METODOLOGIA DO ENSINO DE ARTES: Arte na Educação Escolar





RESUMO

Um dos pontos principais é estimular a discussão sobre os métodos de ensino adotados, as dificuldades encontradas, e as possíveis soluções que você mesmo, professor atuante, pode encontrar para fazer um ensino cada vez com maior qualidade. O livro vem relatar algumas questões sobre a arte, não para reduzi-la a definições, mas para estimular o pensamento e a discussão, dirigindo um olhar também à estética. Tenta contextualizar a arte no mundo em que vivemos, considerando a influência dos meios de comunicação na sua produção, divulgação e apreciação, e busca definir suas funções na sociedade e na escola. Uma abordagem da arte sob os aspectos social, antropológico, mercadológico e como fonte de conhecimento procura justificar seu lugar como disciplina obrigatória na escola, enfatizando sua importância na vida humana, entrando no universo brasileiro, e faz, primeiramente, um breve histórico da trajetória do ensino da arte na escola no século XX, na tentativa de melhor compreender o momento presente. Apresenta os Parâmetros Curriculares Nacionais para a área de Artes nos três níveis da Educação Básica (infantil, fundamental e ensino médio), e propõe uma reflexão comparativa destes com a prática do professor em sala de aula. Traz informações úteis sobre a pós-graduação em arte no Brasil, listando todos os Programas em funcionamento. Enfoca algumas tendências pedagógicas para um ensino de arte na contemporaneidade, com base em teorias que consideram como atividades essenciais a criação, a interpretação e a apreciação, e que se preocupam em contextualizá-la a partir da aquisição do conhecimento histórico e social.
PALAVRAS ? CHAVE: Educação, Artes, Tendência, Práticas, Brasil.










ABSTRACT

A major focus is to stimulate discussion about the teaching methods adopted, the difficulties encountered and possible solutions than yourself, acting teacher, you can find to make teaching a more and more quality. The book is to report some issues about art, not reduce it to the settings, but to stimulate thought and discussion, addressing a look also to aesthetics. Attempts to contextualize the art in the world we live in, considering the influence of media on their production, dissemination and assessment, and seeks to define their functions in society and in school. An approach to the art on social, anthropological, market and source of knowledge seeks to justify its place as a compulsory subject in school, emphasizing its importance in human life, entering the Brazilian universe, and do, first, a brief history of the trajectory of teaching art in school in the twentieth century in an attempt to better understand the present moment. Presents the National Curriculum for the Arts area at the three levels of basic education (kindergarten, elementary and middle school), and proposes a comparative reflection of the practice of teachers in the classroom. Provides useful information on the graduate art in Brazil, listing all the programs running. Focuses on some educational trends to an education in contemporary art, theory-based activities they regard as essential the creation, interpretation and appreciation, and who bother to contextualize it with the acquisition of knowledge and social history.
KEY - WORDS: Education, Arts, Trends, Practices, Brazil.







INTRODUÇÃO

O ensino da arte deve estar em consonância com a contemporaneidade. A sala de aula deve ser um espelho do atelier do artista ou do laboratório do cientista. Neles são desenvolvidas pesquisas, técnicas são criadas e recriadas, e o processo criador toma forma de maneira viva, dinâmica. A pesquisa e a construção do conhecimento é um valor tanto para o educador quanto para o educando, rompendo com a relação sujeito/objeto do ensino tradicional. Este processo poderá ser desafiador. Delimite-se o ponto de partida e o ponto de chegada será resultante da experimentação. Dessa forma, o ensino da arte estará intimamente ligado ao interesse de quem aprende. Esta maneira de propor o ensino da arte rompe barreiras de exclusão, visto que a prática educativa está embasada não no talento ou no dom, mas na capacidade de experiência de cada um. Dessa forma, estimula-se os educando a se arriscarem a desenhar, representar, dançar, tocar, escrever, pois trata-se de uma vivência, e não de uma competição. Para que esta afirmação se torne uma realidade, acreditamos que é através do espaço educativo que se possa efetivamente dar uma contribuição no sentido de possibilitar o acesso à arte a uma grande maioria de crianças e jovens. Sendo a escola o primeiro espaço formal onde se dá o desenvolvimento de cidadãos, nada melhor que por aí se dê o contato sistematizado com o universo artístico e suas linguagens: artes visuais, teatro, dança, música e literatura. Contudo, o que se percebe é que o ensino da arte está relegado ao segundo plano, ou é encarado como mera atividade de lazer e recreação. Desde o profissional contratado, muitas vezes tendo que lidar com os conteúdos das linguagens de forma polivalente, até o pequeno número de horas destinadas ao ensino das linguagens artísticas, a expansão se torna canhestra, quase sempre inexistente. A educação em arte, assim como a educação geral e plena do indivíduo, acontece na sociedade de duas formas: assistematicamente através dos meios de comunicação de massa e das manifestações não institucionalizadas da cultura, como as relacionadas ao folclore (entendido como manifestação viva e em mutação, não limitado apenas à preservação de tradições); e sistematicamente na escola ou em outras instituições de ensino. A arte-educação tem um objetivo maior que a formação de profissionais dedicados a esta área de conhecimento, no âmbito da escola regular busca oferecer aos indivíduos condições para que compreenda o que ocorre no plano da expressão e no plano do significado ao interagir com as Artes, permitindo sua inserção social de maneira mais ampla.


No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9.394/96) estabeleceu em seu artigo 26, parágrafo 2º que:
"O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos".
"A arte é um patrimônio cultural da humanidade, e todo ser humano tem direito ao acesso a esse saber"
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética, que caracterizam um modo próprio de ordenar e dar sentido à experiência humana:o aluno desenvolve sua sensibilidade, percepção e imaginação, tanto ao realizar formas artísticas quanto na ação de apreciar e conhecer as formas produzidas por ele e pelos colegas,pela natureza e nas diferentes culturas.(PCN- Arte-1997).























REFLEXÕES DAS PRÁTICAS EDUCATIVAS DO ENSINO DE ARTES

O livro vem mostrar que o contato com o universo mágico da arte é importante, mas desnecessário. Esta contradição vem sendo objeto de reflexão e prática por parte dos arte-educadores, interessados em reverter a situação em favor de uma escola que valorize os aspectos educativos contidos no universo da arte. Daí a preocupação com a formação de profissionais que vão exercer as funções na formação e orientação de crianças e de jovens. Diretores de escola, coordenadores e professores devem estar preparados para entender a arte como ramo do conhecimento em mesmo pé de igualdade que as outras disciplinas dos currículos escolares. Reconhecendo não só a necessidade da arte, mas a sua capacidade transformadora, os educadores estarão contribuindo para que o acesso a ela seja um direito do homem. Aceitar que o fazer artístico e a fruição estética contribuem para o desenvolvimento de crianças e de jovens é ter a certeza da capacidade que eles tem de ampliar o seu potencial cognitivo e assim conceber e olhar o mundo de modos diferentes. Esta postura deve estar internalizada nos educadores, a fim de que a prática pedagógica tenha coerência, possibilitando ao educando conhecer o seu repertório cultural e entrar em contato com outras referências, sem que haja a imposição de uma forma de conhecimento sobre outra, sem dicotomia entre reflexão e prática. Uma proposta em arte que parta deste princípio traz para as suas atividades um grande número de interessados. Estas crianças e estes jovens se reconhecerão como participantes e construtores de seus próprios caminhos e saberão avaliar de que forma se dão os atalhos, as vielas, as estradas. A arte fará parte de suas vidas e terá um sentido, deixando de ser aquela coisa incompreensível e elitista, distante de sua realidade.
A concepção de arte implica numa expansão do conceito de cultura, ou seja, toda e qualquer produção e as maneiras de conceber e organizar a vida social são levadas em consideração. Cada grupo inserido nestes processos configura-se pelos seus valores e sentidos, e são atores na construção e transmissão dos mesmos. A cultura está em permanente transformação, ampliando-se e possibilitando ações que valorizam a produção e a transmissão do conhecimento. Cabe então negar a divisão entre teoria e prática, entre razão e percepção, ou seja, toda fragmentação ou compartimentalização da vivência e do conhecimento.
Bernadete Zagonel nos mostrar processo pedagógico que busca a dinâmica entre o sentir, o pensar e o agir. Promove a interação entre saber e prática relacionados à história, às sociedades e às culturas, possibilitando uma relação ensino/aprendizagem de forma efetiva, a partir de experiências vividas, múltiplas e diversas. Considera-se também nesta proposta a vertente lúdica como processo e resultado, como conteúdo e forma.
Reconhecendo a arte como ramo do conhecimento, contendo em si um universo de componentes pedagógicos. Os educadores poderão abrir espaços para manifestações que possibilitam o trabalho com a diferença, o exercício da imaginação, a auto-expressão, a descoberta e a invenção, novas experiências perceptivas, experimentação da pluralidade, multiplicidade e diversidade de valores, sentido e intenções.
A arte valoriza a organização do mundo da criança e do jovem, sua auto-compreensão, assim como o relacionamento com o outro e com o seu meio. Assim contextualizamos o trabalho na vertente do lúdico e do fazer, com a ação mais significante do que os resultados, ou seja, não se propõe atividades que não levam a nada. Se pensarmos num projeto e no seu processo, cada etapa apresentará resultados que poderá se tornar ou não um outro projeto. Os resultados dos processos podem ser uma etapa ou sua finalização em espetáculos teatrais, coreográficos, musicais, exposições, mostra, performances etc.
A interação entre a concepção de arte e a concepção de educação encaminha-se na confluência do que conhecemos como arte-educação, conceito este que aponta para o entendimento de uma questão mais ampla que é a arte no espaço educativo: um projeto pedagógico com uma prática em arte. Destacamos a questão, tendo em vista que nenhuma outra disciplina tem necessidade de uma ênfase na sua nomenclatura quando da inclusão numa proposta pedagógica.
As práticas educativas surgem de mobilizações sociais, pedagógicas, filosóficas, e, no caso de arte, também artísticas e estéticas. Quando caracterizadas em seus diferentes momentos históricos, ajudam a compreender melhor a questão do processo educacional e sua relação com a própria vida. No Brasil, por exemplo, foram importantes os movimentos culturais na correlação entre arte e educação desde o século XIX. Eventos culturais e artísticos, como a criação da Escola de Belas Artes no Rio de Janeiro e a presença da Missão Francesa e de artistas europeus de renome, definiram nesse século a formação de profissionais de arte ao nível institucional. No século XX, a Semana de 22, a criação de universidades (anos 30), o surgimento das Bienais de São Paulo a partir de 1951, os movimentos universitários ligados à cultura popular (anos 50/60), da contracultura (anos 70), a constituição da pós-graduação em ensino de arte e a mobilização profissional (anos 80), entre outros, vêm acompanhando o ensino artístico desde sua introdução até sua expansão por meio da educação
formal e de outras experiências (em museus, centros culturais, escolas de arte, conservatórios, etc.). Isto nos faz ver que as correlações dos movimentos culturais com a arte e com a educação em arte não acontecem no vazio, nem desenraizadas das práticas sociais vividas pela sociedade como um todo. As mudanças que ocorrem são caracterizadas pela dinâmica social que interfere, modificando ou conservando as práticas vigentes. Dentre as mais relevantes interferências sociais e culturais que marcam o ensino e aprendizagem artísticos brasileiros podemos destacar:
? os comprometimentos do ensino artístico (desenho) visando a uma preparação para o trabalho (operários), originado no século XIX durante o Brasil Imperial e presente no século XX;
? os princípios do liberalismo (ênfase na liberdade e aptidões individuais) e o positivismo (valorização do racionalismo e exatidão científica), por um lado, e da experimentação psicológica, por outro, influenciando na educação em arte, ao longo do século XX;
? a retomada de movimentos de organização de educadores (principalmente as associações de arte-educadores), desde o início dos anos 80;
? a discussão e a luta para inclusão da obrigatoriedade de Arte na escola e redação da Nova Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional, após a Constituição Brasileira de 1988;
? a retomada das investigações e experiências pedagógicas no campo da arte; sistematizações de cursos ao nível de pós-graduação;
? as novas concepções estéticas da arte contemporânea modificando os horizontes artístico e conseqüentemente a docência em arte;
A preocupação com a educação em arte tem mobilizado pesquisadores, professores, estetas e artistas, os quais vêm procurando fundamentar e intervir nessas práticas educativas. No Brasil, desde o final dos anos 80 têm-se divulgado inúmeros trabalhos desta ordem, tanto aqueles elaborados aqui quanto os de outros países. São propostas que refletem atuações em arte e são baseadas:
? nas necessidades psicológicas dos alunos ou em suas necessidades e problemas ambientais, comunitários e sociais;

? no ensino e aprendizagem pensado a partir da própria da própria arte, como um sistema de conhecimento do mundo; no conhecimento da arte advindo de fazer artístico e também da apreciação e história da arte;
? nas articulações dos atos perceptivos e verbalizadores dos alunos como base da experiência estética;
? nos alcances e limites da interdisciplinaridade e entre os diversos métodos de ensinar a aprender os conhecimentos em arte;
? nas necessidades de mudanças da formação do educador em arte, visando à melhoria da qualidade de escolarização desde a infância.
A História é aquela que está sendo desenvolvida por professores e alunos em suas práticas e teorias pedagógicas. E, observando a história do ensino artístico, percebemos o quanto nossas ações também estão demarcadas pelas concepções de cada época. Para este estudo apresentaremos uma síntese das tendências pedagógicas mais influentes no ensino de arte e sua relação com a vida dos brasileiros.
Ao lado das tendências pedagógicas tradicional, escolanovista e tecnicista, surge no Brasil, um importante trabalho desenvolvido por Paulo Freire, que repercutiu. Politicamente, pelo seu, método revolucionário de alfabetização de adultos. Voltado para o diálogo educador-educando e visando à consciência crítica, influencia principalmente movimentos populares e a educação não formal. Retomado a partir de 1971, é considerado nos dias de hoje como uma "Pedagogia Libertadora", em uma perspectiva de consciência crítica da sociedade.
A partir dos anos 80, acreditando em, um papel específico que a escola tem com relação a mudanças nas ações sociais e culturais, educadores brasileiros mergulham em um esforço de conceber e discutir práticas e teorias de educação escolar para essa realidade. Conscientizam-se de como a escola se configura no presente, com vistas a transformá-la rumo ao futuro. E nos convidam a discutir as ações e as idéias que queremos modificar na educação em arte, como um desafio c compromisso com as transformações na sociedade. Começa a se "desenhar" um redirecionamento pedagógico que incorpora qualidades das pedagogias tradicional, nova, tecnicista e libertadora e pretende ser mais "realista e crítica. Suas concepções podem ser sintetizadas nos seguintes aspectos de agir no interior da escola é contribuir para transformar a própria sociedade.



CONSIDERAÇÕES FINAIS

Cabe à escola difundir os conteúdos vivos, concretos, indissoluvelmente ligados às realidades sociais. Os métodos de ensino não partem de um saber espontâneo, mas de urna relação direta com a experiência do aluno confrontada com o saber trazido de fora, professor é mediador da relação pedagógica - um elemento insubstituível. É pela presença do professor que se torna possível urna "ruptura" entre a experiência pouco elaborada e dispersa dos alunos, rumo aos conteúdos culturais universais, permanentemente reavaliados face as realidades sociais
A educação escolar deve assumir, através do ensino e da aprendizagem do conhecimento acumulado pela humanidade, a responsabilidade de dar ao educando o instrumental para que ele exerça uma cidadania mais consciente, crítica e participante. Tem-se buscado elaborar, discutir e explicitar: então, uma "Pedagogia Histórica Crítica", ou seja, uma prática e teoria da educação, escolar mais realista, mais "Crítico-Social dos Conteúdos" sem deixar de considerar as contribuições das outras perspectivas pedagógicas. Essa pedagogia escolar procura propiciar a todos os estudantes o acesso e contato com os conhecimentos culturais básicos e necessários para uma prática social viva e transformadora.




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares Nacionais: arte. Brasília: MEC/SEF, 1997.

ZAGONEL, Bernadete. Metodologia do Ensino de Arte: Arte na Educação Escolar. Editora Ibpex.

Autor: Lidiana Fonseca Lira


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