A PRODUÇÃO TEXTUAL DE ALUNOS INGRESSANTES EM CURSOS NOTURNOS DA FATEC-ID
Prof. Ms.José Luiz Marques
Profa, Dra, Ivanete Belucci Pires de Almeida
FATECID FACULDADE DE TECNOLOGIA DE INDAIATUBA
INTRODUÇÃO.
Os objetivos deste trabalho foram os de analisar a produção da autobiografia de alunos, nos primeiros semestres de cursos noturnos, como recurso para conhecer as concepções deles acerca desse gênero textual, os desafios de suas trajetórias de vida, as perspectivas deles ante a educação superior, ao mercado de trabalho, suas produções textuais, questões de lingüística textual na escrita e, sobretudo, expectativas em relação aos cursos da FATECID. Este trabalho surgiu da necessidade de traçar um perfil do aluno ingressante nos cursos noturnos da faculdade.
MÉTODO.
O trabalho teve início no segundo semestre letivo de 2010. Os procedimentos adotados foram os da produção da narrativa e da autobiografia, enfatizando o procedimento de narrador personagem. O critério de produção foi livre, sem nenhuma interferência do professor ou especificidade a ser ressaltada no texto e os alunos tiveram uma hora e quarenta minutos para realizá-la.Oitenta e três alunos produziram os textos e entregaram ao professor. Durante o semestre, esses textos foram analisados por dois profissionais da faculdade, um da área da linguagem e outro, da educação. A metodologia de análise foi a bibliográfica, desenvolvida por meio de três campos teóricos específicos: o da narração, entendido por meio de BENJAMIN (2001) e CHARTIER (2003), o da aquisição e desenvolvimento da linguagem, por KOCH (2006)e GUIMARÃES (2007; 2011 e o das práticas pedagógicas no ensino superior noturno, por CASTANHO (2001) e FREIRE (2000).
Tabela 1. Análise da narrativa sócia produzida pelas autobiografias. A questão que se coloca é sobre a expectativa dos ingressantes em relação à FATECID:
Expectativas dos alunos Número de textos e percentual
Futuro profissional curto prazo 64 77%
Falta de opção 11 13%
Ampliar conhecimentos 6 7%
Docência no ensino tecnológico 2 3%
l
Tabela 2. Análise lingüística sobre os procedimentos de textualidade utilizados pelos alunos a partir da referenciação (KOCH, 2006) e a partir do DSD ( Domínio Semântico de Determinação ( GUIMARÃES, 2007; 2011):
Procedimentos de textualidade Categorias
linguísticas Quantidade de textos reincidentes e percentaual
Referenciação anafórica anáfora 36 44%
Referencialçai catafórica catáfora 11 13%
Referenciação elíptica elipse 16 19%
Reescritura substituição 12 14%
Articulação articulação 08 10%
RESULTADOS E DISCUSSÃO.
Após análises das autobiografias, os resultados da narrativa social mostraram que os alunos ingressantes nos cursos noturnos da FATECID são, de maneira geral, sujeitos com diversas perspectivas de vida profissional e acadêmica: a maioria apontou para alunos preocupados com o futuro profissional a curto prazo e ressaltou a importância da faculdade como promotora de recursos para a realização dessa expectativa, alguns revelaram que a opção pela faculdade foi mera "falta de opção" porque não conseguiram se aprovar em outras universidades, outros que buscam o aperfeiçoamento constante de seus conhecimentos para continuar os estudos futuros, uma minoria se mostrou preocupada em ocupar seu tempo e outros, ainda, em seguir a carreira docente na área tecnológica. No âmbito da lingüística textual, as produções, de maneira geral, revelaram que os sujeitos, quando trabalham com atividades de produção epilinguísticas, como a narrativa de suas vidas, produzem o texto imprimindo nele preocupações com a referenciação, com a reescritura e com a articulação como procedimentos de textualidade, e que a escrita da autobiografia, como estratégia de produção epilinguística, é uma atividade que permite escolhas (até intuitivas) de uso de expressões anafóricas, elípticas e catafóricas que estão diretamente atreladas às experiências linguísticas do sujeito. Assim, foi possível observar e afirmar que, a partir deste tipo de produção textual, a atividade metalingüística ? a de reflexão sobre a língua ? ganha espaço concreto na sala de aula, quando pensada sobre a natureza da escrita de textos e sobre a necessidade de se ensinar e aprender os aspectos mais formais e normativos da língua.
CONCLUSÃO.
É justamente nas características da autobiografia ? a da narração em primeira pessoa e a do protagonista-autor ? e, portanto, o envolvimento dele com sua própria história, que também residem o viço de se emergirem deste gênero textual possibilidades de entendimentos mútuos entre aluno e professor, de relações respeitosas e comprometidas com o processo de ensino e de aprendizagem mais diretamente voltado à realidade deles e, também, com a dinâmica do mercado de trabalho que exige de ambos, cada vez mais, a capacidade de estabelecerem relações mais eficientes e eficazes entre a teoria e a prática ? relação ainda tão complexa de ser compreendida e executada. Além disso, por meio das características da atividade de produção epilinguística, foi possível perceber nos textos a preocupação, ao modo desses sujeitos, com a referenciação, com a reescritura e com a articulação na textualidade e, a partir dessa preocupação, proporcionar a ele reflexões metalinguísticas que possam auxiliá-lo no desenvolvimento de sua linguagem escrita, principalmente no que diz respeito `a coerência e à coesão textuais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
BENJAMIN. Walter. O Narrador. SP: Brasiliense. 2001.
CASTANHO. Maria Eugênia L..M. Universidade à noite: fim ou começo de jornada? Campinas/SP: Papirus. 2001.
CHARTIER, Roger. A História Cultural: entre práticas e representações. Tradução de Maria Manuela Galhardo. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1990. 245p.
FREIRE. Paulo. Pedagogia da Autonomia. SP: Paz e Terra, 2000
GUIMARÃES; Eduardo. Semântica do Acontecimento. SP:RG Editora.2007
_____________________. Análise de texto: procedimentos, análise, ensino. SP: RG. Editora. 2011.
KOCK. Ingedore. Coerência e Coesão. SP: Contexto. 2007
______________. O texto e a produção de sentidos. SP: Contexto. 2007
Autor: Jose Luiz Marques
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