Propostas Interdisciplinares



Considerando a Lei em vigor (9394/96), os P.C.N.s de 1º, 2º, 3º e 4º ciclos, o Projeto de Reforma do Ensino Médio e os documentos específicos das áreas de linguagens e códigos para o Ensino Superior, percebo que todas essas propostas já nasceram com uma nova concepção de texto: o discurso do sujeito articulado ao discurso do outro, estabelecendo várias relações para expressar suas visões de mundo, entre elas o diálogo necessário à Interação.

Várias sugestões de estratégias para que os professores obtenham de seus alunos um ponto de partida para a escrita e a previsão de um ponto de chegada, tenho também encontrado na literatura acerca do ensino de redação, nos manuais de técnicas de redação e nos livros didáticos que orientam os procedimentos da linguagem escrita.

Alguns aconselham o que consideram essencial para o ensino da escrita, com base em atividades de estimulação, como: criar energia para escrever; dar respostas às escritas já realizadas; incentivar leitores para apreciar escritores; basear-se na pesquisa para fundamentar a prática das escrita; e, ainda, criar ambientes de sala de aula para que sejam permitidas as atividades de falar/ouvir os alunos antes da escrita. Outros preferem considerar que apenas poucos alunos podem aprender a escrever, aqueles que têm mais tendência para essa habilidade e que revelam isso desde as primeiras experiências com a escrita (podendo ser felizes ou desastrosos). E, ainda, os que acreditam numa arte de escrever necessária, que seja ensinada com auxílio de técnicas, treinamento e constantes exercícios de verificação.

As três posturas deram a seu tempo contribuições e satisfizeram as expectativas. Para mim, nenhuma delas alcança, com seus discursos, o sujeito, seu potencial criativo e sua capacidade para construir idéias e para se aventurar na arte de escrever, contando com a presença do outro como interlocutor, como receptor da mensagem emitida. Cabe aos professores: dar a liberdade para que os jovens mostrem como poderão ajudá-los; permitir mais conferências de conteúdo entre colegas e não só o trabalho individualizado; oportunizar o equilíbrio entre o conteúdo e a forma dos escritos; proporcionar aos alunos julgamento das avaliações e do processo de escrita e não só do produto.

Para que haja realmente estratégias de conferência de escrita, os professores devem ter o atrevimento de ousar saber, tanto no sentido de invadir o espaço de outras disciplinas para provocar argumentos e articulação de idéias, quanto na ação de orientar atividades interdisciplinares que permitam o registro escrito, as anotações, o relatório, esquemas e resumos dos conteúdos de difícil memorização. O problema que se apresenta é que os professores que se aventurarem nessa jornada devem possuir bom acervo cultural, devem conhecer as outras disciplinas com que estão se envolvendo, além disso, devem gozar de autonomia e respeito para não esbarrar em problemas que ferem a ética profissional.

Enfim, só podem ousar saber quem realmente sabe, quem está sempre estudando e tem cultura geral. Também, é preciso que sejam conhecidas dos professores ousados as conexões entre a leitura e a escrita, o desenvolvimento de aprendizagem dos alunos; o ensino do processo de escrita e o encaminhamento aberto de projetos interdisciplinares e oficinas de escrita/leitura.

As atividades para explorar as modalidades de escrita precisam enfatizar os conteúdos do currículo e articular o poder potencial dos diários e registros de aprendizado, deixando marcas do processo que permitam a alunos e professores revisitarem o caminho percorrido para fazer alterações no produto, comprová-lo, melhorá-lo ou rejeitá-lo, através de relatórios e comentários críticos das atividades desenvolvidas. Assim, professores e alunos tornar-se-ão aprendizes da escrita e sujeitos autônomos e competentes para a ousadia de saber.

No caso da prática de textos na UEL, as propostas de trabalho dos cursos que já possuem L.P. no seu currículo visam explorar a diversificação, adequando a tipologia ao cursos, conforme programas da disciplina de L.P./ Produção de Textos dos Cursos de Letras (2º ano), Ciências Contábeis (1º ano), Jornalismo e Relações Públicas (1º e 2º ano) e Ciências da Computação (1o ano) e Disciplinas Especiais em História e Ciências Sociais.
Autor: Djalmira Sá Almeida


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