Comida E Corpo: A Mesa Expondo Um Estilo De Vida Adventista



Sempre achei interessante o fato de muitos adventistas de Belém comentarem que há quatro igrejas adventistas: a Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD), a Igreja Adventista da Promessa, a Igreja Adventista da Reforma[2] e a Igreja Adventista do Marco[3]. Esta última, por ser considerada "igreja de rico" e carregar a fama de "liberal" agrega pessoas de um nível sócio-econômico considerado superior às demais no estado e é formada, em parte, por muitos estudantes universitários e por pessoas com formação acadêmica de nível superior, inclusive alguns professores e médicos ligados às escolas adventistas da cidade e ao Hospital Adventista de Belém.

Os primeiros missionários adventistas vieram dos Estados Unidos para o Brasil em 1891 e suas idéias eram transmitidas através de folhetos e revistas que ingressavam nas colônias de imigrantes alemães e austríacos, nos estados de São Paulo, Santa Catarina e Espírito Santo. A IASD foi iniciada oficialmente no Brasil em 1895, com o batismo de Guilherme Stein Jr., na cidade de Piracicaba, estado de São Paulo. No estado do Pará, os primeiros missionários chegaram no início do século XX e a Igreja Adventista do Marco, fundada no início do século passado conta hoje com mais de 1.000 membros, sendo a maior no estado do Pará e em toda a região norte do Brasil.(Vieira: 1995)

Esses missionários trouxeram consigo uma visão de mundo estrangeira e com ela um estilo próprio de se alimentar que foi introduzido em solo paraense com profundas alterações peculiares à cultura do lugar. Temos por objetivo apresentar aqui essas reinvenções culinárias feitas na cozinha dos adventistas da igreja do Marco e mostrar como eles optaram por diversas propostas culinárias que podem variar da dieta carnívora até ao sistema ovo-lacto-vegetariano[4].

Enfatizaremos aqui a importância do uso da carne de glúten[5] e da carne de soja[6] (conhecidas entre os adventistas como "carne vegetal") no cotidiano dessas pessoas, como formas de substituição à carne bovina, suína, de aves ou de peixes. Pretendemos também esclarecer que uma parte dos adventistas está preocupada em praticar uma dieta vegetariana (sem uso de ovos, leite e seus derivados) e também uma dieta "natural" (sem produtos químicos) com o objetivo de prevenir ou curar diversas doenças. A comida é diversificada, havendo espaço tanto para os ingredientes importados como para as iguarias da culinária regional, pois os adventistas reinventam o que é prescrito e adaptam as regras ao seu gosto pessoal e ao estilo de vida da própria família. No entanto, são rigorosos na defesa de alguns princípios:

"São abstêmios do álcool e do fumo e procuram evitar alimentos carregados de açúcar e gordura saturada. Os adventistas do sétimo dia acreditam que seu corpo atual é o 'Templo do Espírito Santo', que deve ser preservado nesta terra para habitarem o paraíso eterno onde receberão um corpo glorificado e imune às doenças." (FUCKNER, 2006)

Em rigor o vegetariano é aquele que se alimenta apenas de vegetais. Há, porém, entre os membros da Igreja do Marco, certas variações nesta dieta incluindo o uso de ovos e leite com os seus derivados. Desta maneira nossos interlocutores podem ser classificados em pelo menos três categorias. A mais comum entre os adventistas é o ovo-lacto-vegetariano, mas há duas variações: o lacto-vegetariano e o ovo-vegetariano. Os ovo-lacto-vegetarianos comem legumes, grãos, sementes, cereais, hortaliças, frutas, laticínios e ovos. Os lacto-vegetarianos comem legumes, grãos, sementes, cereais, hortaliças, frutas e laticínios. Os ovo-vegetarianos comem legumes, grãos, sementes, cereais, hortaliças, frutas e ovos. No entanto, quem opta por esta dieta, deve ter dois cuidados: comer no máximo 3 ovos por semana e não misturar o leite com o açúcar. Considerada como a pior combinação alimentar, o leite e o açúcar juntos devem ser evitados, pois "fermentam no estômago, liberando gases nocivos à saúde".

Há outras tendências entre os vegetarianos, que não foram encontradas entre os adventistas do Marco, mas que indiretamente influenciam em sua dieta. São elas: os frugívoros, os macrobióticos e os vegan, fortemente influenciados por filosofias e religiões orientais que enfatizam a crença na reencarnação e na valorização da vida seja em forma animal ou vegetal, teorias não aceitas pelos adventistas.

1. Os frugívoros: alimentam-se apenas de frutas (muito suco). Sua dieta pode incluir grãos, sementes e frutas secas, além de tomates e berinjelas. Não "matam" plantas para o alimento, portanto só se alimentam daquelas que possuem sementes e que podem reproduzir e continuar vivendo.

2. Os macrobióticos: alimentam-se de arroz integral, hortaliças e legumes com pequenas quantidades de alimentos fermentados, sementes e frutas. Há vários níveis de depuração alimentar, chegando-se ao consumo apenas de arroz integral, no nível mais "elevado". É por influência da cozinha macrobiótica que os vegetarianos adventistas utilizam molhos como: shoyu e tamari.

3. Os vegetarianos vegan: alimentam-se de legumes, grãos, sementes, cereais, hortaliças, e frutas. Não comem nenhum alimento derivado de animais como laticínios e ovos, nem mesmo mel de abelha. Em seu dia a dia não usam nenhum produto derivado de animal: couro, pele, seda, lã, cosméticos, sabões e sabonetes. São considerados, por muitos, como os vegetarianos mais radicais [7].

Não é possível classificar rigidamente os adventistas em um dos tipos de vegetarianismos expostos acima, mas é possível perceber uma classificação nativa dos alimentos, dispostos em pelo menos três grupos distintos, passando pelos alimentos mais saudáveis e recomendados aos menos saudáveis e desaconselhados, até chegar aos mais prejudiciais e proibidos [8]. Não serão citados aqui os tabus denominados por Leach (1983) como "inconscientes", ou seja, aqueles que se referem aos animais que em nossa sociedade são impensáveis como alimento, tais como: morcego, aranha, cobra ou urubu. No quadro abaixo pode-se verificar o modelo ideal de vegetariano na concepção dos adventistas, com destaque para o uso da "carne vegetal" e da "carne de glúten" sendo que a dieta ovo-lacto-vegetariana é bem aceita. Assim, para aqueles que não conseguiram deixar totalmente a carne, existe a opção de comer algumas carnes não proibidas no Deuteronômio e no Levítico[9].

 

ALIMENTOS RECOMENDADOS

ALIMENTOS DESACONSELHADOS

ALIMENTOS PROIBIDOS

 

Ovos e gordura animal

 

Carne de soja e de glúten

Carne bovina

Porco

 

Frango ou peru

Pato

 

Peixes de escama

Peixes de couro ou de pele

 

 

Mariscos

 

 

 

 

Caças (paca, tatu, cotia, anta etc.).

 

Numa coletânea que apresenta as principais doutrinas da IASD, podemos ler o seguinte: "A dieta ordenada por Deus no Jardim do Éden – a dieta vegetariana – é a melhor, mas nem sempre podemos dispor do ideal. Em tais circunstâncias (...), aqueles que desejam manter a saúde em ótimo estado utilizarão o melhor alimento de que puderem dispor". (Lessa & Scheffel 1989: 376). Sendo assim, os adventistas do Marco não se sentem na obrigação de excluírem a carne de seu cardápio diário; recomenda-se, no entanto, o uso do frango e do peixe, mais tolerados em relação à carne "vermelha". É no uso da carne de porco e na ingestão da carne bovina com sangue que se concentra a maior preocupação dos seus líderes, sendo esta prática fortemente desaconselhada[10]. Sara[11] deu um depoimento interessante a esse respeito, que em parte está aqui transcrito:

"A alimentação saudável é muito importante na vida dos adventistas. Não é doutrina não, é conselho. Eu gosto de ler os conselhos da irmã White[12], mas não leio muito sobre alimentação. Eu não leio porque eu vou me sentir na obrigação de ser vegetariana. É muito difícil ter um vegetariano dentro da igreja. A carne é muito gostosa. Como isso não é fundamental para minha salvação e eu já me privo de tantas coisas do mundo, eu como carne".

Samuel[13] diz que todas as orientações da Igreja são importantes, mas ele continua comendo frango, peixe e toma qualquer tipo de refrigerante, inclusive coca-cola e bebe vinho de vez em quando. Conta também que o pato no tucupi[14] pode ser feito, substituindo o pato pelo frango. O tacacá[15] pode ser ingerido desde que o adventista peça para retirar o camarão. A maniçoba[16], um prato muito apreciado pelos paraenses, é completamente excluído da mesa dos adventistas por levar grande quantidade de carne de porco e não contar ainda com uma receita que substitua os ingredientes interditos.No entanto, a carne de porco é substituída por outras (até mesmo por carne vegetal) para se fazer a "feijoada adventista".

Ana[17] diz também que o açaí é bem vindo (com farinha ou sem farinha). Samuel, que veio pequeno do Maranhão, diz ter inovado a culinária paraense comendo açaí com bolo. Alguns, como Sara e Davi[18], tomam o açaí com granola ou com sucrilhos. Entre os paraenses, o açaí[19] é muito apreciado com charque, porém muitos adventistas evitam o consumo do mesmo por acharem que é feito com carne de cavalo.

Há alguns adventistas que não se preocupam tanto com as recomendações vegetarianas e comem bastante carne, abstendo-se daquelas que são declaradamente desaconselhadas como a de porco, de pato, de rã, de caça etc. Rute[20] diz que sua comida predileta é o trivial arroz branco, feijão e um bife acebolado. Ela conta que costuma misturar picadinho com a carne vegetal para economizar, pois a carne vegetal rende mais. "Os legumes são bem vindos, qualquer um: couve-flor, abóbora, maxixe etc. Fica uma delícia. Sempre dá certo e se você escolher bem as cores, terá uma linda travessa na mesa", afirma.

Os ovo-lactovegetarianos da igreja do Marco possuem uma dieta muito rica e variada que inclui, além de uma infinidade de frutas, raízes e hortaliças, pratos de forno e fogão tais como empadões, suflês, pizzas, massas em geral, risolis, gratinados, dorés, empanados, milanesas, strogonoffs, farofas, molhos de tomate, acebolados e maioneses. Podem incluir em suas refeições ovos, leite, queijos, iogurtes e toda aquela gama maravilhosa de especiarias tais como cravo, canela, cominho e cheiro verde (coentro), temperos típicos da cozinha paraense ou ainda: orégano, noz-moscada, gengibre, louro e salsa. Porém, um alerta: todos os tipos de pimenta devem ser excluídos.

Sara aprecia muito colocar um grande prato de salada com vegetais de cores variadas no centro da mesa para embelezar e abrir o apetite. Recomenda uma salada que toda a família gosta:

"Forre um prato grande, redondo, com alface picada, coloque as verduras em cima, formando carreiras. Comece pelo centro, com uma carreira de ovos. De um lado desses, faça uma carreira com a cenoura e, do outro lado, de tomate. Em seguida, de ambos os lados, ponha o palmito cortado. Então uma carreira de azeitonas e, por último, os galhos de couve-flor. Tempere tudo com molho francês e enfeite com rodelas de cebola".

Lia indica arroz integral, temperado levemente com ervas e limão e salpicado com castanha-do-pará e sementes de girassol. Recomenda cozinhar o arroz em uma mistura de água e suco de maçã, misturando brócolis com uva passa, sementes de girassol e amêndoas nas saladas. "Fica muito gostoso cozinhar cenouras, nabos, repolho e outros vegetais em suco de laranja e fazer a pizza sem queijo, mas com muitas coberturas vegetais", sugere. Conta também que prepara panquecas com berinjela e croquetes de soja ou de grão-de-bico e indica vatapá de palmito para o almoço de sábado. Diz que é possível também fazer bifes com diversos vegetais, como: cenoura, batata, ervilha, soja etc. Ela diz também que comida feita na grelha é mais saudável quando feita com alimentos vegetais. Pode-se grelhar fatias grossas de vegetais embebidos em molho grosso, como berinjelas, pepinos ou tomates.

Lia diz que seu patrão adora pizza de berinjela, assado de palmito, mas no meio da refeição ele sempre pede um ovinho frito, às vezes dois. Ele tem muita preocupação com a "má combinação": frutas doces com frutas cítricas ou frutas com verduras, por exemplo, são consideradas como uma péssima combinação alimentar. Por esta razão, Lia não prepara sobremesa durante a semana, só aos sábados[21] "que é um dia especial". Normalmente as frutas são reservadas para a refeição da manhã ou de final de tarde. As saladas de frutas devem ser feitas respeitando-se o tipo de fruta (só as doces, como a banana e o mamão ou só as cítricas, como a laranja e o abacaxi) e o açúcar refinado pode ser substituído por mel de abelha.

Sara comenta que uma dieta saudável e variada inclui frutas, vegetais, muita folha verde, grãos integrais, sementes, frutas secas, legumes e que é muito fácil suprir a necessidade de proteína, desde que se ingira uma quantidade suficiente de calorias. Assim, para esta senhora, a solução é

"... comer uma dieta variada, pois quase todos os alimentos são boas fontes de proteína. Isto inclui batata, pão integral, arroz, brócolis, espinafre, castanhas, amêndoas, ervilhas, grão de bico, manteiga de amendoim, queijo de soja, leite de soja, lentilhas, couve e muita fruta. Se uma parte destes alimentos é ingerida diariamente, as recomendações de proteína serão satisfeitas".

Ana conta que a abóbora é o melhor de todos os legumes; dá para fazer doce, bolo, torta, sopa etc. Das abóboras, tudo se aproveita: casca, polpa e semente. As cascas são ricas em fibra, estimulando o intestino; as sementes quando tostadas dão um tira-gosto crocante e delicioso. Ela usa a abóbora inteira pra fazer sopa. Lava bem a casca e coloca pra cozinhar em água e sal, partida em pedaços grandes, com semente e tudo. Depois de uns 20 minutos, quando fica macia, deixa esfriar e bate no liquidificador com a água do cozimento. Juntamente com uma salada, arroz integral, lentilha e um assado, pode perfeitamente compor um almoço ideal, completa.

O farelo resultante da extração do óleo, pelo seu alto teor em proteína moído e peneirado dá origem à farinha de soja desengordurada, com um teor de proteína ao redor de 47%, com baixas percentagens de gordura e fibras. Ela tem propriedades funcionais, que a tornam um ingrediente alimentar bem versátil e de baixo custo. Certamente, a adição de farinha de soja desengordurada a produtos a base de cereais, como as farinhas de mandioca de trigo e de milho, é um meio barato de melhorar o valor nutricional. Assim, a farinha de soja desengordurada pode substituir parte da farinha de trigo, de mandioca ou de milho, elevando o valor protéico dos produtos alimentícios elaborados.

Lucas[22] recomenda que as fibras devem fazer parte da ingestão diária para assegurar um bom funcionamento intestinal e para auxiliar na prevenção e tratamento de doenças:

"Alimentos ricos em fibras reduzem a sensação de fome, sendo eficazes em qualquer dieta de emagrecimento. As fibras podem ser encontradas em cereais integrais ou refinados, frutas (frescas e secas) e vegetais. Uma boa ingestão de fibras alimentares previne muitos problemas digestivos e protege contra doenças tais como câncer de cólon e o aumento do colesterol".

Marcos[23], um médico que trabalha no Hospítal Adventista de Belém, afirma que os alimentos de origem vegetal além de suprirem todas as necessidades nutricionais de qualquer pessoa têm a vantagem de serem isentos de colesterol e ricos em fibras, vitaminas e minerais. Isto é importantíssimo, pois segundo ele:

"As dietas ricas em fibras e com baixo teor de gordura podem auxiliar no controle da obesidade e proteger contra doenças cardiovasculares, câncer, osteoporose e diabetes, pois a ingestão de proteínas de soja reduz as taxas de colesterol, assim, a introdução de pequena quantidade de proteína de soja na dieta diária é suficiente para deixar o sangue e seu coração em forma".

Ana, vegetariana desde criança, insiste que substituir a carne é muito fácil. Ela mesma faz os bifes de glúten e depois de prontos os guarda na geladeira ou no freezer. Na hora de preparar o almoço tempera bem com tudo o que se coloca na carne: alho, cebola, sal, tomate e cheiro verde. Diz que já fez de tudo com o glúten: bife empanado, churrasquinho e até strogonoff. É ela quem nos ensina a preparar o glúten em casa:

"Misture 1 Kg. de trigo com 3 xícaras de água, amasse bem até ficar lisa e uniforme, cubra com água e deixe de molho durante a noite (ou pelo menos uma hora). Lave em várias águas para soltar o amido (vá amassando dentro da água como se estivesse amassando pão). Deixe de molho em água durante 10 min, para facilitar abrir os bifes. Em seguida pegue pequenos pedaços e estique o máximo possível em todos os sentidos, formando assim os bifes".

Lia conta que no curso de culinária aprendeu a fazer massa integral para preparar as pizzas do seu patrão. Lá vai a dica:

"Peneire a farinha integral, o sal e o fermento. Vá acrescentando aos poucos a água morna e o óleo até dar consistência. Abra a massa do centro para as bordas, girando-a e tentando dar a forma e o tamanho do recipiente escolhido. Se necessário, espalhe sobre a superfície onde estiver abrindo a massa um pouquinho de farinha fina para que não grude. Coloque em forma untada e deixe descansar enquanto prepara o recheio".

Rute diz que o tempero verde (cheiro verde, cebolinha, etc.) tem alto valor nutritivo, mas perde muito se for cozido mais de um minuto; é melhor acrescentar sempre depois de apagar o fogo, ou na hora de servir. É bom usar sempre colher de pau. As panelas de alumínio, quando são mexidas com colher comum, soltam raspas que vão para a comida. As de ferro, pedra e barro são melhores para a saúde. Temperar o prato com algumas gotas de limão ajuda o corpo a absorver o ferro da comida. Com o glúten pode ser feito um delicioso risoto:

"É só cozinhar o arroz integral. Em separado, doure o glúten no óleo com o molho japonês (shoyu ou tamari). Adicione o alho socado, a cebola picadinha, e depois o tomate batido no liquidificador. Deixe cozinhar um pouco; junte o palmito cozido e cortado em rodelas, e as ervilhas. Quando tudo estiver fervendo, retire e junte os ovos cortados em rodelas. Ponha o arroz num pirex untado e espalhe por cima o molho. Enfeite com azeitonas e ponha ao forno só por uns 10 minutos".

Assado é uma palavra mágica para os nossos interlocutores. Quase todos os pratos carnívoros podem ser substituídos por assados. Assado de palmito, de berinjela, de chuchu, de soja etc. Davi comenta que é fascinado por aquela casquinha crocante e quentinha que fica por cima dos legumes. Ele conta que quando estudava no colégio interno[24], adorava comer assado com suco natural geladinho, que era servido geralmente aos sábados. Lia nos deu as dicas de como preparar um delicioso assado de soja com palmito:

"Passe o feijão-soja com pimentão no liquidificador e misture com batatas. Junte temperos a gosto. Misture com palmito em cubinhos e tomate cortado bem pequenos e por último coloque as claras em neve. Coloque em forma untada com óleo e salpicada com farinha de rosca. Cubra todo o assado com a gema batida e misturada com um pouquinho de óleo. Asse em forno moderado até dourar e ficar firme".

Ana diz, animada que, ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, a alimentação vegetariana é muito rica e diversificada. Além de frutas, verduras, legumes e grãos de uma forma geral, existem diversas receitas deliciosas e simples de serem feitas. A proteína de soja, por exemplo, pode ser usada das mais diversas formas, com molhos, com legumes, em forma de bolinhos, recheios para tortas, etc. Basta usar a criatividade, diz ela.

"A carne vegetal não tem gordura e tem a mesma consistência da carne moída e fica muito bem em vários pratos, inclusive na pizza. Para se fazer 100gr de carne de soja em casa lave a carne de soja em água fria, em seguida coloque em 2 litros de água fervente por aproximadamente 5 minutos até formar uma espuma. Retire do fogo e escorra em um escorredor de macarrão, a seguir lave por 1 minuto em água corrente, apertando os pedaços como uma esponja (isso irá retirar o sabor forte da soja). Depois de lavada, esprema bem e se quiser pode cortar ou abrir os pedaços, se forem grandes".

Sara diz que o queijo de soja foi seu guia na mudança de hábito alimentar, pois fornece toda a proteína de que precisava, ao se tornar vegetariana. Aos poucos foi simplificando o uso da soja e aprendeu a deixar o grão de molho de um dia para o outro, facilitando o cozimento.

"Cozido em água por 40 minutos, o grão de soja fica pronto para diversos e deliciosos pratos. Cozido e bem temperado é ótimo em saladas; torrado com um pouco de sal na frigideira, depois de cozido, dá um tira-gosto de pouca caloria; no liquidificador, dá para fazer patês, bolos e até tortas. Para fazer leite de soja, deixa-se os grãos de molho por 12 horas; joga-se fora a água do molho e bate-se a soja crua no liquidificador por 10 minutos, com três xícaras de água para cada xícara de grãos. Deve ser coado e misturado através de um pano bem apertado. Antes de usar o leite de soja coloque pra ferver numa panela bem grande".

Lia indica substituto para o leite e os ovos nas receitas: leite de arroz, leite de soja, leite de batata, leite de castanhas ou de amêndoas. Queijo de soja em pedaços pode ser usado em lugar de outros queijos em lasanhas ou em outros pratos. Para quem gosta de soja é possível eliminar todas as gorduras saturadas das misturas que se coloca no pão. Sara conta que aprendeu a fazer patê, maionese e margarina de soja.

"Para fazer o patê é só moer a soja e escaldar alguns tomates e passar numa peneira. Depois de dourar os temperos na margarina de soja é só acrescentar o grão da soja moído e a massa dos tomates e deixar depurar. No caso da margarina, cozinhe a cenoura e reserve. Pegue a água do cozimento de uma cenoura média e junte à maisena, fazendo uma goma. Bata no liquidificador o leite de soja, a cenoura, a goma com sal a gosto. Vá juntando no óleo até que fique firme. Despeje em um pote com tampa e leve à geladeira por, no mínimo, quatro horas. Para se fazer maionese de soja deve-se pôr o leite no liquidificador junto com o alho e o sal. Enquanto bate, pode derramar o óleo aos poucos até engrossar (consistência de um mingau mais ou menos ralo). Retirar do liquidificador e pingar 2 colheres de suco de limão, mexendo bem. Acrescentar de acordo com o gosto salsinha vegetariana bem moída, azeitona bem picada, tomate bem picado, cebola bem picada e cheiro verde".

Para se obter uma dieta adventista vegetariana completa, é necessário aprender a fazer o leite de soja em casa, pois não é fácil encontrá-lo no mercado. Sara diz que é preciso apenas 2 xícaras de soja em grão e 2 litros de água e nos dá todas as dicas:

"Deve-se escolher bem a soja e lavá-la bem com várias águas e deixar de molho durante 8 a 12 horas. Para descascar o grão é necessário eliminar a água em que os grãos ficaram de molho e colocar os grãos num pano de prato ou saquinho. Deve-se apertar as pontas do pano e fazer movimentos fortes, ou passar sobre o pano e grãos o rolo de abrir massas, várias vezes, com força. Embaixo de água corrente, numa vasilha grande, aperta-se com os dedos e ir trocando a água até o grão ficar totalmente limpo. Logo após, é preciso bater os grãos limpos no liquidificador com 1 litro de água e levar tudo para cozinhar, em um caldeirão grande. Acrescenta-se outro litro de água, mexendo constantemente. Depois que começou a fervura, que deve durar 35 minutos, coloca-se um pratinho de porcelana no fundo da panela para não grudar. Deixe esfriar e coe logo em seguida, usando um pano de malha aberta, torcendo a trouxa que se forma. Completar o volume, juntando água necessária, de modo a obter-se, no final, 2 litros de leite de soja. Esse leite pode ser guardado na geladeira por vários dias. Para melhorar o sabor do leite, acrescenta-se um pouquinho de sal, baunilha ou canela".

Ana, que se autodenomina vegetariana pura, ensina diversas formas de substituir os derivados do leite. Ensina que para fazer o queijo de soja é só juntar a 2 litros de leite de soja previamente aquecidos, 1 xícara de vinagre (para o coalho), misturando bem. É preciso deixar em repouso alguns minutos, até se tornar completo o coalho, que é passado então para um saco de pano fino. O saco deve ser mergulhado com a pasta várias vezes em água limpa e renovada, até desaparecer o excesso de vinagre. É importante deixar escorrer durante uma hora, espremendo depois, para eliminar o líquido. A massa deve ser temperada com sal. O queijo deve ser colocado em forma própria, em lugar fresco e arejado, até que endureça.

Lia[25] diz que sempre que faz carne de soja, deixa de molho em água por cerca de meia hora, enquanto lava e pica cenoura, chuchu, macaxeira, vagem, cebola, alho, e faz um refogado, começando com a cebola, depois o alho, cenoura, chuchu, vagem, quando tudo começa a cheirar bem e as bordas dos verdes a ficarem mais escurinhas (não queimadas, e sim cozidas), joga a carne de soja escorrida, um copo d'água, cheiro verde, sal, e deixa ferver por um bom tempo, colocando mais água quando necessário. Sara recomenda a carne de soja em pacotinho (aquela que parece ração animal). Ela reconhece que dá mais trabalho porque tem que hidratar, mas é muito mais saudável e revela um segredinho: não se coloca água, pois tira o gosto. Recomendam lavar numa peneira em água corrente alguns segundos, coloca-se no liquidificador junto com água, shoyu, alho, cebola, enfim, tempero a gosto. O caldo de temperos é que vai hidratar. Depois, pode-se refogar a soja hidratada com óleo, cebola e alho e molho de tomates.

O comentário de Ana complementa o que diz Lia e Sara. Ela conta que há uma grande variedade de produtos derivados da soja que podem ser usados para substituir a carne. Ela diz que a soja seca ou granulada serve para fazer salsichas e hambúrgueres e o óleo não refinados de soja e temperos como shoyu (molho de soja fermentado, à base de grãos de soja com cevada ou trigo) e tamari (molho de soja, sem trigo), são mais saudáveis do que os óleos refinados. Conta também que a carne de soja absorve o sabor dos temperos facilmente, e por ser um produto pré-cozido, necessita apenas ser hidratada em água morna por 5 minutos, dispensando cozimento prolongado. Por ser extremamente versátil, pode substituir a carne moída em diversas preparações, como strogonoff, feijoada vegetariana, hamburgers, croquetes, picadinhos, recheios, sopas, refogados etc...

Rute comenta que o consumo diário de uma xícara de grão de soja ajuda a prevenir doenças coronárias, produtos a base de soja, como a carne vegetal, os molhos feitos de soja, o queijo de soja e as pílulas de lecitina de soja, compradas em farmácias, reduzem o risco de câncer de mama e de próstata e aliviam os sintomas do climatério, como ondas de calor e suores noturnos, além de ajudar a controlar o diabetes, a osteoporose e aterosclerose. Explica também que o farelo de arroz ajuda a curar ferida; basta peneirar, torrar, misturar com um pouquinho de água e colocar por cima.

Marcos explica que os grãos de soja contêm um composto singular denominado genisteína, um hormônio vegetal que possui uma ação que atua na prevenção de alguns tipos de câncer. Explica também que:

"A ingestão diária de alimentos à base de soja, como tofu, reduz os riscos de câncer de mama e próstata. A soja e seus derivados também possuem uma ação preventiva quanto aos cânceres de cólon, reto, estômago e pulmão. As fibras de soja exercem importante papel na regulação dos níveis de glicose no sangue, auxiliando no controle de diabetes. A soja é rica em cálcio que ajuda a evitar a osteoporose e há evidências de que o consumo da soja tem efeito positivo no controle de outras doenças como hipertensão, cálculos biliares e doenças renais".

Adventistas vegetarianos e não-vegetarianos concordam que frutas, hortaliças, grãos, legumes e cereais podem aumentar a qualidade de vida e são indicados como redutores de uma longa lista de males crônicos, entre eles a doença da artéria coronária, diabetes e muitos cânceres. A maioria das pessoas, porém "come gordura demais e frutas e verduras de menos". Mas, também é necessário lembrar que existem alguns "carnívoros" que comem mais quantidade e qualidade de verduras e frutas do que muitos vegetarianos e que muitos vegetarianos comem mais gorduras do que os carnívoros.

Ser vegetariano, portanto não resolve todos os problemas de saúde, há certas preocupações que estão muito além das prescrições vegetarianas, incluindo a abstenção do uso de produtos químicos até mesmo sob prescrição médica. Lucas diz que dietas livres de colesterol e pobres em gordura estimulam a redução do risco das principais doenças crônicas como as doenças cardíacas e o câncer e que os açúcares podem ser encontrados nas frutas, portanto é melhor evitar fontes de açúcar refinado, já que eles fornecem energia sem nenhuma fibra e são a maior causa de cáries dentárias.

Percebe-se, portanto, que, além da proposta vegetariana, há entre os adventistas uma forte inclinação para uma dieta natural, como pode ser verificado no quadro abaixo.

 

ALIMENTOS RECOMENDADOS

ALIMENTOS DESACONSELHADOS

ALIMENTOS PROIBIDOS

Frutas da época ou desidratadas

 

 

Legumes e hortaliças frescos

 

 

Mel de abelha ou de cana

 

 

Iogurte natural ou caseiro

Iogurte com sabor artificial

 

Arroz integral

Arroz refinado

 

Macarrão integral

Macarrão refinado

 

Açúcar mascavo

Açúcar refinado

 

Queijo tipo ricota

Queijo “amarelo”

 

Pães e biscoitos integrais

Pães e biscoitos refinados

 

Sucos naturais

Sucos artificiais e refrigerantes

 

 

Cerveja sem álcool

Cerveja

Suco de uva

 

Vinho

Lentilha, ervilha e grão-de-bico.

Feijão preto

 

Cominho, cheiro verde etc

Urucum ou coloral

Pimentas

Patês de legumes ou cremes de frutas

Margarina e manteiga

 

Café de cevada

Achocolatados

Café e chá preto

Leite de soja

Leite de vaca

 

 


Marcos comenta que

"... muitos restaurantes vendem comida como sendo saudável, mas na realidade possui um teor de gordura demasiadamente alto, além do excesso de açúcar e sal e do baixo teor de fibras e vitaminas. Uma alimentação desse tipo aumenta o risco de doenças cardíacas, câncer, diabetes entre outras. Essa comida, geralmente, contém muitos aditivos químicos, alguns dos quais são causadores de saúde precária e hiperatividade nas crianças. Uma alta ingestão de gorduras pode levar a uma taxa elevada de colesterol e está ligado às doenças coronárias".

Assim verificamos uma grande preocupação por parte dos adventistas no que se refere aos produtos beneficiados, recaindo a preferência sempre sobre alimentos chamados de integrais, ou seja, para aqueles que são retirados "diretamente da natureza". Percebe-se que quanto menos elaborado e quanto menos produtos químicos forem colocados nos alimentos, mais saudáveis serão considerados. É o caso muito claro dos refrigerantes e sucos artificiais que sempre são utilizados com restrição. Há uma grande polêmica com relação à Coca-Cola, que é consumida por muitos adventistas, principalmente entre os mais jovens, pois é mais tolerada do que o café, porém ambos são considerados danosos à saúde e desaconselhados por serem estimulantes.

As bebidas alcoólicas são completamente descartadas entre os adventistas. No caso da cerveja há um substituto que é a cerveja sem álcool, mas poucas pessoas consomem, pois a maioria considera perigoso manter o hábito de introduzir esta bebida em suas casas, mesmo sabendo que o teor de álcool é mínimo. Ana acha que é um péssimo exemplo para os filhos, um pai adventista tomar cerveja sem álcool. A proibição geralmente recai sobre bebidas e alimentos que sejam reconhecidamente estimulantes ou que podem causar "vício". A meu ver, aquilo que na cozinha regional, a exemplo do que se verifica em Itapuá, um pequeno povoado de pescadores localizado na região nordeste do estado do Pará[26], é considerado como possuindo "fortidão" [27], na cozinha adventista é rejeitado por ser estimulante (no caso do café) ou indigesto (no caso do feijão), como pode ser verificado no quadro acima. Por essa razão, a cevada sempre é bem vinda, por não ter elementos que estimulam. Não é o caso dos achocolatados, que sempre devem ser evitados, mesmo na alimentação infantil.

Sara conta que suas amigas "pegam no seu pé" porque ela usa gérmen de trigo em tudo o que faz. E também granola, pão integral, óleo de milho e carne vegetal. Ela diz que gosta de variar, tem vezes que usa feijão, grão-de-bico, ervilha, lentilha. Segundo ela, todos contêm ferro e o mesmo valor nutritivo do feijão. "Agora, eu vou te confessar uma coisa, eu gosto mesmo é do feijão preto", desabafa. Conta que a casca da banana também é alimento e contém fibras e bons nutrientes: "pode ser picada e misturada ao refogado da farofa para surpreender o pessoal na hora do almoço, em vez de se jogar alimento nutritivo na lata do lixo". Ela evita usar óleo refinado e açúcar branco, mas concorda que apesar de ser prejudicial em excesso, uma certa quantidade de gorduras e óleos é necessária para o corpo e por esta razão utiliza o azeite de oliva e o óleo de girassol. Explica que as gorduras vegetais tendem a ser mais saudáveis, sendo para ela um dos benefícios mais evidentes da dieta vegetariana.

Referências

A BÍBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.

CARNEIRO, Henrique. Comida e sociedade: uma história da alimentação. Rio de Janeiro: Campus, 2003.

FUCKNER, Ismael. Quando comida vira remédio: os adventistas do 7° dia e os cuidados com o corpo. Caderno de resumos do II Simpósio Internacional sobre Religiões, Religiosidades e Culturas. Dourados - MS: Editora UFMS, v. único, 2006, p. 147-147.

FUCKNER, Ismael. "Comidas do céu, comidas da terra: as dimensões simbólicas da culinária adventista". In: Humanitas, v.21, n° 1 / 2, Belém : UFPA, 2005, p. 107-130.

FUCKNER, Ismael. Comidas do céu, comidas da terra: invenções e reinvenções culinárias entre os adventistas do sétimo dia (Marco – Belém –Pará). Dissertação (Mestrado em Antropologia) – Universidade Federal do Pará, Belém, 2003.

LEACH, Edmund. "Aspectos antropológicos da linguagem: categorias animais e insulto verbal". In: Da MATTA, Roberto (Org.) Edmundo Leach: antropologia – Coleção Grandes Cientistas, 38. São Paulo: Ática, 1992.

LESSA, Rubens S. & SCHEFFEL, Rubem M. (Eds.) Nisto Cemos: 27 ensinos bíblicos dos adventistas do sétimo dia. Tatuí – São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1989.

MAUÉS, R. Heraldo & MOTTA-MAUÉS, M. Angelica. "O modelo da 'reima': representações alimentares em uma comunidade amazônica". In: OLIVEIRA, Roberto Cardoso de (Org.). Anuário Antroplógico/77. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1978.

MOTTA-MAUÉS, M. Angelica & MAUÉS, R. Heraldo. O folclore da alimentação: tabus alimentares da Amazônia. Um estudo de caso numa população de pescadores do litoral paraense. Belém: Falangola, 1980.

VIEIRA, Ruy Carlos de Camargo. Vida e Obra de Guilherme Stein Jr. – Raízes da igreja Adventista do sétimo Dia no Brasil. Tatuí-SP: Casa Publicadora Brasileira, 1995.




[1] Trata-se de uma adaptação dos dois últimos capítulos de minha dissertação: FUCKNER (2004)

[2] A Igreja Adventista da Reforma e a Igreja Adventista da Promessa surgiram a partir de uma ruptura com a IASD. A primeira por defender de forma mais veemente as idéias de Ellen G. White, profetisa do movimento adventista, e a segunda por possuir uma orientação pentecostal.

[3] Meus interlocutores - 8 homens e 4 mulheres - não residem todos no bairro do Marco, apenas Moisés, Lia, Ana, Davi e Lucas. Abraão e Marcos residem na Pedreira [3]. Jeremias, Samuel, Rute, Sara e Balaão vêm de Ananindeua, município próximo a Belém, para assistir às programações da igreja. Das 4 mulheres, apenas Lia não é adventista, mas trabalha na casa de uma família adventista. Ana possui curso superior, Rute e Sara concluíram o ensino médio e Lia não concluiu o ensino fundamental. Dos 8 homens, apenas Balaão e Jeremias não possuem o ensino fundamental completo e apenas Balaão não é adventista, mas mora na casa de seu filho que é adventista há 11 anos. Entre os homens entrevistados 6 possuem curso superior: há entre eles, dois médicos, dois pastores, um engenheiro e um advogado.

[4] Uma dieta que pode incluir, além dos vegetais: ovos, leite e seus derivados.

[5] O glúten é uma goma extraída do trigo após várias lavagens e o modo de preparo pode ser visto a seguir.

[6] È a Proteína Texturizada de Soja (PTS) ou Proteína Vegetal Texturizada (PVT), conhecida também como carne de soja e pode ser obtida do grão de soja, após o processo de extração do seu óleo. É constituída em média de 53 % de proteína de alto valor biológico.

[7] Este sistema filosófico tem raízes na cultura védica da antiga Índia e está esboçada em uma extensa literatura cuja composição remonta há pelo menos 7 mil anos.

[8] Nossos interlocutores dificilmente utilizam o termo proibido. Quando se referem aos escritos de sua profetisa eles utilizam a palavra orientações ou conselhos e quando se referem aos discursos dos líderes da igreja utilizam o termo recomendações.

[9] São dois livros da Thorá (denominado Pentateuco pelos cristãos) e constituem-se essencialmente em um conjunto de leis que eram aplicadas ao antigo povo hebreu.

[10] A justificativa bíblica utilizada para esta proibição encontra – se, além dos textos já citados, em Levítico 7: 26–27 e 17: 10–16.

[11] Entrevista concedida no dia 22 de agosto de 2002.

[12] Este é um tratamento mais familiar dado pelos adventistas à sua profetiza e normalmente, é utilizado por pessoas que participam da IASD por muitos anos. Detalhes sobre esta profetisa podem ser encontrados em meu artigo: FUCKNER (2005)

[13] Entrevista concedida nos dias 9 e 16 de abril de 2003.

[14] Tucupi é um líquido extraído da mandioca e é venenoso, necessitando ser fervido para o consumo humano.

[15] Tacacá é um tipo de sopa contendo uma espécie de mingau de tapioca (a goma), o tucupi, folhas verdes para temperar como jambu, que não pode faltar, e acrescenta-se o camarão.

[16] Maniçoba é uma comida feita com a folha da maniva (mandioca brava). Ela é moída e deve ser cozida por vários dias com diversos ingredientes, incluindo a carne de porco entre outras.

[17] Entrevista concedida no dia 21 de setembro de 2002.

[18] Entrevista concedida no dia 19 de setembro de 2002

[19] Fruto muito apreciado na região, extraído de uma palmeira nativa e espremido para se extrair uma espécie de suco que é ingerido com diversas farinhas, em especial a farinha d'água e a farinha de tapioca.

[20] Entrevista concedida no dia 19 de setembro de 2002.

[21] Os adventistas não trabalham aos sábados. Dedicam-se às atividades da igreja com mais intensidade e geralmente preparam uma comida especial para este dia.

[22] Entrevista concedida nos dias 13 e 15 de maio de 2003.

[23] Entrevista concedida no dia 26 de maio de 2003.

[24] Este colégio interno está localizado em São Paulo e, como os demais internatos adventistas, mantém uma dieta ovo-lacto-vegetariana.

[25] Entrevista concedida no dia 26 de setembro de 2002.

[26] Ver MAUÉS & MOTTA-MAUÉS (1978) e MOTTA-MAUÉS & MAUÉS (1980)

[27] Expressão muito usual naquela região para indicar que um alimento é mais substancioso do que outro.


Autor: Ismael Fuckner


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