Sete Lições Sobre Educação de Adultos



RESENHA: SETE LIÇÕES SOBRE EDUCAÇÃO DE ADULTOS


PINTO, Álvaro Vieira. Sete lições sobre educação de adultos. São Paulo: Autores Associados : Cortez, 1987.

Vanessa Rodrigues Paz


Álvaro Vieira Pinto nasceu em Campos (RJ) no dia 11 de novembro de 1909. Formou-se em medicina em 1932, voltando- se para pesquisa médica. Mas tarde, passou a lecionar na Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi) da Universidade do Brasil.Em 1941, tornou-se colaborador da revista Cultura Política. Após passar um ano estudando na Sorbonne, em Paris, retornou ao Brasil em 1950, assumindo então a cadeira de titular de história da filosofia FNFi, onde antes era professor assistente. Em 1955 tornou-se chefe do Departamento de Filosofia do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), na chefia do Departamento lançou a coleção "Textos de Filosofia Contemporânea do ISEB" e publicou Consciência e realidade nacional.
Com o golpe militar e fim do ISEB Álvaro Pinto Vieira se exilou, na Iugoslávia e depois no Chile onde trabalhou como pesquisador e professor no Centro Latino- Americano de Demografia, ligado a ONU.
Em dezembro de 1968 voltou ao Brasil. Em 1982, foi publicada seu livro " Sete lições sobre educação de adultos. Suas principais obras foram: Consciência e Realidade Nacional; Ideologia e Desenvolvimento Nacional; Sete lições sobre educação de adultos; O Concerto de Tecnológica(2. vol) entre muitos outros.
O primeiro capítulo o autor definiu alguns conceitos de educação que no seu sentido restrito apenas com uma fase que passa como a infância e a juventude. Diferente de um sentido mais amplo, que aprendemos em todos os momentos de nossa vida e a educação vai além de uma sala de aula, permeia por todos os ambientes da sociedade a que pertence. E a partir da educação que o ser humano passa a perceber e participar do mundo coletivamente.
Com isso caracterizou a educação em todos os seus aspectos, como um processo em cada individuo pode aprender e ensinar no decorrer de sua historia que é vivida e transformada pelo mesmo. Definiu o contexto social de suma relevância para a vida do educando, pois é a partir do processo educativo que o mesmo pode contribuir para a compreensão da sociedade em que vive ou mesmo através da opressão pelos hábitos e valores condicionados pela mesma. A educação também é um fenômeno onde a cultura é predominante para o avanço em seu desenvolvimento no processo educativo, sabendo que sem a cultura não há educação, pois a mesma nasce a partir das necessidades culturais dos envolvidos. A consciência do mundo ao seu redor e de seus direitos perante o mundo é adquirido durante o processo educativo e sua história de vida.
A história da educação permite compreender como aconteceu todo o processo educativo identificando os problemas e qualidades de cada época a serem superados ou transformados. Quando o adulto o aluno viveu e continua vivendo tal história e o professor é incapaz de apagá-la, o professor não é o único detentor do saber o ser humano não é uma tábula rasa como diria alguns autores, mas um ser que vive e, portanto possui conhecimento prévio que pode ser usado em sua própria aprendizagem.
Como já foi exposta além de um processo histórico, a educação também é cultural, segundo o autor a educação é um resultado de cultura dos indivíduos que a ela pertence. Contudo permite a transformação corrente de determinadas culturas. Sem esquecer que a educação que buscamos vai depender dos governantes que cabe a nós escolher. O individuo tem que conhecer a si mesmo e os meios que a sociedade define e distribui a educação para que possam auferir de fato com mais qualidade e quantidade. É o próprio educando através do conhecimento que vai determinar como será entregue os mecanismos educativos.
Essa mesma educação também é continua e permanente na vida de um grupo na sociedade mesmo aquele que vive a margem da mesma, assim cabe ressaltar que é de suma importância o fato de todo e qualquer ser humano é capaz de aprender e, portanto tem algo a contribuir para comunidade pertencente. Muitas dessas pessoas são induzidas a crer que não possuem conhecimentos, deste modo não merece uma educação de qualidade.

Competi aos indivíduos perceberem as direções que a sociedade estabelece diante do processo educativo, sem deixar de participar do meio em que está inserido e por isso capaz de transformar a mesma sociedade que muitas vezes tenta excluí-lo.
No segundo capítulo trata da forma e o conteúdo da educação, no qual divide os conteúdos e a forma de como é transmitidos tais conteúdos. Os mesmos são colocados de maneira funcional para o ambiente em que os alunos estão inseridos, uma educação voltada para o trabalho. Também é exposto o conteúdo com direção mais humanista, onde se percebe as condições em que cada educando vive, e como tais condições podem ajudar na transmissão de forma mais adequada dos conteúdos.
Tanto o conteúdo como a forma coexiste para uma ampliação maior da educação. Ambos trabalham em conjunto, a forma sendo capaz de mudar as características de como são transmitidos os conteúdos, e tais conteúdos podem dá margens para que haja uma mudança na educação.

No terceiro capítulo apresenta para os leitores as concepções ingênua e crítica da educação, delimitando as duas de maneira a definir suas influencias no processo de ensino-aprendizagem e em todo seu desenvolvimento social e histórico na sociedade. Caracterizando a concepção ingênua, como aquela que vem de forma exterior para a realidade dos indivíduos, não provem de maneira alguma para colaborar em tal realidade. Diferente da concepção crítica quando parte de uma reflexão dela mesma e da realidade dos educandos para poder intervir no processo educativo dos mesmos.
Em resumo o quarto capítulo expõe o tema Educação Infantil e Educação de Adultos, onde trata das diferenças entre tais modalidades de ensino. Onde o homem aprende desde muito pequeno o processo que se dá a educação. Enfatizando os problemas pedagógicos de cada etapa de ensino e de como acontece à transmissão desde a educação infantil até a fase adulta.
Evidencia a importância do trabalho como finalidade da educação para o crescimento dos homens de acordo com a realidade e a formação de cada um. Além da historia que para a sociedade, abrange a organização da qual a educação pertence, tanto formal como informal.

O quinto tema está relacionado ao estudo particular do problema da educação de adultos. Levando em consideração os indivíduos adultos, estes que por terem mais maturidade produzem e tem muito a somar no processo educativo a que pertence. Este mesmo adulto depende desta educação para adquirir conhecimentos para a produção do trabalho. O homem se faz a partir do trabalho que se tem e por isso para uma sociedade com as mudanças que acontece todo o tempo um adulto mal instruindo levará com que o mesmo perca a concorrência com os mais instruídos.
No entanto com a evolução da sociedade vigente, há uma maior participação das pessoas com poder aquisitivo menor na mesma. Por isso a participação política através da educação faz com o indivíduo perceba sua importância e dever no meio social.
Complementando o sexto tema trata o problema da alfabetização, que faz parte da vida da maioria dos adultos em situação social de risco. Por isso há uma ligação com o analfabetismo, pois o mesmo é decorrente das situações adversas da qual o ser humano está envolto. No entanto não dá pra negar, que o analfabetismo está incutido nas classes como algo inerente a eles, e isto os torna vulnerável para a realidade que os cercam.

E por fim a formação do educador partindo não de técnicas, mas de sua influencia sócio- culturais sobre os educandos. O professor participa do processo educativo não como transmissor mais e se como mediador do conhecimento, levando o aluno, sobretudo o adulto que é levado a pensar também é capaz de construir seus próprios saberes. Para o autor "o educador deve compreender que a fonte de sua aprendizagem, de sua formação, é sempre a sociedade." (Pinto, p. 109)
Por fim para haver uma aprendizagem de fato, o professor tem que perceber o educando como construtor da sociedade, e não como um ser ingênuo incapaz de pensar. Repensar sua visão de ver o conhecimento que o saber não pertence ao um único indivíduo e sim a todos que está sempre em busca do inacabado. A educação é capaz de transformar o individuo ingênuo em um ser humano crítico e conhecedor do seu mundo.
Autor: Vanessa Rodrigues Paz


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