USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS



USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS


Laura Viviane G. de Oliveira Rodrigues



RESUMO

Tendo em vista o aumento da automedicação, ou seja, utilização de medicamentos por conta própria, sem prescrição médica ou orientação de profissional da saúde pela população brasileira, traz desafios cada vez maiores aos serviços e aos profissionais de saúde. Surge, portanto um grande desafio não somente a classe farmacêutica, mas também a saúde pública do país que dispõe de estratégias e orientações para promover o uso racional dos medicamentos.

Palavras-chave: Medicamentos. Uso racional.


ABSTRACT


Given the increase in self-medication, or drug use on their own without prescription or guidance from the health professional population, brings increasing challenges to services and health professionals. Appears therefore a great challenge not only to pharmacists but also the public health of the country that offers strategies and guidelines to promote the rational use of medicines.

Palavras-chave: Medication. Rational use.



INTRODUÇÃO

Segundo o decreto Lei nº176/2006 medicamento é toda a substância ou associação de substâncias apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em seres humanos ou dos seus sintomas ou que possa ser utilizada ou administrada no ser humano com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas".
No entanto a população brasileira tem se utilizado da prática da automedicação, ou seja, utilização de medicamentos por conta própria, sem prescrição médica ou orientação de profissional da saúde dando desculpas que já conhecem o problema e o mesmo é de fácil resolução e imediatamente resolvido sem precisar de médico, também devido a dificuldade em ter acesso aos serviços de saúde, Estimuladas pela publicidade, as pessoas compram na farmácia vitaminas que poderiam obter em frutas naturais; e associação entre "saúde" e "medicamento", acreditam que quanto mais medicamentos utilizarem mais saúde terão.
Atualmente 15% da população consome mais de 90% da produção farmacêutica, 25-70% do gasto em saúde nos países em desenvolvimento correspondem a medicamentos, comparativamente a menos de 15% nos países desenvolvidos, 50-70% das consultas médicas geram prescrição medicamentosas, 50% de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou usados inadequadamente e 75% das prescrições com antibióticos são errôneas (Brundtland, Gro Harlem. Global partnerships for health. WHO Drug Information 1999; 13 (2): 61-64).
Assim sendo o uso racional ocorre quando o paciente recebe o medicamento apropriado à sua necessidade clínica, na dose e posologia corretas, por um período de tempo adequado e ao menor custo para si e para a comunidade (MANAGEMENT, 1997). Dessa forma, o uso racional de medicamentos inclui:
? Escolha terapêutica adequada (é necessário o uso de terapêutica medicamentosa);
? Indicação apropriada, ou seja, a razão para prescrever está baseada em evidências clínicas;
? Medicamento apropriado, considerando eficácia, segurança, conveniência para o
paciente e custo;
? Dose, administração e duração do tratamento apropriados;
? Paciente apropriado, isto é, inexistência de contra-indicação e mínima probabilidade de reações adversas;
? Dispensação correta, incluindo informação apropriada sobre os medicamentos prescritos;
? Adesão ao tratamento pelo paciente;
? Seguimento dos efeitos desejados e de possíveis eventos adversos conseqüentes do tratamento.

Segundo a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a utilização de medicamentos sem prescrição médica e/ou orientação profissional podem acarretar em graves problemas para a saúde das pessoas tais como reações adversas, a não resolução do problema e seu agravamento, mascaramento dos sintomas dificultando diagnostico correto, interações medicamentosas e até mesmo intoxicação por medicamentos.

DESAFIOS DO FARMACÊUTICO PARA O USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS

Segundo Trevisol a nível comunitário este profissional deve ter participação na formulação e implantação da política de medicamentos, elaboração de lista de medicamentos essenciais, formulários e protocolos terapêuticos e ainda participar na criação de centros de informação de medicamentos.
A nível individual deve dispensar medicamentos fornecendo informações necessárias para o cumprimento do tratamento, utilizar se do seguimento farmacoterapêutico para detecção de problemas relacionados com medicamentos e orientar e aconselhamento no uso de medicamentos de venda livre.

CONSEQÜÊNCIAS DO USO NÃO-RACIONAL DE MEDICAMENTOS

Segundo a ANVISA tem se como conseqüências do uso não racional de medicamentos a progressão da patologia, iatrogenia, aumento da incidência de efeitos adversos por uso inadequado de doses, vias, intervalos de administração e/ou tempo de tratamento, aumento do tempo de tratamento, aumento dos custos, não adesão do paciente ao tratamento e, portanto, insucesso terapêutico, interações medicamentosas, eficácia limitada, resistência a antibióticos, farmcaodependência e risco de infecção.

MEDIDAS PARA PROMOVER O USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS

Dentre as medidas para promover o uso racional de medicamentos estão:
A limitação da publicidade de medicamentos, pois as mesmas estimulam a prescrição irracional, dão ênfase aos benefícios, sem apresentar os riscos e estimulam à automedicação.
Estimular o uso de medicamentos essenciais, cujos quais, são aqueles que servem para atender às necessidades de assistência à saúde da maioria da população, este devem estar disponíveis em qualquer momento, nas quantidades adequadas e nas formas farmacêuticas que sejam requeridas.
Visando promover o uso racional de medicamentos o Brasil implementou algumas estratégias como a implantação de Política Nacional de Medicamentos, criação de Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Política de Medicamentos genéricos, criação da RENAME ( 2000 e 2002), protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas, atualização de Boas Práticas de Fabricação em indústrias farmacêuticas e farmacoquímicas, regulamentação da publicidade e propaganda dos medicamentos, câmara de Medicamentos para o controle de preços, cursos nacionais, regionais e institucionais sobre Ensino para o Uso Racional de Medicamentos (2002-2005).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MANAGEMENT SCIENCES FOR HEALTH (MSH). Manging Drug Supply. 2.ed. Connecticut: Kumarian Press, 1997.

Unidade de Medicamentos e Tecnologia. Organização Panamericana da Saúde - OPAS/OMS. Organizado por Nelly Marin et al. Rio de Janeiro: OPAS/OMS, 2003. [373]p., ilus http://www.opas.org.br/medicamentos>. Acesso em 20 de setembro de 2010.

ANVISA. Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. Educanvisa-Visambiliza-URM. Disponível em . Acesso em 19 de setembro de 2010.

AQUINO, Daniela Silva de.Por que o uso racional de medicamentos deve ser uma prioridade? Ciênc. saúde coletiva, vol.13 suppl.0 Rio de Janeiro Apr. 2008.

ANVISA. Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. O que vale a pena saber sobre a propaganda e o uso de medicamentos. Disponível em . Acesso em 19 de Setembro de 2010.

TREVISOL, Daisson José. Promoção do Uso Racional de Medicamentos. Universidade do Sul de Santa Catarina Professor de Farmacologia Clínica Coordenador dos Laboratórios Didáticos de Saúde. Disponível em
Autor: Laura Gomes De Oliveira Rodrigues


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