O MEDO que nos visitava nas noites de infância agora anda ao nosso lado



Quem pode afirmar que não se lembra de ter passado por algum medo em sua infância. Era por histórias do "bicho papão", por contos de terror, por uma roupa ou uma cortina gerando uma sombra e assumindo o formato dos mais assustadores monstros imaginários ou bruxas além é claro, do acordar repentino para fugir de um terrível pesadelo.
Éramos refém de nosso próprio medo criado em fantasia e não havia argumento suficiente que pudesse nos tranqüilizar, além de pequenos cuidados e estratégias adequadas, tais como cobrir a cabeça, dormir com a luz acesa e, se fosse muito assustador, buscar refúgio embaixo da cama, no armário ou no quarto dos pais. Era necessário, estávamos convictos de que daquela noite não passávamos. Com o passar dos anos, esse medo criado em fantasia vai se atenuando até tornar-se uma alegre lembrança dos tempos de criança e parte da nossa história de vida.
Havia histórias reais do cotidiano da vida que também provocavam medo, mas talvez não com tanta freqüência e descaramento como os de agora. Eram os casos de roubo, assalto a mão armada, crimes de todos os tipos como os de hoje, desavenças entre crianças na escola, atropelamentos, pedofilia, estupros, abuso sexual de crianças, etc.
O aumento da criminalidade hoje é decorrente do aumento da população e das causas já conhecidas pobreza e a desigualdade social. O diferencial é que o crime se modernizou, informatizou e seus praticantes são, em sua grande maioria, jovens.
O que assusta não é a variação estatística dos índices de violência no país, mas sim a variação da faixa etária envolvida na prática dessa violência e algumas novas modalidades que ultrapassam qualquer tipo de barreira e respeito ao poder público, as leis e aos cidadãos. Parece não haver mais um lugar totalmente seguro, quer seja dentro do seu carro em uma rodovia, estrada, trânsito urbano, em bares, em restaurantes, em sua casa, em seu prédio e até mesmo em escolas e em empresas.
Estamos reféns da violência, e, novamente com medo, em nossa própria casa.
As experiências do passado ajudam a lidar com esta situação, no entanto, o que mais aterroriza as pessoas e famílias não é só a insegurança e o medo de serem atacadas dentro de sua propriedade, carro ou empresa, mas a possibilidade de que o jovem que vá entrar em cena possa ser o seu próprio filho. Este é o pior de todos os medos.
Que saudades da nossa infância, pois, o medo era apenas uma visita em nossas noites e hoje ele anda ao nosso lado.

Autor: Nadir Sebastião Reis De Brito


Artigos Relacionados


Cultura Do Medo

Meus Medos

A Coragem E O Medo

O Medo... O Sonho...

Terror Online?

Velhos Medos

Homens X Violência