Despertar o gosto pela leitura na escola



Despertar o gosto pela leitura na escola


Introdução:
O presente trabalho tem por objetivo discutir sobres as questões de leitura na sociedade brasileira e principalmente na escola.
A partir disso, surgem as seguintes indagações:
Por que será que existem poucos leitores no Brasil?
Por que será que é tão difícil despertar o gosto pela leitura em nossos jovens?
E quando falamos em leitura, não nos referimos àquela em que o indivíduo apenas passa os olhos por uma página de jornal ou revista, ou quando é capaz de identificar um placa de rua, o itinerário de um ônibus que precisa tomar ou mesmo uma informação básica de sobrevivência em forma de escrita, pois o indivíduo precisa se comunicar, precisa entender e se fazer entender no seu dia-a-dia. Quem de nós ainda não se viu às voltas com situações que nos obriga a ler algo para orientação própria e imediata a fim de tomar uma decisão? Neste sentido, muitos são os leitores.
Mas, não é desse leitor que queremos falar, e sim daquele que tem na leitura uma fonte inesgotável de prazer, de informação, de vida. Queremos falar daquele leitor que embarca em um livro como de embarcasse para a mais fascinante viagem que lhe fosse sugerida. Daquele leitor que tem repertório o bastante para compreender sem traumas um texto mais complexo. Enfim, queremos falar do leitor proficiente
Para realizarmos esse trabalho, buscamos informações sobre a questão em livros, revistas especializadas, na Internet, jornais e também conversas informais com colegas professores das escolas deste município, que também sentem necessidade de investigar o assunto, visto que a leitura é essencial ao desenvolvimento integral do indivíduo.

1- A leitura e os leitores
Muito se fala sobre como o brasileiro lê pouco, isso já se tornou quase bordão no meio literário.
Pesquisas dizem que os homens leem para ascender profissionalmente Mulheres, para encontrar a paz. E todos leriam mais, se tivessem acesso facilitado aos livros. A maior pesquisa sobre hábitos de leitura já realizada no país confirma o que a indústria editorial já desconfiava. O brasileiro lê pouco porque, muitas vezes, não tem como conseguir um exemplar. O preço faz do livro um artigo de luxo.
Realizada em 2001 em primeira edição e novamente em 2008, a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, para definir por quantas andam e o perfil do leitor brasileiro. O estudo foi aplicado em 5.012 pessoas em 311 municípios de todo o país o que representou mais de 172 milhões de pessoas, ou seja, 92% da população, Segundo projeções baseadas em dados do IBGE: são pessoas com 14 anos ou mais que cumpriram ao menos três anos de instrução escolar.
Com isso, pretendeu-se isolar da amostra os chamados analfabetos funcionais, aqueles que sabem ler e escrever, mas enfrentam dificuldade para lidar com informações escritas, e os jovens e crianças alfabetizados com menos de 14 anos, cuja familiaridade é com o livro didático. A iniciativa da pesquisa foi da Câmara Brasileira do Livro (CBL), do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), da Associação Brasileira de Editores de Livros (Abrelivros) e da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa).
A pesquisa constatou que, 95 milhões de pessoas, ou seja, 55% da população são leitores, enquanto 77 milhões, 45% dos entrevistados, foram classificados como não-leitores.
Os resultados trazem revelações e confirmações. Mostram que grande parte dos brasileiros se diz, de alguma forma, ligada à leitura e, especificamente, ao livro. Também ratifica impressões generalizadas de que o acesso ao livro ainda é limitado a certos estratos da sociedade e a maior prática de leitura depende de condições favoráveis, como uma longa vida escolar. Já se suspeitava, mas agora a desconfiança vem acompanhada de números.
A pesquisa apontou também que o brasileiro lê, em média, 4,7 livros por ano. Em algumas regiões o número é ainda maior, como é o caso do Sul, onde foi apurado que são lidos 5,5 livros por habitante ao ano. No Sudeste o número foi de 4,9, no Centro-Oeste 4,5, no Nordeste 4,2 e no Norte 3,9. A pesquisa confirmou também que as mulheres leem mais que os homens, 5,3 contra 4,1 livros por ano. Segundo a pesquisa já citada, o brasileiro lê pouco porque no país existem poucas bibliotecas. Isso mostra que pelo menos 4.000 municípios provavelmente não têm livrarias e, se as tem, não dispõem de um vasto material. Com base nas estatísticas, o escritor e ex-diretor da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, Affonso de Santanna, acredita que o brasileiro lê pouco porque não encontra os livros. "O brasileiro lê toda vez que tem oportunidade de encontrar um livro. O problema é de distribuição e de falta de incentivo à leitura". A Gazeta
Outro aspecto que podemos destacar sobre esse assunto, está relacionado ao fato de que editoras estrangeiras investem avidamente no mercado editorial brasileiro, devido as surpresas de vendagem que ocorrem aqui, livros com edições que quebram a barreira dos 100 mil exemplares. " Isso é um fenômeno raro, mesmo em países com grande tradição em livros como Uruguai, Chile e Venezuela." O Estado de São Paulo.

2- A leitura e o leitor
Perguntas surgem decorrentes desses fatos: Como criar um leitor eficiente? Como perceber o potencial de cada aluno e transformá-lo em tal leitor?
Relatos de professores das séries iniciais do ensino fundamental e constatação própria, enquanto também aí atuante, é notório que esses alunos gostam , se envolvem e sentem prazer pela leitura, prova disso é a ânsia que eles têm de levar livros de literatura infantil, para ler em casa e discutirem entre si as leituras realizadas. Do mesmo modo, relatos de professores da 5ª série em diante, mostram que a partir daí , os alunos perdem a vontade, ou mesmo a motivação para a leitura, passam considerar algo chato e sem sentido. Cabe aos professores descobrir porque isso ocorre e principalmente uma mudança de postura em relação a leitura na escola.
Todos sabemos que ler é essencial. Através da leitura, testamos os nossos próprios valores e experiências com as dos outros. No final de cada livro ficamos enriquecidos com novas experiências, novas idéias, novas pessoas.
Ler é estimulante. Assim como as pessoas, os livros podem ser intrigantes, melancólicos, assustadores, e por vezes, complicados. Os livros partilham sentimentos , pensamentos e interesses. Os livros colocam-nos em outros tempos, outros lugares, outras culturas. Seria impossível imaginar tudo que a leitura nos traz, tudo aquilo que nos faz pensar.
Nada desenvolve mais a capacidade verbal e de escrita que a leitura, na escola aprendemos gramática e vocabulário, embora seja essa aprendizagem muito importante, não podemos excluir aquela em que podemos obter da através da leitura regular de livros.
Com vista na sua importância, o Ministério da Educação, incentiva o hábito da leitura e o acesso à cultura junto aos alunos, professores e à comunidade em geral, mediante a execução do PNBE ( Programa Nacional Biblioteca da Escola). O programa consiste na aquisição e distribuição de obras de literatura brasileira e estrangeira, infanto-juvenis, de pesquisa, de referência, além de outros materiais de apoio a professores e alunos, como Atlas, globos e mapas, mas isso não basta, pois corre-se o risco desses livros se tornarem insignificantes para os alunos, se a escola não ajudá-los a valorizar tal iniciativa.
Despertar o gosto pela leitura não é um feito que não deve se atribuído apenas a escola, deve ser uma meta comum entre pais e escola, gostar de ler não é um dom, mas um hábito que se adquiri. Pais que leem estimulam a mesma atitude nos filhos, as crianças tendem a imitá-los em seus hábitos. De acordo com Moura Castro ( 2005 p.28).
"Pais podem ajudar promovendo leituras em voz alta, trazendo para casa leituras que os filhos acham interessantes. É preciso que seja alguma coisa que capture sua curiosidade. Não há bons alunos que não sejam, também bons leitores. A leitura e escrita são fundamentos da educação. São as ferramentas usadas pela educação escolar."

Assim, como a família , a escola tem de fato imensa gama de responsabilidade na formação do leitor e não pode fugir disso, sabemos que ela tem um plano a cumprir e dentro dele as atividades de linguagem que devem ser realizadas e avaliadas. Ensinar a ler com prazer, a tirar proveito pessoal da leitura esbarra quase sempre na questão do número de alunos na sala para acompanhar e na dificuldade em avaliar objetivamente o aproveitamento, principalmente quando se trata de literatura. Ensinar as características estruturais dos gêneros, as combinações lingüísticas possíveis em um texto, a organização das palavras, a comunicação de idéias não devem matar o prazer, e nesse sentido, o papel do educador é fundamental para gerar leitores e produtores autônomos, formar leitores instigantes, que possam dialogar com o texto, interagir, desenvolver a percepção dos sentidos, questionar, criticar, saborear, se rebelar? Para isso, se faz absolutamente necessário apresentar aos alunos a maior diversidade textual possível.

3- A leitura e a escola

Um aluno que fracassa na leitura, fracassa também na hora de interpretar um problema de matemática ou ainda, na hora de fazer um exercício de gramática, em conseqüência não vê graça em ler um bom livro, a privação da leitura interfere na formação do aluno, bons leitores são bons alunos em qualquer disciplina. Numa sociedade de informação, ler ou escrever bem é condição de superação da desigualdade social. Quando a garotada compreende o que lê, tem mais chance de sucesso.
Portanto, o educador precisa ser um leitor de si, do outro, do mundo. Precisa saber ler e conduzir os passos para uma leitura mais ampla. Precisa ensinar a ler e a estudar.
Como já dizia Paulo Freire " Um texto para ser lido é um texto para ser estudado. Um texto para ser estudado é um texto para ser interpretado".
Segue algumas sugestões encontradas durante a pesquisa, e outras da própria prática pedagógica, que com certeza irão auxiliar professores e pais a buscarem nos seus alunos e filhos o cidadão crítico e capaz de enfrentar o mundo das letras com tranqüilidade:
1. Comece desde cedo a apresentar os livros para as crianças. Deixe que seu filho leia com você as historinhas que você conta para ele. Eles precisam ver as letras e olhar as figuras para irem tomando intimidade com a dinâmica da leitura. Não esqueça de usar diferentes entonações de voz para fazer com que a história chame mais a atenção.
2. Escolha uma escola onde o hábito da leitura é levado a sério e que disponha de uma boa biblioteca.
3. A partir de mais ou menos 6 anos, comece a ajudar seu filho a montar a sua biblioteca pessoal, com gibis, livros infantis, enciclopédias, jornais etc e tomar gosto em ir a bibliotecas e livrarias para escolher e folhear livros e revistas.
4. Ajude seu filho na interpretação das histórias. Conversem sobre livros, artigos de jornais e revistas, mas sem a cobrança como se fosse corrigir uma lição de casa ou tomar matéria.
5. Não tente impor horário para leitura ou limitar a televisão, vídeo game ou Internet. Se a escolha não for dele, pode começar daí um ódio eterno pela leitura.
6. Não despreze nenhum tipo de leitura. Se seu filho só lê a parte de esportes do jornal, comece a comentar assuntos que se encontram próximos a este caderno do jornal e vá estimulando cada vez mais ele começar a ler outra partes.
7. Dependendo da idade, estimule as crianças a escreverem cartas para amigos ou parentes distantes, histórias conhecidas ou inventadas, poemas ou um diário.
8. Se notar que elas gostam de escrever, valorize estas escritas propondo que montem um livro, com capa, ilustrações, recortes etc. Guarde em uma pasta ou caixa preparada para isso.
9. Peça às crianças que escrevam bilhetes para alguém da família, cartão para um amigo que faz aniversário. Se ainda não souberem escrever, elas podem ditar para você.
10- E para finalizar, não faça da leitura uma obrigação nem a utilize como castigo. Para fazer da criança um leitor de carteirinha, ela precisa ler com prazer.
4- Atividades, sugestões e caminhos
Escolas de todo o Brasil, têm se empenhado ao máximo na busca de caminhos que levem os alunos a uma leitura eficiente, dentre estes caminhos, podemos relatar uma das práticas realizadas em sala de aula. Prática muito simples e prazerosa, que consiste em ler diariamente para os alunos, leitura de textos diversos como: notícias de jornais, crônicas, matérias de revistas, fábulas, conto de- fadas, gibis, etc., após realização da leitura, estende-se um amplo debate sobre ela, momento em que cada aluno que quiser emite opinião sobre a mesma, tudo isso mediado pelo professor, que conduzirá a discussão de modo a se chegar a um consenso sobre o assunto lido. Essa, é uma prática aparentemente simples , mas que segundo estudiosos , através dela os alunos se habituam e passam a gostar de ler, percebem que ler, além de necessário pode ser muito divertido. Para Viana (2005)
"Não é tarefa fácil criar este "desejo" pela leitura, sei disso. E nem acho justo tentarmos "converter" todo mundo para este universo de papel, letras, histórias e idéias. Afinal, uma coisa que aprendi muito bem é que, o que é bom pra mim, pode não ser bom para o outro. Mas, como eu conheço bem a realidade de nosso país, que nosso ensino público é péssimo e que temos professores despreparados formando brasileiros completamente alienados, acho que devemos cometer tal "atrocidade". Devemos sim insistir que nosso povo tenha o prazer de ler. Pois assim, através da leitura, poderão se descobrir, conhecer a história da humanidade, saber como as coisas funcionam, saber mais de si mesmos e do mundo que se encontra em sua volta. E todos nós, professores ou não, somos responsáveis pela educação, pela conscientização, por batalhar por uma sociedade cada vez melhor. Portanto, se você é professor, não "mate" o PRAZER DE LER de seus alunos, dê livros fáceis de ler antes dos "difíceis", pergunte antes o que gostariam de ler e nunca, jamais, force qualquer barra. Você tem um grande instrumento em mãos que é o ofício de ENSINAR, portanto, não desperdice isso. Afinal, cada aluno "convertido" para a ARTE DA LEITURA é um potencial cidadão e agente transformador de si mesmo e do mundo que se encontra a sua volta."
Em vista dessa afirmação,devo argumentar, que embora a qualidade da educação no Brasil esteja longe do ideal, há muitos professores verdadeiramente comprometidos com o ensino e a busca incansável da melhoria dele. Isso é fato!

Considerações finais

Com este trabalho pretendemos averiguar as concepções de leitura no Brasil, a quantas andam os leitores brasileiros.
Foram momentos de estudo e reflexão durante os quais procuramos fundamentar ideias e opiniões sobre a questão e analisá-la com coerência, e tão importante quanto analisar é buscar possíveis soluções para ela, oferecendo sugestões de práticas no cotidiano escolar, que levem a uma melhoria na qualidade do leitor brasileiro, desde que aceitas pela comunidade escolar.
Acreditamos que o processo de estudos e reflexões possibilitou-nos uma melhor compreensão desta questão que tanto aflige professores, escritores e pessoas ligadas de algum modo ao tema, bem como nos forneceu novos caminhos para a formação do leitor almejado. Esperamos que este trabalho venha de algum modo contribuir com outros professores, considerando que sua leitura seja objeto de estudo em algum momento de suas vidas.



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Referências bibliográficas

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AGUIAR, V.T. de. A formação do leitor.IN: CECCANTINI, J. L. C. T.; PEREIRA, R.F. & ZANCHETTA JUNIOR, J. (orgs.) Pedagogia cidadã: cadernos de formação: Língua Portuguesa, vol.2. São Paulo: UNESP, Pró-Reitoria de Graduação, 2004.b.p.17-30

CASTRO, Cláudio de Moura, O decálogo dos pais, Veja, São Paulo, p.28n.1986, março/2005.

MARTINS, Vicente. Como associar delinqüência juvenil e dificuldade de leitura, Netsite, Ceará, Disponível em: http://sites.uol.com.br/vicente.martins/
VIANA, Fabrício D. Para educadores: Prazer de ler, Cosmo online, São Paulo, disponível emhttp://kplus.cosmo.com.br/materia.asp?co=130&rv=Literatura. Acessado 20.nov .2005

Por: Maria Rosa Pinheiro da Costa

Autor: Maria Rosa Pinheiro


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