Vitória por um fio rumo ao tetra



Vitória por um fio rumo ao tetra

Edson Silva

Não sei se todos sabem (ninguém tem obrigação de saber tudo), há 62 anos, em 1932, parte de bravos paulistas pegou em armas para tentar defender a Constituição Brasileira, então violada pela Ditadura Vargas. Acabamos sós no levante e tivemos de sustentar luta armada contra outros brasileiros, como foi o caso de confrontos contra os mineiros. Nós, paulistas, perdemos a revolução, mas ganhamos em orgulho, o levante gerou o feriado estadual comemorado em 9 de julho, desde 1997.

Mas, falando em Copas do Mundo, nosso foco na coluna. Num outro 9 de julho, há 17 anos, em 1994, nos Estados Unidos da América do Norte, outra legião, esta unida, formada por paulistas, mineiros, cariocas e outras naturalidades brasileiras, travava árdua luta contra os holandeses, que nunca deram vida fácil ao Brasil nas Copas, haja vista derrotas que sofremos em 74 ( 2x0) e a ainda dolorida desclassificação na Copa passada, de 2010, com os 2x1 e direito à lambança do Felipe Melo.

Bom, em 94, a história foi diferente, mas não foi fácil. Era o 71º jogo da Seleção Brasileira em Copas e 65.000 pagantes estavam no Cotton Bowl (Dallas/EUA). O árbitro croata Rodrigo Badilla não teve vida fácil, amarelou os holandeses Winter e Wouters e também Dunga, lembram dele como técnico em 2010? Em 94 era nosso volante e capitão. Prá dizer a verdade, no segundo tempo o jogo até pareceu que seria fácil. Aos 8 minutos, o baixinho Romário, nosso melhor jogador no mundial de 94, fez 1x0; aos 18, outro destaque nosso, o Bebeto, fez 2x0.

Jogo ganho e só pensar na semifinal? Que nada! Bergkamp descontou para a Holanda um minuto após o segundo gol brasileiro. Dez minutos depois, Winter empatou e um moinho de ventos gelados veio sobre nossas cabeças baixas. O jogo ficou indefinido. Tanto uma equipe como a outra podia fazer o gol da vitória ou então persistir empate para a terrível prorrogação ou para a loteria dos pênaltis. Tínhamos o lateral esquerdo Branco voltando de contusão, aparentemente cansado, e naquele instante longe de ser unanimidade da "Torcida Organizada dos Corneteiros".

O que ninguém podia negar é que Branco tinha chute forte de esquerda e o destino nos deu uma falta na intermediária, distante pra quem chuta colocado. Faltavam nove minutos para acabar o segundo tempo, Branco partiu para a bola e disparou um torpedo, que entrou no cantinho do gol defendido por De Goej. Um detalhe que só veríamos no replay, enquanto o Galvão ainda se esgoelava gritando "goooooooooooool", é que por um fio, ou melhor, por uma recolhida de bumbum do esperto baixinho Romário, a bola não acertou nosso atacante, o que a desviaria para a trave ou para fora da meta holandesa. Foi gol e bonito de se ver. Branco ainda seria substituído por Cafu, mas aos 90 minutos. O Brasil se classificou para enfrentar a Suécia, venceu por 1x0, gol de Romário, disputou o título contra Itália, ficou no 0x0 e foi tetracampeão, nos pênaltis.

Edson Silva é jornalista em Sumaré /[email protected]

Autor: Edson Terto Da Silva


Artigos Relacionados


O Gol De Uma Vida

Vitória Magra Do "campeão Moral"

O Baixinho Resolve 94

A Patada Atômica E Precisa Das Copas

Sem Final De Sonhos Ou Pesadelos...

Últimos Gols Na Estreia Contra Os Hermanos

Brasil Nas Copas E As Místicas Do 8 E Do 13