Uns e outros




Uns e outros

Uns apagando o fogo, outros ardendo na fogueira.
Uns apagados em si, outros cegos pela luz de seus próprios egos.
Uns iluminados até as pontas do dedo, outros atolados até a raiz dos cabelos.
Uns urram de dor, outros esmurram o amor.
Uns petrificados no medo, outros apaziguados no seio do horror.
Uns fantasiados em fantasias baratas, outros se identificam mesmo é com as baratas.
Uns uns pobres coitados, outros bem sucedidos desolados.
Uns querem absolutamente tudo, outros se contentam com nada.
Uns ilhados no mundo, outros soltos rodopiando à deriva no espaço.
Uns percebem a vida, outros a vida os perseguem.
Uns flutuam tentando escapar de seus corpos, outros mergulham no vazio de seus próprios olhos.
Uns de bem com a vida, outros soturnos e sombrios como a morte.
Uns afundados em seus próprios passos, outros flutuam mesmo todo remendado.
Uns esgotados à conta gotas, outros transbordam levando tudo à banca rota.
Uns se acham no céu, outros se encaixam no inferno.
Uns perdidos em suas próprias pegadas, outros farejam rastros além dos muros assombrados.
Uns do bem, outros do bem mal.
Uns anjos da guarda, outros são assassinos natos.
Uns não têm o que comer, outros comem em vista de morrer.
Uns vivem das guerras, outros morrem sacrifícados pela paz.
Uns não fogem da briga, outros brigam para fugirem das brigas.
Uns tem sina, outros adoram sinos.
Uns ensinam, outros desafinam.
Uns com a verdade não faltam, outros mentem em nome da verdade.
Uns obedecem outros, outros desobedecem a todos.
Uns cantam, outros berram.
Uns silenciam-se, outros gritam aos quatros ventos.
Uns iluminados, outros agonizados.
Uns certos, outros errantes desertos.
Uns se encontram, outros desnorteados se afastam.
Uns um, outros todos.
Uns outros, outros um.

Autor: Cesar Valerio Machado


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