Vagas para Humanos



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Após uma oratória conduzida por uma prestigiada consultora de recursos humanos e que deixou atônitos a todos os presentes, retificando: "a quase todos", por te elevar para um mundo beirando o irreal e onde todos os comportamentos são questionáveis e questionados, um colega me fez a seguinte pergunta: "Será que há vagas para humanos no moderno mundo corporativo?"

Muitas das vezes que assistimos a uma destas palestras, concluímos em que participamos de uma experiência, onde o maior lucro foi descobrir a água morna.

É como fazermos uma rápida incursão numa página de internet de qualquer empresa e ler sobre a missão e a visão da mesma. São todas uma cópia fiel e desnecessária, onde citam ao cliente em primeiro lugar e o fato de contarem com uma equipe capacitada e disposta. Ou seja, podemos pular esta parte que nada agregará nem mudará nas nossas vidas, mas poderemos fazer o mesmo com as mensagens que estes profissionais tratam de nos passar?

A luta pela procura da excelência será sempre bem-vinda, mas até para atingir este patamar devemos ser excelentes, ou seja, sem excessos de exageros, sem carências de ausências.

A escolha de profissionais aptos para desempenhar funções no mundo corporativo moderno, está permeada de exigências ou de quesitos "desejáveis", todo um sistema férreo de decantação, que desemboca em discriminação.

As empresas querem tudo pronto, formar custa muito e não garante a continuidade, nem a perpetuidade do funcionário no emprego.

Da forma em que estão sendo aprimoradas as exigências, não me estranharia que em breve alguém peça como diferencial para escolher o candidato mais idôneo, ter respiração branquial ou literalmente a capacidade de desenvolver assas, assim evitariam seguros de vida por afogamento ou para poderem voar e não precisar cogitar a idéia de atrasos ao serviço por problemas de transporte e congestionamentos de tráfico.

Os humanos somos um compêndio de virtudes e defeitos. Dedicamos a vida a toda a limar asperezas, a aperfeiçoar comportamentos. Nem sempre conseguimos os nossos propósitos e nem por isso deixamos de sermos melhores e até capacitados para o desempenho de certas atividades.

Sempre e quando a pessoa não estiver do lado errado da vida, acredito que não existam motivos para a recusa e a negativa de inseri-lo e aproximá-lo. Aliás, temos que atraí-lo.

Quem escolhe, quem dá a última palavra, não é, nem será modelo de perfeição e com certeza, também não reúne tudo o que está exigindo. Todos temos vantagens em alguns itens e déficit em outros.

Descartar de cara um profissional por não atingir algumas das características exigidas, não é inteligente. Uma boa sessão de análise sobre o conjunto como um todo, daria bons dividendos para o ser humano que está sendo avaliado e para a empresa como tal.

Às vezes somos excluídos pelo mais banal dos requerimentos, sem saber o quanto o eliminado poderia ter aportado e contornado a sua "deficiência". Felizmente, costumam existir outros mais inteligentes que aproveitam a situação e fazem da ameaça uma oportunidade e das insuficiências, sutis habilidades.

A falta de originalidade e do comumente chamado jogo de cintura, pode acarretar perdas irreparáveis. Todos podemos ser vítimas destas situações, até os mais prevenidos e conhecedores.

Há questões, momentos para os quais as pessoas poderão aprender a se posicionar. Levado à linguagem mais comum e manuseada por todos, poderia se confundir com aparentar, fingir e sermos tão falsos como produtos fabricados em duvidosos fundos de quintal, mas não é bem assim.

Devemos ter capacidade para saber como conduzirmos, como situarmos em dependência do ambiente, mas há características pessoais que afloram e costumam trair, por estarem além do nosso subconsciente.

A lista seria interminável, exemplos sobram. Pessoas preconceituosas, racistas, de má índole, que não gostam de seres humanos, que não se importam com o próximo, por mais que intentem ou se empanturrem de manuais de auto-ajuda, nunca conseguirão ir além das suas verdades, mas cedo ou mais tarde, o produto de má qualidade falsificado que tentaram vender, acusará sua verdadeira origem.

Se policiar, fará bem para você e para todos os que têm que te aturar, mas... a coisa não pára por aí. Tente realmente mudar e não simplesmente aparentar e se controlar. Conscientize que essa tua característica, não tem o menor cabimento, que te prejudica e o pior, atrapalha aos outros, que não estão obrigados a te suportar.

Hoje fiquei espantado com um fato lamentável. Tive um encontro curtíssimo com uma "alta executiva" de uma grande empresa, uma daquelas escolhidas a dedo, toda produzida e cheia dos ares de grandeza, dona da verdade absoluta e dos poderes, segundo a pobreza de raciocínio e espírito que costuma cercar estas celebridades. Não poderia faltar, para completar o kit, aquele visual incôgnito escondido por trás de enormes óculos escuros, parecendo gamas cegas, mesmo em ambientes fechados e apertando a mão para cumprimentar que nem homem.

Querendo ser simpática, resultou em extremo antipática. Tomou-se liberdades de criticar e questionar assuntos pessoais para os quais eu não dei faculdades, transgrediu fronteiras, usurpou grades. Eram temas que não lhe competiam e mesmo assim intrometeu-se. Talvez ela pense que não precisa de ninguém, nem da minha avaliação - aprovação. Deixaremos o tempo dar as devidas respostas.

Ou seja, o processo seletivo ao qual ela se submeteu, cuidou de muitos aspectos relevantes, mas descuidou de detalhes impressionantemente delicados, que podem mudar o rumo dos negócios.

Provavelmente alguém já deve estar pensando na possibilidade de implantar dispositivos chips em humanos, para regular as emoções e as ações. Talvez este seja o caminho para obterem o produto que tanto almejam.

Mas por enquanto não formos substituídos pelos homens biônicos, teremos que aprender a lidar uns com os outros, com o que a espécie pode oferecer, com o que a Natureza criou, sem conformismos, mas de uma maneira mais realista.

Ou seja, por enquanto não chegarem as pessoas certas, vai trabalhando com as erradas, quem sabe elas podem e aprendam a se tornar as certas, tão certas que nem você, que já alguma vez foi catalogado de errado.


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