Do Tejo ao Prata - 15 - Um Passeio Pela História



A REGIÃO SUL

PARANÁ
O Paraná no início foi colonizado pelos Jesuítas espanhóis. Domingo Martínez de Irala, Governador do Paraguai, fundou Ontiveros, em 1554, a uma légua do Salto das Sete Quedas. Mais tarde, a três léguas de Ontiveros, fundou a Ciudad Real del Guayra, na confluência do Rio Piquiri, e em 1576, foi fundado à margem esquerda do rio Paraná, a Vila Rica do Espírito Santo. Com três cidades e diversas "reduções" ou "pueblos" a regiao foi promovida ao status de Província Real del Guaíra. No século XVII, os bandeirantes paulistas faziam incursões pelo território, capturando índios para escravidão, e, em 1629, tinham devastado os estabelecimentos Jesuitas, exceto Loreto e Santo Inácio. Vila Rica, o último reduto capaz de oferecer resistência, foi sitiado e devastado por Antonio Raposo Tavares, em 1632, mas somente em 1820, o Paraná passou definitivamente para o domínio da Coroa portuguesa, integrando a província de São Paulo e conhecido como "Comarca de Curitiba".
No século XVII, foi descoberta uma região aurífera, responsável pelo imediato povoamento do Paraná. Com o descobrimento das Minas Gerais, o ouro perdeu a importância e os fazendeiros se dedicaram à pecuária.
No fim do século XIX, a erva mate criou uma nova fonte de riqueza para a região e com as estradas de ferro que ligaram a região da araucária a São Paulo ocorreu novo crescimento.
A partir de 1850, o governo provincial de São Paulo empreendeu um amplo programa de colonização, especialmente de alemães, italianos, poloneses e ucranianos, que contribuíram decisivamente para a expansão da economia paranaense e para a renovação de sua estrutura social.

SANTA CATARINA
O Estado de Santa Catarina, foi batizado em 1514, de Ilha dos Patos pelos portugueses Nuno Manuel e Cristóvão de Haro. Um ano depois, em 1515, Juan Díaz de Solís, navegador espanhol e descobridor do Rio da Prata, deu o nome de baía dos "perdidos" às águas entre a ilha onde hoje fica a cidade de Florianópolis e o continente. Navegava na região, quando uma das caravelas separou-se das demais e, ao aproximar-se da ilha, na baía sul, naufragou. Onze sobreviventes dessa expedição foram bem recebidos pelos índios carijós cujas terras iam de Cananéia, no litoral de São Paulo à Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, com eles tendo iniciado intensa miscigenação. Viviam de caça, pesca e cultivo variado de milho, batata, mandioca e amendoins. Eram exímios tecelões de redes, esteiras e cestos, e trabalhavam objetos em pedra. Esses índios mantinham contato com os guaranis do interior do estado do Paraná e região do Paraguai, e por manterem intenso meio de comunicação através da rota do Peabiru, cujo destino era a região de Potosi, no império inca, despertaram interesse dos estrangeiros na procura da prata e do ouro. Ocupavam a região litorânea e tinham como limite pelo interior as matas habitadas por índios inimigos chamados botocudos ou guanana. Em 1526, Sebastião Caboto publicou os mapas referentes à sua expedição, no qual nomeou a Ilha de "porto dos Patos", mas o nome de Santa Catarina só aparece em 1529, no mapa-múndi de Diego Ribeiro. A costa catarinense até Laguna e dois terços da do Paraná formaram a capitania de Santana, doada a Pero Lopes de Sousa. No começo do século XVIII as terras foram compradas pela Coroa portuguesa, mas várias expedições espanholas, insatisfeitas, ficaram no estado, porém dois anos depois, rumaram para o Paraguai sob ameaça de ataques indígenas. O português Manoel Lourenço de Andrade, em 1658, criou a primeira fundação estável da costa catarinense e o paulista Francisco Dias Velho estabeleceu-se por volta de 1675, tendo erguido uma igreja em Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis. O também paulista Domingos de Brito Peixoto organizou uma bandeira para tomar as terras desabitadas ao sul e fundou, em 1676, Santo Antônio dos Anjos de Laguna. Apesar de pequena e pouco habitada, o local tornou-se o núcleo mais importante da costa catarinense no início do século XVIII, posição que entrou em decadência por causa da abertura do caminho entre as pastagens do Rio Grande do Sul e o planalto paulista, em 1728.
O primeiro município a ser criado na Capitania de Santa Catarina foi o de Nossa Senhora da Graça do Rio São Francisco do Sul, hoje São Francisco do Sul, no ano de 1660. Em 1714, foi criado o segundo, Santo Antônio dos Anjos da Laguna, atual Laguna. Em 1726, o município de Nossa Senhora do Desterro, hoje Florianópolis, desmembrava-se de Laguna. Pelos caminhos foram se fixando povoações em direção ao Rio Grande do Sul e, em 1770, Lages emancipava-se da Capitania de São Paulo, anexando-se à Capitania de Santa Catarina. À medida que as comunidades iam se formando, novos municípios iam se emancipando para norte, sul e oeste.

RIO GRANDE DO SUL
Na época dos descobrimentos, o Meridiano de Tordesilhas ligava onde hoje ficam as cidades de Belém, no Pará e Laguna em Santa Catarina. Em consequência, toda a Região Norte a partir da ilha de Marajó, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, metade dos Estados de Tocantins, Goiás e São Paulo e quase a totalidade da Região Sul, com excessão dos litorais do Paraná e de Santa Catarina, pertenciam à Espanha. Até o fim do século XVIII, a Região Sul era habitada por povos indígenas catequisados por jesuítas espanhóis, destacando-se os Sete Povos das Missões, cuja história vem sendo assimilada a partir de poucos anos. O Rio Grande do Sul era região fronteiriça aos domínios espanhóis situados na região platina e por estar fora do Tratado de Tordesilhas, nunca fora uma Capitania Hereditária. No entanto, desde o século XVI, o Rio Grande do Sul já constava dos mapas portugueses com o nome de Capitania d?El-Rei, porque Portugal tinha desejos de estender seus domínios até a foz do Rio da Prata, até porque, no século XVII, os bandeirantes percorriam a região em busca de tesouros e escravizando índios. Assim, a Coroa portuguesa elaborou uma Carta Régia dividind0-a em duas capitanias que iam de Laguna até o Rio da Prata, e as doou ao Visconde de Asseca e a João Correia de Sá, cuja validade foi fortalecida pela bula papal Romani Pontificis Pastoralis Solicituto, com a criação do bispado do Rio de Janeiro.
No Rio Grande do Sul, os jesuítas espanhóis criaram missões próximas ao rio Uruguai, mas, em 1680, foram expulsos, quando a Coroa portuguesa assumiu seu domínio, fundando a Colônia do Sacramento. Na sequência, os jesuítas espanhóis estabeleceram os Sete Povos das Missões, em 1687.
Em 1737, Portugal enviou uma expedição militar comandada pelo brigadeiro José da Silva Pais para garantir a posse das terras conquistadas. Para ser bem sucedido, construiu no mesmo ano um forte na barra da Lagoa dos Patos, origem da cidade de Rio Grande, ponto de partida para a colonização portuguesa no Rio Grande do Sul. Em 1742, construíram a vila que seria mais tarde Porto Alegre.
Em 1801, os sul-riograndenses dominaram os Sete Povos das Missões, incorporando-os ao território brasileiro e elevando-os a capitania, com sede localizada em Viamão.


Autor: Raul Santos


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