Contra a indiferença do mundo ocidental



A pergunta é legítima, mesmo em seu lugar, eu teria reformulada de outra forma: Como pode que nós estejamos por tanto tempo aliados as pessoas que não compartilham os nossos valores? O Ocidente tem moldado o mundo onde vivemos, trouxe a civilização humana em seu auge, em termos materias e morais. Sua tragédia histórica é que encheu todo o planeta com seus filhos sem reconhecemento. Ele os transmitiu idéias, técnicas, linguagens, mas sem fazer o passo adicional que os foi permitido para se identificar e ter acesso e uma adesão fiel.

Em vez disso, as elites modernistas do mundo, incluindo as da área cultural árabe-muçulmano, foram derrotados em combate inútil contra as potências coloniais e depois contra as empresas ocidentais, e muitas se desviaram, por causa da reação no beco sem saída do modelo soviético, embora isso não os trouxe nenhum desenvolvimento, nem libertação nacional, nem democracia ou modernidade social.


Devria esperar-se a queda do Muro de Berlim para remeter as coisas no seu lugar. Isso não aconteceu. Paradoxalmente, o que deveria ter conduzido a um triunfo final do modelo ocidental, talvez até o "fim da história", mas isso causiu um efeito oposto.


Por várias razões, não posso mencionar todo nesta breve introdução. Uma das razões é que, com o fim do confronto entre o comunismo e o capitalismo, passamos de um mundo aonde as divisões ideológicas eram principalmente num mundo em que as divisões eram principalmente de identidade, com uma forte componente religiosa.

Por esta razão, a civilização ocidental, num momento mesmo aonde ela podia surgir amplamente e universal, mas de repente apareceu relacionado a uma identidade cultural específica, tendo sido alvo por aqueles que defendiam outras identidades.

Além disso, o poderio militar do Ocidente não era mais visto como um contrapeso ao poder soviético, mas visto como uma força para manter .. para manter o quê, exatamente?

Norte a uma determinada linha, dizem manter a paz e a estabilidade no mundo pela necessidade de força, no sul dessa linha que circunda a terra, passando particularmente o Estreito de Gibraltar e ao longo do Rio Grande, dizem, para manter a paz só se for necessário pela força, a supremacia do Ocidente. Esta longa derrota horizontal, perguntando, se ela for alargada irremediavelmente, ou então pode ainda se reduzir, inverter-se, para que se comece a construir pontes? Podendo ter também uma outra chance para se realizar dentro do contexto europeu, para aqueles que não forem capazes de se realizar ao longo de séculos, a nível global, a saber:

Mostrar por exemplo que o Ocidente está disposto a aplicar para os outros os princípios, que ele decretou por si, para que ele possa recuperar a sua credibilidade moral.

Essa credibilidade moral é, no mundo de hoje, a mercadoria mais rara. O Ocidente tem cada vez menos, diante de seus oponentes que não têm. Tentar restaurar a sua credibilidade moral sobre todo o planeta poderia ser uma tarefa difícil, sem ser razoável para tentar restaurá-la nas nossas sociedades e aonde é o único lugar a diversidade em caminho de desaparição.

Para isso, devemos fazer de forma que aqueles que optaram por viver em países ocidentais podem identificar-se plenamente, com a sua sociedade de adopção, perantes suas instituições, seus valores, sua língua, e até mesmo a sua história. Eles não estão constantemente sujeitos as vieses de discriminação e da cultura.

Que eles possam manifestar com cabeça erguida e identidade pluralista em vez de ser forçado a uma escolha agonizante e nefaste entre sua cultura nativa e cultura adotada. Podendo, finalmente, desempenhar o seu papel como passarela de civilização e reabilitação de suas sociedades de origem aos olhos do Ocidente, bem como se considerar como um meio capaz de reabilitar o próprio Ocidente. Pois a tentativa de recuar para uma fortaleza pode ser compreensível neste contexto, especialmente num momento em que os perigos são grandes e onde a necessidade de se proteger é real.

Mas me parece que é justamente neste encruzilhada perigosa da história que deveria propor a todos os povos da Europa e as populações de outros lugares, um novo contrato social, um contrato de coexistência que permite curar, pouco a pouco, as feridas do tempo.

Isto é o que a Europa moderna tem feito para suas próprias feridas, e isso é o que pode e deve fazer hoje em nossa humanidade desorientada. Nenhuma ação que me parece ser mais importante. Nem a mais urgente, porque já está quase tarde demais.

Lahcen EL MOUTAQI

Professor-pequisador da Universidade Mohammed V-Marrocos

Autor: Lahcen El Moutaqi


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