CONTRIBUIÇÕES SÓCIO-AMBIENTAIS DA LOGÍSTICA REVERSA PARA A MINIMIZAÇÃO DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL: O CASO DO REUSO DO SOLVENTE.



JOSÉ OSCAR DA SILVA
ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO




CONTRIBUIÇÕES SÓCIO-AMBIENTAIS DA LOGÍSTICA REVERSA PARA A MINIMIZAÇÃO DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL: O CASO DO REUSO DO SOLVENTE.




ESTUDO DE CASO DO USO DA LOGISTICA REVERSA COMO FORMA DE MINIMIZAR A DEGRADAÇÃO DO MEIO AMBIENTE.



Monografia apresentada ao Curso de Engenharia de Produção da Faculdade Pitágoras, campus Ipatinga - MG, como requisito parcial para a obtenção do título de Engenheiro de Produção.
Orientador: Prof. Antonio Carlos Depizzol



FACULDADE PITÁGORAS
IPATINGA/ MG
2008



DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha esposa, Roberta, e aos meus filhos, Igor e Isabela, como resultado do nosso esforço conjunto. Eu, por ter-me privado do convívio diário, durante esses quatro anos de longa jornada, da presença deles, e eles, por terem entendido minha ausência.
Dedico a meu pai, falecido há 31 anos, que apesar de sua ausência física, a sua presença espiritual jamais me deixou desistir de, um dia, realizar o seu sonho: ver todos os filhos graduados.
Não posso deixar também, de agradecer e louvar a Ele, Aquele que sempre esteve ao meu lado, nunca me abandonou e nunca me abandonará, Aquele que me deu forças para enfrentar esse longo desafio, o de retomar meus estudos após 21 anos distante dos bancos de escola.
Obrigado Senhor. A Ti, em especial, dedico esta minha vitória.


AGRADECIMENTOS


Agradeço a Deus, sempre em primeiro lugar; àqueles que me fortaleceram quando, por um instante decai; à minha família, em especial, a minha mãe e a minha sogra, que sempre acreditaram e me apoiaram; à minha esposa e aos meus filhos, pela compreensão; aos colegas de sala e aos professores, pela paciência e dedicação na transmissão de conhecimentos (principalmente ao Valdemar, Depizzol, Gláucio, Rodrigo e Coutinho que são meus pontos de referência); aos funcionários da faculdade, que muito nos ajudaram, e enfim, a todos que acreditaram e torceram por mim, fortalecendo-me e fazendo-me acreditar que os desafios só se aplicam àqueles que têm competência e disposição para tentar resolvê-los.



RESUMO

Hoje, tornou-se notório, o interesse de todos pela recuperação, conservação e manutenção do meio ambiente. Pequenas, médias e grandes empresas, que querem se destacar no mercado em que atuam, têm de alguma forma, que se envolver na manutenção e na recuperação do meio ambiente, bem como na comunidade em que se situam.

O foco deste trabalho está na minimização da degradação do meio ambiente, por meio de um estudo de caso realizado em empresas do ramo de pinturas industriais. Ele visa reduzir, em um percentual significativo, o montante de resíduos gerados por este processo, em particular, os originados pelo uso de solventes, um produto químico e líquido, que apresenta um maior risco de destruição do solo e do ar, em relação aos outros resíduos.

Dentre os possíveis processos de descartabilidade ou de reaproveitamento, optou-se por um novo conceito utilizado no mercado, em grande ascensão hoje em dia, para poder, efetivamente, contribuir na minimização ou na eliminação de despejo de resíduos, na natureza, provenientes do uso de solventes em processos de pintura: o conceito de reverso e reuso. Logística Reversa e reutilização (reverso e reuso) foram agrupadas neste processo, de uma forma tal que, utilizando-se deste principio, foi verificado a viabilidade de retornar ao fabricante ou ao recuperador, todo o resíduo de solvente proveniente do processo de pintura, para que o mesmo fosse recuperado ou na pior das hipóteses, descartado de forma correta.

A seguir, encontram-se, dentro do referencial teórico, todos os conceitos e aplicabilidades da Logística Reversa, conceitos de Resíduos e de Meio Ambiente. Logo após, no desenvolvimento, foi focado todo o processo de geração e recuperação de resíduos, provenientes do uso de solventes, produzidos no processo de pintura. Encerrando-se este trabalho, está o estudo de caso realizado em quatro empresas do segmento de pinturas industriais e finalmente a conclusão.
SUMÁRIO


1. INTRODUÇÃO................................................................................................08
2. REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................10
2.1 LOGÍSTICA REVERSA..................................................................................10
2.1.1 LOGÍSTICA REVERSA DE BENS DE PÓS CONSUMO...............................13
2.1.2 LOGÍSTICA REVERSA DE BENS DE PÓS VENDAS...................................13
2.2 RESÍDUOS.....................................................................................................15
2.2.1 RESÍDUO INDUSTRIAL.................................................................................17
2.3 DEGRADAÇÃO DO MEIO AMBIENTE..........................................................19
3. METODOLOGIA APLICADA..........................................................................20
4. DESENVOLVIMENTO....................................................................................20
4.1 PROCESSOS.................................................................................................20
4.1.1 IDENTIFICAÇÃO DO PROCESSO................................................................20
4.2 A DESCARTABILIDADE DOS RESÍDUOS....................................................24
4.3 O GRANDE DESAFIO....................................................................................23
4.4 A APLICAÇÃO DO CONCEITO DE LOGÍSTICA REVERSA.........................23
4.5 A PROPOSTA................................................................................................24
4.5.1 O PROCESSO DE DECANTAÇÃO................................................................24
4.5.1.1 O PROCESSO DE DECANTAÇÃO GRAVITACIONAL.................................24
4.5.1.2 O PROCESSO DE DECANTAÇÃO POR MÁQUINA A VAPOR....................25
5. ESTUDO DE CASO........................................................................................26
5.1 ESTUDO DE CASO DA EMPRESA "A".........................................................26
5.2 ESTUDO DE CASO DA EMPRESA "B".........................................................28
5.3 ESTUDO DE CASO DA EMPRESA "C".........................................................29
5.4 ESTUDO DE CASO DA EMPRESA "D".........................................................30
6. CONCLUSÃO................................................................................................31
7. FIGURAS........................................................................................................33
8. REFERÊNCIAS..............................................................................................34

1. INTRODUÇÃO

Normalmente, logística é sempre associada ao gerenciamento do fluxo de materiais, do ponto de aquisição (compra) até o ponto de consumo (venda). Porém, com o advento da revolução industrial, da evolução da cadeia de suprimentos e da busca pela melhoria no atendimento ao cliente, passou a existir, também, o fluxo reverso do bem adquirido, ou seja, do ponto de consumo até o ponto de origem. Esse novo fluxo, então, precisava ser gerenciado. O processo logístico reverso, visto pelo âmbito econômico, traz benefícios tanto para a empresa quanto para a sociedade, uma vez que, seu gerenciamento permite contribuir com o meio ambiente, com a redução de custos, no atendimento ao cliente, agregando valores, dentre tantos outros benefícios.

Entendidos tais conceitos, eles devem ser aplicados no processo, de forma a otimizá-lo, influenciando em uma melhor gestão do custo, nas organizações, sem prejuízo do constante aperfeiçoamento de seu gerenciamento (LEITE, 2003).

O considerável crescimento do volume de bens produzidos provocou uma maior preocupação com a política ambiental e, principalmente, uma maior conscientização da sociedade quanto ao estado e à sobrevivência da natureza. A logística de distribuição de novos e de antigos produtos expandiu-se de forma rápida e eficaz, mas as organizações não se interessaram, da mesma forma, em relação ao possível reaproveitamento desses produtos, após o fim de sua vida útil.

Segundo Leite (2003), grande parte dos produtos consumidos ou industrializados, e depois descartados, podem ser reciclados, reintegrando-os ao processo produtivo, transformando-se em novos produtos, ou simplesmente, sendo destruídos de forma adequada.

Dentro desse novo contexto, surge a Logística Reversa, assunto de extrema relevância para as organizações, tanto industriais, comerciais, de serviços e sócio-culturais. De forma geral, Logística Reversa é o retorno do produto consumido, ou não, seja ele industrial, residencial, ou de qualquer outra natureza, por meio de canais de distribuição, de modo planejado, implementando-se e controlando-se o fluxo inverso do produto, agregando valores, reintegrando-os ao processo produtivo e ao negócio (LEITE, 2003).

Há empresas que não dão à Logística Reversa a mesma importância dada à logística normal, do fornecedor ao consumidor, pois a consideram improdutiva e de alto custo. Porém, essa visão é irreal, devido às vantagens sociais e ambientais que a Logística Reversa proporciona à comunidade.

Por exemplo, pode ser citado o caso dos resíduos gerados no processo de pintura industrial em grandes empresas. Esses resíduos (latas de tinta, papéis, solventes e madeiras impregnados, pós gerados no processo de jateamento, dentre outros) são grandes causadores de degradação, quando despejados diretamente no meio ambiente. Porém, muitos deles podem ser reaproveitados através do canal reverso de pós-consumo, utilizando-se a logística para seu gerenciamento, em vez de abandoná-los na natureza, o que ocasiona uma crescente degradação do meio ambiente. Certas empresas já utilizam esses materiais como matéria prima para gerarem novos produtos.

Outros exemplos, de igual importância, podem ser citados: o zarcão, utilizado em serralherias; o solvente utilizado em limpeza; alguns tipos de tintas de qualidade inferior; xarope à base de ferro; sucatas para alto forno, dentre outros.

Este trabalho pretende avaliar o processo de retorno dos resíduos gerados pelo processo de pintura industrial, mais precisamente, em empresas desse ramo, situadas na Região do Vale do Aço, destacando-se os benefícios sócio-ambientais e econômicos que podem ser alcançados com a sua reutilização. Será apresentada uma pesquisa realizada nessas empresas, acompanhada de uma revisão bibliográfica, a fim de mostrar como a reutilização de material reciclado é importante, na cadeia produtiva, e de que forma a Logística Reversa pode contribuir no processo de amenização dos impactos ambientais.
2. REFERENCIAL TEÓRICO

Os temas mais abordados neste estudo serão, em primeiro lugar, conceituados isoladamente, para que o processo de Logística Reversa, na recuperação de resíduos de tintas e na preservação do meio ambiente possa ser mais bem entendido.

2.1 Logística Reversa

Conforme definição do CLM, Counsil of Logístics Management, (Conselho de gerenciamento logístico, 2001, p. 323), "Logística Reversa é um amplo termo relacionado a habilidades envolvidas no gerenciamento de redução, movimentação e disposição de resíduos de produtos e embalagens" .

Em Leite, 2003, encontra-se a seguinte definição para esse termo: "em se tratando de logística de negócios, refere-se ao papel da logística no retorno de produtos, redução na fonte, reciclagem, substituição ou reuso de matérias, disposição de resíduos, reforma, reparação e remanufatura".

Rogers e Tibben-Lembke (1999, p. 2) definem-na como sendo:

"O processo de planejamento, implementação e controle da eficiência e custo efetivo do fluxo de matérias prima, estoques em processo, produtos acabados e de informações correspondentes, do ponto de consumo até o ponto de origem, com o propósito de recuperar valor ou realizar um descarte adequado".

Outra conceituação é dada por Gomes e Ribeiro (2004), os quais afirmam que "a logística de fluxos de retorno visa a eficiência da recuperação de produtos e tem o propósito de redução, disposição e gerenciamento de resíduos tóxicos e não-tóxicos".
Observa-se, então, que cada autor propõe uma definição diferente para o mesmo tema, e que não há um consenso, cuja explicação relaciona-se com o fato de ser um tema ainda novo, e que se encontra em constante evolução. A grande expansão e a evolução da indústria, com novas possibilidades de negócios, o aumento do interesse por pesquisa, nas áreas humanas e ecológicas, também justificam essa mudança rápida e conflitante do termo Logística Reversa.

Dentre essas e tantas outras definições, considera-se a mais adequada, para a Logística Reversa, aquela dada por Leite (2003), que diz:

[...] "a área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros"..

A Logística Reversa, ao contrário da direta, ainda tem uma estrutura inadequada e insuficiente para que possam fluir, eficientemente, todos os produtos, resíduos, embalagens, bens e serviços, gerados pela cadeia de distribuição direta. Esse fluxo reverso constante existe em quase todos os segmentos de mercado, em que o retorno de mercadorias à origem (seja por retrabalho, defeito, falhas, problemas de matéria prima, de embalagens) é freqüente.

A rapidez com que se lançam novos produtos no mercado, a alta tecnologia, a alta competitividade das empresas e o aumento da conscientização ecológica quanto às conseqüências geradas pelo depósito irregular de produtos e de seus resíduos, estão contribuindo para a adoção de novos comportamentos, tanto pelas organizações quanto pela sociedade. Isso vem possibilitando uma maior valorização dos processos de retorno de produtos, de materiais e de resíduos, à sua origem ou ao seu destino adequado, minimizando a degradação ambiental.

Nota-se que o consumidor está mais preocupado com o meio ambiente, pela criação de leis ambientais mais rigorosas, que os padrões de serviços e o cuidado das empresas com sua imagem coorporativa têm incentivado todos os níveis da sociedade e os empresariais para a implantação de canais reversos de distribuição, reduzindo os problemas gerados pelo excesso de descartes na natureza.

Outra forma de se observar a aplicação e a necessidade da Logística Reversa é o canal reverso existente ao final da vida útil de um produto, já em posse do cliente. De fato, a vida de um produto, sob o ponto de vista logístico, não termina com sua entrega ao cliente, ou seja, quando o produto torna-se obsoleto, danificado ou deteriorado, o mesmo deve ser descartado. Esse descarte pode ser em pontos de conserto ou de reaproveitamento, ou simplesmente, com a sua destruição, em aterros.

Para uma melhor compreensão de Logística Reversa, a figura 1 mostra, em forma de fluxo, a sua operação;



Figura 1: Processo Logístico Reverso
Fonte: Guarnieri (2006, p. 5)

A Logística Reversa divide-se em duas áreas distintas de atuação:

2.1.1 Logística Reversa de bens de pós-consumo:

É a área da Logística Reversa que trata de produtos no final de sua vida útil, que já foram utilizados e ainda têm possibilidade de serem reutilizados, tais como, plásticos, latas, papel, resíduos industriais, botijão de gás, garrafão de água, vasilhame de bebidas, dentre outros (LEITE, 2003)

2.1.2 Logística Reversa de bens de pós-vendas:

É a área da Logística Reversa que trata do planejamento, controle e destino dos produtos sem uso ou pouco utilizados, que retornam à cadeia de distribuição por motivos diversos, tais como garantia, avarias de transporte, prazo de validade vencido, obsoleto, ultrapassado, fora de época, dentre outros. Produtos que, por algum motivo, não foram utilizados e que podem ser novamente inseridos no mercado (LEITE, 2003).

Essas duas áreas de atuação da Logística Reversa são completamente distintas, pois cada uma tem um canal de distribuição totalmente diverso do da outra. Uma forma de melhor entendimento dessa definição encontra-se nas figuras 2 e 3, que ilustram a distinção entre os fluxos logísticos de pós-venda e de pós-consumo.

A Logística Reversa de bens de pós-consumo tem como objetivo estratégico agregar valor a um produto, constituído por bem inservível ao seu proprietário e que ainda pode ser utilizado, por produtos descartáveis e por resíduos industriais. Exemplos de produtos reutilizáveis, originados de pós-consumo, são garrafas de bebidas, garrafões de água mineral, sucata de aço, latas de alumínio, botijões de gás, dentre tantos outros.

Figura 2: Áreas de atuação da Logística Reversa
Fonte: Leite, (2003, p. 17)




Figura 3: Fluxograma de Logística Reversa de Pós-consumo
Fonte: Leite consultorias (2003, p. 18)


Leite (2003), afirma que o objetivo econômico da Logística Reversa de pós-consumo deve-se à economia gerada com o aproveitamento das matérias primas provenientes de reciclagem, bem como da revalorização dos bens pela reutilização e reprocesso. Diferente do canal de pós-venda, justificado unicamente pelo valor econômico, o canal de pós-consumo justifica-se, não só por isso, mas também pelas questões ambientais e legais. Assim sendo, tal atividade é mais significativa em organizações preocupadas com o meio ambiente, pois a legislação, nesse caso, é mais rígida.

Como este trabalho dedica-se ao estudo do reaproveitamento dos resíduos gerados pelo processo de pintura, observa-se que o canal reverso de pós-consumo deve ser seu ponto principal, pois a partir dele, será estruturado o desenvolvimento dos processos de retorno e de reaproveitamento dos resíduos.

2.2 Resíduos

Produzidos em todos os estágios das atividades humanas, os resíduos, em termos tanto de composição como de volume, variam em função das práticas de consumo e dos métodos de produção.

As principais preocupações estão voltadas para as repercussões que podem ter sobre a saúde humana e sobre o meio ambiente (solo, água, ar e paisagens). Os resíduos perigosos produzidos, sobretudo, pela indústria, são particularmente preocupantes, pois, quando incorretamente gerenciadas, tornam-se uma grave ameaça ao meio ambiente.

As mudanças, quanto ao aspecto relacionado à diminuição do potencial poluidor das indústrias, ainda são lentos, pois existem muitas empresas antigas que contribuem com uma maior parcela de carga poluidora gerada, sendo, portanto, necessários altos investimentos de controle ambiental para a emissão de poluentes, lançamentos de efluentes e o depósito irregular de resíduos perigosos.

Resíduos é o resultado de processos de diversas atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e ainda, da varrição pública (www.gestopolis.com.br, acesso em 23/08/08).

Eles podem ser classificados das seguintes maneiras:

» Quanto às características físicas:
Podem ser secos (que não contêm umidade) ou molhados (que contêm umidade);

» Quanto à composição química:
Podem ser orgânicos, produtos ou derivados que se incorporam na natureza, ou inorgânicos, compostos por produtos manufaturados, que não se incorporam na natureza;

» Quanto à origem:
Podem ser domiciliar, comercial, público, hospitalar, de portos ou de aeroportos, de terminais rodoviários e ferroviários, radioativo, agrícola, entulho da construção civil e industrial.

A norma NBR 10.004 classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que possam ser gerenciados adequadamente (ABNT, 2004). Essa nova versão da norma distribui os resíduos em três classes distintas:

? Classe 1 ? Resíduos perigosos: são aqueles que apresentam riscos à saúde pública e ao meio ambiente, exigindo tratamento e disposição especial em função de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade;

? Classe 2 - Resíduos não-inertes: são resíduos que não apresentam periculosidade, porém não são inertes; basicamente, resíduos com as características do lixo doméstico;
? Classe 3 - Resíduos inertes: são aqueles que, ao serem submetidos aos testes de solubilização, não têm nenhum de seus constituintes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água; não se degradam nem se decompõem, quando dispostos no solo.

No quadro abaixo, relacionam-se as origens e as classes dos resíduos com seus potenciais geradores e os responsáveis.

Figura 4: Origem, possíveis classes e responsáveis pelos resíduos.
Fonte: www.ambientebrasil.com.br

2.2.1 Resíduo industrial

Resíduo industrial é o lixo que resulta dos processos de produção das indústrias. Ele varia de acordo com cada indústria. Assim, as indústrias químicas e metalúrgicas possuem um lixo bem diferente das demais, requerendo um tratamento diferenciado. Indústrias metalúrgicas vendem seus resíduos para serem reciclados por outras empresas. O problema é quando não são tratados, sendo jogados em rios, queimados, atirados em aterros clandestinos, poluindo assim o meio ambiente (www.conhecimentosgerais.com.br, acesso em 24/08/08).

O resíduo industrial é um dos maiores responsáveis pelas agressões fatais ao ambiente. Nele estão incluídos produtos químicos, metais, solventes químicos que ameaçam os ciclos naturais onde são despejados. Os resíduos sólidos são amontoados e enterrados; os líquidos são despejados em rios e mares; os gases são lançados no ar. Assim, a saúde do ambiente e, conseqüentemente, dos seres que vivem nele, torna-se ameaçada, podendo levar a grandes tragédias (www.conhecimentosgerais.com.br, acesso em 24/08/08).

Os metais pesados são muito utilizados na indústria e estão em vários produtos. No quadro abaixo, relacionam-se os principais metais usados, suas fontes e riscos à saúde.

Figura 5: Principais metais usados na indústria, suas fontes e riscos à saúde.



Fonte: www.ambientebrasil.com.br

A destinação, tratamento e disposição final dos resíduos devem seguir a norma 10.004 da ABNT, que classifica os resíduos conforme as reações que produzem, quando dispostos no solo:
? Perigosos (classe 1 ? contaminantes e tóxicos)
? Não-inertes ( classe 2 ? possivelmente contaminantes)
? Inertes ( classe 3 ? não contaminantes)

Os resíduos classes 1 e 2 (perigosos e não-inertes) devem ser tratados e destinados em instalações apropriadas para tal fim. Para tratar a questão dos resíduos industriais, o Brasil possui legislação e normas específicas. O artigo 225 da Constituição Brasileira, dispõe sobre a proteção ao meio ambiente: a lei 6.938/81 estabelece a Política Nacional de Meio Ambiente; a lei 6.803/80 dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento industrial em áreas críticas de poluição, e além disso, a questão é amplamente explicitada e discutida nos capítulos 19, 20 e 21 da Agenda 21, acesso 28/08/08, Agenda 21,Rio-92 (www.ambientebrasil.com.br).

Um resíduo não é, por princípio, algo nocivo. Muitos resíduos podem ser transformados em subprodutos ou em matérias primas para outras linhas de produção.


2.3 Degradação do meio ambiente

A degradação ambiental causada por indústrias era uma realidade, no passado, e continua sendo, no presente, pois poucas são as empresas que se preocupam com tal realidade social. Entretanto, empregando-se bom senso e boa vontade, a lucratividade das empresas pode e deve ser conciliada com um mundo sustentável e habitável.

Segundo Rebollo (2001), atenção e cuidados para com os recursos disponíveis na natureza, ou a produção de produtos e de resíduos que, eventualmente, venham a afetar o meio ambiente, são variáveis que crescem de importância no planejamento estratégico das empresas.
A sustentabilidade, antes defendida apenas pelos estudiosos, tornou-se, nos dias de hoje, uma das bandeiras erguidas por empresários de quase todo o mundo. O conceito de desenvolvimento sustentável então, passou a se difundir, tornando-se uma realidade atual, na maioria das empresas. O grande desafio, que agora enfrentam, é conseguir compatibilizar o crescimento econômico com a preservação da natureza.

3. METODOLOGIA APLICADA

A metodologia deste trabalho, segundo Silva e Menezes (2001), é uma pesquisa aplicada, pois reúne conhecimentos para a aplicação prática, visando a solução de problemas específicos. É também qualitativa, pois foi realizada por meio de observação sistemática, não requerendo, assim, o uso de métodos e de técnicas estatísticas.

De acordo com os objetivos propostos, pôde-se efetuar uma pesquisa exploratória, buscando ser explicativa e, também, descritiva, envolvendo o emprego de técnicas de coleta de dados. A observação foi utilizada no estudo de caso, para aprofundar os conhecimentos práticos e melhor conhecimento do tema.

A coleta de dados foi realizada através de visitas às empresas do segmento de pintura industrial, na região do Vale do Aço, no período de fevereiro de 2008 a setembro 2008.

4. DESENVOLVIMENTO

4.1 Processos.

4.1.1 Identificação do processo

Grande parte dos produtos fabricados, hoje em dia, é originada a partir do aço, pois oferecem grande resistência, são fáceis de modelar e possuem uma durabilidade (resistência a impactos) muito grande, além da grande variedade de aplicação. Porém, este material base (aço) possui uma restrição: a facilidade à corrosão, que, com o tempo, restringe a sua aplicabilidade. Assim sendo, esses produtos, para aumentarem a sua garantia e durabilidade, passam por um processo de proteção anti-corrosiva, que serve para proteger o aço de ações físicas ou químicas. Isso mostra que a maioria dos produtos fabricados a partir do aço, sujeitos a algun tipo de ataque oxidante (ferrugem), passam por um processo de pintura para que tenham, assim, uma proteção contra esses ataques. No dia a dia, convive-se com diversos desses produtos, tais como: carros, geladeiras, fogões, portas, grades e estruturas metálicas de pequeno, médio e grande porte.

Esse processo de pintura, normalmente, é o último processo industrial ao qual o produto é submetido, antes de ser enviado ao consumidor final. Por isso, além de sua importância como proteção anti-corrosiva, ele também é estético, pois trata-se do acabamento final do produto.

Para se entender como e em que consiste um processo de pintura, descreve-se, a seguir, um resumo do processo, de modo que se tenha noção de como funciona: a tinta, normalmente adquirida em baldes (de18 ou 3,6 litros), é colocada em um recipiente (batedor), onde é homogeneizada, juntamente com seu diluente, em proporções pré-estabelecidas. Após o seu preparo, a mesma é vertida em um reservatório, chamado de bomba, de onde, pela ação do ar comprimido injetado em seu interior, é enviada através de mangueiras, a uma pistola. Essa pistola, acionada manualmente, libera o ar preso em seu interior, expelindo a tinta, em forma de spray, que ao ser direcionado a um alvo (a peça a ser pintada), processa, assim, a pintura dessa peça. Em suma, esse é o processo todo, desde a preparação da tinta até a sua aplicação.

Ao fim desse processo, os equipamentos utilizados, bomba, pistola, mangueiras, pincéis, etc, são submetidos a um processo de limpeza, para a retirada dos fragmentos de tinta que ficam colados nos equipamentos, pois, caso contrário, a tinta impregnada em seu interior, seca, comprometendo dessa forma, os equipamentos para uma outra utilização. Para a limpeza, é empregado um produto químico, chamado solvente, altamente inflamável, e também tóxico. Após o processo de limpeza, o solvente fica impregnado com as partículas de tinta, relativamente viscosas, que o contaminam, tornando-o teoricamente inutilizável. Esse solvente é, então, enviado a um depósito, onde posteriormente será encaminhado para incineração.

As latas, enviadas para as indústrias siderúrgicas, são utilizadas como sucata, enquanto os outros itens, que não são aproveitáveis, como madeiras, plásticos, máscaras, pinceis, são enviados para incineração, pois não podem ser reutilizados, nem descartados, devido a sua alta contaminação.

A proposta deste estudo consiste em identificar formas de se reaproveitar esse solvente impregnado, objetivando seu reuso, de forma ambientalmente correta, reduzindo drasticamente a geração de resíduos, para minimizar seu impacto na natureza.
Em observações efetuadas nas empresas de pintura do Vale do Aço, chegou-se à conclusão de que é gerada, por mês, uma elevada quantidade de resíduos provenientes do solvente de limpeza. Essa alta incidência de resíduos e a ausência de uma destinação ecologicamente correta nortearam toda esta pesquisa.

4.2 A descartabilidade dos resíduos

Conforme a norma ISO 14001, que trata da destinação de resíduos químicos, todo e qualquer material contaminado por produto químico deve ser coletado, armazenado e enviado para descarte, de forma a não contaminar o meio ambiente. Tal material deve ser enviado a uma empresa certificada, que através de processos comprovadamente eficazes, irá dar fim a esses produtos, de forma a não contaminar o solo, o ar e nem o meio ambiente (REBOLLO, 2001).

Porém, nem todas as empresas efetuam esse procedimento, devido ao Alto custo de armazenagem, de transporte e de incineração, ou seja, empresas de pequeno porte, não têm condições de assumirem esse custo pela impossibilidade de repassá-los ao produto fabricado, diminuindo seu prejuízo com a incineração. Então, elas depositam esses resíduos em aterros, nem sempre corretos, contaminando o meio ambiente.

4.3 O grande desafio desta pesquisa

Objetivando buscar soluções, visando menor custo e a constante proteção do meio ambiente, foram realizadas diversas pesquisas em endereços eletrônicos, livros, artigos, enfim, em todas as fontes disponíveis, na busca de uma melhor forma de amenizar esse problema.

Várias idéias surgiram, dentre elas, a filtragem, a decantação, a reutilização, porém todas se mostravam, por vezes, frágeis, ou as vezes, inexpressivas. Uma das idéias propostas foi a de reaproveitar o solvente, decantando-o pelo processo gravitacional, ou seja, pela separação do agente líquido do agente sólido, colocando o resíduo em repouso. Essa idéia não se mostrou eficaz, pois não se conseguia pureza no solvente recuperado e ainda persistia o problema da sobra do resíduo, voltando-se, de forma mais amena, ao inicio do processo, não se atingindo o objetivo proposto.

A partir disso, propôs-se a aplicabilidade do conceito de reverso e de reuso, em conjunto, considerando a possibilidade de retornar esses resíduos a sua origem, de forma a reutilizá-los na cadeia produtiva.

Partindo-se para uma busca mais objetiva, tanto em fontes publicadas quanto em campo, pôde-se observar que o solvente poderia voltar a sua origem, ser re-industrializado, e re-introduzido na cadeia de produtos, sendo utilizado no processo novamente. Assim reduziría-se, a fabricação de novos produtos e, ao mesmo tempo, o volume de resíduos, tanto gerados quanto descartados.

4.4 A aplicação do conceito de Logística Reversa

O conceito de Logística Reversa viu-se muito bem aplicado para o caso em questão. O solvente utilizado no processo seria devolvido ao seu fabricante, para que esse processasse a separação entre o líquido (solvente) e o sólido (massa). Tal procedimento não é uma novidade no mercado, porém, nas empresas em que a pesquisa foi realizada, não era conhecido, tornando-se, assim, uma maneira de contornar o problema dos resíduos de solvente, gerados pelo processo de pintura industrial.

4.5 Proposta

Como dito anteriormente, o solvente, após o uso, fica impregnado de substâncias sólidas (fragmentos de tinta), impossibilitando o seu reuso. A proposta é retornar com o solvente a sua origem e separar o líquido do sólido. Com esse procedimento, o solvente fica totalmente limpo, sem a contaminação da tinta, enquanto a borra, formada pelos fragmentos de tinta, permanece reservada, em separado. Pode-se reutilizar o solvente, novamente com suas características originais, enquanto a borra restante pode ser empregada na confecção de tintas e de outros produtos menos valorizados.

O processo de decantação mostrou-se muito eficiente na resolução deste problema, pois o solvente contaminado, após passar pela decantação, é separado da borra de tinta, tornando-se reaproveitável.

4.5.1 O processo de decantação

Vários foram os processos encontrados, cada um com sua característica própria. Dois processos similares, porém com estrutura diferente, foram os que chamaram mais a atenção.

4.5.1.1 Processo de decantação gravitacional

Nesse processo, o resíduo é levado a uma torre de separação aquecida (reservatório), onde, em contato com o calor, o solvente, por ser volátil, separa-se da borra, que é sólida. A parte líquida (solvente) evapora-se, passando por um condensador onde ocorre a liquefação (transformação do estado gasoso em estado líquido), e pelo processo gravitacional é levado a um reservatório, onde é engarrafado, em embalagens tipo plásticas e distribuído para os consumidores. O que sobra no reservatório é a parte sólida do resíduo, a borra. Este material é retirado e enviado a um tanque onde são acrescidos pigmentos, e moído, para transformar a borra sólida em massa mais homogenia e maleável. Após o processo de moagem e de pigmentação, o que antes era um material não-utilizável, transforma-se em uma tinta de ótima qualidade, resistente à abrasão, umidade e calor. Popularmente conhecida com o nome de "zarcão", é muito utilizada em processos de transformações metálicas (serralherias).

Uma das características desse processo é de transformar grandes quantidades de resíduos, ao mesmo tempo, e adaptar-se à quantidade fornecida pelo mercado, ou seja, quando tem-se uma elevada coleta de resíduos pode-se montar uma destiladora de grande porte; quando tem-se uma baixa quantidade coletada, monta-se uma destiladora de menor porte.

4.5.1.2 O processo de decantação por máquina a vapor

Nesse processo, o resíduo é acondicionado em sacos plásticos próprios; depois o saco, contendo o resíduo, é colocado dentro de uma máquina de decantação, em um recipiente em forma de bacia. O saco plástico é colocado com sua boca aberta, pois o mesmo serve apenas para que a massa não fique em contato com a bacia evitando que se grudem. Essa bacia é aquecida através de resistências contidas no interior da máquina, que, gerando calor, processam a separação entre o sólido e o líquido pela evaporação do solvente, pois este é menos denso. Quando o solvente é evaporado, o mesmo fica reservado em depósitos na própria máquina, permanecendo a massa dentro do saco plástico. O solvente é totalmente recuperado, sendo, após o processo, acondicionado em garrafas plásticas para armazenagem. A massa, que sobra dentro do saco plástico, pode ser utilizada na fabricação de tintas, como, por exemplo, os zarcões utilizados em serralherias.

Uma das características desse processo é ser de baixo rendimento, limitado à capacidade da máquina, massa é pouco aproveitada, normalmente inutilizada, descartada. Porém, como em qualquer outro tipo de decantação de resíduos, o solvente é totalmente reaproveitado e a massa restante se resume a aproximadamente dez por cento do volume total do início do processo, a cada cem litros de resíduo decantado, apenas dez litros serão descartados.

5. ESTUDO DE CASO

O estudo de caso, na pesquisa realizada, envolveu quatro empresas do segmento de processos de pintura do Vale do Aço. Procurou-se evidenciar, dentre as várias formas de geração de resíduos, aquela de maior significância, no que tange à contaminação do solo e do meio ambiente, objeto de estudo deste trabalho.

A alta geração de resíduos provenientes do uso de solventes aguçou-me a curiosidade, a atenção desde o início desta pesquisa, pois ficou evidenciada em todas as empresas visitadas.

Para resguardar-se os reais nomes, as empresas visitadas serão identificadas como Empresa A, Empresa B, Empresa C e Empresa D.

5.1 Estudo de caso da empresa "A":

A empresa A funciona há aproximadamente 35 anos, é conhecida internacionalmente, não só nessa segmentação de mercado, mas também pela qualidade de seus produtos e pela alta tecnologia empregada. Possui diversas certificações, destacando-se a ISO 14001, que é uma certificação relacionada ao meio ambiente.

Dentro dos processos produtivos da empresa, obeserva-se que o processo de pintura, dentre os visitados, é o que mais se aproxima do ideal. Possui cabines fechadas para jateamento de peças, galpões cobertos para pintura, depósitos de tintas cobertos e ventilados, centrais de homogeinização de tinta (mistura da tinta com o catalisador), central de resíduos, ilha ecológica e coleta seletiva de lixos, de acordo com normas internacionais de meio ambiente.

Nessa empresa, apesar do preenchimento dos requisitos legais e de seguir parâmetros pré-estabelecidos, foram evidenciados alguns itens que podem ser melhorados, como por exemplo:
? A coleta seletiva de resíduos pode ser melhorada no sentido de separação por tipo de contaminante;
? A central de resíduos separada por categoria (papel, plástico, lata, vidro, etc.);
? O uso excessivo de solvente;
? O descarte de parte de resíduos (tintas, solventes, resíduos de solvente) diretamente no solo;

O que mais chamou a atenção foi o fato de a empresa não reaproveitar o resíduo proveniente do uso do solvente, sendo simplesmente acondicionado em tambores e enviado para incineração. Além de gastar com o descarte, deixa de reaproveitar o solvente e de economizar na compra de novos produtos.

Ficou evidenciado que, recuperando-se o solvente, dentro ou fora da empresa, poder-se-ia atingir uma economia, na compra de novos produtos, em torno de 70% (setenta por cento) de material, por mês, ou seja, para cada cem litros adquiridos hoje, com a recuperação, seria necessário adquirir apenas 30 litros por mês. Outro detalhe é que, com a recuperação do solvente, deixariam de ser gerados, por mês, em torno de 4.000 litros de resíduos, sendo que a massa restante, em torno de 500 kg, poderia ser aproveitada por empresas especializadas na confecção de tintas.

Este estudo foi apresentado à empresa, a qual se comprometeu a estudar o resultado e verificar a possibilidade de efetuar parcerias com empresas de recuperação de solventes, uma vez que esse não é o foco da empresa em questão.

5.2 Estudo de caso da empresa "B"

Essa empresa encontra-se no mercado há aproximadamente 15 anos, sempre no segmento de pinturas indústrias. Tem sua produção voltada totalmente para esse ramo, atendendo principalmente ao mercado regional. Não é uma empresa de fabricação de produtos, serve apenas como prestadora de serviços. Não possui certificações, portanto, não segue as normas internacionais de proteção ao meio ambiente, no que tange ao processo de emissão de poluentes e de contaminantes, tanto no ar como no solo. Possui depósito próprio para acondicionamento de tintas e de solventes, sem seguir qualquer padrão internacional previsto para tal atividade. Foi observado que o processo de pintura é a céu aberto (o que contraria as normas), e que o jateamento ocorre em cabines fechadas, porém de baixa qualidade, emitindo particulados no ar em quantidades superiores aos indicadores permitidos.

Quanto a utilização, acondicionamento e reaproveitamento de resíduo de solvente, não existe preocupação nesse sentido. Todo o resíduo gerado é descartado de forma grosseira em aterros clandestinos, sendo as latas reutilizadas no processo antes de serem descartadas. A empresa desconhecia as alternativas propostas, não efetuando coleta seletiva do resíduo, dificultando assim, o seu reaproveitamento.

Nessa empresa gera-se em torno de 1500 a 2000 litros de resíduos por mês, que deixam de ser reaproveitados e poderiam gerar uma economia de, aproximadamente, 2000 litros de resíduos por mês. Como não existem gastos com descartabilidade de resíduos, a empresa não vê importância em reaproveitar o solvente. Porém, nesse caso, deveria ser analisado o fato de que o reaproveitamento gera economia de custo, na compra de novos produtos, pois se recuperando 100% do resíduo, obtem-se reaproveitamento de 100% do solvente, contido nele.

O presente estudo foi apresentado a essa empresa, que considerou as perspectivas de implantação de centrais de resíduos, de separação desses resíduos, por natureza, e de aplicabilidade do conceito de reverso e reuso no reaproveitamento do solvente. Dentre seus próximos investimentos estão a aquisição de uma máquina recuperadora de solvente. Também se comprometeu a viabilizar a destinação correta dos resíduos, de forma a minimizar seus efeitos ao meio ambiente.

5.3 Estudo de caso da empresa "C"

Essa empresa está no mercado há 18 anos, e até o 2000, sua atividade era a confecção de construções mecânicas (estruturas metálicas de pequeno e de médio porte), entregues aos clientes já com o tratamento anticorrosivo (pintura). A partir de 2000, observou que o mercado de tratamento anticorrosivo estava em franca expansão no Vale do Aço. Desativou seu ramo de construções metálicas e procurou concentrar seu foco nesse novo segmento de mercado, onde atua, até hoje, com toda sua produção voltada para a prestação de serviços.

Não possui nenhuma certificação internacional, mas procura trabalhar dentro dos padrões nacionais de armazenagem e de conservação de derivados químicos (tintas, solventes e catalisadores). Desprovida de sistemas de proteção ao meio ambiente, relativos à emissão de poluentes e de contaminantes, no ar e no solo, utilizava processos de pintura a céu aberto, jateamento em cabines parcialmente fechadas, que emitem grandes quantidades de particulados no ar, bem superiores aos padrões exigidos.

Essa empresa utiliza, mensalmente, cerca de 1500 litros de solvente em seu processo de pintura, o que proporciona a geração aproximada de 1800 litros de resíduos por mês. Não há qualquer tipo de reaproveitamento desses resíduos, que são juntamente com latas, papéis, madeiras e plásticos, depositados em aterros clandestinos, ou doados a famílias carentes da região para posterior utilização.

É importante observar que, se fossem reaproveitados os resíduos, podería-se obter uma economia da ordem de 1000 a 1200 litros de solvente, por mês, com uma redução de emissão de resíduos de, aproximadamente, 1500 litros por mês.
Este estudo foi apresentado, à empresa C, que se comprometeu a rever sua política ambiental, adotando atitudes para contribuir com a redução de emissão de poluentes e contaminação do meio ambiente. Considerou a possibilidade de adquirir uma máquina recuperadora de solvente, na condição do aumento de produção e de consumo, ou na possibilidade de atuar em conjunto com outras empresas de pequeno porte, com esse objetivo.

5.4 Estudo de caso da empresa "D"

Essa empresa, que atua no mercado há dez anos. Tem sua produção voltada para a prestação de serviços, no ramo de tratamento anticorrosivo. Não possui nenhuma certificação internacional, mesmo seguindo padrões nacionais de armazenagem e de conservação de derivados químicos (tintas, solventes e catalisadores), não possui sistema de proteção ao meio ambiente, para minimizar a emissão de poluentes e de contaminantes, tanto no ar como no solo. Utiliza o sistema de pintura a céu aberto, e o jateamento em cabines fechadas, que emitem menos quantidades de particulados no ar.

Ela gasta em torno de 1000 litros por mês de solvente, produzindo cerca de 1200 litros de resíduo por mês. Não promove o reaproveitamento dos resíduos de solvente, comercializa as latas no mercado local e utiliza, também, os aterros clandestinos para desfazer-se de seus resíduos.

Colocada a possibilidade de reaproveitamento do solvente, utilizando-se uma máquina de pequena escala, mostrou-se pouco favorável, devido ao longo tempo de recuperação do investimento, por considerar baixa a sua produção de resíduos.





6. CONCLUSÃO

Todo e qualquer processo industrial é caracterizado pelo uso de insumos (matérias-prima, água, energia, etc) e, quando submetidos a um tipo de transformação, dão origem a novos produtos, subprodutos e resíduos. Porém quando se fala em proteção ao meio ambiente, utilizando-se ou não de algum tipo de sistema que envolva gastos, o empresário imediatamente pensa em custo adicional ao seu produto. Desta maneira passam despercebidas as oportunidades que as empresas têm de agregar novos conceitos a sua produção, com foco voltado a uma redução de custos.

Neste sentido, para proporcionar bem estar à população, por meio de uma visão empresarial mais humanística, as empresas precisam empenhar-se, dentre outras coisas, na manutenção de condições saudáveis de trabalho, na contenção ou eliminação dos níveis de resíduos tóxicos decorrentes de seu processo produtivo, e do uso ou consumo de seus produtos, de forma a não agredir o meio ambiente.

Este mais novo conceito de logística, a Logística Reversa, vem propor uma melhor adequação às situações atuais, visando, acima de tudo, recuperar o tempo perdido, quanto à proteção e à recuperação do meio ambiente, e formando uma consciência, que até pouco tempo atrás, era inexistente nas visões de negócios das empresas. O recente conceito de reuso é, também, uma variável importantíssima para a recuperação e redução da degradação da natureza.

Por fim, reunindo os conceitos de reverso, reuso e de meio ambiente, pode-se mostrar e avaliar formas simples para a minimização da degradação da natureza. A aplicação destes conceitos na recuperação de resíduos líquidos, provenientes do uso de solventes, revelou-se uma maneira muito eficaz e de baixo custo, além de contribuir com a preservação do meio ambiente. O processo de reciclagem do solvente, aqui proposto, foi apresentado de forma sucinta e generalizado, o que implica em um aprofundamento maior, visando sua implantação nas empresas estudadas ou em quaisquer outras.
A importância e o intuito desta pesquisa, foi mostrar para as pequenas, médias e grandes empresas, a relevância da reciclagem, os custos e lucros dela advindas, formas de se fazer e algumas opções de reaproveitamento, evidenciando a aplicabilidade da Logística Reversa dentro do conceito de reuso.

Mesmo que o resultado não tenha sido plenamente atingido, com certeza foi lançada uma idéia acessível àquelas empresas preocupadas com o futuro da sociedade, neste grande desafio que é a defesa e a preservação do meio ambiente.

7. FIGURAS

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Autor: Jose Silva


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