O jogo em que Tostão virou milhão



O jogo em que Tostão virou milhão

Edson Silva

Talvez se eu perguntar quem é o doutor mineiro (médico mesmo) Eduardo Gonçalves de Andrade pouca gente vai se lembrar de bate pronto. Mas a resposta vai ficando fácil se eu falar que hoje é um colunista esportivo respeitado e muito lido (colega de nossa profissão de jornalista) e foi um dos grandes atacantes do futebol brasileiro. Se alguém respondeu Neto, errou, mas não fico brabo, afinal o Antonio Ferreira Neto criou-se no meu Guarani de Campinas, mas o dr. Eduardo era conhecido pelo humilde apelido de Tostão, um dos tricampeões mundiais do México, em 70.

Em tese, ele era o centroavante de uma equipe que tinha craques como Pelé, Rivellino, Gérson, Jairizinho e Clodoaldo. Aquela Seleção, montada pelo ex-jornalista João Saldanha e levado ao México sob o comando de Zagallo, ganharia os seis jogos que disputou e marcaria 19 gols e Tostão marcou só dois desses gols e numa mesma partida. Os mais céticos dirão, "grande coisa, um centroavante só fazer dois gols numa Copa!". Mas a participação de Tostão para a equipe foi fundamental e no jogo contra o Peru, em que ele fez dois gols, a apresentação foi de gala.

Era o 36º jogo do Brasil em Copas, em 14 de junho de 1970. No estádio Jalisco, em Guadalajara, o público de 54.233 pagantes acompanhava a quarta exibição da Seleção Canarinho naquele mundial. O juiz era o belga Vital Loraux. Rivellino abriu o placar aos 11 minutos, Tostão fez 2x0 aos 15 e o peruano Gallardo diminuiu aos 28. No segundo tempo o jogo começava ficar difícil até Tostão voltar a marcar aos 7 minutos, mas aos 25, Cubillas, um dos maiores jogadores de todos os tempo do Peru, fez o segundo, os 4x2 viria aos 30 minutos e com nosso furacão, Jairzinho. O Brasil estava na semifinal.

Pelo menos duas jogadas de Tostão na Copa de 70 marcam muito a minha lembrança e eu só tinha oito anos. Uma ele dribla vários adversários e dá o passe parece para que Rivellino solte a bomba e faça o gol. Na outra, Tostão literalmente voa próximo da linha de fundo e consegue dar um passe de calcanhar, mas pelo alto, como um golpe de arte marcial, e sai o gol de cabeça, não recordo precisamente se de Pelé ou Jairizinho.

Modéstia à parte, jogada idêntica fiz na adolescência, só que o atacante não conseguiu converter o lindo passe em gol... Hoje, eu com 49 anos e sedentário, só de pensar na jogada sinto "fisgar" o músculo da virilha.
Mas voltando ao nosso Tostão, que para quem não sabe era o jeito popular de nós brasileiros referirmos a pouco dinheiro, ele nos valeu milhão no tri.

Contra o Peru, em 70, o Brasil jogou com: Felix, Carlos Alberto, Brito, Piazza, Marco Antonio, Clodoaldo, Gerson (Paulo Cesar 67?), Rivellino, Jairzinho (Roberto Miranda 80?), Tostão e Pelé, o técnico era Zagallo. Já o Peru formou com Rubinos, Campos, Fernandez, Chumpitaz, Fuentes, Challe, Miffin, Baylon (Sotil 54?), Leon (Reyes 61?), Cubillas e Gallardo, o técnico era o brasileiro Didi, jogador que foi campeão mundial pelo Brasil em 58 e bicampeão em 62.

Edson Silva é jornalista em Sumaré

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Autor: Edson Terto Da Silva


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