Experiências De Baixo Custo Para Ensino De Ciências



 (*) Lautenschleguer, I. J , (*)  Maceti, H.;  (**) Levada, C. L

(*) Grupo de Estudos em Ciências da Natureza e suas Tecnologias (ISE) - Uniararas

 (**) Grupo de Estudos em Processos Educacionais - AFA

  contato : [email protected] (ISE)

 

 

Introdução

 

De um modo geral, o  que se percebe nos processos de ensino de Ciências é que eles são desenvolvido de uma forma a conduzir automatização ou memorização da resolução de exercícios repetitivos. Esta desconexão entre a realidade dos alunos e o ensino de Física, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (BRASIL, 2000), atua de modo a não no aluno desenvolver um senso crítico , além de não proporcionar um  entendimento do mundo que o cerca. Os estudantes, de maneira geral, são submetidos a uma avaliação tradicional, na qual são solicitados a reproduzir o conhecimento conforme foi apresentado em sala de aula.  

Uma alternativa para o ensino de Ciências, proposta deste trabalho, é o uso de uma atividade prática que pode ser realizada facilmente.

A absorção de umidade em tijolos, com foco na teoria da aprendizagem significativa de Ausubel, tem o objetivo é investigar a eficácia deste recurso pedagógico para introduzir conceitos de permeabilidade e infiltração aos alunos da oitava série do Ensino Fundamental, oportunizando uma aprendizagem de conceitos físicos que estão relacionados com a realidade cotidiana deles.

A experiência proposta consiste da análise de amostras de tijolos selecionadas para os ensaios onde foram feitas experiências sobre a taxa de absorção de água. O objetivo é verificar o percentual de água absorvida pelo tijolo, obtido a partir da diferença entre a massa seca e a massa úmida da amostra, num determinado período de tempo.

A experiência também se justifica pelo fato de que a ABNT mantém normas rígidas e específicas a respeito de absorção de água em materiais de construção civil, sendo que  de acordo  com a norma de absorção de água, ABNT –NBR 8491-04/1984, as amostras deverão estar dentro dos parâmetros especificados (maior que 8% e menor que 25%), indicando que as amostras fora desses parâmetros estão irregulares, pois as paredes construídas com esses tijolos podem sofrer aumento de carga quando expostas a chuva, acarretando problemas na construção.

Metodologia

 

As amostras foram pesadas, (massa seca) ,e em seguida submersas em  2 baldes com água, 4 amostras em cada balde, depois de 1 hora de imersão foram retiradas e pesadas novamente (massa úmida),e em seguida calculou-se os resultados das amostras.

A massa das amostras sólidas maciças foi determinada utilizando uma balança com capacidade para  5 kg, num ensaio em que temperatura da água indicava 25º Celsius e a temperatura ambiente 25º Celsius.

A experiência de absorção de água foi repetida três vezes, utilizando as mesmas amostras, com intervalo de três semanas para secagem em temperatura ambiente.

Na segunda e terceira  amostragem o tijolo foi levado ao forno à temperatura de 100 graus Celsius por 20 minutos, mas não houve alteração de peso, ou seja , três semanas foi o tempo ideal para a evaporação da água absorvida pelas amostras. Foram analisadas diferentes marcas de tijolos (comuns), classificadas por cidades e características mecânicas (tabela 1).

 

Formula usada para determinar a porcentagem de água absorvida pelas amostras.

 

A = [ M2 – M1] *100

                     M1

 

 

 



Onde:      M1  =  massa do tijolo seco , M2  =  massa do tijolo saturado, A  =  absorção de água em porcentagem.

 

 

                                      Fluxograma

Pesagem das amostras

 

           Massa  seca

 

Imersão das amostras

 

     Tempo: 1 Hora

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



         

 

 

 

 

Pesagem das amostras

       Massa úmida

 

 

 

 

 

 

 

Calculo da variação                        de      peso (kg)

 

 

 

 

 



                             

 

 

Calculo   da   %       de   água   absorvida

 

 

 

 

 

 



Tabela 1: Descrição das Amostras

 

Marcas

Cidades

Dimensões (mm)

Cor

alto relevo

A

Leme

L1= 210    L2= 100  L3= 45

Vermelho Escuro

J. R. S.

B

Jacutinga

L1= 190    L2= 90    L3= 45

Vermelho

C H E C A

C

São João da Boa Vista

L1=220     L2= 105  L3= 45

Vermelho Escuro

P. 0.

D

Porto Ferreira

L1= 225    L2= 105  L3= 45

Vermelho Escuro

. C .

E

São João da Boa Vista

L1= 225    L2= 100  L3= 45

Vermelho Claro

D . M.

F

Rio Claro

L1= 185    L2= 85    L3= 40

Vermelho Claro

Desenho

G

Leme

L1= 210    L2= 100  L3= 40

Vermelho Claro

ESCORPIÃO

H

Bragança Paulista

L1= 190    L2= 90    L3= 45

Bege Escuro

Desenho

                                                                       

 

       

RESULTADOS

 

(1ª amostragem)

 

Amostras

Peso seco  kg

Peso úmido  kg

Absorção em kg

% Absorvida

A

1,4

1,7

0,3

21.4

B

1,3

1,58

0,28

21.5

C

1,5

1,9

0,4

26.6

D

1,65

2

0,35

21.2

E

1,5

1,9

0,4

26.6

F

0,8

1,05

0,25

31.25

G

1,4

1,71

0,31

22.1

H

1,3

1,58

0,28

21.5

 

 

 (2ª amostragem)

 

Amostras

Peso seco  kg

Peso úmido  kg

Absorção em kg

% Absorvida

A

1,4

1,7

0,3

21.1

B

1,3

1,54

0,26

20

C

1,5

1,84

0,34

22.6

D

1,65

1.98

0,33

20

E

1,5

1,88

0,38

25.3

F

0,8

1,04

0,24

30

G

1,4

1,7

0,3

21.4

H

1,3

1,58

0,28

21.5

 

 

(3ª amostragem)

 

 

Amostras

Peso seco  kg

Peso úmido  kg

Absorção em kg

% Absorvida

A

1,4

1,7

0,3

21

B

1,3

1,5

0,2

16

C

1,5

1,8

0,3

20

D

1,65

1.92

0,27

17

E

1,5

1,85

0,35

23.3

F

0,8

1,0

0,2

26

G

1,4

1,7

0,3

21.4

H

1,3

1,53

0,23

18

 

  

Resultados finais (valores médios)

 

 

Marca

% Absorção

(1ªamostra)

% Absorção

(2ª amostra)

% Absorção

(3ª amostra)

situação

A

21.4

21.1

21

Normal

B

21.5

20

16

Normal

C

26.6

22.6

20

Normal

D

21.2

20

17

Normal

E

26.6

25.3

23.3

Anormal

F

31.25

30

26

Anormal

G

22.1

21.4

21.2

Normal

H

21.5

21

18

Normal

Média

24 %

22.7 %

20.3 %

 

 

 

Conclusões

 

Como podemos observar pelas experiências nos blocos cerâmicos, algumas marcas apresentaram irregularidades, isso é explicado pelo fato de que, alguns fabricantes não seguem as normas de confecção dos tijolos, ou seja, em algum requisito no processo de fabricação desses tijolos. Os blocos podem até ter uma aparência satisfatória, mais não é possível detectar uma boa qualidade desse produto pela aparência. Construindo-se uma casa com tijolos de baixa qualidade é arriscado, principalmente se a construção não for dotada de revestimento. Como é indicado na experiência de absorção, um bloco que absorve água, fora dos parâmetros especificados  compromete inclusive pelo aumento de peso causado pela absorção.

Na 1ª amostragem as amostras C, E e F foram reprovadas indicando alto grau de absorção de água. Já após o 2º e 3º experimentos notou-se que somente as amostras E, F continuaram fora dos parâmetros especificados pela norma de absorção de água, ocasionando desvios nos resultados finais deste experimento. Todas as amostras, nas 1ª e 2ª amostragens, indicaram absorção maior ou igual  a 20 % de seu peso seco. Uma analogia sobre a cor dessas duas marcas reprovadas, é que ambas são de tom mais claro que as outras marcas, indicando uma queima diferente, por exemplo.

Para explicar o fato da absorção  decrescente, é necessário fazer algumas hipóteses que poderão ser constatadas após novas experiências. Mas a 1ª hipótese provável é a de que, após a 1ª absorção, como as amostras não haviam sido testadas, ocorreu um rearranjo na porosidade das amostras fazendo com que as mesmas absorvessem menos água, que também foi constatada na 2ª e na 3ª amostragens.

Esta experiência simples pode ser aplicada nas aulas de Ciências e proporcionar maior motivação e interesse aos alunos por tratar-se de coisas do cotidiano.

 

Referencias

 

" SAVASTANO, JR. HOLMER – Fibras de coco em argamassas de cimento Portland, dissertação de mestrado apresentada a Escola Politécnica da USP- SP – 1987

 

" CAPUTO, HOMERO PINTO – Mecânica dos solos e suas aplicações, vol 1 e 2 – Editora Ao livro Técnico S.A – Rio de Janeiro- 1967

 

" REICHARD, K. – Dinâmica da Matéria e da Energia em Ecossistema – ESALQ/ USP- 1996

 

" REVISTA VIVA QUALIDADE, nº 04 –julho/ agosto de 1999

 

" JORNAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DA INDUSTRIA CERÂMICA- agosto de 2000.

 

" NBR 7.171,  novembro de 1992 – Bloco Cerâmico para Alvenaria : Especificação  Determinação da Massa e da Absorção de Água : Método de Ensaio

 


Autor: Celso Luis Levada


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