GLUTAMATO: DISFARÇADO DE "CONDIMENTO" ALIMENTAR PODE CAUSAR DANOS IRRECUPERÁVEIS



INTRODUÇÃO
O glutamato é um um aminoácido simples que age como principal neurotransmissor excitatório no Sistema Nervoso Central. Esse aminoácido age em três tipos de receptores ionotrópicos pós-sinápticos nas membranas das células, que são o N-metil-D-aspartato (NMDA), Kainato e a-amino- 3-hidroxi-5-metil-4-isoxazol propionato (AMP)(2), e tem um papel importante na transmissão rápida, na cognição, na memória, no movimento e na sensação.(1,2) Ele é mais encontrado no cérebro e tem um papel fundamental no desenvolvimento da esclerose lateral amiotrófica (ELA), devido ao efeito neurotóxico sobre os neurônios motores (3) e também exerce um papel essencial no metabolismo.
O organismo produz cerca de 2kg do glutamato natural distribuídos nos músculos, no cérebro, nos rins, no fígado e em outros órgãos e tecidos. Adicionalmente, o glutamato é encontrado em abundância no leite materno (10 vezes maiores do que no leite de vaca). Uma pessoa consome em média entre 10 a 20 gramas de glutamato próprio e 1 grama de glutamato livre a partir dos alimentos que ingere diariamente. O nosso organismo produz seu próprio glutamato para uma variedade de funções essenciais.
O Glutamato Monossódico (MSG) é muito utilizado na indústria alimentícia como sal sódico do ácido glutâmico, um aminoácido presente em todas as proteínas animais e vegetais. Ele que em muitos países é usado como tempero de mesa, em certos alimentos, pode ajudar a reduzir o conteúdo de sódio sem comprometer o gosto, contem apenas um terço da quantidade de sódio em comparação ao sal de cozinha. Naturalmente encontrado em alimentos, o glutamato derivado do MSG são idênticos e são absorvidos e metabolizados da mesma maneira pelo corpo humano.
Não existe diferença entre o glutamato livre encontrado naturalmente nos cogumelos, queijos e tomates e o glutamato livre proveniente do MSG, de proteínas hidrolisadas ou do molho de soja (shoyu) produzidos industrialmente.
No entanto, enquanto estes aminoácidos são necessários para o funcionamento normal do cérebro, quando absorvidos em quantidades excessivas podem ocasionar, a curto prazo, hiperatividade, cefaléia, dor toráxica, tonteira e palpitações e, a longo prazo,
têm sido implicados numa série de doenças neurodegenerativas, incluindo doença de Alzheimer, de Parkinson, Coréia de Huntington, derrame cerebral, esclerose múltipla e AL5. No caso do autismo irregularidades relacionadas ao glutamato têm sido observadas.

DISCUSSÃO
O glutamato age como neurotransmissor no cérebro facilitando a transmissão de informações de neurônio para neurônio. O excesso no cérebro mata certos neurônios por permitir demasiada afluência de cálcio para dentro dessas células. Essa afluência propicia a um excesso de radicais livres, que matam essas células. O dano à célula neuronal que pode ser causado por excesso de glutamato é o motivo pelo qual tais substâncias são chamadas de "excitotoxinas". Eles "excitam" ou estimulam as células neuronais à morte. (4) A grande maioria (75 por cento ou mais) de células neuronais em uma área particular do cérebro são mortas antes de quaisquer sintomas clínicos de uma enfermidade crônica seja percebida. O ácido aspártico do aspartame tem os mesmos efeitos danosos no corpo do ácido glutâmico. (5)
O problema começa a partir do momento que o metabolismo não dá conta do excesso de substância e o mecanismo de aproveitamento deste neurotransmissor começa a falhar, pois o cérebro requer excelentes níveis de oxigênio e energia para remover o excesso de glutamato. Quando estes níveis não são suficientes devido a stress oxidativo, níveis tóxicos de glutamato se acumulam nas junções sinápticas.
Médicos que trabalham com a inflamação cerebral como possível causa ou agravante destas doenças, adotam uma dieta livre de glutamato. Altos níveis de glutamato são encontrados em alimentos ricos em proteínas, incluindo o glúten do trigo, na caseína do leite e na própria soja. Outras fontes adicionais são os cubinhos, caldinhos, pozinhos ou envelopinhos de condimentos alimentares. A grande maioria dos alimentos industrializados contém o glutamato monossódico (hamburgueres, nuggets, salgadinhos de todos os tipos, embutidos, frios, salsichas, molho de tomate, ketchup entre outros embutidos). (5,6)
Segundo o Dr. Blaylock, o glutamato é uma excito-toxina - ele superexcita suas células ao ponto de ser perigoso ou mortal, causando danos em vários graus - e potencialmente chega a acionar ou piorar disfunções de aprendizado, acelerar Mal de Alzheimer, Mal de Parkinson, Mal de Lou Gehrig, e mais. (7)
A FDA (8) afirma que estudos tem mostrado que o corpo usa glutamato como um transmissor de impulsos nervosos no cérebro e que há também tecidos que respondem ao glutamato em outras partes do corpo. As anomalias no funcionamento dos receptores de glutamato tem sido conectadas com certas enfermidades neurológicas, como o Mal de Alzheimer e a doença de Huntington (distúrbio caracterizado por movimentos musculares anormais espontâneos e irregulares). Injeções de glutamato em animais de laboratório também resultaram em danos às células nervais do cérebro.[5]
A Federação de Sociedades Americanas para Biologia Experimental (FASEB), declarou que é prudente evitar o uso de suplementos dietéticos de ácido L-glutâmico por mulheres grávidas, bebês, e crianças. A existência de evidências da ocorrência de potenciais respostas endócrinas, isto é, elevação de cortisóis e prolactina, e respostas diferentes entre homens e mulheres, também sugerem um vínculo neuro-endócrino, de modo que a suplementação de ácido L-glutâmico deveria ser evitada por mulheres em idade de parto e indivíduos com desordens afetivas. (8)

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O mecanismo exato das reações agudas devido ao excesso de glutamato e aspartato "livres" ainda é tema de pesquisas.
O Codex Alimentarius, reconhece o MSG, como aditivo alimentar, e é de uso seguro em alimentos. Ou seja, os consumidores de todo o mundo podem consumir diariamente alimentos contendo MSG como aditivo alimentar, com total segurança e sem riscos à sua saúde.
Nos Estados Unidos, o FDA (Food and Drug Administration), classifica o MSG como um ingrediente de alimentos seguro, de forma semelhante ao sal, o açúcar, o fermento e o vinagre. Ou seja, considera o MSG como uma substância de uso seguro em alimentos.
No Brasil, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), órgão do Ministério da Saúde classifica o realçador de sabor glutamato monossódico como um produto BPF (quantum satis), ou seja, com limite máximo de uso baseado na quantidade suficiente para se obter o efeito desejado no alimento, o que é estabelecido unicamente para aditivos alimentares considerados de uso seguro.
Concluindo, o glutamato é uma substância que está ligada em vários processos químicos do nosso corpo e, inclusive, aqueles relacionados aos neurotransmissores. Muito usado pela indústria alimentícia como conservante e aditivo ao sabor, pode ser perigoso quando consumido em grandes quantidades, inclusive existem pesquisas que relacionam o consumo excessivo do glutamato ao alto índice de câncer do aparelho digestivo.
Existem relatos também sobre alergias provocadas pelo glutamato monossódico, a ocorrência de enxaqueca e mais recentemente crises convulsivas.

REFERENCIAS
1) HealthMetrix . O papel dos transportadores de glutamato nas doenças neuro degenerativas e potenciais oportunidades de intervenção. Disponível em: http://www.healthy.com.br/healthmetrix/2010/03/o-papel-dos-transportadores-de-glutamato-nas-doencas-neuro-degenerativas-e-potenciais-oportunidades-de-intervencao/. Acesso 06/07/2011.
2) Lima RL, Costa AMR, SouzaRD, Gomes-Leal W. Degeneração neuronal secundária e excitotoxicidade. Rev. Para. Med. [online]. 2007, vol.21, n.1, pp. 27-31.
3) Tudo sobre ELA. Disponivel em: http://www.tudosobreela.com.br/oqueeela/sistemanervoso_04.shtml
4) Conn PJ and Pin JP. Pharmacology and Functions of Metabotropic Glutamate Receptors. Annual Review of Pharmacology and Toxicology 1997; 37:205-237
5) Meldrum BS. Glutamate as a Neurotransmitter in the Brain: Review of Physiology and Pathology. Journal of Nutrition 2000; 130:1007S-1015S.
6) MSGTruth.org "What Exactly is MSG?" Disponível em: http://www.msgtruth.org/whatisit.htm
7) Blaylock RL. Excitotoxins: The Taste That Kills. Santa Fé:Public Health, 1997
8) Monosodim Glutamate (MSG), Glutamic Acid (Glutamate), GLUTAMINE REVIEW. Dr. Bill Misner Ph.D. U.S. Food and Drug Administration "FDA and Monosodium Glutamate (MSG)" August 31, 1995

Autor: Ângelo De Souza


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