Desilusão Beneficente



Conheço alguém que estava tendo um caso com um rapaz muito bonito, estudante de educação física, classe média, mas um tanto imaturo, talvez. Era uma relação extremamente sexual. Todos os encontros terminavam na cama. Paixão em grau máximo, pura magia (como dizia ele). Os encontros foram aumentando até que ele começou a dormir no apartamento dela e, consequentemente, levou alguns pertences e pequenas mudas de roupa. Tinha até uma camiseta que era a preferida dele.

Em pouco mais de um mês já estavam planejando o casamento. Escolheram a igreja, pensaram nos detalhes, conversaram com a família. Todas as amigas, ao mesmo tempo em que estavam felizes por ela, alertavam para o exagero e velocidade com que as coisas estavam se desenvolvendo. Ela passou até por suspeita de gravidez, achando tudo maravilhoso. Hoje ela imagina como seria se realmente tivesse acontecido. E não gosta nada.

Estávamos reunidas no bar da faculdade, filosofando e tomando café, no momento em que ela chegou. Já havia perdido as primeiras aulas.

"Dei tudo para um mendigo!" disse, puxando uma cadeira da mesa ao lado.

Não lembro exatamente o que desencadeou tanta raiva, mas ela juntou os pertences da grande paixão e doou para o primeiro mendigo que viu passar. Não estávamos em época de campanha do agasalho. Era verão ainda, temporada de amores quentes. A temporada terminou e o amor também. Quem saiu lucrando foi o mendigo que, de quebra, ganhou roupas novinhas e a camisa favorita do ex - futuro noivo. Isso que eu chamo de desilusão beneficente. Se todos nós aproveitássemos as desilusões para realizar uma boa ação...


Autor: Raquel Corrêa


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