Planejamento e Controle da Produção - PCP



Planejamento e Controle da Produção

Conceitos de Planejamento - Sistemas de Administração da Produção

A definição dos sistemas de Administração da Produção, de acordo com os teóricos Corrêa e Gianesi (2001), se resume basicamente nas metodologias para o apoio à tomada de decisões, táticas e operacionais, referentes às seguintes questões básicas:

§ O que produzir e comprar;
§ Quanto produzir e comprar;
§ Quando produzir e comprar;
§ Com que recursos produzir.

O nome genérico de Sistemas de Administração da Produção refere-se às formas sistemáticas e organizadas de planejar, controlar e corrigir o processo de manufatura e produção em todos os seus aspectos e níveis, incluindo materiais, equipamentos, pessoal, fornecedores, clientes internos e externos e as relações com as demais funções empresariais. Originalmente, estes sistemas eram manuais e compostos de mapas, tabelas e formulários que determinavam o que devia ser produzido, quando e por que equipes e equipamentos, além de registrar e apontar consumos e desvios (Moreira, 1996).
A moderna administração da produção tem como desafios obter aumentos de produtividade, rentabilidade, melhoria de índices técnicos e gerenciais de desempenho e redução de custos, além de apoiar efetivamente as decisões.

Programar e controlar a produção consiste essencialmente em conciliar o fornecimento de produtos e serviços com a demanda. Cabe ao PCP oferecer suporte para que as atividades técnicas da produção possam ser executadas. Estende suas ações ou gera reflexos em vários setores da organização (Slack, 1997). Dentro do conceito de planejamento da produção de um operador Logístico, a função do PCP é garantir que os recursos produtivos envolvidos estejam sendo utilizados, em cada momento, nas atividades certas e prioritárias. Vale a pena enfatizar que o processo de planejamento depende de uma visão adequada do futuro. Essa visão do futuro pode depender de sistemas de previsão, conhecimento da situação em que a empresa está inserida e um modelo lógico de projeção de cenários, que localize a organização e suas necessidades.

O processo de Planejamento e programação da Produção

O processo de planejamento é contínuo e a cada momento deve-se ter a noção da situação presente, a visão de futuro, os objetivos pretendidos e o entendimento de como esses elementos afetam as decisões que se deve tomar no presente. Os teóricos Corrêa e Gianesi abordam a dinâmica do processo, seguindo uma seqüencia lógica da programação de produção:

§ Levantamento da situação presente. O sistema de planejamento deve "fotografar" a situação em que se encontram as atividades e os recursos envolvidos;
§ Mapeamento das necessidades de produção (demanda comercial);
§ Elaboração da programação;
§ Execução.


Segundo os teóricos Corrêa e Gianesi, o Planejamento da produção utiliza-se de vários itens para definir suas necessidades. O Planejamento e controle da Produção possuem diversas entradas de dados nos quais vão auxiliar na tomada de decisão do que produzir, onde produzir e com quais recursos. No final do processo, o setor de PCP emite a ordem de produção para o sistema operacional da organização.

De acordo com as citações teóricas de Moreira (1996), a organização deve estender o planejamento em três horizontes de tempo: a longo prazo, a médio prazo e a curto prazo. O planejamento da produção a longo prazo (PPLP) relaciona o horizonte de tempo maior ou igual a um ano. Nesta etapa avalia-se a capacidade produtiva e compara-se com o planejamento estratégico. Podem-se criar cenários para 3, 5 e 10 anos, quando se determina ou não a necessidade de avaliar uma possível expansão da capacidade produtiva. O planejamento da produção a médio prazo (PPMP) pode cobrir um período de 3 até 12 meses. O PPMP deve ser revisado e atualizado trimestralmente. O planejamento da produção a curto prazo (PPCP) determina o que será produzido nas próximas 4 semanas. Esse período varia de organização para organização em função da flexibilidade do processo produtivo, podendo variar de 3 dias até 6 semanas. A avaliação da disponibilidade de matéria-prima e o gerenciamento da eficiência do processo produtivo são as funções mais importantes (Slack, 1997).

Com os planejamentos de curto prazo definidos, a programação de Produção utiliza-se de metodologias e Ferramentas para elaborar efetivamente as ordens de serviço para a operação. Dentre eles temos o MRP (Planejamento das Necessidades de Materiais), MRP II, MPS (Plano Mestre de Produção), S&OP e ERP (sistema informatizado de gestão).


MRP ? Planejamento da necessidade de materiais


Na referência bibliográfica de Moreira (1993), o MRP (Materials Requirement Planning) é uma técnica para converter a previsão de demanda de um item em uma programação das necessidades das partes componentes do item. Determina quanto deve ser adquirido de cada item e em que data estes materiais devem estar disponíveis. Corrêa e Gianesi (2001) falam sobre o tema, definindo que MRP é o calculo das necessidades materiais requeridas para a fabricação de determinado produto, mediante solicitações do Plano Mestre de Produção. Alocando os recursos no momento certo e na quantidade certa. Os dois autores seguem a mesma linha de raciocínio ao afirmar que o MRP se constitui como a ferramenta ideal para a boa gestão da manufatura ou prestação de serviços.
O MRP baseia-se na definição de tipos de demanda, independente e dependente. Segundo Moreira:

Demanda Independente

Uma demanda é independente quando não tem relação com a demanda de outros itens, portanto quando não é uma função da demanda de qualquer dos outros itens de estoque. A demanda independente deve ser prevista pela área comercial e pode ser considerada no processo como o produto final.

Demanda Dependente
A demanda dependente por sua vez, é diretamente relacionada com a demanda de outro item ou produto existente no estoque. Esta demanda pode ser calculada e deve ser determinada pela demanda dos outros itens dos quais é função. O melhor exemplo de um item de demanda dependente é a lista de materiais para a fabricação de um especifico produto final.

A adoção de um sistema de MRP apresenta diversos benefícios, incluindo:

§ Níveis de estoque menores;
§ Melhor atendimento ao cliente (Nível de serviço);
§ Otimização dos recursos produtivos.

O MRP pode ser visto, em segundo lugar, como um sistema de controle de estoques de itens de demanda dependente. Neste sentido, ele é um sistema proativo, dado que evita a manutenção dos estoques. Os produtos para a produção são comprados na medida em que são requisitados. Nos sistemas de controle de estoque de demanda independente, as ações são tomadas com base em uma data (Sistema de Reposição Periódica) ou numa quantidade remanescente ( Sistema de revisão Contínua) que nestes casos, necessitam de manutenção permanente nos estoques (Corrêa e Gianesi, 2001).


O MRP utiliza os dados do Programa Mestre de Produção (Master Production Schedule - MPS), de ordens para componentes originadas externamente, de previsões para os itens de demanda independente, de registros de estoques, de estrutura do produto ou lista de materiais do produto, de necessidades brutas e de necessidades líquidas (Slack, 1997).

Parametrização do sistema MRP

Corrêa e Gianesi (2001) afirmam que a Parametrização é a forma de se adaptar o cálculo de MRP às necessidades específicas da organização. Como as necessidades e características da organização estão sempre mudando, é também necessário revisar periodicamente a parametrização.

§ Definição dos Lead times: Tempo requerido pelo sistema de produção para executar determinada tarefa;
§ Definição dos tamanhos de lotes de produção: Lotes otimizados para suprimir a demanda;
§ Definição dos lotes de compra: Quantidade ideal de compra para não aumentar os estoques de matéria-prima;
§ Estoque de Segurança: Nível de estoque necessário para garantir a produção durante um determinado tempo.


MRP II ? Planejamento de Necessidades de Materiais II

O planejamento da necessidade de materiais foi ampliado para o planejamento dos recursos de manufatura (MRPII), que inclui um controle maior da produção e o detalhamento do processo de programação. A inclusão do cálculo de necessidades de capacidades do sistema produtivo acabou criando um novo conceito de calculo de MRP, o MRP II (Corrêa e Gianesi, 2001). Esse módulo determina qual será o tempo de uso de cada recurso produtivo utilizado no processo para realização da programação determinada. Esse cálculo pode envolver a necessidade de mão-de-obra a ser empregada na execução de tarefas.

Uma vez verificada a viabilidade dos materiais, o Calculo de Recursos produtivos (CRP) utiliza as informações da planta, roteiros e tempos para definir as necessidades de capacidades para cada centro, período a período. Diante destas informações, o programador pode evitar situações de ociosidade ou de excessos no processo produtivo. A partir da multiplicação do número de lotes necessários ao longo do período, pelo mapa de tempo padrão, determina-se qual o nível de trabalho necessário em cada recurso ao longo do tempo. Corrêa e Gianesi afirmam que o MRPII possui cinco módulos básicos de gestão e controle:

1. Módulo de planejamento da produção. Visa o planejamento do que produzir e com quais recursos produzir.
2. Módulo de planejamento mestre da produção. Geralmente compreende o período de um mês e é baseado nos números de Planejamento da Produção
3. Módulo de controle de fábrica. Gestão e Controle da produção.
4. Módulo de cálculo de necessidade de materiais. Cálculo do volume a produzir e suas necessidades de volume de itens.
5. Módulo de cálculo de necessidade de capacidade. Cálculo das capacidades operacionais do sistema produtivo.

Uma das principais vantagens do MRP II é sua flexibilidade diante do processo de produção. De acordo com Corrêa e Gianesi, esta é a condição que o torna a cada dia mais importante, devido às turbulências corporativas e à crescente demanda por melhores serviços.

MPS ? Planejamento Mestre da Produção

O MPS, ou Planejamento Mestre da Produção, é o principal input para o sistema MRP na gestão da produção. Ele estabelece qual o produto e quantidade que deverão ser produzidos ao longo do período correspondente ao planejamento. A atenção nessa fase do trabalho é assegurar o fluxo do processo produtivo, disponibilizando os recursos produtivos necessários no momento adequado. A flexibilidade para atender a um pedido exige que o PMP determine limites para aceitar alterações na composição dos pedidos, mudando sempre que necessário.

Algumas empresas utilizam planejamentos mensais ou semanais, de acordo com a diretriz adotada. No caso da função produção na empresa, o MPS é o processo responsável por garantir que os planos de manufatura ou prestação de serviços estejam perfeitamente integrados com o planejamento estratégico e outros planos funcionais. Esta conexão é feita através do desmembramento do plano produtivo estratégico em planos específicos, de bens ou serviços, para médio prazo, direcionando as etapas de programação (Corrêa e Gianesi, 2001).

A equipe de S&OP (Sales and Operations Planing), considera os produtos agregados em famílias ou linhas de produção, sendo função do planejador ou programador da produção desagregar esses níveis em programas detalhados por produto ou no caso de prestadores de serviços, em clientes.

Segundo Correa e Gianesi, os planos táticos têm a função de orientar as equipes nos problemas operacionais e direcionar os esforços para melhores resultados:

§ Plano de vendas: número de unidades ou serviços que os representantes deverão esforçar-se para vender;
§ Plano de Marketing: mercados a atacar, produtos, preços, promoções e esquemas de distribuição;
§ Plano de engenharia: programas e projetos a serem desenvolvidos;
§ Plano de finanças: receitas, orçamentos de despesas e margens de lucro visados;
§ Plano de manufatura: o que, quanto, quando e com que recursos a fábrica vai produzir.

Os planos devem estar interligados uns com os outros. No caso da função de produção, o MPS é o processo responsável por garantir que os planos de manufatura estão perfeitamente integrados com o nível superior de planejamento estratégico. Basicamente, a principal função do MPS é coordenar ou balancear suprimento e demanda dos produtos acabados, período a período, para satisfazer a demanda dos planos comerciais desenvolvidos nos processos de S&OP.

O MPS acompanha e controla a produção definindo a quantidade a ser produzida pelo sistema, tomando como inputs o cenário de consumo do período anterior e a projeção de demanda para o período posterior.

O MPS, nos processos usuais de Programação de uma linha de Produção, é caracterizado como um dos principais insumos para o MRP, que é o sistema que define a necessidades dos materiais e recursos que vão ser usados no processo de fabricação ou prestação de serviços. O MRP define assim: a transferência de estoques, requisições de compra e as ordens de produção.

Autor: Fábio Rodrigues Do Nascimento


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