Dinheiro



Quando estamos numa data especial ou perto dela a regra da sociedade nos guia sempre ao consumismo. Representar nossa amizade, amor e carinho com presentes. Transformando o abstrato em material. As pessoas hoje muitas vezes acabam dando mais importância à representação material do que no abstrato, ou seja, os sentimentos verdadeiros são inferiorizados e banalizados. O capitalismo transformou todo esse prazer em ambição por ganhar, do possuir, do comprar.
Então vamos sair do abstrato, não vou exigir sentimentos verdadeiros. Vou exigir o mínimo do que é concreto para o ser humano viver. Moradia e comida. Não posso ter o que exijo. Preciso ter dinheiro para ter comida e muito mais para ter moradia descente. A situação então é de que o dinheiro gera uma representação artificial de sentimentos por troca de presentes, e mais, a falta deste proíbe ou limita você de ter o mínimo para viver. Isso sem falar em saúde e educação, voltando a conceitos abstratos, mas que, dessa vez, não são sentimentos, mas sim engrenagens-mestres de uma sociedade e da qualidade da mesma. Tudo dinheiro dependente. Ter ou não ter depende de quanto você tem na carteira. Se é de qualidade ou não, também depende de quanto você possui.
Você já parou pra pensar no que é de fato esse fator limitante da sua vida? Esse tal de dinheiro, que limita sua comida, sua moradia, sua educação, sua saúde e muitas vezes compra até sentimentos para aqueles que o possuem. Olhe para uma cédula, pegue-a. É um papel sujo com um desenho impresso. Olhe para a moeda, pegue-a. São metais baratos misturados e compactados. Ah, não se esqueça de lavar as mãos agora. Lavou? Agora reflita. Faz sentido eu viver sofrendo, rezando para que a vida melhore porque eu não tenho um papel sujo com desenho impresso? Trabalho o dia inteiro, todo dia, para ganhar papéis sujos com desenhos impressos? Será que isto realmente está correto? A quem diga o seguinte: "Ora, mas o dinheiro é um símbolo de troca do comércio, um símbolo da compra e venda, fundamental para a organização do comércio e do país". Não discordo desta observação. Não estou analisando o dinheiro tecnicamente, estou analisando ele filosoficamente. O absurdo de toda essa história foi ter colocado tanto poder e valor a uma coisa tão insignificante como um papel sujo. Pessoas se matam por causa disso aos montes durante muito tempo já na humanidade. Por causa de um símbolo, de uma representação, de uma atribuição imaginária de valor.
O mundo capitalista criou este absurdo e acostumou as pessoas a esse absurdo. Gerou então toda essa desigualdade e injustiça que vemos dia após dia no nosso país e em outros capitalistas também. O dinheiro dominou o homem e agora a ganância e o individualismo passam a habitá-lo com muito mais frequência. Criminalidade, guerra e morte. Tudo gira em torno do papel sujo com desenho impresso.

Autor: Ian Zani


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