SEGUNDA GUERRA MUNDIAL



INTRODUÇÃO

Este artigo tem como objetivo geral levar ao conhecimento de acadêmicos, estudantes, professores e qualquer pessoa que tenha interesse em conhecer e investigar na forma historiográfica ou em outros meios registrados, almejando identificar e analisar a participação do Amapá que se fez inserido no contexto histórico da 2ª Grande Guerra Mundial. Nas transformações ocorridas no século XX, provenientes de pactos internacionais que desencadearam profundas mudanças desde os meados da década de 40 aos dias atuais. A tornar-se um incentivo à valorização ao assunto a ser estudado, e que possa contribuir para outros novos artigos e pesquisas.
Surgiu da problemática de verificar, qual importância estratégica do futuro estado do Amapá na contribuição para o desfecho vitorioso dos Aliados, nos acontecimentos ocorridos em âmbito global, bem como, no âmbito local? Como os combates que ocorreram nas proximidades do então território, do decreto que cria a base área do Amapá, aos acordos internacionais, investimentos no poderio bélico das nações envolvidas neste capítulo da história.
O avanço militar do Eixo guiado pelo etnocentrismo nazista, na tentativa de implantação da supremacia alemã criando uma raça ariana superior mundial, da "caça as outras espécimes" como eram chamados os inimigos. A construção de campos de concentração em países conquistados e massacrados, por conseguinte, o holocausto, e no Brasil faziam expedições com planos específicos para estabelecer uma colônia nazista, na região amazônica.
Ao pesquisar sobre o tema percebi o escasso material que se pode encontrar para trabalhar o assunto da participação do Amapá na 2ª guerra. Por este motivo foram usados como fonte norteadora para fundamentação deste artigo, autores diversos, como o artigo publicado por Fábio Paixão. Na internet foram pesquisados em sítios que continham uma breve explanação do tema em artigos e blogs, documentários em vídeo DVD sobre a 2ª guerra, serviram como meios diferenciados para construção deste trabalho.
Com o intuito de esmiuçar os fatos, os motivos e as mudanças ocorridas nas áreas econômicas e sociais. Também serão apresentados alguns exemplos de aprimoramento em equipamentos e veículos utilizados no decorrer do conflito mundial. Entretanto, tendo como parâmetro a historicidade local das suas modificações da realidade vivenciado pelos habitantes da região amapaense é que se tem a justificativa deste artigo, que serão abordados em três capítulos. A hipótese que busco a ser confirmado ao final deste artigo é que o Amapá teve uma importante contribuição, mesmo obedecendo a normas federativas, para que o domínio do nazismo e de outras ideologias opressoras não se propagasse por todo o globo.
Contendo no primeiro capítulo um resumo da historicidade mundial contextualizada aos motivos que levaram ao início do conflito permeando pelas decisões dos líderes de cada país que participaram de um lado ou de outro da grande guerra que aconteceria e deixaria um rastro de destruição e mortes por onde ela passasse. O segundo capítulo abordara a relutância do Brasil em compactuar, mas por fim, tem sua entrada na guerra, os combates dos pracinhas nos países da Europa, principalmente na Itália com a missão de conquistar o Monte Castelo.
No terceiro capítulo será destacada a exploração dos nazistas na Amazônia com a tentativa de construir uma colônia, para combater o avanço dos norte-americanos. E por fim, a construção da base aérea de Amapá, como foi estruturada e seu funcionamento para proteção do espaço aéreo brasileiro e do atlântico, contra as forças do Eixo. Tomando como fonte para a pesquisa, o que já foi publicado sobre os submarinos alemães que foram afundados na costa do Amapá.


CAPÍTULO I


1. O FIM A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL E ANÚNCIO DA SEGUNDA


Primeira Guerra Mundial (1914-1918) aquela que iria "por um fim em todas as guerras", um vislumbre apenas do presidente norte-americano Woodrow Wilson. Envolveu principalmente países da Europa, no decorrer o conflito ficou praticamente arruinada econômica e socialmente. Com 13 milhões de mortos em combate, e grandes perdas entre civis, por ocasião dos bombardeios, epidemias e fome. Também participaram regiões do Oriente Médio, Ásia e África, o que estabeleceu a vitória de princípios democráticos e liberais, culminado com o desaparecimento dos impérios Austro-Húngaro, Alemão, Turco e Russo, tendo o regime republicano pouca duração nestas regiões, pela instabilidade sócio-econômica do pós-guerra proporcionou o surgimento de regimes autoritários.

1.1 ? UM TRATADO EM FORMA DE TRIBUNAL MILITAR


Durante seis meses de negociações, desde 1918, foi assinado o Tratado de Versalhes em 28 de junho de 1919, na Sala de Espelhos do próprio Palácio, com a representação de 32 países, feita pelos três primeiros-ministros das nações com maior poder. Entre as quais a Inglaterra com David Lloyd George, a França com Georges Clemmenceau, a Itália com Vittorio Orlando e os Estados Unidos da América com o presidente Woodrow Wilson. O ministro alemão do exterior, Hermann Müller representou seu país e os participantes da Tríplice Aliança, pelo motivo da acusação dada pelas potências européias que a Alemanha seria a principal culpada pela guerra, encerrando oficialmente a Primeira Guerra Mundial.
O Tratado, como uma continuação do armistício de Novembro de 1918 que pôs fim aos confrontos, assinado na França em Compiègne, onde o local escolhido fora um vagão de trem, que, mas tarde seria usado por Hitler para impor a rendição da França, em 22 de junho de 1940 (FURUNO, 2010. p.10). No Tratado de Versalhes, determinava-se principalmente que a Alemanha aceitasse as responsabilidades, sob os termos dos artigos 231-247, e fizesse reparações a certo número de nações da Tríplice Entente.
A ratificação do tratado foi feita em 10 de Janeiro de 1920 pela Liga das Nações, uma comissão criada para determinar a dimensão das reparações que a Alemanha haveria de pagar. E que posteriormente em 1921, o valor foi oficialmente fixado em 33 milhões de dólares. Do pagamento destes encargos, geraram a queda do que ainda restava do poder econômico e social dos alemães, tornando-se a principal causa do fim da República de Weimar e a escalada do futuro Führer ao poder.
Adolf Hitler (20/04/1889, Braunau, Áustria), que no inicio da guerra não tinha força alguma, no entanto, devido a sua condecoração por bravura pela função de mensageiro que exercia no front, e por ter posições nacionalistas foi visto como forte candidato a futuras pretensões políticas pelo partido nazista. Sob forte influência de uma sociedade secreta chamada Thule, Hitler forja o símbolo do partido a partir da insígnia da sociedade (a cruz gamada que simbolizava "pureza de sangue"). Entre os principais membros da sociedade Thule estavam seus dirigentes, Dietrich Eckart e Alfred Rosemberg, que popularizavam as teorias racistas em que o povo Thule, seria descendente dos arianos, pelo físico atlético, cabelos louros e olhos azuis, e que seriam destinados a conquistar um "espaço vital" subjugando as "raças inferiores". (SIGNIER; THOMAZO, 2008, p.204).
Desta sociedade origina-se o partido nazista, e formam um único homem para guiá-los, juntamente com a ascensão do Nazismo. Com as mudanças ocorridas na Alemanha, o povo busca "uma vingança" pela humilhação sofrida, a Segunda Guerra Mundial, iniciaria 20 anos após a assinatura do Tratado de Versalhes.


1.2 ? O BRASIL NA PRIMEIRA GUERRA


Em 1917, três anos após o início da guerra, o navio brasileiro Paraná foi abatido próximo ao canal da Mancha, o navio Tijuca e o cargueiro Macau também foram abatidos pelos alemães. O presidente Venceslau Brás, sobre forte reivindicação da população em relação aos fatos, firmou a aliança brasileira junto à tríplice Entente.
A participação do Brasil foi diversificada, ações como o envio de aviadores, médicos, alimentos e matérias-primas para a Europa. Com 2 cruzadores, 4 torpedeiros e 1 navio auxiliar, a Marinha brasileira policiou e protegeu o oceano Atlântico de possíveis ataques de submarinos alemães. Contudo, os tripulantes foram acometidos pela gripe espanhola, epidemia que se alastrou pela Europa.
A experiência adquirida no comando de pelotões da cavalaria francesa e de uma pequena unidade de tanques, nos conflitos das tropas da frente ocidental e na região da Jutlândia. José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque contribuiu com seu país para aquisição de seus primeiros carros blindados para combate. Devido à retração econômica sofrida pelas nações européias, o Brasil teve significativos avanços para o desenvolvimento industrial. (SCHOEREDER, 2008, p.31).


1.3 ? IDEOLOGIAS OPOSTAS: ALEMÃES X RUSSOS


Com o fim da Primeira Guerra, dois pólos ideológicos emergiram para ascensão, o nazismo com a extrema direta e o comunismo com espectro esquerdista, entretanto, tinham elementos bastante comuns. Líderes autoritários com mão de ferro, e um sentimento de exclusão por parte da política internacional, por conseguinte, ocorreu a aproximação de alemães e soviéticos. Como líder da revolução bolchevique Vladimir Lênin alcançou o sucesso ao derrubar o Poder Provisório que governava a Rússia, comandado pelo príncipe Georgy Lvov, e Kerenski, o Governo Provisório era interessado em manter a participação russa na Primeira Guerra Mundial. Anteriormente vários eventos que causaram a derrubada do regime imperial do Czar Nicolau II em fevereiro de 1917.
Em Petrogrado o movimento assumiu caráter de revolução sob a direção de Lênin, a partir de greves e manifestações pela fome do povo decorrente da dependência de equipamentos para o exército ao lado da Entente, causaram o estabelecimento do regime bolchevista na Rússia em outubro. A Alemanha buscou enfraquecer os russos, apoiando Lênin em sua revolução e acabou contribuindo para a fundação de um estado comunista, após a conquista do líder bolchevique, os russos entraram em um período de guerra civil entre os que apoiavam o novo regime e seus opositores. No entanto, A União Soviética mais tarde mudaria de lado. Em 1924, com a morte de Lênin, emerge para liderar a nação Joseph Stalin, líder autoritário e ditador, com uma política agressiva e expansionista.
Em 1923, na Alemanha, Hitler como líder do partido nazista, busca tomar o poder através de um golpe militar. Contudo, não foi bem sucedida esta tentativa, outra forma de realizar suas aspirações foi usada, sua estratégia seria conquistar o apoio do povo, não mais através do militarismo que usaria mais tarde toda sua potência. 10 anos após, o Partido Nazista comemorou, Hitler foi nomeado Chanceler graças a sua vitoria nas urnas, devido ao apoio popular que ele construiu com seu discurso nacionalista.


1.4 ? A DOMINAÇÃO SILENCIOSA


Ao concluir que a Alemanha não possuía mais armamentos, "obedecendo" o acordo de 1918. E por terem sido derrotados na primeira guerra, seus aviões de combate foram destruídos e confiscados. Anos mais tarde, Adolf Hitler tornou-se o Führer, em 1934, causando preocupação às potencias do continente europeu, proporcionando a ascensão do Terceiro Reich e uma ditadura de extrema direita por ele adotada. A Alemanha preparava-se para o novo conflito desde 1933, quando se armava secretamente. Decretou serviço militar obrigatório na Alemanha. Contrariando assim, algumas normas impostas pelo Tratado de Versalhes, como a que obrigava o exército alemão a ser reduzido em sete divisões de infantaria, três de cavalaria, e não excedendo a 100 mil homens.
Na Itália Mussolini estabeleceu um protetorado na Albânia (1926), que a colocou em posição privilegiada no Adriático. Em 1935, o Duce lança-se para conquistar a Etiópia, por conta destas conquistas ficou estabelecido o eixo Roma-Berlim. Enquanto isso, os pequenos países europeus começaram a desacreditar no protecionismo dado pelas potências democráticas, no caso de uma guerra declararam-se neutros a conciliar com a Alemanha. (BARSA, 1995, p.398). O acordo de não-agressão e a cessão da região dos Sudetos, na Tchecoslováquia, à Alemanha, foi assinado em 30 de setembro de 1938 em Munique, tendo com mediador Benito Mussolini, e os representantes da Grã-Bretanha com Neville Chamberlain, da França com Eduard Daladier e da Alemanha o próprio Adolf Hitler.
A ocupação alemã começou em março de 1938, quando Hitler anexou a Áustria sem disparar um único tiro, e a população "festejava" o apoio recebido, contudo (não obedecendo ao acordo de setembro), desmembrou e anexou a seu domínio a Tchecoslováquia. E como ponto crucial para a escalada nazista, era encontrar uma maneira de conquistar a Polônia. Esta maneira encontrada foi garantida com o apoio de Stalin no acordo nazi-soviético, conhecido como Pacto Molotov-Ribbentrop assinado em agosto de 1939.


1.5 ? COMEÇAM OS ATAQUES E AS PRINCIPAIS BATALHAS


Com o apoio de Stalin, abre-se o caminho para que em 1º de setembro de 1939, a força alemã invadisse a Polônia com o Blitzkrieg, "guerra relâmpago", que começava com um bombardeio feito por Stukas que tinham a função de bloquear qualquer reação do inimigo, colunas de blindados avançavam sobre o ponto fraco da formação inimiga, finalizando com a infantaria mecanizada evitando ataques pelos flancos. No dia 03 do mesmo mês Inglaterra e França declarassem guerra contra a Alemanha. Com a conquista alemã, a URSS exigiu sua parte no contrato "secreto", como a parte leste da Polônia, os estados bálticos que seriam Lituânia, Letônia e Estônia e, na seqüência a Finlândia.
A Alemanha continuava sua escalada, com ataques e importantes conquistas na Noruega, Dinamarca, Holanda e Bélgica, as forças anglo-francesas não conseguiam conter os avanços da armada nazista. Para conter o ataque alemão que vinha pelo norte da França as forças aliadas foram instaladas na fronteira franco-belga, o que não obtiveram o resultado esperado, e os alemães entraram no na França sem tocar na linha Maginot. O avanço da Alemanha, os ingleses foram obrigados a retirar-se rapidamente. Em 10 de junho 1940, Mussolini entra na guerra e faz com os franceses fortaleçam a fronteira italiana, impossibilitando a proteção do país, que aconteceu no dia 14 de junho com a tomada de Paris pelos alemães. Porém, no dia 22, a França anuncia sua rendição.
A Inglaterra seria a próxima a ser conquistada, e para tal feito, Hitler moveu sua artilharia pesada para as proximidades do porto de Calais, de onde os bombardeios as costas inglesas começaram. Em 11 de agosto, um grande ataque aéreo causou danos as cidades e as defesas inglesas. Dia 7 do mês seguinte uma grandiosa ofensiva foi organizada contra Londres, os ataques causaram em grandes perdas civis. Com o apoio do povo e a bravura dos aviadores da RAF (Força Aérea Real) contiveram o domínio do canal, fazendo com que os alemães não atravessassem, os combates e bombardeios continuaram até 1941, quando o Führer desistiu da invasão e sua nova empreitada seria a aliada URSS, com o plano Barbarossa.
O Japão assinou em 27 de setembro de 1941, o Tratado Tripartite com as potências fascistas. Formou-se o Eixo, com a adesão de Hungria, Eslováquia e Romênia, dois meses depois. O Japão conquistou a Indochina anteriormente em julho. O imperador Hiroíto, colocou sua visão em direção às colônias francesas e britânicas no sudeste da Ásia, no entanto, o governo norte-americano embargou o fornecimento suprimentos e combustível, enfurecendo o imperador que respondeu no dia 7 de dezembro, com um ataque surpresa a base norte-americana no Havaí, Pearl Harbor.
O Então presidente dos EUA, Franklin Delano Roosevelt declarou guerra contra o Japão, cedendo aos apelos do primeiro-ministro Britânico Winston Churchill, iniciando uma grande coalizão com os Aliados. O que trouxe vitórias e sangrentos combates como no Egito impedindo a conquista do canal de Suez, em Stalingrado tomando força para a reconquista, e em Kursk com o avanço do Exército vermelho para chegar Berlim em 1943. Em 4 de junho de 1944 os Aliados tomam Roma, fazendo com que a Itália pedisse rendição.


CAPÍTULO II


1. APÓS O DIA D, O BRASIL ENTRA NA GUERRA


1.1 - OPERAÇÃO OVERLORD, 6 DE JUNHO DE 1944
As atividades de espionagem e contra-espionagem iniciada pelos Aliados três anos antes de pôr em prática um plano de libertação da França com um grandioso desembarque, que iria alcançar a vitória sobre as forças de Hitler na frente Ocidental da Guerra.


Aproxima-se a hora de nosso maior empenho e ação, esse será um dia de batalha interminável e sangrenta, marchamos com aliados corajosos que contam conosco, como contamos com eles. No ar, no mar e na terra e quando for dado o sinal o grupo das nações vingadoras irá se lançar sobre o inimigo. General Dwight D. Eisenhower, Comandante Supremo da Força Expedicionária Aliada para a Operação Overlord. Citado por Bampfield (2006).


1.1.1 ? O dia D, Desembarque na Normandia

Com a escolha de um ponto próximo a Inglaterra, em uma posição estratégica no Canal da Mancha, ficou definida a costa de Pas-de-Calais para o desembarque, sendo ideal para os Aliados. Porém, não foi difícil os alemães perceberem esta ação começaram a fortificar a região, sob o comando do general Erwin Rommel. Uma nova opção passou a ser a costa de Calvados na Normandia por haver o porto de Caen, onde se teria o controle ferroviário e rodoviário de Paris a Chebourg. (RIBEIRO; VARSANO, 2008, p.28).
A invasão foi marcada para o dia 5 de junho, mas foi adiado por ocasião do mau tempo. Vinte quatro horas depois, os soldados já ansiosos, irritados e enjoados pelo balanço dos navios, começam a desembarcar no dia 6 de junho de 1944. Com os bombardeiros ingleses e americanos despejando milhares de toneladas de bombas sobre os inimigos à meia noite em ponto, pára-quedistas das unidades aerotransportadas da 6ª Divisão Aeroterrestre britânica entram em combate começando a ação do Dia D.
Com a missão de confundir os nazistas e evitar um contra-ataque nas praias onde desembarcariam poucas horas depois, foram utilizados três grupos formados por 23,4 mil homens, com o pelotão de Brotheridge juntamente com centenas de pára-quedistas americanos e britânicos; a 6ª Divisão com ingleses e canadenses a leste próximo a Caen e Sword; a 82ª e 101ª Divisões com os americanos a oeste perto de Utah e Contentin. Porém, não obtiveram tanto sucesso no início, apenas em Utah o sucesso teve grandes proporções que justificou a operação.


2. O BRASIL ENTRA NA GUERRA


Quando a Segunda Guerra eclodiu na Europa, em 1939, no Brasil o Estado Novo impunha medidas centralizadoras. Esta se direcionando para a industrialização e por isso, tinha relações com a Alemanha e os Estados Unidos, sua neutralidade mantinha uma posição confortável para o Governo de Getúlio, continuar seus interesses, como modernizar e reequipar as forças armadas, construir a Companhia Siderúrgica Nacional, para desenvolver o país. (GOMES, 2006, p.30).


2.1 ? A COBRA VAI FUMAR


Em 15 de agosto de 1942, foi naufragado em Sergipe o navio Baenpendy, 72 horas depois os navios Aníbal Benévolo e o Araraquara, os três navios foram torpedeados pelo submarino alemão U-507, com a perda de 500 civis. No mesmo ano em janeiro, a 3ª Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores das Repúblicas Americanas que aconteceu no Rio de Janeiro, o presidente Getúlio Vargas corta relações diplomáticas com os países do Eixo, enfatizando uma das resoluções aprovadas. O então presidente costumava dizer em relação à participação brasileira nesta guerra, que "era mais fácil uma cobrar fumar do que o Brasil entrar na guerra".
Cedendo aos "pedidos" do presidente norte-americano Franklin Roosevelt, para usar portos e bases no norte e nordeste do país, dando em troca armamentos modernas para garantir a defesa nacional. O presidente Getúlio Vargas assinou o documento do qual declarava oficialmente a participação do Brasil na Segunda Guerra contra Hitler, Mussolini e Hiroíto, em 22 de agosto de 1942, ao lado dos Aliados. 25.334 mil jovens foram recrutados, a Força Expedicionária Brasileira iria preparar-se para os combates na Europa. A FEB foi subdividida em três regimentos de infantaria: o 1º do Rio de Janeiro; o 6º de Caçapava, São Paulo e o 11º de São João Del-Rei, Minas Gerais, participavam unidades de artilharia, engenharia, saúde e funcionários do banco do Brasil (faziam o pagamento dos soldos da tropa).


Um trem com numerosos vagões acaba de entrar na Vila Militar, no Rio de Janeiro. Soldados e Oficiais que acompanham a chegada têm a impressão de que seu avanço pelo interior do quartel jamais terminará. Nesse dia, 29 de junho de 1944, milhares de homens tomarão seus lugares no interior da composição para dar início à viagem que os levara para a guerra. Um ano e meio de treinamentos e preparativos terminava ali. (CASTRO, 2006, p.33).


Durante quatorze dias, após a noite de 2 de julho de 1944 no navio norte-americano General Mann, soldados brasileiros viajaram sem saber para onde. Para eles surgiam vários comentários de locais diferentes na Europa e África para o provável desembarque, com muito sigilo na viagem, foi declarado aos pracinhas apenas dois dias antes, a chegada ao local definido, que seria a Itália.
A Itália já sob domínio dos Aliados. Lá, os combatentes foram treinados e preparados para os combates contra os inimigos e contra o frio. Formando a divisão estavam operários, lavradores, estudantes, comerciários e muitos jovens com idade até 26 anos, negros, caboclos, descendentes de europeus e japoneses, era o exército multiétnico, que não combatiam ao lado dos brancos norte-americanos por assim eles preferirem, do estado do Pará, de 800 recrutados foram aproveitados 150 homens. Contra o exército alemão, em setembro de 1944 as primeiras vitórias foram conquistadas, em Massarosa, Camaiore e Monte Prano.
Após o batismo de fogo, os pracinhas usavam frases como: "a cobra está fumando" e "a cobra fumou" que eram escritas nos armamentos utilizados. Desta ocasião, o desenhista americano Walt Disney depois de ter criado o personagem Zé Carioca, criou a primeira imagem de uma cobra vestindo capacete, disparando duas pistolas e fumando um cachimbo, desde então, em outubro de 1944, esta imagem foi incorporada em um distintivo da divisão brasileira.


2.2 ? HERÓIS VITORIOSOS


Na tomada do Monte Castelo não obtiveram sucesso nas primeiras tentativas de conquistar o objetivo. Com 25 quilos de equipamentos, o que dificultava a subida do morro, procurando abrigo atrás de rochas, livrando-se de minas, dos bombardeios e das chamadas "lurdinhas" (metralhadoras alemãs) que protegiam as casamatas nas fortificações no alto do morro, e que eram montadas em linha da qual chamavam de "corredor da morte". Isto fez com que os aliados usassem da queima de óleo diesel para dificultar a visão dos inimigos.
Como uma questão de honra, o general Mascarenhas de Morais, comandante da FEB na Europa, na quarta tentativa que não poderia haver nenhuma falha, decidiu não obedecer às ordens do comando norte americano, e utilizou todas as unidades que tinha a sua disposição. Em três meses de tentativas frustradas, e com várias baixas do lado brasileiro e aliados, com esforço e garra dos combatentes, no dia 21 de fevereiro conquistaram a vitoria em pouco mais de 12 horas.
Em 15 de abril de 1945, os brasileiros conquistaram Montese, sob forte fogo inimigo o que trouxe 426 baixas entre mortos, feridos e desaparecidos, na batalha mais sangrenta que os homens da FEB lutaram. O Museu Militar da Força Expedicionário Brasileira foi construído em um castelo do século 12, em Montese para homenagear os brasileiros que bravamente participaram da conquista e vitória dos aliados na guerra contra as forças nazi-fascistas na Itália. Durante três dias quase 15 mil alemães se entregaram a divisão expedicionária pondo fim a guerra para os dois lados. (CASTRO, p. 42)


CAPÍTULO III


1. A EXPEDIÇÃO NAZISTA NA AMAZÔNIA


Em outubro de 1935, em Belém do Pará três jovens aviadores alemães, Gerd Kahle, Gerhard Krause e o líder da expedição, Otto Schulz-Kampfhenkel. Desembarcam com 11 toneladas de bagagem, cobertores de pêlo de camelo e roupa de cama, eram algumas das muitas coisas que eles não abriram mão. Joseph Greiner, jovem marinheiro, empreendedor, o quarto integrante do grupo expedicionário, com a função de mestre-bagageiro, capataz e encarregado das provisões. Do Pará seguem rumo ao norte. Na Alemanha, tendo uma importante posição social diante de institutos de pesquisa e museus de história natural Kampfhenkel conseguiu o apoio do Instituto Emilio Goeldi (Belém-PA) e do Museu Nacional (Rio de Janeiro). Subir o rio Jarí, era a próxima questão, buscaria, entretanto, o apoio das Forças Armadas brasileiras, em 1935 estava dividida entre os pretensos interesses nacionais com Alemanha e EUA. Em Belém, o governador José Carneiro da Gama Malcher e o general Manuel de Cerqueira Daltro Filho receberam com entusiasmo a visita.


Entre a foz do Rio Jarí, no Amazonas, e sua deslumbrante Cachoeira de Santo Antônio, há uma cruz de madeira, medindo três metros de altura por dois metros de largura, que há alguns anos é explorada como atração turística no Amapá. Debaixo dela jaz o teuto-brasileiro Joseph Greiner, ali sepultado em janeiro de 1936, vitimado pela selva. Feita sacrário, hoje a cruz é protegida por um telhado e encabeçada pelo entalhe de uma suástica - a cruz gamada de origens indo-tibetanas, popularizada como ícone incendiário do nazismo. Lápide improvisada, o necrológio da cruz explica: "Joseph Greiner morreu aqui em 2/1/36, a serviço da pesquisa alemã, vitimado pela febre - Expedição Alemã do Jary, 1935-1937". (FÜLLGRAF, 2009).


Os visitantes retribuíram a recepção com um teste do hidroavião "Águia Marinha" modelo "Seekadett". A análise da topografia da bacia do Jarí até suas cabeceiras, um mapeamento inédito, proposto pelo geógrafo Kampfhenkel, foi o que causou uma provável expectativa de obter lucros com a expedição. O Departamento Central de Segurança do Reich, subordinado à SS, com Heinrich Himmler curiosamente acreditava na fantástica "civilização de Atlântida", cujos descendentes, "de raça pura", com esta obsessão, ele inicia uma série de expedições pelo planeta, onde seus homens deveriam encontrar vestígios genéticos da "raça ariana".
O patrocinador e mentor da expedição ao Jarí, foi o geógrafo Hermann Göring, aviador durante a Primeira Guerra Mundial na esquadrilha de Manfred von Richthofen, o Barão Vermelho, promovido a ministro da Aeronáutica do Fürher. Kampfhenkel estudou geografia e ciências naturais, tornou-e especialista em caçar animais africanos para jardins zoológicos alemães. Em 1934 participou da "arianização" organizada pela Sociedade Alemã de Pesquisas em Mamíferos (DGS).
Em 1935 foram contratados 30 caboclos-mateiros, familiarizados com a selva, no entanto não tiveram bons resultados do que foi planejado, o comandante da expedição Gerd Kahl. Enfrentaram a correnteza, o choque dos flutuadores do "Águia Marítima" fez o hidroavião espatifar-se sobre o Amazonas contra toras de árvores submersas, entre Gurupá e Arumanduba. O objetivo principal da expedição ficou comprometido. A mais de um quilômetro da margem amapaense, os dois alemães estavam sendo arrastados pela maré. Foram salvos por remadores caboclos. No inverno amazônico, com muita chuva, foram surpreendidos por uma enchente, perdendo: barco, equipamentos, câmeras, material de cartografia, armas, provisões e roupas.
Finalmente a expedição chega à aldeia dos índios Aparaí, em janeiro de 1936, no médio Jarí. Para buscar um material de pesquisa guardadas em Santo Antônio, Joseph Greiner desceu o rio, no entanto, ele não retornou com os índios. Krause, mecânico e operador de som, tentou resgatá-lo, mas, não conseguiu. Greiner foi sepultado, pelo companheiro que ergue uma cruz de madeira e faz os entalhes legíveis até hoje, retornando à aldeia avisa ao comando da expedição o ocorrido.
O Inferno Verde (o longa-metragem de ficção Kautschuk, inspirado no episódio do contrabando de 70 mil sementes de seringueira pelo agente britânico Henry Wickham, em 1870.)
Segundo FÜLLGRAF (2009):


parecia dar o troco, cobrar tributos por velhos pecados alemães, jamais expiados. Como o caso dos índios levados em 1820 para a Alemanha pelo naturalista Carl Friedrich Phillip von Martius: três adultos faleceram durante a travessia do Atlântico, e os dois curumins Isabella Miranha e Yuri Comás estão sepultados no Cemitério Sul de Munique. Morreram de frio durante o inverno de 1820 /21. Outra aberração: os crânios dos índios Botocudos, caçados por exploradores alemães, entre eles o príncipe Maximilian zu Wied, para compor o macabro acervo dos darwinistas de plantão - prática absolutamente dentro da etiqueta, pois ninguém menos que D. Pedro II, durante uma visita à Alemanha, tirou da bagagem, de presente, um crânio de silvícola.



1.1 ? O PLANO DE COLONIZAR A SELVA AMAZÔNICA


Guiana Francesa, 1937, Kampfhenkel estava decidido a experimentar a aerofotogrametria, técnica que revolucionou a cartografia moderna. Porém, devia contentar-se com suas medições por terra. Insistentemente, quisera mapear as cabeceiras do Jarí, a pouca distância da Guiana Francesa, esta seria a "chave de ouro" para fechar seu plano, de colonizar o território francês pelo contingente nazista, que teriam o apoio da "coluna indígena". A França era dominada pela Alemanha em 1940, Heinrich Himmler foi o escolhido. A selva do Amapá e da Guiana Francesa, com baixíssima densidade demográfica, seria uma excelente opção para sê-la explorada como "colônia tropical".

2. CONTRIBUIÇÃO DO AMAPÁ NA SEGUNDA GUERRA


Em 1942, engenheiros, arquitetos e topógrafos norte-americanos, franceses e Ingleses começaram a construir a base militar do Amapá, local estratégico para a patrulha do Oceano Atlântico como proteção das Antilhas Holandesas, que poderiam abrir caminho para invasão alemã aos Estados Unidos. A base aérea foi o primeiro ponto de abastecimento das aeronaves americanas, com deslocamento até outra base no Brasil, como em Parnamirim (RN), local de partida os combates na Europa. Vinte e um aviões pousaram no município de Amapá durante as viagens até Natal. (ADEODATO, 2010).



2.1 - A CONSTRUÇÃO DA BASE AÉREA DE AMAPÁ


Pelo Decreto Federal nº 3.462 de 25 de julho de 1941, destinava-se a construção de bases aeronavais em Recife, Salvador, Fortaleza, Natal, Belém e nas proximidades do município de Amapá. Com o acordo entre Brasil e EUA, as bases facilitariam o envio de tropas, material bélico para os aliadas que estavam combatendo na África, garantiriam a segurança aos navios mercantes que transitavam pelo Atlântico Sul, enviar aviões de apoio aos navios de guerra no combate aos submarinos alemães e evitar o colapso da Grã-Bretanha.
O Decreto nº 14.431 de 31 de dezembro de 1943 declarava que para fins de utilidade pública, houvesse a desapropriação dos terrenos, pertencentes à Assaid Antônio Sfair, esta aérea estava medida em 6,09 milhões de metros quadrados, a 12 quilômetros do município de Amapá. Para o inicio da construção da base foram recrutados aproximadamente 5 mil homens sendo a maioria nordestinos. "enquanto que a mão-de-obra especializada como engenheiros, médicos, arquitetos, topógrafos na sua maioria era de origem estrangeira, todos comandados pela Marinha Americana até o final de 1945" (SOUZA, 1999, p. 144), citado por Paixão (2009).
Sendo algo espetacular para os moradores da região, a Base Aérea era toda construída em alvenaria, com 15 alojamentos para 4.000 trabalhadores, e para os soldados e oficiais, possuía também hospital, sistema de tratamento de água, casa de força, comércios, cinema e salões de festas. Bem diferente da cidade de Amapá que tinha apenas uma rua com algumas casas e não tinha energia e a infra-estrutura era precária.
Foram construídas pistas especiais e uma torre de ferro, para amarrar a proa do Zepelim à torre com cabos de aço, muitos homens foram contratados.


2.2 ? OS DIRIGÍVEIS


O primeiro dirigível a chegar ao Brasil de uso militar foi o K-84 em setembro de 1943, enviado para a base aérea de Fortaleza e pertencia à Ala de Dirigíveis da 4ª Esquadra. Eram chamados de "blimps" e dividiram-se em 2 esquadrões, sendo, o Esquadrão ZPN-41, com atuação nas bases aéreas de Amapá, Belém, São Luís e Fortaleza; e o Esquadrão ZPN-42, sediado em Maceió com operações também em Recife, Salvador, Vitória, Caravelas e Rio de Janeiro (Santa Cruz). Foram de fundamental importância no patrulhamento da costa brasileira por seu alto desempenho de permanência no ar (até 7 dias) e por serem silenciosos. Tinham a função de detectar submarinos, entretanto, no início da guerra tinham a missão de apoiar o salvamento das tripulações dos navios de guerra. Em seu interior a tripulação deveria usar sapatos especiais de lona, evitando faíscas em um possível atrito com os cabos que ficavam espalhados. Com a desativação da torre, os sapatos especiais foram aproveitados pelos trabalhadores brasileiros da companhia norte-americana.


2.3 ? A ECONOMIA


Muitas mercadorias vinham de Vigia, no Pará, como venda de farinha de mandioca. O gado de corte era fornecido pelos fazendeiros de Amapá, o coronel Arlindo, Vicente Sobrinho e outros. O "Uirapuru", um bar inaugurado por Armando Limeira de Andrade com novidades como uma mini sorveteria, jogo de bilhar, sistema de alto-falantes, que tocavam músicas que os norte-americanos ainda não conheciam como "Tico-tico no Fubá", era um dos sucessos. Aproveitando a presença norte-americana deram inicio à venda de animais tropicais que eram exportados, dentre as quais aves como o papagaio e até mesmo urubus recém-nascidos e macacos. Foi construído um cassino onde se apresentavam atores, cantores como Carmem Miranda, Grande Otelo, Dinamar e Dinamor, e um símbolo da música americana, o jazz.
2.4 ? A PROTEÇÃO DO ATLÂNTICO E COSTA BRASILEIRA


Quando começaram os combates, foram afundados 10 submarinos em toda a costa brasileira contra 16 navios mercantes foram perdidos. O navio Antonico foi torpedeado em 28 de setembro de 1942, 2 submarinos foram afundados: o U-590 e o U-662, próximo à costa do Amapá. O avião Catalina VP-94 saiu da Base Aérea de Amapá por ocasião do primeiro submarino ter sido avistado na superfície em 9 de julho de 1943. No combate contra o submarino o avião não resistiu ao fogo cerrado e um piloto norte-americano acabou morto, mas o co-piloto conseguiu levar a aeronave à base aérea Val-de-Cans, em Belém. Para que pudesse ter êxito na operação outro avião foi enviado de Belém.
Segundo Paixão (2009 apud SOUZA, 1999, p. 151) enfatiza que o U-590, que era comandado pelo 1º tenente Werner Krüer já havia torpedeado o navio "Pelotasloide" em 4 de julho, na barra de Belém. Já o U-662 foi destruído no dia 21 de julho de 1943, quando aguardava para atacar o comboio TF-2, que já havia perdido a posição de lançamento no dia 19. Assim, perseguindo o grupo de navios mercantes, foi logo avistado por um avião norte-americano no exato momento em que mergulhava. Dado o alarme, saiu o avião VP-94 da Base Aérea de Amapá que logo trocou tiros com o U-662, em seguida foi auxiliado pelo avião PBY americano e, juntos destruíram o submarino que estava a cem milhas do local. Ainda encontraram o U-590, avariado e comboiando. Nesse momento quatro homens, dentre eles o comandante Müller, foram recolhidos pelo PC-494.
Em abril de 1943, quando o tenente Robertson pilotava o avião 83-P-5, avistou um submarino na superfície, houve e um intenso combate. O piloto pediu reforços pelo rádio e um avião, o 83-P-12, comandado pelo capitão Bradford, recebeu a mensagem e despejou quatro bombas Mark-44 avariando e afundando, e em poucos minutos e uma camada de óleo marrom-escuro formou-se na água, havia trinta sobreviventes. O avião de Bradford continuou sobrevoando o local e lançou balsas salva-vidas, depois rumou para a Base Aérea de Natal com avaria nas asas.
No Bailique, dia 13 de maio de 1942, um sobrevivente foi resgatado. O sargento italiano e chefe de uma metralhadora antiaérea do submarino italiano Archimedi., falou que atuavam em Recife/Salvador, navegando sempre à superfície, deu a informação que nas docas de Bordeaux existiam 25 U-boats (barco navio) e 10 submarinos italianos, com submarinos alemães divididos em grupos de 3 ou 4 operando no litoral brasileiro.
Houve 76 contatos entre navios brasileiros e submarinos do Eixo. 38 ataques ocorreram em 1943, 14 em 1944 e 24 até o dia 31 de julho de 1945. Segundo Paixão (2009 apud Souza (1999)):


O Esquadrão VP-94 teve seu batismo de fogo em 9 de julho de 1943 quando decolaram ao meio-dia da base aérea de Belém para uma patrulha e avistaram um submarino a 200 milhas do Amapá e a nordeste de Belém. De início, a tripulação do Catalina PBY-3 não sabia realmente se era um U-boat ou um simples barco, mas a dúvida foi tirada assim que avistaram a torre de comando submergindo, então se prepararam para o combate e avistaram uma mancha no mar e imediatamente lançaram uma bóia para marcar a posição onde o submarino submergiu.


Os submarinos não impunham tanto medo após a organização dos comboios, que escoltavam os navios por toda a costa brasileira até Trinidad possibilitando o desembarque aliado na Itália em 1943 e o desembarque na Normandia, o que não durou muito para a derrota da Alemanha nazista, restando apenas o Japão.


2.5 ? O FIM DA SEGUNDA GUERRA E O LEGADO DA BASE AÉREA


Em 28 de abril de 1945, Mussolini foi capturado e executado, na Alemanha dois dias depois Hitler, suicidou-se, o Exército Vermelho conquistava Berlim, após a libertação de prisioneiros dos campos de concentração, mostrando ao mundo o Holocausto e o horror que causou onde foi implantado para a "limpeza" das raças. Os alemães renderam-se em 7 de maio de 1945, após a guerra a Alemanha foi dividida em quatro partes controlada pelos aliados, entretanto, ficariam separadas apenas em duas por um muro em Berlim, a capitalista e a comunista. No dia 9 de maio uma boa notícia foi divulgada, o "Dia da Vitória" havia chegado aos países que buscaram "libertação e paz".
Para finalizar de uma vez por todas a maior e mais sangrenta de todas as guerras, foram lançadas nos dias 6 e 9 de agosto, pelos norte-americanos as bombas atômicas em Hiroshima e Nagazaki, demonstrando toda destruição que elas poderiam causar a quem ousasse continuar com a guerra. Em 16 de novembro de 1945 o Brasil cessou as hostilidades com os países do Eixo, com a suspensão do Estado de Guerra entre o Brasil e o Japão através do Decreto nº 19.955. O Ministério da Aeronáutica ficou responsável pelas bases aéreas.
A Base Aérea de Amapá foi entregue em 1948, os norte-americanos enterraram máquinas imprestáveis e outros lixos de guerra, porém, foi criado um corpo de guarda para fazer a vigilância da área devido ao material bélico que havia ficado. A Escola de Iniciação Agrícola do Amapá foi abandonada, os habitantes das proximidades conheceram novos modos de vida e novas técnicas, apenas os habitantes mais antigos continuavam sonhando com o papel histórico, por abrigar a elite social/política do território amapaense. Houve a tentativa de transferir a sede do município de Amapá para a base devido à estrutura propícia ao desenvolvimento de uma cidade.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


As mudanças que ocorreram na década de 40 ao município de Amapá, tornando-o fonte de investimentos pelo capital estrangeiro com os acordos internacionais, tendo como objetivo principal torná-lo ponto estratégico na colaboração dos Aliados, contra a tentativa de dominação mundial pelos países do chamado Eixo, sob a liderança doentia de Adolf Hitler. Esta implantação da Base Aérea de Amapá fez de uma pequena cidade afastada da capital Macapá, onde confirmo a hipótese de sua importância, de que foi uma das maiores contribuições para a vitória dos aliados. Relembrando os combates que ocorreram próximo a costa amapaense, do qual saíram várias aeronaves para o enfrentamento de submarinos e U-boats, que tinham a missão de impedir o envio de forças expedicionárias para África e outros países da Europa. E que acabou frustrada graças às bases que foram instaladas no percurso do litoral brasileiro.
Contudo, porém, com a saída dos norte-americanos e seus investimentos, restaram apenas as lembranças dos moradores mais antigos que viram de perto todo o progresso e o descaso que se deixou aumentar devido à falta de valorização para com aquela cidade, de sua importância no cenário nacional e com toda a certeza mundial.


REFERÊNCIAS


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SIGNIER, Jean-François; THOMAZO, Renaud. Sociedades Secretas. Vol.III ? Sociedades Secretas e Políticas. Tradução: Ciro Mioranza. São Paulo: Larousse, 2008. p. 204-205.


BARSA, Enciclopédia. Guerra Mundial, II. Volume 8. São Paulo: Companhia de melhoramentos de São Paulo. 1995. p. 398 - 415.


FURUNO, Daniel John. BBC REVISTA HISTÓRIA. 2ª Guerra Mundial: Por dentro do mais tenebroso capítulo da história. edição 11ª. Rio de Janeiro: Editora Tríada, 2010. 82 p.


BAMPFIELD, Andrew (Esc.). II Guerra Mundial: Dia D. DVD-ROM produzido por BBC, Discovery Channel, et al. Tradução: Aventuras na História. Edição 3. Manaus: Editora Abril, 2006.


GOMES, Beto; CASTRO, Márcio Sampaio de. Revista Aventuras na História; Grandes Guerras. Segunda Guerra: O Brasil em armas. Edição 13. São Paulo: Editora abril, set. 2006.


RIBEIRO, Flávia; VARSANO, Fábio. Revista Aventuras na História. Grandes Guerras. O dia D: A batalha da Normandia. Edição 21. São Paulo: Editora abril, fev. 2008.


PAIXÃO, Fabio. A Sombra da Segunda Guerra Mundial Alcança A Amazônia. Publicado em 20/12/2009. Disponível em: . Acesso em 3 dez. 2010.


FÜLLGRAF, Frederico. Revista Brasileiros. Nazistas na Amazônia. Artigo publicado em 21 de abril de 2009. Disponível em:


ADEODATO, Sérgio. Herança de guerra: Amapá guarda ruínas da base militar americana que defendeu o Atlântico e protegeu a entrada da Amazônia na 2a Guerra Mundial. Revista Horizonte. Disponível em: < http://planobrasil.com/2010/10/28/amapa-guarda-ruinas-da-base-militar-americana-que-defendeu-o-atlantico-e-protegeu-a-entrada-da-amazonia-na-2a-guerra-mundial/. Acesso em 6 dez. 2010.

Autor: Jean Kelson Costa Do Carmo


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