EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: UM CAMPO DE DIREITOS E DE RESPONSABILIDADE PÚBLICA - Síntese do texto de Miguel Arroyo



Neste texto, procuramos sintetizar as idéias de Arroyo (2005) a respeito das transformações que o mesmo julga necessárias para tornar a Educação de Jovens e Adultos "um campo de direitos e de responsabilidade pública".
Para Arroyo (2005, p. 19) a Educação de Jovens e Adultos "(...)é campo ainda não consilidado" no que diz respeito a pesquisa, a políticas públicas, a diretrizes ecudacionais, formação de professores e propostas pedagógicas, e por isso, há uma diversidade de tentativas de "configurar sua especificidade".
Segundo o autor, atualmente há vários indicadores de uma mobilização em torno da EJA, que podem ser percebidos nas ações do Estado, das instituições, ONG's, igrejas, e de diversos seguimentos da sociedade em geral. Entretanto, o sistema escolar continua fechado para esses indicadores, e necessita pensar e agir com o objetivo de transformar a EJA, de fato, em "um campo de responsabilidade pública" (p. 22).
Para tanto, se faz necessário começar por conhecer os sujeitos da EJA, bem como a trajetória histórica da modalidade no pais. Ao conhecer a história da EJA, será ainda necessário abandonar a visão restrita das "carências e lacunas no percurso escolar" (p. 23), e perceber que tais carências estão atreladas as sociais.
De acordo com Arroyo (2005: p.24-25) não se pode separar o direito à escolarização, dos direitos humanos. Segundo ele os "jovens-adultos", mesmo que tenham estacionado o processo de escolarização, não "paralisam" os "processo de sua formação emntal, ética, identitária, cultural, social e política". Nesse sentido, é preciso um olhar mais positivo, reconhecendo que os sujeitos da EJA, "protagonizam trajetórias de humanização", participando em lutas sociais pela garantia de seus direitos.
Também é preciso que se exija do Estado, políticas públicas mais adequadas ao atendimento de jovens e adultos para um ensino com suas características específicas e não com a mentalidade assistencialista, que visa recuperar o tempo perdido, as carências da idade considerada escolar (7-14 anos).
Para ele historicamente os sujeitos da EJA "são os mesmos: pobres, desempregados, na economia informal, negros, nos limites da sobrevivência", e seu "nome genérico", "oculta essas identidades coletivas" (p. 29). Assim, os direitos sociais dos sujeitos da EJA devem ser requeridos para que seja devolvida a identidade que lhes foi negada geração após geração.
Um dos "traços" que ajuda a configurar a realidade da EJA, é a riqueza da EJA como "campo de inovação da teoria pedagógica (p. 36). E muito das inovações da escola atual, iniciaram-se no "Movimento de Educação Popular". Por isso, "a centralidade das vivências, da cultura, do universo de valores, dos sistemas simbólicos dos educandos e dos educadores nos processos de aprendizagem" devem ser aprofundadas através das novas teorias pedagógicas.
Embora a EJA historicamente tenha ocorrido fora da escola, e talvez essa informalidade seja um dos motivos que fazem com que essa modalidade não seja levada a sério pela sociedade e pelo Estado, (p. 43-47) sempre se fazem comparações que acabam por evidenciar o distanciamento da formalidade do sistema educacional. No entanto, para que haja diálogo entre o sistema escolar e a EJA, será necessário tomar as experiências desta para enriquecer aquele, e principalmente "torná-lo realmente público" e mais democrático, para que não se repitam as defasagens e exclusões de adultos e jovens.
Enfim, a EJA precisa ser reconfigurada de forma mais "pública" e "igualitária", mas isso perspassa a também reconfiguração do sistema escolar. Por isso a necessidade de respeito e diálogo.
Para Arroyo (2005: p. 42) "os jovens e adultos que voltam ao estudo, sempre carregam expectativas e incertezas à flor da pele". Logo, o conhecimento da história da EJA e especialmente da história de vida dos educandos, a diversidade de contextos e ao mesmo tempo a similaridade dos problemas e entraves, é essencial aos docentes. Isso por meio de uma prática sensível, aberta ao diálogo constante professor/aluno, e história de vida/temas estudados, humanizando mais o ensino nessa modalidade.
Portanto, ao final dessa síntese, voltamos a mensagem principal do autor: urge a necessidade de ver nos alunos de EJA, "mais do que alunos em trajetórias escolares truncadas. Vê-los jovens-adultos em suas trajetórias humanas". Ou seja, tratar do processo de inclusão escolar, de modo entrelaçado ao social.

REFERÊNCIAS:

ARROYO, Miguel González. Educação de jovens-adultos: um campo de direitos e de responsabilidade pública. In: SOARES, Leôncio; GIOVANETTI, Maria Amélia G. C.; GOMES, Nilma Lino (orgs.). Diálogos na educação de jovens e adultos. Belo Horizonte: Autêntica, 2005. p. 19- 50.

Autor: Simone Sandim Silveira


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