O brilho da safira



Esse teu olhar de estranha lira,
Me percorre como brilho de safira.
Me olha,pergunta,encosta,
Questiona,rouba de mim a resposta.
E foge,some,como uma lágrima que cai.
Desprende-se de tudo...e vai.

Esse reflexo teu nos meus olhos
Se turva com a sua partida.
E da vaga que você deixa,
Surge uma flor de despedida.

Parece até besteira que tudo quanto fui
Se desaparece por aqui, nesse reflexo.
Minha identidade,como cascata, flui
E converge para o mundo sem nexo
Dos que acreditam exercer poder,
Mesmo quando açoitados pelo cabresto.

Quão curioso é um escravo!
Que aceita as ordens de quem o manda
E não reluta, mesmo ficando bravo,
Em tomar, subjugado,sua lapada,ainda de banda.

Quão curioso, então, meu caso;
Em comparação ao escravo, não sou menos ferido.
Pois recebo o chicote como um abraço;
Teus olhos capatazes, como um amigo.
Nem, ao menos, reluto da prisão.
Sou um preso consentido.
Autor: Wison Mozzer M.


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