O acolhimento de alunos portadores de necessidades especiais



Erroneamente já se pensou que incluir seria receber um aluno portador de alguma deficiência e ter sobre ele o mesmo olhar em relação aos demais, de maneira a oferecer o mesmo tratamento à criança na tentativa de torná-la igual ao restante da turma. Hoje compreendemos que a inclusão é exatamente o contrário, o aluno é diferente e todos os seus colegas também o são. Afinal, nascemos, crescemos e vivemos em contextos socioculturais variados, com experiências de vida singular.
Assim, preparar-se para receber uma criança com síndrome de down ou qualquer outra deficiência implica para o professor uma reflexão do modo como se ensina. Trata-se de uma oportunidade de revisar determinados conceitos, enfrentar novas situações e buscar diferentes possibilidades.
Mas, na prática esse tipo de situação pode ser acompanhado por sentimentos de insegurança e medo, já que o educador tem consciência do papel que desempenha nesse momento tão importante e é ele quem desenvolverá as ações mais diretas no processo da inclusão, tais como lidar com as expectativas e possíveis frustrações dos familiares do aluno com necessidade especial, com as limitações do próprio portador e até mesmo lidar com atitudes de preconceito por parte dos pais e dos outros estudantes.
Neste contexto, há de se entender que a organização administrativa da escola, o currículo, as metodologias de ensino, os recursos e materiais também são determinantes para o acolhimento do aluno com deficiência. Bem como, o professor deve ter em mente que não precisa saber tudo e resolver tudo sozinho, ao contrário, os pais, o corpo docente da escola, a direção, o especialista em educação especial, os médicos, terapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, enfim, estes diferentes profissionais são grandes aliados em todo o processo.
Portanto, procurar orientação, esclarecer as dúvidas, receber informações mais específicas, conhecer experiências em conversas com outras professoras é uma das formas de superar a insegurança e obter sucesso. O horário de trabalho pedagógico coletivo (HTPC) pode ser um bom momento para essa troca, situação em que todos possam aprender e discutir sobre o tema.
Do mesmo modo, receber uma avaliação preenchida pela família sobre o aluno, com esclarecimentos sobre a sua síndrome, seu histórico escolar e de vida, os laudos médicos realizados por quem o acompanha, são meios que favorecem a definição das metas a serem atingidas, das ferramentas que serão utilizadas e dos caminhos mais efetivos para o avanço da criança.
Criar um ambiente de expectativas positivas em relação às potencialidades do aluno, mesmo com as suas limitações, também é de extrema importância. Na sala de aula, esclarecer a turma, antes da sua chegada, a respeito da sua deficiência, como todos podem ajudá-lo, organizar um trabalho em coerência com conceitos de respeito e solidariedade. Em relação aos pais dos alunos, promover encontros e palestras na tentativa de gerar uma consciência cooperativa e de respeito a todos àqueles que convivem no cotidiano escolar.
Na realidade não existe melhor forma para acolher um aluno, seja ele comum ou com alguma deficiência, de braços e coração abertos, com amor e respeito, acreditando nele sem medo e apreciando a criança além das eventuais dificuldades que ela possa apresentar.


Autor: Fernanda Simony Previero Ciarlo


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