Sabina, conto de Arthur Azevedo



Malícia social

Sabina, conto de Arthur Azevedo, revela o comportamento e a inteligência de uma mulher a partir da representação que ela tem dos relacionamentos, da sociedade e dos homens.
Primeiramente, nota-se uma estrutura de pensamento que a leva a negar o casamento religioso e civil, pois "dera-se mal com o casamento e não queria experimentá-lo de novo". Por isso afirma ao seu amante: "Amemo-nos e deixemos em paz o padre e o pretor". Paralelamente, observa-se seu desapego às convenções sociais: "Ora a sociedade! Sou bastante independente para não me incomodar com ela". Além disso, a senhora mostra-se estrategicamente conservadora ao afirmar que seu amante não lhe deveria perdoar a "traição": "Não me perdoes, porque o teu perdão seria um atestado de péssimo caráter...".
No entanto, a personagem surpreende os leitores ao trabalhar o psicológico de seu amante, que estava prestes a abandoná-la, sem um motivo real, tendo em vista que ela lhe dá uma razão e o abandona, o que inverte os fatos e desestrutura o homem, o qual passa a desejá-la ainda mais, visto que, no enquadre dos homens, é permitido abandonar, mas não é fácil aceitar ser abandonado, trocado, substituído.
Assim, Sabina inteligentemente redireciona suas representações, reconquista o amante e exige dele casamento convencional: "O bacharel só entraria no quarto dela com escala pela pretoria e pela igreja".

Jean Carlos Neris de Paula


Autor: Jean Carlos Neris De Paula


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