NOVAS FORMAS DE PERSEGUIÇÃO E TORTURA



AS NOVAS FORMAS DE TORTURA

Nada como sentir na pele as injustiças cometidas pelos homens. Sim pelos nossos semelhantes. Não adianta culpar o poder por tais atrocidades, mas é preciso nominar todos aqueles que usaram o poder como instrumento de perseguição aos indivíduos que julgavam inimigos.
Não existe reparação material nenhuma que faça apagar os traumas oriundos deste tipo de humilhação, pois vidas e famílias inteiras foram destruidas por conta destas atrocidades.
É notório perceber que os sistemas políticos sempre vem mudando em todos os paises no mundo inteiro. Cada sistema de poder tem suas peculiaridades. A democracia nem sempre é verdadeira e a farsa da participação popular é uma realidade.
Não é raro ouvir falar que "o povo é a elite de um país" ou "a elite de um país é o povo". Sim é explicável tal fraseado, visto que governos vão e vem e a elite sempre se manteve ao lado poder, como se mantivesse um mandato vitalício.
Quando falo de elite, me refiro a elite mesmo, formada pelas minorias com grande poder social, político e econômico, pois os demais cidadãos, salvo raríssimas exceções conseguem almejar patamares tão altos quando se fala em relações de poder.
O cidadão comum passa despercebido nas relações de poder. Já o cidadão comum portador de um certo grau de liderança, seja social ou seja política, passa a ser visto em muitas situações como um indivíduo portador de um certo grau de periculosidade, principalmente quando ele manifesta de forma inconsciente algum tipo de pensamento crítico.
Muitas dessas lideranças sociais, mesmo distanciadas das atividades políticas, que vem atuando em vários segmentos da atividade assistencial, ambiental, cultural e educacional, tem sido vítimas de pressões muito semelhantes ás que ocorriam durante os governos ditatoriais.
Vale salientar que os governos se revezam de forma sistemática nas esferas do poder, renovando sempre os Poderes Executivo e Legislativo.
Tal fenômeno não ocorre com o Poder Judiciário que se mantém estático, imutável, intocável, ferindo de certa forma os princípios do Estado Democrático.
Diante de tão dura realidade não há como negar uma possível "Ditadura do Judiciário".
O Poder Judiciário tem trabalhado fortemente em favor da elite política, econômica e social em todos os recantos do País.
O cidadão comum tem sofrido demais por conta do descaso de toda essa estrutura vitalícia de poder que se instalou dentro da República.
Já o cidadão comum portador de um certo grau de liderança que manifesta ações de transformação, de contribuição ou de protesto, capazes de comprometer a estrutura de poder reinante, passam a ser visto da mesma forma como os governos ditatoriais viam os defensores da democracia.
Estes novos pensadores desenvolvem atividades paralelas aos serviços governamentais, sem interesses políticos ou partidários em várias regiões do País, através de instituições de natureza não governamental, totalmente independentes e auto-suficientes.
Muitos deles enfrentam dificuldades relacionadas ao reconhecimento de suas ações em prol do fortalecimento da democracia popular por conta de perseguições idênticas ao que ocorria durante os governos ditatoriais.
Quando uma liderança popular que nasceu na informalidade se destaca como elemento transformador da realidade dentro de suas comunidades, começa a atuar prestando serviços a população, passa a ser vítima de ações contrárias movidas pela elite política, social e econômica local.
O que antes era chamado de subversivo, agora é chamado de ilegal. Se tais lideranças empreendem qualquer ação é necessário o controle total e absoluto do Poder Público, caso contrário ele passará a ser tratado como um cidadão a margem da Lei.
Ora, tal mecanismo de reação se manifesta a partir do momento em que tais lideranças, almejando tirar da informalidade legal as suas ações e projetos, se deparam com uma série de dificuldades de natureza burocrática, alimentadas pela intervenção política e econômica, manifesta através de ações do Poder Judiciário.
Esta realidade é notória em nosso País. Lideranças populares são transformados em bandidos.
Tais cidadãos são vítimas de novos mecanismos de tortura que passaram a ter novos formatos que vão desde a destruição da honra, do equilíbrio psicológico, da estrutura familiar, das condições de trabalho e do convívio com os seus semelhantes, sem falar de uma possível privação de liberdade.
O Poder Judicário é um patrimônio da democracia e deve ser utilizado de forma transparente, tendo como objetivo único a aplicação da Justiça, sempre de forma imparcial.
A Democracia não pode ser ferida pela má ação de representantes do Poder Judiciário. A magistratura é uma função nobre e de forma alguma deve ser maculada pela defesa de interesses obscuros.
O Poder Executivo e o Poder Legislativo, são confiáveis por conta da certeza de sua renovação periódica, alimentada por um forte sentimento de democracia e transformação.
Não posso dizer o mesmo do Poder Judiciário, posto que se mantém soberano e eterno, alimentado por um forte sentimento de ditadura e conservadorismo.
Magistrados não são deuses. Magistrados não são eternos. Tais representantes deverão usar o poder que emana de suas funções para promover o bem e a concórdia.

JOSE STENIO NEVES GAMELEIRA
Educador



Autor: Jose Stenio Neves Gameleira


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