Falando Sério



Falando Sério.

Definitivamente, andar de ônibus no Brasil tem sido uma tarefa que requer muita paciência, além de ter em mãos: um livro, as apostilas da faculdade,as lições de inglês, um caça-palavras, um fone de ouvido daqueles que se usa em cybes, um abafador de ruídos, para agüentar o som das mini-aparelhagens que se transformaram os aparelhos de celulares. Ah,não podemos esquecer a ventarola, é aquela que distribuem com propagandas de inaugurações de lojas, supermercados... além de uma garrafinha de água e um lenço para enxugar o suor que inevitavelmente escorre pelo rosto, ou pelas costas, mas acredite esse não é o pior dos problemas.

Difícil mesmo é ter que fazer uma viagem de 2h, sabendo que em condições normais de fluxo de trânsito não levaria mais que 30 minutos. Mas absurdo maior é fazer essa viagem de pé em um ônibus superlotado. Visualize a seguinte sena:Parada lotada, com uma chuva quase torrencial, e para o seu azar você esqueceu a sombrinha e parece que todos estão esperando pelo mesmo ônibus que você.

De repente lá vem ele, finalmente depois de 1hora esperando, surge a tão esperada condução. Queimando a parada, fazendo você correr um 5m, e disputar as cotoveladas na entrada do "buzão" um lugar "de pé", no final do corredor. Sim, em pé, pois os quarenta e dois lugares sentados já estão ocupados.
Se você ainda não sentiu o drama, a imagem é parecida com aquela quando abrimos uma lata de sardinha. Não há cabelo que fique arrumado, maquiagem que dure, nem desodorante que agüente com o calor. Mesmo aqueles que prometem 24horas de proteção. Esqueça não tem jeito. Essa é a rotina que quem depende deste tipo de serviço.

Sem falar na raiva, revolta e inveja que da, quando olhamos para o lado de fora e vemos vários indivíduos dirigindo sozinho um carro com ar condicionado, som ambiente e com capacidade para cinco pessoas. É o cumulo! Pensamos. Isto é culpa do capitalismo. Da concentração de renda, da corrupção, da falta de investimento em políticas públicas, que vise
trazer dignidade e cidadania ao povo... Às vezes chegamos a pensar e acreditar naquele ditado que diz: que "todo castigo para pobre é pouco".
É inevitável o questionamento: por que eu não nasci num berço de ouro, ou de prata, ou mesmo folheado de ouro e prata. Será que pensar assim é futilidade? Será que o pobre não pode se dar ao luxo de sonhar um pouquinho nem que seja dentro do ônibus, em um momento
de devaneio, transe seja lá o que for?

Este sacrifício diário para muitos com certeza é antecipar o sofrimento do julgamento para o inferno. Exagero, talvez! Mas este é apenas um dos inúmeros problemas que temos que encarar na árdua tarefa
de labutar. Para não mencionar a falta de educação, saúde, saneamento, lazer... É melhor para por aqui já estou ficando deprimida.
Conviver com a precariedade, sucateamento e com a baixa quantidade de linhas de ônibus no Brasil é sofre, morrer e ressuscitar todos os dias.

Por: Marília Barbosa - Estudante de Comunicação Social/ Belém-Pa 2011


Autor: Marília Barbosa


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