Empreendedorismo no Brasil



O processo de crescimento e difusão dos conceitos de empreendedorismo, no Brasil, tornou-se mais evidente nas últimas décadas, iniciando-se na década de 1990 e gerando um grande desenvolvimento de microempresas. Diversos fatores motivaram esses novos empreendedores tais como a internet, a economia ou o desejo de se tornarem donos de seu próprio negócio. No entanto os altos índices de mortalidade, dessas novas empresas justificam uma investigação a cerca do conhecimento necessário e do conhecimento aplicado por esses novos empreendedores.
Empreendedores são profissionais singulares, que possuem uma grande motivação, buscam reconhecimento no que fazem e, sobretudo, querem deixar um legado. Possuem a capacidade de eliminar barreiras comercias e culturais, estreitar as relações com outros países através da globalização, revolucionando o cenário de negócios atual e gerando riquezas para sociedade.
A difusão dos conceitos de empreendedorismo acompanhou uma mudança de paradigma do ensino de administração, uma vez que, os ensinamentos oferecidos pelo curso eram voltados a capacitar os recém formados a ocupar uma posição nas empresas nacionais e multinacionais, bem como nas repartições públicas. A criação de entidades como o SEBRAE (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e o SOFTEX (Sociedade Brasileira de Exportação de Software) alavancaram a disseminação dos conceitos de empreendedorismo no Brasil, auxiliando os novos empresários e constituindo incentivo à criação de novos negócios no país.
As diferenças e similaridades entre os administradores e os empreendedores contribuem para incentivar a criação de novos negócios. Um bom empreendedor deve aliar as habilidades de um administrador, que são de acordo com a abordagem clássica planejar, organizar, dirigir e controlar, às suas habilidades visionárias, ou seja, de exímios identificadores de oportunidades. Logo o empreendedor é um indivíduo que encontra uma oportunidade e cria um negócio, transformando de forma criativa o ambiente social e econômico onde vive, assumindo riscos calculados.
Diferentemente do que se dizia no passado o empreendedorismo pode e deve ser ensinado. Ele pode ser aprendido por qualquer pessoa, o sucesso é decorrente de uma gama de fatores internos e externos ao negócio, além do perfil e de como o empreendedor administra os infortúnios no seu dia-a-dia. O ensino do empreendedorismo deve focar: na identificação das habilidades do empreendedor; em como ocorre o a inovação e o processo empreendedor; na importância do empreendedorismo para desenvolvimento econômico; em como preparar e utilizar um plano de negócio; em como identificar fontes e obter financiamento para o negócio; e em como gerenciar e fazer a empresa crescer.
O processo empreendedor deve ser iniciado quando os fatores externos, ambientais e sociais mostrarem-se satisfatórios. No cerne da inovação nos negócios, está geralmente associada, a inovação tecnológica, que tem se mostrado o diferencial do desenvolvimento do econômico mundial. De acordo com Dertouzos (1999), a inovação tecnológica baseia-se em quatro pilares, adequados ao um perfil empreendedor: investimento de capital de risco; infra-estrutura de alta tecnologia; idéias criativas; e cultura empreendedora focada na paixão pelo negócio. Assim destacam-se as seguintes fases para o processo empreendedor: identificar e avaliar a oportunidade; desenvolver o plano de negócio; determinar e captar os recursos necessários; e gerenciar a empresa criada.
Assim, para obter sucesso no desenvolvimento e manutenção de sua empresa, o empreendedor precisa entender que cada fase do processo apresenta seus desafios e aprendizados, exigindo dele uma postura profissional, seria e competente, associada a um perfil que flutuará entre uma personalidade que aceita submeter-se a riscos, e outra mais centrada e voltada a garantir a sobrevivência de sua empresa.
O GEM (Global Entrepreneuship Monitor) é um consorcio responsável por mensurar o nível de empreendedorismo. É formado por instituições em diversos países, representado, no Brasil, pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), que é responsável desde 2000 pelas informações publicadas sobre o tema.
O GEM tem como base três objetivos principais: medir diferenças no nível de atividade empreendedora entre os países, mensurando a evolução do empreendedorismo; descobrir os aspectos responsáveis pela atividade empreendedora em cada nação; identificar as políticas públicas que podem favorecer a atividade empreendedora.
O Relatório GEM de 2009 alcançou um aumento de 25% em relação ao ano de 2008, no que tange a países abrangidos pela pesquisa, totalizando 54 nações fornecendo com isso mais informações da atividade empreendedora pelo mundo. Os países participantes foram estratificados, para efeito de facilitação na comparação entre eles, em três categorias: economias baseadas na extração e comercialização de recursos naturais, ou factor-driven; economias orientadas para a eficiência e a produção industrial em escala, ou efficiency-driven; e economias baseadas na inovação ou simplesmente innovation-driven.
Para mensurar o empreendedorismo, o GEM estuda o comportamento dos indivíduos no que tange à elaboração e administração de um negócio, considerando o empreendedorismo um processo. Logo o GEM analisa o comportamento do empreendedor em diferentes fases do processo, classificando-os em: empreendedores nascentes, aqueles que ainda não iniciaram o negócio; os empreendedores novos, aqueles que já remuneram, com negócios entre 3 e 42 meses; e os empreendedores estabelecidos, aqueles já remuneram seus funcionários a mais de 42 meses. Além de estratificar os empreendedores, a medição do nível de empreendedorismo é realizada por meio de indicadores de atitudes, atividades e aspirações empreendedoras, tais como: percepção de oportunidades, intenção de empreender, taxa de descontinuidade de negócios e etc.
A atitude e percepção empreendedora brasileira, de acordo com o Relatório GEM 2009, apresentam uma avaliação positiva no que se refere à existência de oportunidades no ambiente e de capacidade individual para abertura de novos negócios. Enquanto aos fatores impeditivos para atividades empreendedoras, apenas 32% dos entrevistados assumiram ter no medo um fator que os impeça de criar seu próprio negócio.
A atitude empreendedora do Brasil, pertencente à categoria efficiency-driven, apresenta a sexta maior TEA (Taxa de empreendedores no estágio inicial) da categoria, no valor de 15,3%. O Brasil destaca-se por ter como traço característico uma considerável estabilidade, mantendo um percentual de TEA em torno de 13% entre 2001 a 2008. Em relação à descontinuidade o Brasil apresentou uma redução no índice de 2009, que foi 5,9%,em comparação com os anos anteriores. Os principais motivos da descontinuidade do negócio foram os problemas financeiros, dificuldades em conseguir empréstimos e baixa lucratividade.
No que tange às aspirações empreendedoras o Brasil adotou uma posição tímida, com HEA (Índice de Alto Desempenho) no valor de 0,5%, atrás de praticamente todos os países da América Latina considerados nesta análise. Pouco mais de 50% dos empreendedores não possuem esperança de criação de postos de trabalho no prazo de cinco anos, tornando o ano de 2009, um dos mais limitados neste critério. Em relação à capacidade de criação de novos produtos ou serviços pelos empreendedores, o Brasil mostrou-se com um dos menores índices de novidade entre todos os países participantes, pouco mais de 15%. No critério intensidade da competitividade, os brasileiros mostraram desconhecer corretamente seu nicho de mercado, pois 95% dos entrevistados disseram estar submetidos a alguma forma de concorrência direta. Desses em torno de dois terços então submetidos a muita concorrência.
Segundo especialistas os tímidos resultados globais alcançados pelo Brasil se relacional diretamente com a ausência de políticas efetivas governamentais de apoio ao empreendedor, a falta de educação básica e educação superior. Logo para o fortalecimento do empreendedorismo o Brasil deve adotar políticas para capacitar os empreendedores, fornecendo informações técnicas a respeito do mercado, melhorando com isso o seu posicionamento em seu nicho , além disso deve simplificar os procedimentos e regulamentos de natureza legal, incentivando dessa forma uma postura empreendedora por parte dos brasileiros.

REFERÊNCIAS

DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: transformando idéias em negócios. 3. ed., rev. e atual. Rio de Janeiro: Elsevier: Campus, c2008.
MACHADO, Joana Paula et al. Empreendedorismo no Brasil 2009. Curitiba, IBQP: 2010.

Autor: Edward Barbosa


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