A herança do governo LULA




Antes mesmo de ter início, o governo do presidente LULA era objeto de muitas dúvidas com várias pessoas acreditando que seria realizado um bom trabalho, enquanto outras acreditavam exatamente no contrário. Por ser oriundo de um partido até então tido como de esquerda e ele mesmo ser de uma família humilde, ensejava nas pessoas, seja por preconceito, falta de conhecimento ou por ideologia uma ponta de dúvida quanto ao êxito de seu governo. Muita gente acreditava que os esforços que do governo anterior havia feito para controlar a inflação seriam esquecidos pelo novo governo, com o abandono sistemático do controle dos preços e a implantação de uma política de crescimento e aumento do nível de emprego a qualquer custo.

Entretanto, no início do seu governo a situação econômica do país não estava nada boa. Caso em que seria mais prudente seguir uma política que ensejasse uma segurança razoável no controle da inflação, haja vista o nosso histórico de décadas de inflação muito alta. Ainda bem que a prudência foi mais forte do que a irresponsabilidade com o futuro do país. Na verdade, foi muito mais prudente do que era necessário. A partir do segundo semestre de 2003, os juros poderiam ter sido muito menores do que de fato foram, o país teria crescido mais e não continuaríamos pagando cerca de 9% do PIB de juros da dívida pública.

Em razão do baixo crescimento do PIB e da enorme quantidade de dinheiro que o governo pagava de juros, sobravam poucos recursos para o governo atender as demandas da sociedade, notadamente aquelas de conotação social. Ao mesmo tempo, o país estava com uma taxa de desemprego em torno de 10% no início de 2005 e uma multidão de pessoas famintas e passando as mais diversas necessidades. Qual era o momento de cumprir as promessas de campanha na questão social? A sociedade estava esperando uma resposta do governo porque havia escolhido o novo governo para mudar, não para ser a continuidade do anterior.

Apesar da relutância ou fracasso em alguns programas, como o "fome zero", o governo conseguiu no primeiro mandato a implantação de algumas políticas bastante relevantes tais o Bolsa Família, o Prouni, etc., entretanto, outros programas não tiveram êxito, embora tendo continuidade no segundo governo, os resultados são pífios. Por exemplo, o programa de reforma agrária foi reduzido a muito pouco do que se esperava, tendo dado ênfase ao fortalecimento do Programa Nacional de Agricultura Familiar (PRONAF), estabelecido por FHC em 1995, para mobilidade urbana poucas coisas foram feitas e poucos recursos liberados. Além desses e outros programas que se esperava êxito no governo LULA, mas os resultados foram frustrantes, existe a questão institucional em que o governo fracassou na aprovação de leis importantes para o país como as reformas tributária, política, trabalhista e a previdenciária com a criação do fundo de previdência complementar do servidor púbico.

Com a guinada ocorrida em 2006 para o crescimento da economia, elevando o nível de emprego, impostos arrecadados e a forte demanda de produtos do país no exterior com preços muito bons foi possível o governo seguir e ampliar a sua política de inclusão social, notadamente com aumento do número de participantes do Bolsa Família e de acesso dos pobres ao nível superior, com o Prouni. Política que visam o aumento do poder aquisitivo de indivíduos pertencentes a estratos mais baixos da sociedade tem sido praticada tais como o recentemente aumento do salário mínimo pelo aumento do PIB de dois anos anteriores mais a inflação do ano anterior é viável em médio prazo, mas pode se tornar não adequado para um prazo mais longo. De forma geral, o governo LULA poderia ter muito melhor, mas ele foi muito superior ao que muita gente pensava. O seu governo está longe de ser um fracasso. Dar comida a quem não tem o que comer e a execução da transposição do Rio São Francisco para o Nordeste com a sua revitalização são atos louváveis e o seu responsável digno de ser lembrado por muito tempo.
Autor: Francisco Castro


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