Sem nome



Sem nome...

Não sei se o chamo de pobre criança ou de coisa nenhuma, tal é o estado de abandono em que você se encontra, tendo para comer tão somente as migalhas do nada que restou.
Meu coração não sente nada ao vê-lo nessa situação de miséria total. Não se condói, não sofre, apenas olha e vê o que está aí para ser visto: uma criança, tão somente uma criança só pele, só ossos, faminta de tudo... Faminta do alimento para o corpo e do alimento para a alma. Nada mais... Mas que retrata o que nunca deveria existir: "a normalidade da vida". Como se possível fosse...
Quantas vezes eu me pergunto o que devo fazer para que situações como essa não mais existam... E não encontro resposta alguma, pois minha conexão com as necessidades que assolam o mundo há muito se foi. Não mais sei onde encontrá-la. Perdeu-se meio a tantas perguntas que a queriam... Sei lá.
Encapsulei-me e desconectei-me com a desgraça daquele que deveria chamar "o meu irmão."
O meu conforto me basta. A solução de meus problemas, de modo satisfatório, é mais que o suficiente para que eu não me dê conta do que acontece ao meu redor.
Se sou omissa? Penso não sê-lo, pois não participei das escolhas que levaram o mundo a caminhar rumo a esse resultado vergonhoso, onde habita a fome, a falta de solidariedade e amor ao próximo, a injustiça, a dor e tantas coisas mais, que a mim faltam palavras para transcrevê-las. Omissa não. Aquela que compactua com os que nada fazem, sim. A que aponta o dedo em riste para cobrar o que não está sendo feito, sim. A que passa para o outro o dever e a responsabilidade, de resolver situações das quais nunca gostaria de se ver protagonista, sim. Mas omissa? Não. Como se possível fosse...
"Realmente não consigo entender o que faço; pois não pratico o que quero, mas faço o que detesto." Rm 7,15.

Heloisa / 2011



Autor: Heloisa Pereira De Paula Dos Reis


Artigos Relacionados


Quero Voltar A Ser CrianÇa

Me Diz

A Vida é Uma Viagem, Não Um Destino

Quem é Você?

Avareza

Passando Pela Vida...

E Agora...