Síntese do Filme Dogville



O filme "Dogville" expõe a história de um vilarejo no alto das montanhas, com poucos habitantes. Pode-se perceber a formação de um grupo, pois, segundo Pichon-Riviére (apud Freire, 1994, p.17) grupo são pessoas que se reúnem com necessidades semelhantes para a realização de uma tarefa específica. E no vilarejo, os habitantes possuem interdependência, ou seja, um depende do outro e cada um reage diante o comportamento de cada um dos outros, nota-se também que atuam em conjunto a todo o momento.
O jovem Thomas, filho de um médico do vilarejo, pretendia se tornar escritor e filósofo, frequentemente organizava reuniões moralistas com a comunidade com o intuito de tornar o mundo melhor, queria que os habitantes do local se dedicassem a fazer o bem. Thomas era o porta-voz do vilarejo, o líder, era chamado de "patrão". Entende-se então que o grupo já estava estabelecido, com uma hierarquia de valores e papéis definidos, seguiam as leis que governavam o grupo, as normas, as relações entre os membros, os padrões de condutas aprovados, comunicação, e o sistema de recompensa e punição.
O grupo de habitantes do vilarejo tinham objetivos em comum e características semelhantes, que segundo Minicucci (2001) se dá por razões em comum; desenvolvimento de normas e valores; desenvolvimento de papéis, simpatias, apatias e antipatias; a elaboração de componentes normativos que possam exercer ações sobre os outros; e formação de uma estrutura organizacional. Dentro destas características cada grupo adquire personalidade própria. Porém, vale ressaltar que cada grupo funciona de maneira diferente e única.
A interação do grupo era bem definida, pois todos agiam e reagiam da mesma maneira frente ao desenvolvimento, manutenção, crescimento e coesão do grupo. Minicucci (2001) explana que a interação refere-se às modificações de comportamento que se dão, quando duas ou mais pessoas encontram-se e entram em contato. Um influi o outro através da linguagem, símbolos, gestos, e postura.
Na medida em que os componentes do grupo criavam vínculos, passam a estar mais ligados e unidos, produzindo coesão e fortalecendo o grupo, começando a pensar e agir de mesmo modo.
Os habitantes do vilarejo eram coesos, pois como pressupõem Minicucci (2001) a coesão de um grupo se dá quando são ameaçados, quando tem poucas pessoas que participam, quando os elementos têm interesses em comum, comunicação é fácil, sem bloqueios, normalmente obtém sucesso nos trabalhos realizados.
Quando aparece Grace, fugindo de gângster, Thomas e os habitantes do vilarejo se reuniram como sempre faziam para tomar decisões, todos colocaram suas opiniões e então chegaram á um consenso, mas sempre pensando nos benefícios ao grupo. Sendo assim, abrigaram e esconderam Grace, com o acordo de que em agradecimento por escondê-la, iria dedicar uma hora diária a cada morador, trabalhando para eles. A impressão inicial foi de que todos os habitantes do vilarejo eram pessoas boas, e queriam demonstrar essa bondade.
Porém não demora muito para que revelassem suas faces verdadeiras, gerando autoritarismo e crueldade, Grace passa a ser o bode expiatório dos habitantes do vilarejo, concentraram toda a liberação de agressividade, culpa e raiva na mesma. Pode ter se dado pelas características diferentes que Grace tinha dos demais membros da vila. Para Pichon-Riviére (apud Castilho, 2002) o bode expiatório de um determinado grupo assume o papel de depositário dos aspectos negativos de seu grupo de referência. Ele é percebido como depositário de todas as dificuldades do grupo e culpado por tudo o que não dá certo ou que fracasse. Desse modo, Grace passa a ser explorada cada dia mais, pois os gângster passaram a procura-la com mais intensidade no vilarejo, então os moradores passaram a exigir algo mais em troca do risco de esconde-la, obrigando-a à trabalhar mais horas por dias sem receber o salário que antes recebia, e os homens começaram abusa-la sexualmente.
Isso se deu pela reação do grupo frente ao estrangeiro, uma vez que, para Castilho (2002) qualquer novo elemento, que venha a entrar em grupo já estabelecido, deverá contar com reações típicas, que vai depender em partes, da equação emocional e de vários fatores intrínsecos ao grupo. Também a as características individuais do estrangeiro que poderá facilitar ou dificultar no processo de assimilação do grupo.
Segundo Castilho (2002) as atitudes do grupo frente ao estrangeiro se dá por expectativas, tensão, questionamento, inaceitação e hostilidade frente ao novo membro, projeções de fantasias, sentimentos de superioridade, rejeição e agressão procurando livrar-se do novo membro evitando assim que ele quebre a homeostase do grupo, liberam agressividade, insatisfação e tensão de forma mais socializada.
E o mesmo autor sugere que as atitudes do estrangeiro frente ao novo grupo, podem ser de expectativa, ansiedade, angústia, timidez, e tensão, desconfiança, chamar atenção para si, se sentir medo pode agredir alguém do grupo, ou apoia-se em alguém que simpatiza, senta-se perto dos membros que o atraem e evita os que considera hostis, atua de maneira desafiadora. O grupo se defende do novo membro, então este precisa se integrar.
Segundo Minicucci (2001) nos comportamos como membros de diversos grupos e nossa participação nestes modela nosso comportamento dependendo do grupo que estaremos atuando. Os comportamentos podem ser reforçados por diversas razões, companheirismo, identificação, compreensão, orientação, apoio e proteção, entre outros.
REFERÊNCIAS:
CASTILHO, Áurea. Dinâmicas do trabalho de grupos. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002.
MINICUCCI, A. Relações Humanas: Psicologia das relações interpessoais. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2001.
http://www.ced.ufsc.br/~zeroseis/artigo2.html

Autor: Duane Farinella


Artigos Relacionados


Os Grupos Sociais

DistribuiÇÃo EletrÔnica Do Diagrama De Linus Pauling.

Procissão

Quatro Grupos Perigosos

A CoesÃo Grupal Nas OrganizaÇÕes

Técnicas E Dinâmicas De Grupo No Trabalho Psicopedagógico

A Ética Nas RelaÇÕes Interpessoais