DROGAS



DROGAS

As drogas podem, em geral, ser consideradas como quaisquer substâncias químicas, sólidas, líquidas ou gasosas, que ao serem utilizadas pelo indivíduo, alteram seu estado de consciência. Assim, o resultado direto da droga se apresenta no cérebro do usuário, produz uma intoxicação, um estado mental alterado e, supostamente, "agradável" (CONCEIÇÃO, SD).
Então, por definição, segundo Outeiral (2003), droga é toda substância lícita ou ilícita, natural ou sintética, que se introduzidas no organismo, provoca alterações no seu funcionamento. Sendo assim, de acordo com o mesmo autor (1999), as drogas podem ser agrupadas em dois grandes grupos: as Lícitas (álcool, tabaco e medicações utilizadas sem prescrição médica) e, as ilícitas (maconha, solventes, cocaína, alucinógenos, heroína, entre outras).
De acordo com a concepção de Saito, Silva e Leal, o uso abusivo e a dependência de drogas foi até algumas décadas, um problema quase que exclusivo da idade adulta. No entanto, assim como outros fenômenos começam a ocorrer cada vez mais cedo na vida dos jovens (exemplos: início da atividade sexual e escolha profissional), os quadros de abuso e dependência de drogas começam a incidir em faixas etárias cada vez mais precoces.
Sabe-se que a pré-adolescência e a adolescência são fases de experimentação de diversos comportamentos. Além do mais, pode ser o momento em que a "ex-criança" começa a assumir o controle de sua vida social, assim estabelece novos contados, pratica novas atividades de lazer e, começa a treinar papéis visando uma escolha profissional. Sendo que, quanto mais acesso tiver a essas novas atividades e quanto maior a aceitação dessa atividade no grupo em que convive, mais fácil ocorrerá à experimentação. É o que acontece com as drogas.
A curiosidade natural do adolescente pode vir impulsionar a experimentar novas sensações e prazeres, de forma que o adolescente vive o aqui e agora, em função da realização em curto prazo e, a droga proporciona isso (2008). Ou, como afirma Zagury (1999), dentre os fatores de riscos está: a idade, a falta de objetivos e de projetos de vida, a baixa autoestima, consumo precoce de álcool e fumo, a depressão a tendência a violar normas. Mas deve ser ressaltado que, não convém generalizar quando se envolve casos de seres humanos.
Ainda em relação a isso, mas nas palavras de Tiba, a droga pode ser experimentada e/ou usada por simples curiosidade, em decorrência à banalização de seu uso, como uma aventura sem compromisso, pela busca de prazer (sem se importar com os riscos), por falhas na educação, por baixa autoestima (que o faz absorver comportamentos indesejáveis dos seus conviventes), dentre vários outros fatores que podem estimular o uso e abuso de substâncias químicas nos indivíduos (2003).
Entretanto, quando pesquisam as possíveis causas da dependência química, percebe-se que esta é algo multifatorial. Pois, existem alguns fatores fortemente relacionados ao uso abusivo de drogas e dependência química, como por exemplo, os fatores genéticos, psicológicos, familiares e sociais. De forma geral, parece que estes fatores não costumam agir isoladamente e sim em conjunto (BALLONE, 2010). Pois, como justifica Saito, Silva e Leal "o mundo das drogas é dinâmico [...] representam realidades de vida diferentes" (2001, p.368).
Lemos e Zaleski (2004) propõem que existem drogas das quais são depressoras ou estimulantes da atividade cerebral e, ainda aquelas que causam alucinações, as alucinógenas. Dentre meio estas drogas, há aquelas que têm atividade terapêutica no tratamento de várias doenças, no entanto, as drogas afetam a capacidade de funcionamento normal do cérebro e, resulta na alteração do comportamento.
Um ponto que merece destaque é a questão da "tolerância", pois de tanto utilizar drogas:

[...] o organismo, com o tempo, se acostuma (tolerância), e o usuário precisa de doses cada vez maiores para sentir os mesmos efeitos que sentia antes. Isso porque o corpo aprende a metabolizar mais depressa a droga e também porque as primeiras sensações parecem ser bem mais intensas do que as seguintes (TIBA, 2002, p. 41 e 42)

Entretanto, ocorrem casos onde os indivíduos usam uma quantidade de drogas acima da que o corpo consegue suportar, podendo provocar a denominada overdose (TIBA, 2002).
Como afirma o autor mencionado anteriormente, "As drogas viciam basicamente por três motivos: provocam sensações diferentes (prazer); apresentam tolerância; existem no mercado" (p. 41). De forma que, uma vez dependente ao abuso de drogas ou álcool, nota-se que se constitui um ambiente vulnerável ao desconforto para a pessoa dependente e, para quem convive com ela ou faz parte de seu meio social.
Então, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, uma pessoa pode ser considerada dependente de uma droga, quando seu uso torna-se mais importante de qualquer outro comportamento antes prioritário, a partir de então a droga passa a controlar a pessoa (FIORELLI e MANGINI, 2009).
Segundo a perspectiva de Tiba, o indivíduo pode ficar dependente fisicamente e/ou psicologicamente. Assim, relacionado à dependência física, as drogas entram no metabolismo, fazendo parte das reações bioquímicas do corpo e, consequentemente, quando faltam, ele não consegue funcionar adequadamente e apresenta sofrimento. Considerando que a dependência física provoca a síndrome de abstinência, esta que se refere aos sintomas que o viciado sente por não alimentar o vício, além do mais é algo que pode levar à morte.
Quando se trata da dependência psíquica, nota-se que esta dificilmente mata, porém pode gerar sofrimento tão intenso como na dependência física. Para exemplificar isso, pode-se tomar como exemplo um viciado em cocaína, o qual tem sua personalidade prejudicada, assim, quando está tomado pelo desejo de usar tal droga, seu critério de valores é desconsiderado e "caem por terra" (2002).
Gomes (2008) estabelece a seguinte classificação para os diferentes tipos de usuários:

Usuário experimental: é aquele indivíduo que faz uso de uma ou mais drogas por curiosidade, pressão do grupo de amigos ou qualquer outro motivo, sem, no entanto dar continuidade ao uso, diário ou esporádico.
Usuário ocasional ou recreativo: Indivíduo que faz uso de uma ou mais substâncias, quando disponíveis, em situações específicas ou de lazer sem que esse uso eventual tenha qualquer efeito negativo nas suas relações sociais, afetivas e profissionais. Ex.: bebedores sociais.
Usuário habitual ou funcional: Pessoa que faz uso freqüente de uma ou mais drogas, de forma mais controlada. Embora exista certo controle, já podem ocorrer prejuízos nas relações sociais, familiares, profissionais e na vida em geral.
Usuário abusivo ou dependente: é o que faz uso freqüente de uma ou mais substâncias, com prejuízos da sua saúde física e mental. Neste caso o consumo passa assumir posição significativa e de destaque na vida do usuário (p.1).

Deste modo, é cabível neste momento citar algumas substâncias químicas, sejam elas lícitas e/ou ilícitas. Segundo a perspectiva de Lemos e Zaleski (2004) existem as:
* Drogas depressoras do sistema nervoso central:
? Álcool: O álcool que está presente nas bebidas alcoólicas é o etanol;
? Barbitúricos: os mais conhecidos são o fenobarbital, pentobarbital e o tiopental.
? Benzodiazepínicos: Diezapam, Lorazepam, Bromazepam, Clonazepam, Flunitrazepam, Midazolam e Bromazepam são os mais conhecidos.
? Analgésicos opióides: a morfina, a codeína e a heroína.
? Solventes inalantes: substâncias voláteis, altamente inflamáveis ? acetona, benzina, cola de sapateiro e outras colas (tolueno, n-hexano, acetato de etila), agarras, gasolina, removedores de tinta, esmalte, lança-perfume (cloreto de etila), "loló" (clorofórmio e éter), fluído de isqueiro, laquê e as tintas em geral.
* Drogas estimulantes do sistema nervoso central:
? Tabaco: ao fumar um cigarro, o indivíduo se expõe á várias substâncias tóxicas, além do mais, a nicotina que este contém é a responsável pela dependência do tabaco.
? Anfetaminas: as mais conhecidas são ? metanfetamina (ice), fenfluramina, mazindol, dietilpropina, femproporex e metilfenidato.
? Cocaína: é encontrada em diferentes apresentações ? fumada em forma de pasta (merla), na forma de pó ou microcristais (cloridrato de cocaína), na forma sólida ou em pedra (cloridrato de cocaína mais bicarbonato).
* Drogas alucinógenas:
? Cannabis sativa: planta que dá origem à maconha e ao haxixe.
? LSD: é mais conhecido como "ácido", é o alucinógeno mais potente.
? Ecstasy: é uma anfetamina, comercializada em forma de comprimidos, mas também pode ser encontrado em cápsulas ou em pó.
? Club drungs: várias substâncias são utilizadas preferencialmente para intensificar ou alterar as percepções sensoriais durante festas em clubes e casa noturnas. É caso das substâncias alucinógenas como LSD, ógenas como LSD, ectasy, e ketamina, geralmente associadas com flunitrazepam ou gama-hidroxibutirato.
? Mescalina; Ayhuasca; Psilocibina; Triexfenidila; Ketamina.
Para finalizar, vale ressaltar que "as drogas são usadas por inúmeras razões e variam de pessoa para pessoa. Lembrando sempre que cada indivíduo é único; e que não se pode determinar uma causa exclusiva / linear para este se torne um usuário ou dependente de drogas" (SIELSKI, 1999 apud PARDAL, SD, p.2).











ATITUDES DO PSICÓLOGO ESCOLAR:

Conforme a perspectiva de Pardal (SD, p. 05 e 06) são atribuições cabíveis a atuação do psicólogo educacional:

- Trabalhar e perceber as coisas através da perspectiva sistêmica. Percebendo a circularidade, complexidade, e multicausalidade dos fenômenos;
- Estimular a criação de vínculos afetivos;
- Acolher e escutar com interesse;
- Privilegiar o diálogo;
- Evitar ociosidade;
- Promover atividades de lazer e a associação da escola a um espaço de saúde;
- Procurar estar disponível para atender as solicitações no momento oportuno;
- Mobilizar a família do aluno;
- Respeitar;
- Trabalhar, sempre, com a auto-estima e autoconfiança do aluno;
- Evitar atitudes terroristas, preconceituosas, punitivas ou de repressão;
- Buscar o máximo de informações e ser franco e honesto com o aluno. Uma orientação errada pode fazer com que tudo o que foi dito perca a credibilidade;
- Falar de maneira clara e objetiva, certificando-se de que foi compreendido;
- Promover debates para que o aluno diga o que já sabe a respeito do assunto, e exponha suas dúvidas; e para que o psicólogo possa trazer novas idéias;
- Possibilitar que o aluno realize conquistas;
- Buscar a colaboração e apoio da escola, da comunidade, e principalmente das famílias dos alunos;
- No caso do uso de drogas, ser compreensivo, porém, não conivente;
- Ajudar o aluno no que diz respeito ao afastamento de ambientes ou pessoas com influências negativas;
- Ter grande resistência à frustração (devido ao fato de que recaídas, no caso da dependência química, são comuns);
- Trabalhar através da interdisciplinaridade.















REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BALLONE, GJ. Net. Dependência Química. Disponível em WWW. Psiqweb.med.br revisto em 2010. Acesso em abril de 2011.

CONCEIÇÃO, Adaylton de Almeida. Net. Prevenção contra as drogas: como prevenir contra o uso de drogas. Disponível em:
http://br.monografias.com/trabalhos/drogas-prevencao/drogas-prevencao.shtml#quee Acesso em: abril de 2011.

FIORELLI e MANGINI; José O. e Rosana Cathya R. Psicologia Jurídica. São Paulo: Atlas, 2009.

GOMES, Evander. Net. Tipos de usuários de drogas. 2008.
Disponível em: http://evandergomes.com/tipos-de-usuarios-de-drogas/. Acesso em abril de 2011

PARDAL, Poliana Priscila Matos. Net. As drogas e o papel do psicólogo escolar no tratamento e prevenção. Disponível em:
http://meuartigo.brasilescola.com/psicologia/as-drogas-papel-psicologo-escolar-no-tratamento-prevencao-.htm. Acesso em abril de 2011

OUTEIRAL, José. Adolescer: estudos revisados sobre adolescência. 2 ed. Rio de Janeiro: Copyright, 2003.

PINSKY; BESSA; LEMOS e ZALESKI; Ilana; Marco Antonio; Tadeu e Marcos. Adolescência e drogas. SÃO PAULO: Contexto, 2004.

SAITO; SILVA; LEAL, Maria Ignez Saito; Luiz Eduardo Vargas da; Marta Miranda. Adolescência: prevenção e risco. São Paulo: Atheneu, 2001.

SAITO; SILVA; LEAL, Maria Ignez Saito; Luiz Eduardo Vargas da; Marta Miranda. Adolescência: prevenção e risco. 2 ed. São Paulo: Atheneu, 2008.
TIBA, Içami. 123 respostas sobre drogas. 3 ed. São Paulo: Scipione, 2002.

ZAGURY, Tania. Encurtando a adolescência. 9ed. Rio de Janeiro: Record, 1999.

Autor: Luize Ricci


Artigos Relacionados


Álcool E Drogas Na Adolescência

Quem Precisa De Tratamento De Drogas?

Procurando Por Tratamento De Drogas?

A Atuação Do Psicólogo Frente á Dependência Química Do Adolescente

A Nova Lei Das Drogas

Dependência Quimica: Conhecer Para Ajudar Na Reabilitação

Drogas E Transdisciplinaridade - Ainda Universos Paralelos