Ética: uma questão de escolha



Nos dias atuais é comum vermos noticiários relatando casos de corrupção. E não é uma corrupção específica de determinada categoria, mas sim de uma forma bem generalizada. Pode-se citar desde o exemplo mais banal até o mais gritante. A questão é que, a maioria das pessoas pode não saber o real significado da palavra ética, mas, com certeza, ao ouvir essa palavra todos são capazes de dar sua própria opinião a respeito do assunto.
Segundo o Dicionário Aurélio, uma das significações de ética seria o "conjunto de normas e princípios que norteiam a boa conduta do ser humano". Diante desse conceito uma podemos fazer uma divisão simples da ética em duas categorias que, em termos claros seriam: ética pessoal e ética coletiva.
O ser humano, independentemente da criação recebida e do ambiente onde vive, tem suas idéias e opiniões sobre aquilo que acredita ser ético ou não. Entretanto, não podemos dizer que todo ser humano se enquadra nos conceitos éticos impostos pela sociedade.
O meu conceito de ética está ligado aos bons modos diante de outras pessoas. Meus pais sempre me ensinaram que quando uma pessoa estiver falando, devemos permanecer calados e, ao final das argumentações dessa pessoa podemos emitir nosso modo de pensar. Acredito que a grande maioria também tenha sido criada desta maneira. Assim, diante desse exemplo bem basilar de ética, eu vos pergunto: Alguém já assistiu a alguma sessão do plenário da Câmara dos Deputados? Alguém consegue entender o que acontece ali? É uma sessão onde devem ser discutidos assuntos de alta importância para a sociedade ou uma disputa para saber que fala mais alto e quem é mais mal educado? Para mim essas sessões se assemelham às feiras livres do Rio de Janeiro.
Outro caso um pouco mais específico se encaixa na categoria dos médicos. Mesmo agido contra a moral e contra a lei, muitos médicos insistem em realizar abortos. Seja em clínicas particulares, clandestinas ou não, ou mesmo em hospitais públicos. Quando um médico se forma, faz se registro no CRM e passa a exercer sua profissão tão digna, ele faz um juramento. Além disso, essa categoria tem uma conduta ética a ser seguida. Mas o que vemos com freqüência são profissionais inescrupulosos que, ao invés de honrarem o ofício que exercem, tiram vidas inocentes em prol de uma boa condição financeira. Sem mencionar o fato de que, muitas vezes, não são apenas os fetos que perdem suas vidas.
Partindo para outro exemplo bem corriqueiro e que, além de estar despido de qualquer ética, é um ato ilícito: a compra e venda de votos. Nessa relação podemos notar a presença de dois sujeitos: o que vende seu voto e o que compra. Ambas as atitudes são antiéticas. Essa é uma atitude muito comum em períodos eleitorais. Os candidatos, que a princípio deveriam ser honestos e construir suas carreiras políticas baseadas em bons princípios, agem principalmente em comunidades mais carentes que, diante das condições financeiras precárias, acabam por aceitar esmolas desses políticos que visam única e exclusivamente os próprios interesses e que, visivelmente, não se importam e sequer agirão em favor da população.
No outro pólo dessa relação temos a população, na maioria das vezes carente. Essas pessoas geralmente vivem em condições precárias, muitas vezes sem saneamento básico, com esgoto a céu aberto. Diante de tantas necessidades as pessoas acabam vendendo seus votos em troca de esmolas, como botijões de gás, cestas básicas, pagamentos de contas de água e energia, e assim por diante. As condições degradantes desses cidadãos fazem com que eles ajam de tal forma. Mesmo assim, isso não exime tal atitude de uma total falta de ética.
Os exemplos citados são simples e corriqueiros. Não entrando no mérito de outras situações, que são inúmeras, podemos perceber que a ausência de ética é algo comum na sociedade brasileira.
Diante de tudo isso uma coisa é certa: é utópico acreditar que algum dia esse tipo de atitude possa ser totalmente irradicada da sociedade. Por mais que o indivíduo receba uma excelente educação, por mais (ou menos) dinheiro que ele tenha, isso não o deixará imune à falta de ética. Os valores são intrínsecos. Ser ético ou não é uma questão de escolha. O que você decide ser?

Autor: Ariel Cunha


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