso comprovado por uma equipe de especialistas aptos no assunto, entre eles o oftalmologista, o psicólogo e um fonoaudiólogo, todos cedidos por uma escola da rede estadual que trata alunos com todo tipo de distúrbio, a escola Raimundo Nonato. A dislexia se apresenta em Antonio de uma forma precisa e perceptível aos olhos de quem tem conhecimento do problema Eis alguns sintomas percebidos que condizem com o diagnostico dado pelos especialistas: Na primeira infância, Antonio teve dificuldades de locomoção, atraso na fala e no desenvolvimento motor, uma pequena dificuldade de compreensão , distúrbios de sono, enurese noturna, suscetibilidade a alergias e à infecções e chorava muito devido a inquietações, além da difícil adaptação escolar. Mas esses são fatores que passaram despercebidos pelos pais devido a total falta de conhecimento a respeito do problema. Só a partir dos sete anos e com uma maior divulgação da mídia a respeito do assunto foi que os indícios passaram a ser reconhecidos com maior facilidade. A lentidão na realização das tarefas escolares, uma letra bonita, mas de pobre compreensão, leitura silenciosa com um leve murmurar de lábios, o esquecimento, em questões de instantes do que acabou de aprender, constantes dores de barriga na hora de ir para a escola e uma intensa dor de cabeça quando já está lá, esquece com frequência seus pertences, vive geralmente no "mundo da lua", entre outros inúmeros itens que evidenciaram a realidade que todos passariam a ter que viver e aprender a conviver, de forma que isso, em momento algum, deixasse transparecer para ele que, esse era um problema que, pela falta de conhecimento da sociedade, faria dele uma criança "diferente? das outras, mas que dentro de casa, no âmbito familiar, isso em nada mudaria o tratamento para com ele e só aumentaria o apoio e a compreensão dada por todos em qualquer dificuldade por ele enfrentada. E esse apoio incondicional que lhe é dado, é fundamental para dar-lhe alto estima e vontade de vencer, fazer com que termos usados por ele, fiquem só nas lembranças de infância: "Eu não vou conseguir, mamãe, é muito difícil, meus colegas ficam rindo de mim e a professora diz que eu sou assim porque não presto atenção na aula e tenho preguiça." Situações como esta, aos poucos lhe causavam desânimo e tristeza, mas para os pais, eram estimulantes na busca pela igualdade social e pelo reconhecimento de um problema que, estava longe de ser uma doença contagiosa, como, por muitas vezes, foi taxada.

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5 SUGESTÕES PARA PAIS DE ALUNOS DISLÉXICOS

Para muitos pais, lidar com uma criança disléxica é muito complicado, pois a dislexia exige muita paciência e dedicação. É importante que eles compreendam que a dislexia não é uma doença e que é nesse momento que a criança mais precisará de apoio e compreensão. Por muitas vezes, a criança apresenta condições normais porém enfrenta uma grande dificuldade de compreender ou transformar palavras. Hoje já existem livros que orientam pais a lidar com o disléxico Ajudam no desenvolvimento da leitura e auxiliam na convivência dentro do âmbito familiar. Eis algumas medidas que irão ajudar a criança disléxica a lidar com suas dificuldades e deixá-los mais seguros de si e bem mais felizes, refletindo assim na convivência com seus familiares. - Ler para os filhos coisa que realmente sejam do seu interesse; - Gravar os textos para ajudá-lo; - Ler um texto para a criança e em seguida pedir-lhe que releia para você; - Verificar um meio de realizar provas oralmente ao invés de escrita; - Ler o enunciado e explicá-los para a criança se assim for necessário; - E principalmente, demonstrar amor, carinho e atenção. É necessário que a criança perceba que ela tem apoio dentro de casa e que é lá que ela encontrará o incentivo para enfrentar as dificuldades e o preconceito sofridos na escola. Acompanhar o desenvolvimento escolar de seu filho é fundamental e extremamente importante para que mais tarde isso não venha a causar transtornos maiores e irreversíveis:
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Pode-se ilustrar este tipo de maltrato dizendo que os filhos podem ser atingidos com atitudes, gestos e palavras, ou simplesmente rechaçando a individualidade da criança ou do adolescente de maneira tal, que impeça o seu desenvolvimento psicológico normal.( Copyright © 2000 eHealth Latin América).
Lidar com um disléxico não é tarefa fácil, e aceitar que seu filho tem um distúrbio de aprendizagem gera, na grande maioria das vezes, um conflito interno e traz á tona dúvidas e preconceitos, ate mesmo devido à falta de conhecimento a respeito do distúrbio. Precisamos antes de qualquer coisa, proporcionar a estas crianças e a seus educadores (pais e professores) a informação de que suas dificuldades tem uma nome, um por que e uma solução. Agimos de forma arbitrária quando jogamos as dificuldades escolares nas mãos das próprias crianças, quando não lhes damos condições para suas realizações, quando imaginamos que a aprendizagem escolar é inata do ser humano, quando não nos apercebemos de que ler e escrever são habilidades adquiridas, precisam de embasamento anterior para que possa acontecer. Afinal não nos colocamos como senhores absolutos da sapiência e da experiência? Somos incoerentes quando, apesar de conhecedores (teóricos) de todos os fundamentos vanguardistas de educação, continuamos presos ao passado, a uma estrutura educacional ultrapassada, e com vínculos dos estereotipados "alunos perfeitos" e "professores onipotentes". Enfim, fica uma pergunta no ar: São crianças com dificuldades de aprendizagem ou é o sistema escolar com dificuldades de ensino?

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho nos deu provas do quanto é precária a educação inclusiva no Brasil, principalmente por falta de qualificação dos profissionais e educadores despreparados, no que diz respeito aos distúrbios de aprendizagem de pouca divulgação como a dislexia. Um distúrbio enfrentado como doença em meio a sociedade conhecedora do déficit, porém, a vontade de aprender e se lançar em um mundo novo é o referencial para um disléxico seguir em frente, ultrapassando barreiras e superando limites em busca de igualdade e competitividade. Acreditamos que essa realidade vai mudar e que num momento mais próximo, todos nós teremos consciência de que a dislexia só precisa ser trabalhada e divulgada amplamente, para que deixe de ser alvo de preconceitos e discriminação por aqueles que sequer sabem o que o termo significa. Uma realidade que proporcione ao disléxico, oportunidades de um futuro promissor e digno de sua capacidade. O disléxico tem uma história de fracassos e cobranças que o fazem sentir-se incapaz. Motivá-lo exigirá de nós mais esforço e disponibilidade do que dispensamos aos demais, depois de tantos insucessos e auto estima rebaixada, ele tende a demorar mais a reagir para acreditar nele mesmo. Dislexia não é doença e sim uma demonstração do quanto ainda se precisa fazer pela educação no Brasil.

REFERÊNCIAS

Associação Nacional de Dislexia. Em: http://www.andislexia.org.br/hdl6_12.asp . Acesso realizado em 13.06.2011.

Gonçalves, A.M.S. A criança disléxica e a clínica psicopedagógica. Em: http://www.andislexia.org.br/hdl12_1.asp . Acesso realizado em 25.11.2010.

Estill, C. A. DISLEXIA, as muitas faces de um problema de linguagem. Em: http://www.andislexia.org.br/hdl12_1.asp . Acesso realizado em 17/062011.

Consulta Vicente Martins - Professor de Lingüística da UVA com mestrado em educação
E-mail: [email protected].
URL: http://sites.uol.com.br/vicente. martins/

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