Chico Voador



Francisco era um menino doente. Tinha em sua vida a obsessão pelo desejo de voar, um verdadeiro Santos-Dumont tupiniquim (com perdão da redundância). Fisicamente era um alemão magrelo, dentuço e de cabelo penteado para cima (para imitar um canário, seu pássaro preferido).

Desde pequeno Francisco não teve um tratamento familiar adequado e, por isso, não despertou devidamente para o mundo, fato que lhe causara certo retardamento mental. Seus companheiros o tratavam como inferior e o pobre Chico piorava cada vez mais, vivendo apenas para satisfação de seu louco desejo de voar ? sem avião, enfatize-se!

O tempo passou e Chiquinho continuou sem evoluir. Com 18 anos, estava atrasado no colégio, era constantemente humilhado, não trabalhava e, na vida, continuava só pensando em voar. Ele passava horas estudando o voo das borboletas, passarinhos, insetos e moscas, imitando-os.

E ninguém aguentava mais o Chiquinho. Seus pais começaram a pressioná-lo, pois queriam que ele fosse médico, para honrar o nome da família. Foi nessa época que ele tomou coragem e preparou-se para seu primeiro voo. Chiquinho construiu asas de papelão e subiu ao topo de um prédio. Era uma questão de vida ou morte! Tomando ainda mais coragem, vestiu as asas, respirou fundo e... Pulou!!!

No primeiro instante de sua queda, ele conseguiu manter certa estabilidade, mas, por ironia do destino, bateu em um pombo (muito comum na área). Por ser mais esperto e ágil, rapidamente o pombo se recuperou e prosseguiu voo. Porém, Chiquinho não teve a mesma sorte e o que dele sobrou por pouco não supera uma folha de papel...


Autor: José Marcelo Rigoni


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