Combustível ao escrever.





Combustível ao escrever.


Nas horas de percepção alterada a escrita o coloca na posição adequada. Uma posição recheada de vontade para escrever, e repleta de energia para a criação escrita. O combustível que induz o discorrer de palavras aleatórias e combinadas entre si, aparece no cérebro devido ao estado de consciência ocasionado pela ânsia da criação. O desprezo pela regulamentação ortográfica juntamente à livre preocupação em atender as formas sintáticas de composição escrita, possui o caráter impulsionador do hábito de escrever. Descobre o ópio da escrita quem releva os compromissos gramaticais em prol da necessidade de expressar seu parecer único sobre um assunto. O combustível básico para realizar uma escrita é à vontade em registrar um parecer único sobre um determinado tema. Os assuntos e os temas relatados por quem necessita escrever são tão infinitos quanto os objetos que se podem ver. Resumindo; só escreve alguma coisa aquele que está abastecido com o combustível básico de desejar gravar a sua interpretação do mundo.
Tão primordial quanto o combustível para se escrever é a disponibilidade, ou seja, a doação de parte do seu tempo ao ato de escrever. O fator tempo é tão complexo e importante, que resume a questão central em escrever ou não escrever. Em primeiro lugar, não é remunerado financeiramente e depois, precisa do escritor em um estado de inspiração capaz de colocá-lo a escrever prazerosamente e involuntariamente. Coincidir o tempo disponível com a hora de inspiração é muito difícil, quase impossível para a pessoa que bate o ponto em um trabalho regular de subsistência. No momento de ócio, não há quem prefira escrever ao invés de curtir os prazeres da vida contemporânea. Mesmo quem prefere a escrita ao lazer, esbarra na falta de inspiração do momento livre.
A gasolina continua a mesma, a queima de oxigênio continua liberando CO2 aos montes, aquilo que alimenta algo consome algo. Dar energia a uma ação necessariamente finaliza outro agir, escrever até aqui possui um preço. Cinco anos depois, com posturas e situações similares e também totalmente diferentes, o prazer por registrar o vivido, a vontade intima de escrever quem sou, fincam sua bandeira impondo seu poderio atemporal na necessidade livre em deixar materializado o que pensa. Penso em liberdade, autonomia e igualdade. Penso em todos os seres doando tudo o que possuem para o outro ser, independente do quanto possui, abdica de tudo e cede ao próximo. Todos que existem aqui e agora juntando os seus pertences e entregando-os ao primeiro ser de sua espécie que encontrar. A livre comunhão dos seres.

Autor: Mateus Guimarães Alves


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