Folhas ao chão



Sentada a beira de um lago ela pensava.Não tinha ninguém para ouvir seus tristes lamentos.Os pais,separados desde de que a garota tinha oito anos de idade,já não se importavam com a filha adolescente.O irmão,o único que tinha,passava parte do dia trancado no quarto,não se sabia o que aquele universitário frustrado fazia tanto isolado de toda família.Namorado,essa pobre moça não tinha ainda sentido a ardência de uma paixão,não queria viver na tal ilusão que suas amigas viviam se lamentando,por isso optou permanecer quieta em seus sentimentos.Achava que ali,olhando para a correnteza,iria encontrar uma motivação diferente,algo que a fizesse voltar para casa.Colocou uns cereais,um caderno de anotações e um casaco.Somente isso,ela sabia que poderia levar coisas a mais,porém queria deixar de lado lembranças de uma infância solitária,e para si,só bastava-lhe aquilo e mais nada.A fuga que a trouxe aquela floresta,ocorreu quando ansiosa esperava a mãe adormecer,para poder pegara a chave,pois não queria que ninguém a visse saindo de casa.Seu pai,já não morava em casa,o único risco que corria era encontrá-lo em alguma esquina com uma mulher,que não tinha nenhum traço físico de sua mãe,que desgastada pela idade acabou perdendo o brilho que antes enchia os olhos do seu pai de desejo.O irmão,naquela noite estava deitado no sofá,não era costume ele se fazer presente na sala de estar da casa,mas prosseguia calado assistindo TV.Tudo estava facilitando a fuga da garota,mas ao ver um foto no porta retrato que ficava na estante da sala,em que seus pais seguravam sua mão enquanto ela,ainda uma bebê,ria olhando para a foto,pensou em desistir de abandonar seu lar aquela noite.Refletiu que antes tudo era tão seguro, e de repente parecia que as mãos que a seguravam com tanta precisão,haviam a soltado ao passar dos anos quando crescera.Conseguir pegar a chave,rodou um trinco da porta dos fundos,olhou pela ultima vez o porta retrato e partiu.Tinha planejado tudo,menos onde iria ficar,para onde ia fugir.E logo trouxe em mente um lago que ficara ali perto.Ela já tinha ido lá uma vez por acaso,após a escola.Uma garota,tarde da noite,andando sozinha em uma trilha,parece um pouco assustador.Mas para ela era como se fosse um ritual de libertação aqueles passos precisos que dava.Cada passo era como a deixasse mais distante dos seus problemas,o vento que assanhava seus cabelos castanhos eram os mesmos que secavam suas lágrimas.As folhas rastejavam no solo,fazia que a garota caminhasse com calma,sem pressa.Chegando ao lago,ela apenas sentou-se em uma pedra pegou seu caderno de anotações e escreveu este pequeno desabafo que transformou-se em um crônica de sua própria vida.
Autor: Mariana Martins Bráz


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