Meu destino é contar



Ronaldo Almeida Nogueira

Romance

Dedico este livro a meu pai, de quem herdei o hábito de ler, e quem até hoje admiro quando recordo as saudosas noites em que à luz de um lampião, lia em voz alta, contos infantis, com os filhos e a esposa em seu redor, causando-me admiração em ouvir a leitura fluente de quem nunca freqüentou uma escola.
Apesar de não me lembrar do nome do autor, nunca vou me esquecer do primeiro livro infantil que meu pai leu para nós, a história de Nhô Nito e Nhá Chica, encabeçando a lista de inúmeros que o ouvimos ler posteriormente.
Após o ouvirmos ler uma história, sonolentos, íamos dormir embalados pela fantasia de viver como personagem principal daquele livro.
Obrigado, meu velho, obrigado por nos ter ensinado a saborear o prazer da leitura.
Também à minha mãe, que junto ao meu pai, muito se sacrificaram para nos manter na escola. Apesar da fraca condição financeira, porém nos concederam o privilégio de cursarmos o ensino médio, arcando com despesas de aluguel, mantimentos, mensalidades e material escolar, na cidade de Imperatriz, a duzentos quilômetros de São Domingos do Araguaia.
Por fim, dedico à minha esposa, quem muito me incentivou com o seu constante otimismo, nos momentos em que eu pensava em desistir de escrever, na convicção da quase impossibilidade de o meu trabalho ser reconhecido pelo público; "Não desistas, pois não tens a obrigação de agradar a outrem. Se possível, desagradar, desde que o teu trabalho te cause satisfação. Não plantastes várias árvores? Não fizestes três lindos filhos? Agora só te falta escrever este livro para que realmente te sintas realizado". Era o que ela me dizia nos momentos dos meus desânimos, e foi o que me deu forças para chegar à conclusão deste livro.

BIOGRAFIA DO AUTOR

Ronaldo Almeida Nogueira, nascido em 06 de março do ano de 1967, na cidade de Imperatriz, no Estado do maranhão, filho de Dona Maria do Amparo Nogueira e do Sr. Raimundo Almeida Nogueira.
Ao completar quatro anos de idade, mudou-se com seus pais e seus quatro irmãos, para a cidade de Açailândia, no Estado do Maranhão, onde começou a freqüentar uma pequena escola particular de alfabetização.
Aos seis anos de idade, concluiu a primeira série do ensino primário, em uma escola pública da rede municipal de Açailândia, em 1973. Em dezembro desse mesmo ano, mudou-se com a família para a cidade (Naquele ano um pequeno povoado) de São domingos do Araguaia, no Estado do Pará, onde ingressou na Escola estadual de 1º grau José Luis Cláudio, escola em que cursou o ensino de 1º grau, na época o ginásio.
Ao concluir o ginásio, não havendo mais como prosseguir nos estudos, pois naquele tempo em São domingos do Araguaia só havia aquela escola, e a mesma só oferecia o ensino de 1ª a 8ª série, mudou-se para Brasília, onde iniciou o curso de ensino médio, o 2º grau naquele tempo, no Centro de Ensino nº 3, o Centrão de Ceilândia Sul. Em Brasília, Ronaldo passou a morar em casa de seus avôs maternos, no ano de 1982.
Em 1983 seus avôs mudaram-se de Brasília para Imperatriz. Foi quando retornou para aquela cidade, matriculando-se e concluindo o curso profissional técnico em contabilidade, de nível 2º grau, na escola Educandário Fortaleza, em 1985.
Em 1986 prestou serviço militar na 23ª brigada de Infantaria de Selva, na cidade de Marabá, no Estado do Pará.
Em 1987 retornou para São Domingos do Araguaia, sem condições de realizar um curso superior, pois na época, as universidades mais próximas de São Domingos estavam em Belém ou em São Luis do Maranhão.
Em 1989 começou a trabalhar como auxiliar de secretaria na escola estadual de 1º grau Pequeno cristo, onde conheceu Eliane Pereira Melo, com quem se casou e tiveram duas filhas; Déborah Rayrana e Sarah Giovanna, e um filho; Ronaldo de melo Nogueira.
Em 1992 candidatou-se a vereador, quando São Domingos do Araguaia passou a ser município independente do município de São João do Araguaia, pelo processo de emancipação, conseguindo eleger-se com uma votação que lhe garantiu a 8ª posição das nove vagas disputadas por 120 candidatos, para pouco mais de três mil eleitores.
Apesar de ter sido muito bem votado, não mais conseguiu se reeleger nas eleições posteriores, terminando por abandonar a carreira política.
Seu contato com a literatura se deu aos oito anos de idade, incentivado por seu pai, que apesar de ter quase
nenhum estudo, mesmo assim gostava de ler livros da literatura Brasileira, de autores como Jorge amado, José de Alencar, Bernardo Guimarães e vários outros.
Começando por ler gibis, bolsilivros, posteriormente romances de autores Brasileiros e estrangeiros, despertando assim o seu gosto pela literatura, e conseqüentemente o incentivo em escrever o seu primeiro livro, MEU DESTINO É CONTAR, concluído em 2004.
Atualmente aos 43 anos de idade, continua escrevendo o seu segundo livro ainda em fase de andamento.
Trabalha ainda como auxiliar de Secretaria e como Professor de matemática na Escola Pequeno cristo, e faz o curso de Bacharelato em Ciências contábeis, pela universidade Leonardo da Vincci, na cidade de Marabá.

PREDESTINADO

Dentro do espaço, corpo, tempo, luz, treva, vida, morte e alma, nada, nem mesmo o impulso ao rumo tomado pela brisa que varre o silêncio e a imobilidade da noite no deserto, é fugidio do controle de um propósito já determinado e em processo de avançado andamento, sendo imune ao sofrimento de qualquer alteração. Desde o movimento dos corpos celestes até ao rastejar de uma lesma, o impulso desse propósito o gera emanado à perfeição, imutabilidade e inexorabilidade.
O instinto de preservação da própria vida, originado do temor da morte, que por sua vez é provindo do apego, obstrui do homem a capacidade de perceber a predestinação das causas que provocam seus respectivos efeitos. Esse instinto leva o homem a crer em um Deus com semelhança de homem e no homem com a semelhança de Deus. Um Deus que padece da dor do arrependimento, um Deus que se rende a súplicas, um Deus que castiga por vingança e que dá recompensas por simpatia, que é vulnerável ao ardor da ira, que ama e que odeia.
Se uns conseguem ser e outros não, se muitos não têm e poucos sobejam, não é porque aqueles têm pelo muito que pedem e esses porque não pedindo, nada têm. Contudo, pelo propósito que determinou o início, o motivo, o meio e o fim da vida de Adão, assim também como da mesma maneira, a vida dos de hoje. Tudo segue a vontade e determinação desse propósito. Nada lhe foge ao domínio.
Esse propósito é o mesmo que a uns abastece de fé, para que lhe pedindo sejam prontamente atendidos, a outros que mesmo sem nada lhe solicitarem recebem o que lhes tem para ser dado em momento determinado e uns que muito suplicam, todavia nada lhes é dispensado.
Em muitos grupos são divididos os homens na forma de crer em Deus. Cada grupo uma doutrina, cada doutrina uma discordância e em cada discordância uma contradição, havendo ainda aqueles que crêem isoladamente de acordo a sua filosofia de vida, com a sua fé única, individual e diferente das demais. Mas todos têm a consciência da ignorância abrangente e generalizada quando se trata de referir-se a Deus. Da justiça divina ninguém pode e nem sabe falar com a certeza do que se estar a afirmar.
Todavia, por experiência própria, estou convicto de que a predestinação ? Não a predestinação pregada e difundida entre equivocados fanáticos desse dogma, porém a predestinação auto interpretada e por mim mesmo obedecida, diferenciada de todas as outras, assim mesmo como é a impressão digital, individual e diferente em cada ser humano ? determinada após uma escolha, antes do viver preso na carne, (no corpo) torna o fenômeno viver no meio, uma missão incumbida de no fim justificar o princípio.
Há justificativa para toda existência. E o que não existe mais no meio, existe na extinção e nela também se justifica.
Esse propósito também desde o princípio já estabeleceu quem são os herdeiros de um lugar no paraíso, assim também como os que não são herdeiros de nada, tanto dentre os mortos, como dentre os vivos de hoje e dos que ainda virão. Aqueles que correm atrás da salvação, correm impulsionados por esse propósito. Os que não acreditam movem-se também pelo mesmo impulso, embora que por diferentes direções.
Propositalmente foram abertas duas entradas; Foi determinado que pela entrada que dá acesso ao inferno, a que é muito larga, trilhem uma grande maioria e pequeníssima minoria pela entrada estreita, a qual dá acesso ao paraíso. E qual o homem que trilhará por qualquer delas graças a sua própria escolha? Tudo isso antes já foi determinado e o depois de tudo também.
E o pobre ser humano pede, busca e consegue uma riqueza material e sem usufruir do fruto do seu mourejar, de forma mesquinha a retém e continua a trabalhar arduamente em busca de mais. Porém se fosse capaz de se convencer da sua insignificância para a Supremacia divina, e da sua igualdade para com o seu semelhante, de conformar-se com o que recebe, seja bem ou mal, conscientizar-se de que pode ser merecedor do tudo ou do nada, que o antes e o depois estão muito além do hoje e que a folha não se move pelo vento, mas pela vontade de quem o sopra, poderia dar-se conta da sua insignificância para si mesmo. Daí em diante, aceitando o que pelo propósito lhe é dispensado, certamente obedeceria ao curso da sua existência e isso lhe seria mais proveitoso do que ter que obedecê-lo alheio a tudo e a todos, sem saber que é apenas um reles personagem no episódio da existência e que tem um papel sem muita importância no cenário da natureza.
Autor: Ronaldo Almeida Nogueira


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