Inclusão e Educação Especial



UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAU-UVA
Rafaela Barbosa do Nascimento

INCLUSÃO E EDUCAÇÃO ESPECIAL

A educação sozinha não transforma a sociedade,
sem ela tampouco a sociedade muda.

Paulo Freire

Introdução

Atualmente, a educação tem passado por dificuldades já iniciadas há muito tempo e que vem enfraquecendo-se ao longo do tempo. Ao longo dos anos foram e ainda são estabelecidas novas metas para mudar esta realidade, contudo os problemas enfrentados atualmente são os mesmos do passado que ainda não foram solucionados.
Dificuldades estas como a falta de estrutura adequada para as escolas, à quantidade de alunos que é uma taxa altíssima até mesmo por conta das pressões externas que perpassam no país, há falta de recursos didáticos e tecnológicos, falta de profissionais capacitados para atuarem neste cenário educacional.
Outra ideologia imposta pela sociedade é a de educação para o trabalho, introduzir estas pessoas no mercado competitivo, mão de obra barata e este são um dos fatores que contribuem para tornar a educação brasileira tão defasada se comparada aos países desenvolvidos.
A constituição federal de 1988 no parágrafo 205 assegura o direito de educação para todos, sendo este um direito do cidadão e dever do estado e da família prestar assistência educacional às crianças. A partir dessa ideologia de educação para todos vem à tona a necessidade de priorizar, melhorar a qualidade da educação, construindo novas escolas, qualificando e valorizando o magistério que é peça fundamental no processo de ensino aprendizagem e ainda dar acesso a pessoas com necessidades educacionais especiais.
Diante desta alegação da constituição federal destaca-se a educação inclusiva, ou seja, a escola deve atender estes alunos dando-lhes melhores condições para se desenvolverem, mas para que isso aconteça é necessária uma estrutura física adequada, bem como melhorar a formação dos profissionais do magistério e principalmente os que estão envolvidos com a educação especial.
A política de inclusão prevê que alunos com necessidades especiais educacionais sejam realmente incluídos na rede regular de ensino e não apenas na permanência física desse aluno junto aos demais, mas sim representar a ousadia de rever concepções e paradigmas para desenvolver o potencial destes alunos, respeitando suas diferenças e atendendo suas necessidades.
Todavia, é preciso que os profissionais do magistério estejam capacitados e preparados para reconhecer as necessidades especiais do educando e saber lidar com ele em sua prática pedagógica.
Pretende-se com este artigo aprofundar o tema o que é inclusão. Será que ela realmente existe? Será que as escolas ditas inclusivas vêm oferecendo uma educação de qualidade para os alunos com necessidades especiais? E a escola especifica em Educação Especial, como vem se apresentando diante desta ideologia? Além de questionar o papel social da escola diante desta nova perspectiva educacional.
Incluir este aluno com necessidades especiais requer habilidades, tratamento igualitário a todos que freqüentam a escola regular, viabilizar a participação deste discente e a sua integração social, considera-se a escola não somente como ambiente propicio a aprendizagem, mas, sobretudo ambiente vinculado à socialização.

Referencial teórico

A sociedade vem passando por constantes transformações ao longo dos séculos, e mais do que qualquer outra entidade a escola também vem acompanhado essas mudanças sejam elas sociais, tecnológicas, principalmente educacionais. É função da escola desenvolver um processo educativo prazeroso, e desafiador para o educando, independentemente de sua condição física, psicológica, social, étnica ou religiosa.

Segundo Vera Lucia Pereira Costa (2000) "a escola é o lugar que oportuniza ou deveria possibilitar as pessoas à convivência com seus semelhantes (socialização)". Ou seja, é na escola que as crianças "normais" ou com necessidades especiais dão seus primeiros passos para a vida social que não seja a família, é a partir deste espaço pedagógico que o aluno seja criança ou adolescente, passa a desenvolver suas habilidades e sua autonomia.

É na escola o melhor ambiente para se trabalhar a inclusão de pessoas com necessidades especiais, por ser um local em que o aluno pode lidar com as diferenças. Contudo, esta é uma vertente ainda discutida por muitos profissionais da área da educação, há constantes indagações sobre os riscos que este desafio pode trazer para este aluno, mas também há discussões a cerca de suas contribuições para o seu desenvolvimento social e intelectual.

Segundo a Conferência Mundial de Educação Especial que ocorreu em junho de 1994, em Salamanca na Espanha, os 88 governantes e 25 organizações reafirmaram o compromisso para com Educação para Todos, onde reconheceram a necessidade e urgência em providenciar educação para as crianças, jovens e adultos com necessidades especiais no sistema de ensino regular.

Nesta conferencia ficou proclamado que:

? Toda criança tem direito à educação, e deve ser dada oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem.
? Os governos atribuam prioridade política e financeira para aprimorar o sistema educacional, para assim incluírem crianças com necessidades especiais, independentemente de suas dificuldades individuais, alem de adotarem este principio em forma de lei ou de política.
Diante do aspecto da lei, as autoridades governamentais brasileiras cumpriram com a Declaração de Salamanca, pois tanto a constituição de 88, como a LDB 96 esta nos parâmetros do que foi exigido. Logo abaixo confira o que diz a Constituição Federal no artigo 205:
"A educação é um direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho"

Logo em seguida a Constituição no artigo 208, parágrafo lll, explicita que:

"Atendimento educacional especializado aos alunos com deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino."

A partir destas extrações da Constituição Federal, pode-se perceber que a sociedade brasileira esta caminhando para a tão sonhada inclusão escolar desses indivíduos, porém percebe-se que ainda há muitos mitos e paradigmas para que haja a modificação desta realidade, constatou-se que a lei assegura a inserção dos indivíduos no sistema de ensino regular, mas não oferece subsídios para a sua permanência.

Segundo os parâmetros da Lei de Diretrizes de Bases 96 (LDB), a educação especial não é um nível de ensino como a educação infantil, ensino fundamental e o ensino médio. A educação especial é uma modalidade de educação escolar que devem ser inseridos, ou perpassados de maneira transversal em todos os níveis e modalidades de ensino. A partir deste requisito considera-se, que não basta inserir na lei, todavia reestruturar todo um sistema educacional, visto que inclusão requer transformação de paradigmas sociais.

A Lei de Diretrizes e Bases Nacionais, também explicita no artigo 59, parágrafo lll, a seguinte exigência quanto aos profissionais da área de educação especial:

"professores com especialização adequada em nível médio ou superior para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns"

Analisa-se que a lei é uma exigência que muitas vezes não é respeitada, muitos são os casos de escolas com a carência de profissionais especializados, e devido a essa necessidade os demais professores ficam alheios as suas duvidas sem saber como agir diante desta realidade do aluno com necessidades especiais. São comuns os relatos de professores, colegas de trabalho não saberem ponderar essa inclusão de forma significativa em classes regulares, pois esta habilidade requer modificações profundas na estrutura e no funcionamento da turma, grupo ou escola.

A Educação Inclusiva necessita de abordagem diferenciada da educação tradicional a qual a sociedade esta habituada, e para que essa educação inclusiva obtenha um significado positivo deve ser pautado primeiramente na heterogeneidade, levando-se em consideração que cada aluno tem uma característica diferenciada dos demais sejam elas motivacionais experiências pessoais, físicas ou intelectuais.

Todavia, ainda se faz necessário quebrar o preconceito com relação às pessoas portadoras de necessidades especiais seja elas educacionais ou não, é necessário garantir-lhes acessibilidade não somente a educação, mas a todas as áreas da sociedade. Já as escolas são necessárias modificações curriculares, reconstrução de barreiras arquitetônicas, e transformar atitudes e convicções pessoais.


Objetivo Geral

Conscientizar a todos sobre a inclusão em todos os âmbitos da sociedade, principalmente nas escolas peça fundamental em se tratando de socialização do ser humano, visando contribuir para a acessibilidade de forma igualitária. Alem de formar uma nova identidade, oferecer qualidade de vida, desenvolvimento humano e trabalho em grupo.


Desenvolvimento

Inclusão
Inclusão é um tema muito debatido na atualidade por todas as nações do mundo, e tratando-se de crianças com necessidades especiais a educação destas é peça fundamental neste processo. Todavia, se faz necessário um conhecimento prévio do que é inclusão como um todo, antes de debater sobre o assunto de inclusão escolar.

Inclusão é o ato de incluir, fazer parte, inserir. Portanto inclusão social tem por base a vigência dos direitos humanos fundamentais, ou seja, em virtude das diferenças que apresentam em relação às demais, as pessoas com deficiência possuem necessidades especiais a serem satisfeitas.
O direito essencial a sua própria dignidade humana, as pessoas com necessidades especiais independentemente da origem, natureza e gravidades de suas incapacidades, tem os mesmos direitos que os demais cidadãos, o que implica no direito a uma vida decente, e normal.
Diante desta perspectiva de inclusão deve-se levar em consideração o papel da escola como formador de cidadãos, e se a escola assumir o fato de que incluir significa dizer que tem a compreensão de uma categoria de alunos com a qual esta entidade se identifica, e outros grupos que se encontram a margem desta expectativa educacional que não possui elementos suficientes para alcançar seu ápice, ou abranger uma classe de alunos com necessidades especiais que chegam diariamente ao ambiente escolar.
Conta-se que os primeiros movimentos em prol do atendimento as pessoas portadoras de deficiência surgiram principalmente na Europa, ainda em meados do século XVII. Dentre estes movimentos pode-se citar primeira instituição especializada para a educação de "surdos- mudos", nomenclatura utilizada na época e que infelizmente ainda propaga na sociedade atual, a primeira instituição foi fundada pelo abade Charles M. Eppée, que criou também o método de sinais para completar o alfabeto manual e distinguir objetos que não podiam ser percebidos pelos sentidos, grande foi a repercussão desta instituição e do método de sinais, que com o passar dos anos fundou-se outras entidades de educação de surdos em todo o mundo.
Em relação à deficiência visual a maior contribuição foi de Valentin Haüy que fundou o Instituto Nacional dos Jovens Cegos em 1784, em Paris, instituição voltada para o ensino da leitura dos deficientes visuais, todavia somente alguns anos depois um jovem chamado Louis Braille fez uma adaptação do código militar de comunicação noturna da época, originando o sistema de Braile que até hoje, considera-se o meio mais eficiente para o ensino da leitura e escrita as pessoas com deficiência visual.
O atendimento a pessoas portadoras de alguma deficiência física registra-se a criação de instituições por volta de 1832, de acordo com Telma Regina de Andrade Pessoa. Durante este mesmo período iniciou-se também o atendimento a pessoas com deficiência mental, sendo de grande contribuição para o seu convívio social, visto que nas sociedades antigas como a Grécia Antiga as pessoas que nascessem com qualquer tipo de deficiência eram eliminadas, banidas da sociedade quando eram crianças.
A era das instituições ficou realmente caracterizado em meados do século XIX, considerando-se a partir deste século o surgimento da educação especial. A sociedade torna-se consciente do seu papel de prestar apoio aos portadores de deficiência, a prior de caráter mais assistencial do que educativo, pois ainda não se acreditava no seu potencial educativo. Estas instituições eram construídas em locais afastados das cidades, pois ainda imperava a idéia que tinham que proteger as pessoas normais das não normais.
Telma Pessoa apud Jimenez (1997):

"imperava a idéia de que era preciso proteger a pessoa normal da não normal, ou seja, esta ultima era considerada um perigo para a sociedade."

Neste fragmento constata-se, que estas escolas afastadas usavam a alegação de oferecer vida saudável e alegre, porem não contribuíam para a segregação junto à sociedade. Na ultima década do século XIX considerou-se estas escolas inapropriadas para deficientes mentais, e passaram a ser vistas como instituições de tutela de crianças e adultos sem nenhuma esperança de vida, e principalmente sem possibilidade de educação.
A primeira classe com deficientes visuais e deficientes físicos foi criada em 1900 em Chicago, e a primeira classe de amblíopes passou a funcionar em Boston no ano de 1913, ou seja, uma sala com pessoas com necessidades especiais das mais diversas. Com o passar dos anos muitas idéias e ideais foram introduzidos na área da educação sob a temática da inclusão.
Segundo Telma Regina de Andrade Pessoa nos anos 70 iniciou-se nos Estados Unidos a Educação Inclusiva através da Lei 94.142, de 1975 estabeleceu-se a modificação dos currículos e a criação de uma rede de informações entre escolas, bibliotecas, hospitais e clinicas. Na década de 80 e 90 muitas declarações e tratados mundiais passaram a defender a causa da inclusão de pessoas com necessidades especiais, no Brasil a constituição de 88 no artigo 205, assegura o direito a educação a todos, assim como declaração de Salamanca.

Educação Especial

A Educação Especial não é um nível de ensino como muitos pensam, mas sim uma modalidade de educação escolar, ou seja, é um conjunto de recursos e serviços educacionais que devem estar à disposição dos alunos com necessidades especiais, a educação especial é dever do Estado e deve estar presente na educação infantil, no ensino fundamental, no ensino médio e ate mesmo na educação superior. A constituição federal estabelece o direito à educação especial, preferencialmente na rede regular de ensino (artigo 208, III), garantindo a integração dessas pessoas em todas as áreas da sociedade.
Apesar de haver a preferência para que haja esse atendimento na rede regular de ensino, a legislação considera de extrema importância o acompanhamento especializado, para que assim que possível essas crianças, adolescentes ou jovens sejam inseridos no espaço na educação regular caracterizando-se então a inclusão desses individuo no meio. A LDB determina que os sistemas de ensino devam assegurar aos educandos com necessidades especiais:
I. Currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para atender as suas necessidades;
II. Terminalidade especifica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados;
III. Professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;
IV. Educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artísticas, intelectual o psicomotora;
V. Acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. (artigo 59).

A integração dos portadores de necessidades educativas especiais é uma diretriz constitucional a mais de uma década, mas apesar desse longo período, tal concepção ainda não produziu mudança no cenário educacional, pois ainda há uma intensa luta para a integração das vertentes de educação especial e ensino regular. O ambiente escolar deve ser sensibilizado para uma perfeita integração, pois somente assim o âmbito escolar será inclusivo, integrador, aberto a diversidade de alunos e com a participação de toda a comunidade escolar fator essencial para que a inclusão torne-se realidade.
Sendo a Educação Especial uma modalidade que deve estar presente em todos os níveis de educacionais de ensino, deve-se ressaltar também o nível de formação exigido para atuar em diversos níveis de ensino, sendo assim para a atuação na educação infantil e no primeiro segmento do ensino fundamental, exige-se formação mínima em nível médio, na modalidade normal e para atuação no segundo segmento do ensino fundamental, exige-se formação em nível superior.
. Em 2007, a formação mínima exigida para atuação nos respectivos níveis de ensino e, portanto na modalidade de educação especial será a licenciatura plena, obtida em nível superior.
Todavia, analisa-se que ainda poucos são os profissionais que estão envolvidos com a causa da educação especial principalmente porque muitos desses educadores não passaram por uma fase de sensibilização, na qual se deve tratar sobre temas ligados a heterogeneidade humana. Supõe-se que escolas regulares que possuem orientação inclusiva, constituem meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias, promovem a afetividade, educação efetiva das crianças, alem de aprimorar a eficiência do sistema educacional.
De acordo com Arlei Ferreira Passos (2009), em sua pesquisa pelo UNICEF verificou que, o numero de estudantes portadoras de necessidades especiais educacionais aumentou 12 por cento no país, alcançando 566.023 matriculas em 2004. Desse total o numero de alunos com necessidades especiais em classes comuns aumentou 34 por cento em relação ao ano anterior, chegando a 194.581 alunos. Em 1988, quando teve inicio sobre essa coleta sobre a modalidade de ensino, a matrícula inclusiva equivalia a 15 por cento do total. Em 2002, representava 24 por cento das matriculas da educação especial e, em 2004, chega a 34 por cento segundo dados do MEC.
O enfoque de Educação Especial não deve estar somente nos profissionais da educação, ou da saúde, mas, sobretudo da família que deve ser esclarecida sobre as necessidades do filho, sobrinho ou neto para então poder dar a assistência necessária ao individuo. E mais do que outra instituição social a escola com sua função de formar o cidadão deve estar ao lado da família buscando métodos, e possibilidades para o melhor envolvimento e crescimento intelectual, social, psicomotor e ate mesmo emocional e esse desenvolvimento se da através da experimentação social, e não através da privação de experiências.
Arlei apud Torrance (1965) em seu relato sobre a privação de experiências diz que: "a privação de experiências provoca diferença de degraus nos diversos tipos de crescimento. Quanto mais forem as privações, mais diminuto é o grau de desenvolvimento." A partir desta citação pode-se perceber que as experiências da criança e as influencias do meio em que a mesma esta inserida são fatores influenciadores de sua conduta final.
Conduta esta que pode ser reforçada pelos estudos do psicólogo russo Ivan Petrovich Pavlov, em sua pesquisa sobre o reflexo condicionado ou respondente. Reflexo se diz respeito ao estimulo ou ação do meio sobre o individuo que quando age resulta numa resposta do individuo o qual chamou de reflexo. Este reflexo resposta pode ser de dois tipos, o primeiro é o reflexo não condicionado caracterizado por algo não aprendido, e o segundo caracterizado reflexo condicionado onde o ensino se da através do condicionamento, ou seja, condicionar é associar o estimulo a resposta desejada. Mais tarde sendo aperfeiçoado por Skinner com a teoria do condicionamento operante.
Portanto, se o educador e a família oferecer todos os subsídios de condicionamento ao reflexo desejado, este individuo com necessidades especiais ou não poderá desenvolver suas potencialidades, seja na escola regular inclusiva, ou escola de atendimento especializado. Entretanto, torna-se importante que o processo de estimulo-resposta seja cauteloso para o desenvolvimento sistemático da aprendizagem e aquisição final de uma personalidade solida.

Educação Especial e a Afetividade

Afetividade é a dinâmica mais complexa que o ser humano pode participar é a ligação pelo amor, é a mistura de todos os sentimentos, é aprender e cuidar de todas as emoções proporcionando ao sujeito uma vida emocional plena e equilibrada. A família tem papel fundamental na afetividade, pois sociabiliza e estrutura os filhos como seres humanos, é no lar que a criança vive suas primeiras e maiores sensações de alegria, felicidade, prazer e amor, mas também vivencia brigas, tristezas, medos, frustrações e são essas vivencias fundamentais junto a família, ou escola que irão formar personalidades sadias e capazes de aprender.

Para a escola essa é uma tarefa desafiadora proporcionar os alunos oportunidades de evoluírem como seres humanos, porem deve-se ressaltar a parceria com as famílias das crianças, mas o que acontece atualmente é justamente a transferência de responsabilidades exclusivamente para as escolas assim os pais perdem sua função de educadores primários e a escola torna-se sobrecarregada, pois agora tem a responsabilidade de formar o individuo integral e sadio.
Afetividade é fundamental no processo de desenvolvimento humano, Wallon foi um psicólogo que via na criança a possibilidade de conhecer o psiquismo humano, interessando-se muito pela infância como problema concreto, buscando compreender o psiquismo humano, escreveu vários artigos sobre a evolução psíquica, enfocou a educação de crianças com necessidades especiais educativas bem como seus domínios afetivos, cognitivo e motor. Alem de citar a orientação profissional, formação do educador, interação entre os alunos e a adaptação escolar.
Quando o educador se depara com um aluno com necessidade especial, é comum perguntar-se o que fazer? O primeiro passo é assumir a situação, inclinar-se a subjetividade de forma regular conduzindo a interação entre educador e educando, estimulando-o, e tornando o ambiente propicio e favorável para o seu desenvolvimento cognitivo, social, e psicoemocional. A auto-estima ainda é uma ferramenta crucial para o desenvolvimento do educado sendo este portador de necessidades especiais ou não, propicia no aluno o ato de tentar realizar a tarefa e desenvolver suas potencialidades como cidadão.
Contudo, faz-se necessário o apoio da família ao educador e vice-versa, pois somente assim a educação especial finalmente será realidade, apoiando a educação pelo amor.

O Brincar na Educação Especial

Brincar é uma realidade cotidiana na vida das crianças, brincar da à oportunidade da criança abstrair, usar sua imaginação. Na brincadeira a criança expressa de modo simbólico suas fantasias, medos, sentimentos, desejos alem de oportunizá-la a adquirir conhecimentos apartir de suas experiências.

"Através de uma brincadeira de criança, podemos compreender como ela vê e constrói o mundo- o que ela gostaria que ele fosse quais as suas preocupações e que problemas a estão assediando. Pela brincadeira, ela expressa o que teria dificuldade de colocar em palavras. Nenhuma criança brinca espontaneamente só para o tempo, sua escolha é motivada por processos íntimos, desejos, problemas, ansiedades. O que esta acontecendo com a mente determina suas atividades lúdicas; brincar e sua linguagem secreta que devemos respeitar mesmo se não a entendemos." Bruno Bettelheim- uma vida para seu filho.

As brincadeiras e o brinquedo tem sido alvo de interesse de profissionais da educação e também da saúde, que o utilizam como meio de analisar, promover o desenvolvimento infantil seja no atendimento de crianças com desenvolvimento típico, no contexto escolar, ou com algum tipo de necessidade especial. Deve-se compreender que entregar um brinquedo a criança, ela sozinha vai desenvolver seu potencial? A resposta é não, pois o brinquedo não é auto-educativo, é necessária a intervenção dos pais, ou mesmo do educador, para que o objeto cumpra sua função educativa.
O brinquedo torna-se educativo não pelo nome que se tem, mas pelo valor que é dado ao objeto. Se o brinquedo interessa a criança, despertando-lhes curiosidade e estimula a sua observação, reação, e interação este objeto é educativo. de modo geral a criança com necessidades especiais tem mais dificuldade em perceber o objeto, suas características, fenômenos e ações, e é dever o educador ou pais explorar habilidades que exigem motricidade fina, ressaltando todos os recursos que o brinquedo oferece.
Segundo Arlei apud Vygostski (1994) afirma que:" na brincadeira a criança, mesmo com deficiência, é capaz de ir alem do seu desenvolvimento", portanto cabe aos profissionais na educação especial proporcionar situações contextualizadas que possibilitem o surgimento da zona proximal, favorecendo-lhe desenvolvimento completo.
Outro fator determinante é não forçar a criança a brincar, mas sim encorajá-la a brincar, pois brincar é liberdade de agir, neste momento mais uma vez verifica-se o condicionamento operante do processo de ensino aprendizagem.

O Papel do Professor de Educação Especial e a Família.

Para atuar na Educação Especial o primeiro passo é dispor de preparo para assumir os novos papeis atribuída a escola do século XXI, que por sua vez irão receber mais e mais alunos com alguma necessidade especial, o professor terá que dispor de sensibilidade, afetividade e compromisso para então propiciar um trabalho significativo para esses alunos, alem de conscientizar os demais discentes que conviver com a diferença é saudável e proveitoso.

Cabe não somente ao educador essa função, mas a todos os profissionais de escolas especiais, de classes especiais, salas de apoio a criança e jovens especiais, aos teóricos da educação inclusive. A principal característica de um educador eficiente esta não somente no domínio de competências especificas, mas, sobretudo a capacidade de ser sensível as condições momentâneas dos alunos, do contexto social, e psicológico adaptando a estes o seu comportamento e pratica pedagógica.
O papel da família neste contexto é de extrema importância, pois alicerça o processo de desenvolvimento do educando, sua participação junto à escola é como uma bussola para a facilitação da aprendizagem e desenvolvimento pessoal, e interpessoal. A família deve ser afetiva, acolhedora, deve impor limites, dar carinho, trocar informações e estimular desenvolvimento da criança.
Contudo, vê-se que o processo de educação e formação do ser humano nunca foi tarefa fácil para pais e educadores, que estão envolvidos constantemente neste desafio, a cada etapa do desenvolvimento exige-se de ambos mudanças de padrões de conduta e de atendimento as crianças.

Considerações Finais

A inclusão desacomodou a muitos, provocou e ainda gera discussões entre as áreas da educação, educação especial e ate mesmo da saúde. A inclusão escolar veio para desafiar a sociedade de modo geral, fazendo-a transpor barreiras, encontrar soluções e principalmente construir novos modelos e práticas interdisciplinares.
A ideologia de Inclusão Escolar exige um projeto educacional que pressupõe a valorização da diversidade humana e deve voltar-se a todos os alunos sejam os que já freqüentam a escola, ou os que desejam ingressar na mesma. Na área da educação esta inclusão não deve estar centrada apenas no aluno com necessidades especiais, ou na deficiência em si, contudo em como educar na diversidade. A Educação Inclusiva esta pautada na concepção dos direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis, evidenciando-se confronto a atitudes discriminatórias e criação de alternativas para superá-las.
Diante da perspectiva de Educação Inclusiva, a Educação Especial passa a integrar a proposta pedagógica do ensino regular, viabilizando atendimento as necessidades educacionais especiais de alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades. Contudo, pode-se perceber que ainda há muitos rumores de resistência a política da inclusão, algumas dentro das próprias escolas e partindo-se dos próprios gestores, sendo que estes é que deveriam dar uma nova visão à realidade da escola, tornando a inclusão e a Educação Especial uma realidade.


Referências Bibliográficas

Livros:
Passos, Arlei Ferreira - Educação especial praticas de aprendizagem, convivência e inclusão (2009).

Artigos:
BRASIL. Congresso Nacional. Lei de Diretrizes e Bases da educação Nacional, nº 9.394/96.

BRASIL. Constituição Federal: República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988.

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DE ANDRADE, Agivanda (2007) A influencia da Afetividade na Aprendizagem. Brasília- DF http://www.arteterapiadf.com.br/textos/monografia_completa.pdf Acesso: 15/04/2011 as 15:30 hrs.

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Bibliografia

Artigos:

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BECHTOLD, Patrícia Barthel, WEISS,Silvio Luiz. A Inclusão das Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais no Mercado de Trabalho (?)www.ufpe.br/ce/images/Psicologia/.../incluso20pnee20mercado20trab1.pdf Acesso em 15/01/2011 as 11:00 hrs.

CAMPOS, Profº Crispim Antonio (200?). Algumas Considerações Sobre Preconceito e Ilusão ? www.am.unisal.br/publicacoes/pdf/artigo-prof-crispim.pdf Acesso em: 15/01/ 2011 as 11:30hrs.

DE ANDRADE, Cristina B. Feitosa (2006). A Inclusão Escolar de Alunos Surdos: O Que Dizem Alunos Professores e Interpretes Sobre esta Experiência ? www.scielo.br/pdf/ccedes/v26n69/a04v2669.pdf Acesso em: 15/01/2011 as 11: 15hrs.

SUPLINO, Profª Drª Maryse (199?). A Inclusão Escolar de Alunos com Autismo - portal.mj.gov.br/conade/.../subsidios_para_o_conferencista.doc -Acesso em: 15/01/ 2011 as 11:10hrs.
Autor: Rafaela Barbosa


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