Posso odiar o mundo



Eu odeio tudo que está a minha volta, as pessoas que me rodeia e o meu mais falto sorriso. Odeio a vida que levo as coisas que como, os amigos que convivo. Odeio saber que dentro de mim existem sentimentos que me fazem chorar, como idiotas crianças, depois de um belo tombo de bicicleta. Odeio pensar e sonhar com campos gramados, cavalos brancos e príncipes encantados. Cansei de olhar para o mundo e enxergar toda essa impunidade. Cansei de me olhar no espelho e ver refletido a mais pura imagem de alguém que não consegue ser feliz e nem mesmo sorrir verdadeiramente. Cansei de chegar em casa e encontrar tudo na mesma monotonia de antes.
Quero fugir, sumir, ir embora desse planeta. Encontrar um lugar onde eu possa me dar valor e acreditar nos meus sonhos, sem medo de cair e me machucar. Quero olhar para o céu e poder contar todas as estrelas, sem pressa alguma. Quero amar, sem medo de chorar depois. Quero que as lágrimas escorram por toda minha face, mas por um belo e nobre motivo e não por me sentir mal e insignificante. Quero brincar, sorrir, ser feliz, será que é tão difícil de entender? Eu não agüento mais essa sensação de sufoco, prisão, que me atormenta e me deixa sem ar. Não posso mais continuar me enganando e acreditando na pureza das pessoas. Nada aqui é mais real, tudo me faz mal. Criar imagens com as nuvens, já não faz parte da minha alegria, a casa se tornou meu refúgio e de um planeta sem amor eu tento fugir. Vivo apenas no meu mundo, o lugar mais escuro e sozinho que uma pessoa possa imaginar. Um mundo onde as lágrimas predominam, e o coração nunca bate em ritmo acelerado. Mundo em que se tornou o único lugar onde eu poderia parar e relaxar, tentar não pensar em nada, me escondendo dos meus próprios sentimentos, que são o que mais me fazem mal. Como eu posso suportar uma vida que nunca desejei. Como eu posso superar esse vazio que cresce aqui dentro, essa sensação de desprezo que aumenta a cada dia. Desprezo com o mundo, com as emoções, com os amigos e comigo mesma. Eu vou encontrar um lugar para morar, lugar em que ninguém mais poderá entrar a não ser eu. Onde viverei eternamente sozinha ate os últimos momentos de vida. Onde eu farei do meu caminho o mais insignificante de todos, pois não me restam motivos para lutar. Eu tentei de todas as formas, mas minha mente insiste em não aceitar. Não quero amor, não quero amizade, nem mesmo carinho. Eu vou me virar eu sei, mas farei questão de esquecer tudo referente ao meu passado e principalmente as pessoas que um dia olharam para mim e me desprezaram e ofenderam com a maior frieza do mundo, podendo ser até comparado ao tratamento de um mero animal de rua, sem alimento, educação e principalmente importância. Sei do meu valor e de tudo que posso realizar sozinha, de tudo que posso conquistar com meu próprio mérito, mas não vejo mais motivos pra continuar lutando por uma coisa que não será reconhecida e muito menos valorizada. Cansei, cansei de tudo, cansei do mundo. Agora entrego a minha vida, aos desejos de quem a conduz. E se por um acaso houver uma luz, mesmo que seja no fim de todo o túnel, não preocupe em me avisar. Posso até tentar chegar a ela, mas não terá mais importância. A vida me da ânsia.

Autor: Fernanda Lolobrígida


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