Do Tejo ao Prata - 14 - Um Passeio Pela História



A PROVÍNCIA CISPLATINA
Após os descobrimentos, o Império Espanhol controlava quase toda a zona costeira das Américas no Atlântico e no Pacífico, com exceção da área delimitada pelo Meridiano de Tordesilhas, pertencente a Portugal, desde o Alasca à Patagônia, incluindo a América Central, o Caribe e a Argentina, dividindo-as nos quatro Vice-Reinos da Nova Espanha, Nova Granada, Peru e Rio da Prata e nas sete Capitanias Gerais da Guatemala, Chile, Santo Domingo, Porto Rico, Cuba, Yucatán e Venezuela, de altíssimo poder bélico, sujeitas a ataques de piratas e corsários.
A região ao sul do Brasil denominada Província Cisplatina ou Província Oriental, atual Uruguai, fazia parte do Vice-reinado do Rio da Prata, mas foram os portugueses quem primeiro navegaram por aquelas águas, de sorte que Américo Vespúcio pensava haver uma passagem ao Sul do continente americano para o oriente. Acredita-se que ele tenha sido o primeiro europeu a tocar a Província, em 1501.
Em 1514, foi a vez de Estevão Fróis e João de Lisboa, com duas caravelas e setenta homens ultrapassarem os limites do Meridiano de Tordesilhas e descobrirem a foz do Rio da Prata. Em janeiro de 1520, Fernão de Magalhães contornou o Cabo de Santa Maria e no dia 10 avistou uma colina à qual deu o nome de Montevidi, futuramente Motevidéu. Cristóvão Jacques descobriu o Rio Paraná, em 1521. Em 1527, Sebastião Caboto explorou os rios Paraná e Uruguai e fundou o Forte de San Salvador na confluência dos rios Uruguai e San Salvador, destruído pelos índios charruas, em 1529. Martim Afonso de Souza recebeu ordens para explorar a região, em 3 de dezembro de 1530, mas naufragou no estuário do Prata, em 21 de outubro de 1531. Outros navegadores tentaram conquistar a região, mas foi em 1679 que Portugal determinou ao governador do Rio de Janeiro, D. Manuel Lobo, fundar uma fortificação na margem esquerda do Rio da Prata. No desejo de expandir os negócios, os comerciantes auxiliaram e a 22 de janeiro deram início ao estabelecimento da Colônia do Santíssimo Sacramento, fronteiro a Buenos Aires, na margem oposta.
Os espanhóis colonizavam a América do Sul, vindos dos Andes, e a partir de 1554 fundaram as "reduções" jesuíticas nas bacias dos rios Paranapanema, Ivaí, Tibagi, Piquiri e Paraná, mas, a partir de 1620, os bandeirantes vindos de São Paulo infiltraram e destruíram os "pueblos", escravizaram os índios e a região do Guaíra esteve quase totalmente no domínio português.
Em 1627, ao sul do Mato Grosso, houve o maior massacre de índios da história. Nos dois anos que se seguiram, por ódio aos jesuítas, Antonio Raposo Tavares, Manuel Preto, Antonio Pedroso, Pedro Vás de Barros, Brás Luna e André Fernandes, devastaram a região, com a conivência do governador do Paraguai, D. Luís de Céspedes e Xérias, cujo extermínio ocorreu em 1638.
De 1580 a 1640, Portugal esteve sob o domínio da Espanha e os desentendimentos entre os dois países atravessaram um período de tréguas e parcerias. Com a independência de Portugal, de parceria com indígenas, os espanhóis reagiram na retomada da província.
Marcos José de Garro Senei de Artola, governador de Buenos Aires, conquistou o núcleo entre 7 e 8 de agosto de 1679, no episódio que ficou conhecido como Noite Trágica. Negociações foram feitas e a Colônia foi devolvida a Portugal pelo Tratado de Lisboa, em 7 de maio de 1681, impedindo-o de construir fortificações ou casas de taipa, mas apenas repará-las e erguer abrigos.
Em 1680, Portugal fundou a Colônia Del Sacramento, primeiro assentamento europeu no Uruguai, tomou posse em 23 de janeiro de 1683 até 1705, retomada pela Espanha até 6 de fevereiro de 1715, quando houve o Segundo Tratado de Utrecht, definindo-a como limite sul da Coroa portuguesa. A partir de 1707, os espanhóis iniciaram o que hoje é chamado de "Os Sete Povos das Missões", no Rio Grande do Sul. O primeiro foi São Francisco de Borja, atual cidade de São Borja, onde nasceu Getúlio Vargas, seguida de São Luiz Gonzaga, São Nicolau, São Miguel Arcanjo, São Lourenço Mártir, São João Batista e Santo Ângelo Custódio.
De 3 de outubro de 1735 a 2 de setembro de 1737, novamente os espanhóis atacaram a Colônia, quando foi assinado um armstício. Visando conquistar Montevidéu, Portugal fundou a Colônia do Rio Grande de São Pedro, na Lagoa dos Patos. O Tratado de Madrid de 13 de janeiro de 1750 dava poderes a Portugal dispor da Colônia em troca das Missões Orientais até o Rio Ibicuy e o Rio Uruguai, mas os padres e os índios não queriam deixar as reduções nem os portugueses queriam deixar Sacramento, o que culminou em conflitos armados, na Guerra dos Guaranís. A seguir, veio a campanha difamatória contra os jesuítas e a Companhia de Jesus foi expulsa das terras portuguesas, em 1759, e das espanholas, em 1767. Portugal então decidiu integrá-las à Região Sul com as Capitanias de Santa Catarina e de São Paulo. Em represália, os espanhóis deram apoio aos jesuítas das Missões e destruíram Montevidéu para isolar a Colônia do Sacramento do Sul do Brasil.
Pelas dificuldades encontradas, o Tratado de Madrid foi substituído pelo Tratado de El Pardo, em 12 de fevereiro de 1761. No mesmo ano, houve o Pacto de Família, unindo os Bourbon da França, Espanha, Nápoles e Parma, que aumentou a tensão entre Portugal e Espanha.
A Colônia estava em posses portuguesas, e a Espanha invadiu em 30 de outubro de 1762, devolveu no ano seguinte, pelo Tratado de Paris, voltando a invadir em 30 de maio de 1777 e a ilha de Santa Catarina em 3 de julho. O território pertencente à Espanha ao este do rio Uruguai chegava à indefinida linha do Meridiano de Tordesilhas, que de acordo com a opinião espanhola passava pela ilha Cananéia, mas Portugal situava-a mais ao oeste do rio Uruguai, porém o Tratado de Santo Ildefonso resgatou o Tratado de Madrid, cedendo a Colônia do Sacramento, o Território das Missões e parte do Rio Grande do Sul à Espanha e a ilha de Santa Catarina a Portugal.
Em 19 de junho de 1764, nascia em Montevidéu José Gervásio Artigas, terceiro filho do capitão Martin José Artigas e de Antônia Pascual, futuro político, militar e herói nacional do Uruguai.
Em 24 de junho de 1784, filho dos espanhóis Manuel Perez de La Valleja e Ramona Justina de La Torre, nascia em Santa Lucía, Juan Antonio Lavalleja y de La Torre, futuro lider dos 33 orientais e presidente do Uruguai, em 1853.
Quatro anos depois, em 23 de setembro de 1788, filho do alferes português Joaquim Gonçalves da Silva e Perpétua da Costa Meirelles, em Triunfo, no Rio Grande do Sul, nascia Bento Gonçalves da Silva, que seria um dos líderes da Revolução Farroupilha com objetivos separatistas, na busca da independência da província, do Império brasileiro.
Em 1800, Portugal deu início à política expansionista com populações ao longo da fronteira do Rio Grande do Sul, e as Missões Orientais foram divididas pelos rios Ibicuy e Yaguarón e lagoa Merín. Em 27 de fevereiro de 1801, auxiliada pela França, a Espanha declarou guerra a Portugal e em 6 de junho assinaram o Tratado de Badajóz, que concedeu a Portugal a posse das Missões e a fronteira na linha Quaraí, Jaguarão, Chuí.
No início do século XIX, o Uruguai era conhecido como Banda Oriental del Uruguay, por estar na faixa leste do rio Uruguai, sempre disputada pelo Brasil que pertencia a Portugal e pela Argentina, pertencente à Espanha.
Em 1797, José Gervásio Artigas ingressou no Regimento de Lanceiros como tenente e, em 1801, no Prata, durante a guerra hispano-portuguesa, combateu os ingleses aliados dos portugueses. Na época, surgiu o movimento de libertação das colônias espanholas e Artigas foi nomeado tenente-coronel pela Junta de Buenos Aires. Em 1803, foi nomeado "Guardiã Geral de La Campana", mas foi em 1810 que seu espírito revolucionário aflorou, quando passou a defender o idealismo da Revolução dos Orientais.
Em 1808, a Família Real já estava no Brasil e iníciou-se o movimento de libertação das colônias espanholas do México a Montevidéu, como reação à guerra entre Portugal e Espanha. José Gervasio Artigas político e militar uruguaio, futuro herói nacional, havia ingressado em 1797 no Regimento de Lanceiros do Exército Português como tenente, aderiu ao movimento e combateu os ingleses aliados de Portugal, no Prata, sendo nomeado tenente-coronel pela junta de Buenos Aires. Em 1810 muitas colônias espanholas tinham-se emancipado e após a de Buenos Aires, foram criadas as Províncias Unidas do Rio da Prata. Nos anos seguintes, em 1811 e 1812, as forças portuguesas e espanholas se juntaram para repelir os guerrilheiros argentinos sob o comando de Artigas, na ação denominada Primeira Campanha Cisplatina. Diogo de Sousa formou um exército com rio-grandenses de 16 a 40 anos, entrou em Paissandu em 2 de maio de 1812 e, com Bento Manuel Ribeiro, Francisco das Chagas Santos e o capitão José de Abreu arrasaram São Tomé e destruiram a vanguarda de Artigas, composta de índios guaranis. Na campanha tiveram batismos de fogo Bento Gonçalves, nascido a 23 de setembro de 1788, com 24 anos, para quem os pais desejavam a carreira eclesiástica, Antero José Ferreira de Brito e David Canabarro, futuros Farroupilhas.
Nomeado tenente-general por Buenos Aires, em 1811, derrotou os espanhóis na batalha de San José e no dia 18 de maio derrotou-os novamente em Las Piedras. Sitiados em Montevidéu, os espanhóis receberam reforços dos portugueses e conseguiram repelir as forças de Artigas, que permaneceram na região com a prática de guerrilhas. Em 1813, Artigas trocou o nome da região leste do Rio da Prata de Banda Oriental para Província Oriental, por estar situada na margem leste ou oriental do Rio da Prata. Desentendeu-se com o governo de Buenos Aires e foi para o interior, dedicando-se ao comércio de couro e gado.
Em 12 de março de 1814, o duque de Angoulême sobrinho de D. Luís XVIII, que se encontrava na Inglaterra, navegou para Bordéus, na França, e sua entrada na cidade foi o início da derrota de Napoleão Bonaparte e o resgate da dinastia dos Bourbon.
Restaurada a dinastia na Espanha, em 1815, o Brasil foi elevado à categoria de Reino, unido ao de Portugal e Algarves. Receiando a formação de um bloco político espanhol no Rio da Prata, em junho de 1816, pela morte de Dona Maria I, el Rei D. João enviou a Divisão dos Voluntários Reais comandados pelo general Carlos Frederico Lecor, primeiro e único barão de Laguna por Portugal e primeiro barão com grandeza e visconde com grandeza de Laguna pelo Brasil, contra Artigas, tomando Montevidéu em 1817. Entre 1816 e 1821, o futuro Faroupilha Onofre Pires da Silveira Canto combateu com o Regimento de Cavalaria de Milícias de Porto Alegre.
Em 9 de julho de 1816, foi realizado em Buenos Aires o Congresso de Tucumán que criou a República Argentina, com o objetivo de oficializar a proclamação da independência e organizar a constituição. Entusiasmadas com o sucesso, as outras colônias espanholas deram início ao movimento de libertação, de cujo cenário ressurgiu a figura de José Gervásio Artigas. Em 04 de janeiro de 1817, após o Congresso de Tucumán, voltou a guerrear contra os portugueses e espanhóis que invadiram a Banda Oriental, dando início a um período de guerrilhas que durou três anos. Como Artigas continuava com as guerrilhas, a vitória portuguesa somente se tornou definitiva na batalha de Tacuarembó, em 1820. Artigas não resistiu e asilou-se no Paraguai, onde viveu ainda por trinta anos.
No governo do Príncipe D. Pedro, a Província Oriental estava devastada, a desordem assolava e assim a região foi incorporada por Lecór ao Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, em 16 de abril de 1821, com Tratado assinado em 31 de julho, pouco antes de D. João VI retornar para Portugal com a Família Real.
Em 31 de julho de 1821, Lecor reuniu um Congresso e anexou-a ao Reino Unido de Brasil, Portugal e Algarves, com o nome de Província Cisplatina. Depois da Independência do Brasil, comandou as nossas forças contra a Divisão dos Voluntários Reais que antes comandava, pois pertenciam à Coroa portuguesa. A partir de janeiro de 1823, as Províncias Unidas do Rio da Prata propuseram a "restituição da Banda Oriental", mas encontraram resistência por parte de D. Pedro I. Em 1824, promovido a tenente-general, Lecor administrou a Cisplatina até 3 de fevereiro de 1826, substituído pelo tenente-general Francisco de Paula Magessi Tavares de Carvalho, futuro barão de Vila Bela. Entretanto, o povo da província de colonização espanhola jamais se sentiria de fato integrado ao Brasil. A língua e os costumes herdados da Espanha impediam a integração. Assim, os argentinos exigiam a reintegração como parte do antigo Vice-reinado, mas o Império brasileiro a mantinha como necessária para a defesa das províncias do Sul. Muitas lutas e articulações foram feitas pelo general Carlos Frederico Lecór que esteve à frente das negociações, no governo de Montevidéu e depois do resto do território oriental. A Coroa portuguesa exigia a anexação da província por estar do mesmo lado do Rio da Prata e servir de defesa. Desta forma, em 1822, após a independência do Brasil, passou a pertencer ao império.
Em 18 de abril de 1825, os Trinta e Três Orientais Agustín Velásquez, Andrés Cheveste, Andrés Spikerman, Atanasio Sierra, Avelino Miranda, Basilio Araújo, Carmelo Colman, Celedonio Rojas, Dionisio Oribe, Felipe Carapé, Francisco Lavalleja, Gregorio Sanabria, Ignacio Medina, Ignacio Núñez, Jacinto Trápani, Joaquín Artigas, Juan Acosta, Juan Antonio Lavalleja, Juan Ortiz, Juan Rosas, Juan Spikerman, Luciano Romero, Manuel Freire, Manuel Lavalleja, Manuel Meléndez, Manuel Oribe, Pablo Zufriategui, Pantaleón Artigas, Ramón Ortiz, Santiago Gadea, Santiago Nievas, Simón del Pino e Tiburcio Gómez, do movimento pró libertação da Província Cisplatina do Império brasileiro, comandados por Juan Antonio Lavalleja y de la Torre, que havia combatido contra os portugueses e brasileiros junto a Artigas, embarcaram em San Isidro no Rio da Prata, e desembarcaram no Arenal Grande no dia seguinte, onde desfraldaram a bandeira vermelha, azul e branca, usada desde o tempo de Artigas, em parceria com o General Fructuoso Rivera, financiados por Buenos Aires, através de Juan Manuel de Rosas que facilitou grande parte do dinheiro. Vale ressaltar que nem todos eram orientais, tendo em vista que vários deles eram argentinos e outros paraguaios. A ação despertou o interesse dos estancieiros, deixando o domínio brasileiro restrito às zonas urbanas.
Em 23 de agosto de 1825, foi organizado o movimento de libertação nacional do Uruguai e sua anexação às províncias argentinas, contra a política agrária em favor dos grandes proprietários de Montevidéu e do Brasil. No dia 25, no Congresso de Florida, foi declarada a independência, para juntar-se às Províncias Unidas do Rio da Prata, sob a aprovação do governo de Buenos Aires. No Rio de Janeiro, o embaixador Filipe Leopoldo Wenzel, Barão de Mareschal, da Áustria, propôs a intervenção britânica em busca da paz. A 12 de outubro, Bento Gonçalves da Silva, com 37 anos, comandou a cavalaria na batalha de Sarandi contra as Províncias Unidas, e o consulado brasileiro foi atacado em Buenos Aires no dia 29.
A Inglaterra sugeriu a independência da Província em fevereiro de 1826, mas D. Pedro I recusou e foi considerado inimigo da Grã-Bretanha, a qual chegou a temer uma aliança franco-brasileira e a oposição à política do Império cresceu. Em 24 de maio, os ministros das Fazendas da Argentina D. Manuel José García Ferreyra e do Brasil João Severiano Maciel da Costa, marquês de Queluz, assinaram um Tratado de Amizade que foi mal recebido em Buenos Aires. Naquele ano, faleceu a Princesa Leopoldina e D. Pedro entregou a Lecor o comando das tropas brasileiras, nomeando-o comandante em chefe do Exército do Sul a 11 de março. Em 26 de novembro, Lecor foi substituido pelo marechal Felisberto Caldeira Brant Pontes de Oliveira Horta, marquês de Barbacena, mas retornou em 22 de janeiro de 1828, permanecendo até o final da guerra.
Em 1825, no Reinado de Dom Pedro I, surgiu um movimento de libertação, porque os habitantes da Cisplatina não aceitavam pertencer ao Brasil, devido aos idiomas e costumes diferentes. Eles se organizaram para declarar a independência, liderados por Juan Antonio Lavalleja e da Torre. A Argentina ofereceu força política, alimentos e armas, mas na realidade, pretendiam anexar a Cisplatina, logo que se libertasse do Brasil. Dom Pedro I declarou guerra à Argentina e ocorreram muitos combates, que abalaram os cofres da Coroa, sem o apoio dos brasileiros, pois sabiam que refletiria nos impostos a serem pagos.
No transcurso das batalhas, destacava-se a figura de Bento Gonçalves em Sarandi, a 12 de outubro de 1825, e em 20 de fevereiro de 1827, na batalha do Ituizangó ou batalha do Passo do Rosário, dando cobertura às tropas brasileiras, sendo promovido a coronel de guerrilhas. De 1825 a 1828, Brasil e Argentina lutaram pela posse daquelas terras. Entre 11 e 27 de agosto de 1828, assinaram uma "Convenção Preliminar de Paz", na qual a Província Cisplatina tinha sua independência reconhecida pelos dois países. No dia seguinte, o Brasil assinou com as Províncias Unidas do Rio da Prata o Tratado do Rio de Janeiro ratificado em 4 de outubro, acordando que a província estaria definitivamente independente e, se necessário, combateriam para assim permanecer, enquanto o Brasil recuperava o Território da Missões. A Inglaterra que tinha interesses econômicos na região, atuou como mediadora e o tratado foi firmado antes do retorno de D. Pedro I para Portugal.
Pelos bons serviços prestados, D. Pedro I entregou o comando do 4° Regimento de Cavalaria a Bento Gonçalves. Em 1829, nomeou-o coronel do Estado-Maior no comando do 4° Regimento de Cavalaria de Linha e depois da fronteira sul.
A província recebeu o nome oficial de República Oriental do Uruguai, depois de promulgada a constituição, em 1830, tendo sido eleito presidente Don Fructuoso Rivera, rival de don Juan Antonio Lavalleja, donde surgiram os partidos políticos Blanco, de Lavalleja, e Colorado, de Rivera, cuja rivalidade respingaria mais tarde na Guerra dos Farrapos, no Brasil.
Lavalleja tentou assumir o poder à força, quando descobriu que Rosas, ditador da Argentina estava disposto a ajudá-lo financeira e militarmente.
A partir de 1832, começou também a receber ajuda militar do Brasil com munições, armas, mantimentos e homens, através do coronel Bento Gonçalves da Silva. Rivera levou ao conhecimento de Manuel de Almeida Vasconcelos, encarregado de negócios do Império do Brasil, em Montevidéu, em setembro, o qual denunciou as atividades de Bento Gonçalves, inclusive com o propósito de integrar a provívicia do Rio Grande do Sul à Argentina. O governo brasileiro estava com dificuldades e detreminou que Bento Gonçalves não se envolvesse nas questões externas, mas em 1834 ele invadiu o Uruguai em companhia de Lavalleja, com 111 brasileiros e 50 uruguaios.
Em 1834, Bento Gonçalves foi acusado de rebeldia e conspirar para a emancipação do Rio Grande do Sul em parceria com Juan Antonio Lavalleja. Absolvido na Corte, foi recebido com júbilo, mas destituído do Comando Militar da Província do Rio Grande. Eleito deputado provincial em 1835, a 20 de abril, na seção de instalação da Assembléia Provincial, foi acusado pelo presidente da província Antonio Rodrigues Fernandes Braga de conspirar para a emancipação do Rio Grande do Sul.
Em 1835, Don Manuel Oribe assumiu a presidência do Uruguai fazendo oposição a Bento Gonçalves e Lavalleja, e disse a Vasconcelos que Rosas estava apoiando Bento Gonçalves. O Ministro oficiou ao governo brasileiro do acordo, mas Bento Gonçalves iniciou a rebelião que foi chamada de Farroupilha e três anos depois Oribe desistiu de ser aliado de Rivera e aliou-se a Rosas, Lavalleja e Bento Gonçalves. Rivera iniciou uma revolta mas foi derrotado, aliou-se aos farroupilhas e invadiram o Uruguai. Com a derrota, Oribe renunciou da presidência e foi para a Argentina.
No processo de libertação, o Paraguai foi emancipado em 1813, a Argentina em 1816, o Chile em 1818, o Brasil, o México e Nova Granada em 1822, Guatemala, San Salvador, Honduras, Costa Rica e Nicarágua em 1823 e a Bolívia em 1825.


Autor: Raul Santos


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