MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA NOS AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM: IMPORTÂNCIA PARA A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
Com o advento das novas tecnologias de informação e comunicação, a Educação a Distância (EaD) se desenvolveu de forma significativa. Estas novas tecnologias têm favorecido, cada vez mais, as interações de aprendizagem nos ambientes online. Apesar destes avanços, esta modalidade ainda é encarada como assunto polêmico no campo educacional, tendo em vista a situação de distância espacial entre professores e alunos.
Muito se tem discutido acerca do desenho didático dos cursos a distância, no intuito de buscar ferramentas mais avançadas que estimulem a participação do aluno, no entanto, pouca importância se tem dado à questão da mediação pedagógica no contexto da educação a distância e como as tecnologias podem ser aproveitadas no sentido de favorecer esta mediação.
Este estudo tem como objetivos: investigar os processos de participação e interação dos alunos no ambiente virtual de aprendizagem, em dois momentos: na presença e na ausência da mediação pedagógica; compreender como ocorre o processo de mediação pedagógica no contexto da EaD; verificar de que maneira as novas tecnologias podem contribuir para a mediação nos ambientes virtuais de aprendizagem;
Trata-se de uma pesquisa de natureza exploratória e de caráter qualitativo, cujos dados para subsidiá-la foram buscados no curso de especialização em EaD da UNEB ? Polo de Valença, no ano de 2010, especificamente em três fóruns de discussão e analisando o ambiente virtual utilizado no curso. A tabulação foi realizada nos meses de julho e agosto deste ano. Com o intuito de alcançar os objetivos propostos na pesquisa, o resultado das análises foi divido em duas categorias de contexto, que correspondem a: potencial das ferramentas disponíveis no ambiente; e nível de interação presente nos fóruns de discussão.
2 TECENDO OLHARES SOBRE A MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA NOS AMBIENTES VIRTUAIS: PERSPECTIVA TEÓRICA
Os referenciais teóricos integram tematizações sobre a mediação pedagógica e o uso das tecnologias, formação docente para atuar neste novo cenário, interatividade e aprendizagem colaborativa. O diálogo com Marco Silva (2002) permitiu um despertar a respeito do risco da possibilidade de transmissão de conteúdos empacotados, mesmo nos ambientes online. Os estudos de Belloni (2003), Palloff e Pratt (2004), entre outros, também contribuíram para a elaboração de um quadro teórico para sustentar a análise das linguagens e da mediação do tutor no espaço virtual.
Utilizamos o conceito de mediação na perspectiva de Masseto (2006) que discute, sobretudo, as relações entre as novas tecnologias e redefinição do papel do professor. De acordo com este teórico, o uso de novas tecnologias não significa que a figura docente terá que ser substituída, mas a construção de novos saberes é essencial para a aplicação efetiva destes meios de aprendizagem.
Neste sentido, o professor online precisa assumir uma postura reflexiva e investigativa sobre os vários aspectos constituintes do processo de ensino-aprendizagem, para que possa criar estratégias da mediação pedagógica que sejam significativas para o aprendizado do aluno.
3 PRINCIPAIS RESULTADOS
Ao analisar o nível de interação presente nos fóruns, verificou-se que os alunos interagiam com mais frequência e participavam de forma mais significativa nas discussões mediadas pelo tutor. Foi notória também a motivação dos alunos nestes instantes, quando havia troca de incentivos e construção do conhecimento entre todos.
Observando as ferramentas no ambiente virtual, notou-se que estas possibilitaram, a todo instante, o ato de mediar através dos diversos meios de comunicação síncrona e assíncrona disponíveis. No entanto, a falta de direcionamento nas discussões e acompanhamento do tutor virtual foram os principais fatores limitantes à interatividade, à participação crítica, em vários momentos do curso.
Os resultados obtidos denunciaram como a mediação do tutor contribui para que a aprendizagem significativa de fato aconteça na educação a distância. Nas análises, os alunos investigados demonstraram angústia e falta de motivação quando o tutor se fazia ausente nas discussões. Em um dos fóruns pesquisados, não houve participação do tutor e a participação dos alunos foi meramente individual, vazia e aconteceu com maior frequência quando o prazo estava se esgotando.
Diante do exposto, conclui-se que, apesar do suporte oferecido pelo ambiente virtual e pelas novas tecnologias nele disponíveis e apesar da interação com os colegas, o processo de participação e aprendizagem significativa do aluno na educação a distância ainda está condicionado à mediação pedagógica.
Os dados também indicam que os recursos de interação e comunicação disponíveis no ambiente apenas viabilizam a ação de mediação. Essa ação necessita de estratégias e de metodologias que se estabelecem a partir das relações interpessoais e da interação mútua do grupo, mediada pelo tutor.
É preciso, nessa caminhada, refletir e buscar novos paradigmas, ressignificar conceitos de educação e comunicação. É necessário criar propostas pedagógicas que incorporem as potencialidades das ferramentas disponíveis nos ambientes e favoreçam a mudança de postura em relação à construção do conhecimento e ao desenvolvimento de uma autonomia do educando.
4 REFERÊNCIAS
BELLONI, Maria Luiza. Educação a Distância. 4ª Ed. Campinas ? SP: Autores Associados, 2002.
MASETTO, Marcos T. Mediação pedagógica e o uso da tecnologia. In: MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos T., BEHRENS, Marilda Aparecida. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 14ª Ed. Campinas: Papirus, 2008.
PALLOFF, R. M.; PRATT, K. O aluno virtual: um guia para trabalhar com estudantes on-line. Porto Alegre: Artmed, 2004.
SILVA, Marco. O Professor online e a pedagogia da transmissão. Disponível em: www.saladeaulainterativa.pro.br/texto_0002.htm. Acesso em: 23 dez. 2009.
Autor: Jandira Oliveira Santos
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