A GESTÃO PEDAGÓGICA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO DA CRIANÇA



A GESTÃO PEDAGÓGICA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO DA CRIANÇA

Ângela Mari Silveira da Silva


RESUMO


Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa cujo objetivo foi conhecer como se realizou a gestão pedagógica da elaboração, utilização e priorização de estratégias motivacionais utilizadas pelos professores em sala de aula no processo de alfabetização das crianças nos primeiros três anos do ensino fundamental na Escola Municipal Coracy Prates da Veiga, em Viamão, no primeiro semestre 2010. O estudo discute o papel professor alfabetizador e a gestão pedagógica em sala de aula analisando as estratégias motivacionais utilizadas, visando à aquisição da linguagem escrita da criança nos três primeiros anos na escola. Trata-se de uma pesquisa quantitativa, descritiva, do tipo bibliográfica, com levantamento de dados coletados através da observação docente. Foi utilizado o método dedutivo a triangulação para análise dos resultados. Conclui-se que a ação docente estudada não proporciona espaço para o desenvolvimento da autonomia, oportunizando aos alunos a escolha dos assuntos que tenham maior sentido para eles, estimulando o desejo de aprender. A partir de estratégias motivadoras, a gestão pedagógica no processo de alfabetização potencializa o desenvolvimento do pensamento reflexivo e integral dos alunos, respeitando as diferenças e as particularidades individuais, ampliando os limites pessoais e sociais do aluno, no ambiente onde está inserido.

Palavras-chave: Motivação. Estratégias. Planejamento. Organização.


INTRODUÇÃO

Os atos de ensinar e de aprender contemplam a complexidade dos processos ensino e aprendizagem. Trata-se de temáticas correntes e intercambiantes, discutidas em todos os recantos do mundo e academias, pois, afinal, é através do ensino do conhecimento sistematizado, e da educação do povo, que se transmite a cultura e se processa a evolução da sociedade.
Infelizmente, o Brasil ocupa a "vice-lanterna", com a segunda pior taxa de analfabetismo da América do Sul, com 14 milhões de brasileiros, com mais de 15 anos, não sabem ler e escrever e o 11% da nossa população é analfabeta, conforme dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e estatísticas (2006). Esta realidade dificulta o desenvolvimento, por falta de capacitação dos trabalhadores, é saber ler e escrever.
O tema em estudo envolve muito mais que a representação da linguagem e o processo de alfabetização, que, tradicionalmente, leva em consideração a relação entre o método utilizado e o estado de maturidade, ou de prontidão da criança (FERREIRO 1995).
A discussão das temáticas envolve o papel do professor na gestão pedagógica do processo da aquisição da linguagem escrita da criança e na sua alfabetização, bem como a concepção pedagógica sobre o que é ensino e o que é aprendizagem.
As estratégias motivacionais, presentes no trabalho em sala de aula, propiciam a aquisição de conhecimentos pelos alunos, na medida em que o docente organiza sua ação considerando as fases da exposição dos conteúdos, despertando a curiosidade e o interesse em aprender dos alunos.
Alonso Tapia e Fita (1999) defendem que o interesse escolar não depende de um único fator (pessoal, contextual), mas da interação dinâmica entre as duas características, e que saber motivar implica em saber como os alunos aprendem. A motivação para aprendizagem envolve estratégias inseridas na gestão pedagógica.
A gestão pedagógica é mais do que planejamento, constituindo-se na elaboração e no gerenciamento do Projeto Político Pedagógico da instituição. Inclui todas as práticas administrativas e também as pedagógicas, envolvendo crenças, estudos, o currículo. Enfim, todas as ações que resultam na atividade central da escola. Envolve a aula propriamente dita, mas também a aquisição e a produção do seu conhecimento pelos alunos. Portanto, não é uma atividade individual, mas sim coletiva, que exige diálogo e participação. Implica em atitude, comprometimento e ação. Essas exigências contribuem para que os professores estejam em processos de referência e auto-referência. A aquisição da linguagem escrita da criança envolve problemas cognitivos, especificamente, os modos de organização conceitual do conhecimento e a passagem de um modo para outro (FERREIRO, 1995). O modelo teórico, que aborda a questão foi estudado e publicado por Piaget (1975).
A partir das idéias acima, é importante ressaltar que a compreensão e o desenvolvimento da leitura e da escrita envolvem os modos de organização do conhecimento, que seguem uma certa ordem. Estes níveis de organização caracterizam formas de percepção, que atuam da mesma maneira nos esquemas assimiladores. A compreensão da lógica interna destes modos de organização implica em conhecer os processos de construção do conhecimento pelas crianças e saber motivá-las em sala de aula.
A aquisição da linguagem escrita das crianças requer ambiente pedagógico motivador, que facilite a socialização e o aprendizado. Portanto, a ação docente para a aprendizagem envolve aspectos motivacionais na apresentação e no desenvolvimento dos conteúdos programáticos, precisa gerar tomada de decisões, exige procedimentos didáticos e pedagógicos, mas também são necessárias discussões e reflexões.
Sabidamente, a evasão escolar e a repetência escolar são problemas atuais e preocupantes. Como motivar os alunos para a aprendizagem? Como ampliar os recursos didáticos pedagógicos, ao alcance do professor, para que ao ensino seja efetivo e objeto de felicidade?
A presente pesquisa propõe-se a aprofundar o conhecimento sobre a gestão pedagógica do papel do professor de séries iniciais em sala de aula, envolvendo as estratégias motivacionais utilizadas e visando facilitar à aquisição da linguagem escrita da criança nos primeiros anos na escola.
O estudo decorre de uma pesquisa quantitativa, realizada na Escola Municipal Coracy Prates da Veiga, em Viamão, com o objetivo de conhecer como se realizou a gestão pedagógica no processo de alfabetização da criança nos primeiros três anos de escola Municipal Coracy Prates da Veiga, em Viamão, no primeiro semestre 2010.
Ainda, procurou descrever a ação do professor das séries iniciais visando à alfabetização das crianças; identificar as estratégias motivacionais utilizadas em sala de aula pelo professor; descrever as fases da ação docente e as metas motivacionais priorizadas pelo professor no processo de alfabetização das crianças nos primeiros três anos de escola.

1 DELIMITAÇÃO DO TEMA E JUSTIFICATIVA

O problema de pesquisa constitui-se na seguinte questão: "como se realizou a gestão pedagógica no processo de alfabetização da criança nos primeiros três anos de Escola Municipal Coracy Prates da Veiga, em Viamão, no primeiro semestre 2010?"
Participaram deste estudo duas professoras que lecionam nas turmas 1º, 2º e 3º anos, totalizando 28 alunos, com idades entre 7 e 13 anos.As turmas de 1º e 2º anos são multiseriadas, totalizando 40 alunos, que integram as turmas do 1º ao 5º ano, matriculados no primeiro semestre de 2010, na Escola Municipal Coracy Prates da Veiga, situada na zona rural do município de Viamão, no Rio Grande do Sul, no primeiro semestre de 2010.
Trata-se de uma pesquisa quantitativa e descritiva. Os dados foram coletados através da pesquisa bibliográfica, realizada em livros, artigos científicos, dados existentes em fontes formais disponibilizadas na rede mundial de computadores, e coletadas através de levantamento, realizado através da observação da ação docente em sala de aula, visando verificar o emprego das estratégias de ensino utilizadas pelos professore. Foi elaborada uma planilha com as estratégias de atuação docente a partir das idéias de Alonso Tapia (1999), conforme apêndice 1.
Os dados foram copilados e registrados em fichas, indicando a turma, o número de alunos e a respectiva série. Após registrados, os dados foram quantificados através de estatística simples (freqüência) e analisados através da técnica de triangulação, conforme leciona Denzin, apud Serrano (1990).

2 PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM ESCRITA DA CRIANÇA E A MOTIVAÇAO PARA APRENDER

Desde o nascimento as crianças são construtoras de conhecimentos. Neste esforço de compreender o mundo que as rodeia, levantam problemas difíceis e abstratos e por si só tratam de descobrir respostas para eles. Constroem objetos complexos de conhecimento e o sistema de escrita é um deles.
Vigotsky (1979) afirma, que "ao aprender a escrever, a criança tem que se libertar do aspecto sensorial da linguagem e substituir as palavras por imagens de palavras... Quando fala, a criança tem uma consciência muito imperfeita dos sons que pronuncia e não tem qualquer consciência das operações mentais que executa. Quando escreve, tem que tomar consciência da estrutura sonora de cada palavra, tem que dissecá-la e reproduzi-la em símbolos alfabéticos".
Do ponto de vista construtivista (teoria Piagetiana), a da linguagem escrita da criança passa por três grandes períodos: distinção entre o modo de representação iônico e não iônico; a construção de formas de diferenciação e a fonetização da escrita que inicia com um período silábico e culmina no período alfabético (FERREIRO, 1995, p. 18 e 19).
Emilia Ferreiro e Ana Teberosky comprovaram que a criança aprende a escrever não por imitação ou por repetição, mas sim, atuando com e sobre a língua escrita, buscando compreendê-la como sistema, levantando hipóteses e buscando regularidades. Essas conclusões produzidas a partir do olhar sobre a aprendizagem da criança se refletiram diretamente nas propostas e encaminhamentos didáticos para o ensino da leitura e da escrita na escola, mudando o enfoque e a perspectiva do trabalho realizado pelo professor.
Emilia Ferreiro provocou uma revolução conceitual sobre a alfabetização, o que acarretou mudanças profundas na própria estrutura escolar. Colocou em pauta, uma questão fundamental: para quê se escreve? É descobrindo a função social da escrita que o aluno dá um significado real ao ato de ler e escrever.
Embora, como afirma Perrenoud (2002, p. 15-17), "grande parte dos problemas tratados por um profissional não figura nos livros e não podem ser resolvidos apenas com ajuda dos saberes teóricos e procedimentais ensinados". É fundamental a adoção de uma postura reflexiva do profissional da educação, para que aprenda e evolua com a experiência, "refletindo sobre o que gostaria de fazer, sobre o que realmente fizeram e sobre os resultados de tudo isso". É neste contexto, conforme demonstra o autor citado, a prática reflexiva pode influenciar positivamente na resolução de problemas reais, capaz de modificar uma realidade.
Jesus Alonso Tapia diz que aprendizagem se dá através de uma interação do aluno com o meio, captando e processando os estímulos exteriores selecionados, organizados e seqüenciados pelo professor. È uma construção que o aluno realiza sobre a base inicial incorporando novas informações nos seus esquemas cognitivos. È no conceito de aprendizagem que se ressalta a importância da motivação, sendo que toda mobilização cognitiva que a aprendizagem requer deve nascer de um interesse, da necessidade de saber, de querer alcançar determinadas metas.
É indiscutível a importância da motivação na aprendizagem. Um aluno pode ser inteligente, mas, se ele não quer aprender, ninguém poderá fazê-lo aprender. Pra isso é importante que se defina as metas motivacionais.
A motivação é "um conjunto de variáveis que ativam a conduta e a orientam em determinado sentido para poder alcançar um objetivo" (TAPIA e FITA, 1999, p. 77), incrementando a aquisição de competências, de autonomia e responsabilidade pessoal, percepção de interdependência positiva, requerendo atenção ao aprendente, especialmente no que se refere ao trabalho cooperativo.
A reflexão é necessária, para que os professores repensem e compreendam o conceito de motivação, e suas implicações no processo de ensino-aprendizagem, precisando estar conscientes e preparados para adotar estratégias adequadas e a definição das metas motivacionais, principalmente na fase de alfabetização.
Para que possa aprender a ler escrever, nesta etapa tão importante, o aluno precisa ter motivação para aprender. É ao professor alfabetizador, que cabe a missão de despertar a motivação naqueles que chegam à escola sem interesse pela aprendizagem e estimular a motivação dos que querem aprender.
O ambiente pedagógico configura-se como favorável à aprendizagem quando é definido pelos objetivos de aprendizagem dos alunos, pela forma que o professor apresenta as informações e propõe as atividades em sala de aula, como responde às demandas dos alunos, exerce a autoridade e procede à avaliação. Portanto, para motivar os alunos se faz necessário conhecer suas metas motivacionais e analisar os padrões da atuação docente para melhor compreensão sobre o processo pedagógico e seu potencial para despertar o interesse e o esforço para aprender.
Para facilitar a aprendizagem dos alunos, o professor se vale de estratégias, da aplicação dos meios disponíveis com vistas à consecução de seus objetivos. A expressão "estratégias de ensino-aprendizagem" num sentido amplo inclui os métodos, técnicas, meios e procedimentos de ensino.
Ao se decidir pela aplicação de determinada estratégia e definição das metas motivacionais a serem utilizadas, deverá o professor certificar-se de que estas estejam adequadas à sua clientela e também aos objetivos que pretende alcançar.
A seguir, são apresentados os resultados da pesquisa com as estratégias de ensino utilizadas pelos professores observados e analisados os condicionantes contextuais relevantes para a aprendizagem, de acordo com as idéias de Alonso Tapia (1999), observando os momentos de uma aula: no início da aula, organização das atividades, interação professor e alunos e avaliação.

3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS

Através da observação das estratégias de ensino empregadas pelo professor em sala de aula, constatou-se que quanto às metas de motivação, os professores conseguem atrair a atenção dos alunos. A curiosidade e o interesse são despertados através do estabelecimento de conexões com a realidade e as peculiaridades locais, motivando-os para a aprendizagem.
A curiosidade "é uma atitude, manifesta na conduta exploratória, ativada pelas características da informação tais como sua novidade, complexidade, caráter inesperado, ambigüidade e variabilidade" (ALONSO TAPIA, 1999, p. 38-39). Quando o professor não procura despertar a curiosidade, os alunos podem considerar que o objetivo é memorizar, o que pode influenciar negativamente na forma de enfrentar as dificuldades.
O interesse diz respeito a manter a atenção centrada na explicação da atividade pelo professor, ocasião em que relaciona com o que já sabe. Ou seja, trata de "dirigir a atenção para um fenômeno novo, incerto, surpreendente ou incongruente, seguido de uma atividade orientada para a exploração dele que facilite seu conhecimento e compreensão" (ALONSO TAPIA, 1999, p. 40).
Quando não há interesse pode haver lacunas na compreensão. Por isso, a coesão na progressão da apresentação dos conteúdos facilita a hierarquização e a compreensão das idéias; também o ritmo da exposição é relevante, bem como apresentar as informações, sempre que possível através de imagens concretas, permitindo ao aluno estabelecer conexões com o que já sabe.
A importância dos conteúdos refere-se ao significado da atividade ou tarefa. Isso depende da capacidade do aluno situar a tarefa no contexto do que já sabe e também da sua capacidade de determinar as implicações daquela informação quando tiver que realizar ou empregar a tarefa ou o conhecimento. Portanto, é importante que o professor ressalte a importância da atividade, priorizando em suas mensagens.
Na organização das atividades constatou-se que os professores não proporcionam grande autonomia aos alunos. Sugerem ao aluno o trabalho já planejado previamente conforme as dificuldades de cada um, raramente negociando as que possam ter mais sentido para eles. O que pode tornar-se ponto negativo, pois segundo Tápia, a maneira com que os professores organizam as atividades em aula, está relacionada com o interesse e a maneira como eles as enfrentam, promovendo assim interações cooperativas.
A organização das atividades pode variar, mas o importante é a autonomia que o aluno dispõe para fazer a tarefa. A autonomia é maior quando os alunos assumem as atividades como algo positivo e desejado. Isso envolve a escolha de grupos de trabalho, escolhe um dentre vários temas de trabalho, etc. A negociação das atividades com os alunos possibilita ao professor discorrer sobre a viabilidade de opções e ajudá-los na organização dos mesmos por etapas. Isso permite avaliar caminhos e a progressão dos discentes, considerando os resultados já alcançados (TAPIA, 1999).
O interesse dos alunos e a maneira como enfrentam as atividades são estimuladas quando está relacionada à maneira como os professores organizam as atividades em aula, promovendo interações cooperativas. Isso envolve o tipo de tarefa, o tamanho do grupo, a composição e as características do grupo. Em grupos grandes, a responsabilidade se dilui e, às vezes, não se tira proveito da atividade. Para Alonso Tapia (1999), as atividades exploratórias são mais motivadoras, sempre que produzem interações positivas como saber ouvir um colega.
A interação dos professores com os alunos, segundo a observação, é motivada pelas mensagens passadas antes, durante e depois das atividades realizadas. Isto faz com que a relação entre eles, transponha barreiras, enfrentando as dificuldades e despertando o interesse em aprender.
Antes de realizar uma tarefa, as mensagens que os professores transmitem podem ressaltar mais a importância do processo em vez do resultado, permitindo estabelecer metas realistas, sugerir estratégias para realizar as tarefas ajudando o aluno a pensar e não ficar bloqueado. Tais perguntas, segundo Alonso Tapia (1999, p. 52) são relevantes: "ao fazer a análise, lembre-se que deve responder a estas perguntas ? qual é o conteúdo essencial do texto? Em que contexto (literário, histórico, cultural) cabe situá-lo? A partir de quais critérios vou avaliar os conteúdos? E sua forma?".
Durante a tarefa, quando o aluno faz uma pergunta, é lhe fornecido pistas que ajudam a superar as dificuldades e não lhe é respondida a pergunta, mas, sim, são utilizadas estratégias como, por exemplo: "você lembra os passos que assinalamos na aula?".
As mensagens no final da tarefa reprisam os procedimentos para resolver o problema e orientam os alunos para o processo a ser seguido, conduzindo a consciência do que e por que aprendem, ressaltando que embora haja equívocos, o importante é avançar. Assim, a interação dos professores com os alunos envolve dizer o que pensam sobre seus acertos e erros, suas preferências, suas expectativas e outros aspectos da sua conduta, constituindo-se em modelos dos quais os alunos apreendem o interesse por aprender, como enfrentar as dificuldades.
A avaliação da aprendizagem constitui-se, talvez, no mais importante fator contextual que condiciona a motivação ou a desmotivação. Para Alonso Tapia, não se refere só às qualificações que os alunos recebem, mas também a um processo que vai desde o que o professor diz ? ou não diz- a eles antes da avaliação para ajudá-los e motivá-los a fazê-la, passando pela apresentação das tarefas e dos modos de acolhida de informação [...] (1999, p. 56).
Os dados pesquisados demonstraram que os professores avaliam seus alunos a partir de diferentes conhecimentos e habilidades, conforme os conteúdos trabalhados. Procuram observar a progressão de cada aluno individualmente, detectando e apontando o progresso e as dificuldades, encontrando formas de superar os problemas. Evitam as comparações entre os alunos evitando prejuízo de sua auto-estima, mas relatam que as comparações e avaliações entre seus resultados existem entre eles.
Portanto, a avaliação visa aferir a qualidade da atividade desenvolvida pelos alunos permitindo corrigir seus erros, conhecer seu progresso e o que não sabe. Constatou-se que não há comparação entre os alunos ao divulgar os resultados, o que evita prejuízos a própria estima dos educandos.


4 CONCLUSÕES

As evidências levantadas na presente pesquisa demonstram que a gestão pedagógica da elaboração, utilização e priorização de estratégias motivacionais utilizadas pelos professores em sala de aula estratégias conseguem atrair a atenção dos alunos. A curiosidade e o interesse são despertados através do estabelecimento de conexões com a realidade e as peculiaridades locais, motivando-os para a aprendizagem no processo de alfabetização das crianças nos três primeiros anos do ensino fundamental.
Na organização das atividades constatou-se que os professores não proporcionam grande autonomia aos alunos. Sugerem ao aluno o trabalho já planejado previamente conforme as dificuldades de cada um, explicando as atividades que devem ser realizadas pelos alunos em sala de aula. Esta estratégia é limitada em relação à promoção da autonomia, à escolha e à responsabilidade, pela decisão, ao desenvolvimento do desejo de assumir desafios, de construir ou reformular conhecimentos prévios diante de melhores alternativas, uma vez que as atividades são pré-estabelecidas, reduzindo a cooperação e a construção coletiva. Raramente negociando as que possam ter mais sentido para eles, tornando-se um ponto negativo, na promoção das interações cooperativas.
As mensagens passadas pelos professores antes, durante e depois das atividades, motivam a interação com os alunos, fazendo com que a relação entre eles se estreite. Isso proporciona confiança por parte dos alunos para esclarecerem suas dúvidas. O professor por sua vez busca fazer o aluno pensar e a refletir sobre suas hipóteses, sem fornecer uma resposta pronta. Proporciona ao aluno a oportunidade de enfrentar suas dificuldades, despertando seu interesse em aprender cada vez mais.
A avaliação da aprendizagem dos alunos considera diferentes conhecimentos e habilidades, conforme os conteúdos trabalhados. A progressão de cada aluno é observada individualmente, detectando e apontando o progresso e as dificuldades, encontrando formas de superar os problemas. As comparações entre os alunos são evitadas para que não haja prejuízo de sua autoestima. Sendo assim pode-se considerar que a escola possui uma avaliação orientadora e automotivadora da aprendizagem.
Os resultados obtidos nesta pesquisa permitem inferir que o ensino na Escola Municipal Coracy Prates da Veiga apresenta características de uma abordagem tradicional e de construção do conhecimento, com indicativos de que é possível o surgimento de uma nova reestruturação do pensamento dos professores quanto à organização das atividades da sala de aula.
Deve-se levar em conta a negociação com alunos para que também sejam trabalhados assuntos que tenham maior sentido para eles no momento. A partir do trabalho com estes assuntos, a gestão pedagógica no processo de alfabetização das crianças nestes primeiros anos de escola, proporcionará maior estimulação e desenvolvimento do pensamento reflexivo e integral dos alunos, respeitando as diferenças e as particularidades individuais, ampliando os limites pessoais e sociais do aluno, no ambiente onde está inserido.
Faz-se necessário, portanto, deixar de lado antigos paradigmas que estão incutidos em nossas mentes, em nossas práticas sociais e pedagógicas, tornando possível a apropriação de novos saberes e a construção de fazeres novos, que venham de encontro aos novos tempos. Espera-se, portanto, que a realização deste trabalho, sirva de estímulo para o desenvolvimento e da busca, e que os resultados obtidos possam contribuir com a gestão do trabalho pedagógico dos professores da escola pesquisada.


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Autor: Ângela Mari Silveira Da Silva


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