RUPTURA



RUPTURA
(Olina I. B. Corrêa)
Há uma turma de jovens tristes,
que como um cortejo fúnebre
segue o traficante pelas cegas,
escuras e surdas da cidadela.
É a rapinante de seres humanos,
o sugador da seiva vital,
o marginalizador da juventude.
Um desses jovens drogados me disse:
"Quando estou numa grande viagem
vivo um reino de príncipes e princesas,
com amizade ,
riqueza, esperança,
amor e ternura,
coragem e prazer,
alegria;
enfim, tenho tudo aquilo
que a realidade me nega,
mesmo que seja
por pouco tempo."
Os jovens viciados carregam no peito
o somatórios dos desenganos,
da miséria e da loucura humana.
É o reverso da medalha
de uma sociedade desajustada,
em conflitos,
que enfatiza a face limpa,
mas que por debaixo dos panos
é escura,
malcheirosa e suja,
como estes dependentes dos tóxicos.
Ao levantar o rosto lavado de pranto,
o sonho se esvai e o drogado
solitário, trôpego e débil,
geme em busca dos resquícios de vida
para retirar sua máscara preta,
desvelando toda sua emoção,
transforma-se numa figura afetiva,
sensível e bondosa,
disposta ao sacrifício da sua vida
para salvar o semelhante.
Drogas, drogas, e mais drogas...
São sempre elas!
É horrível ver
que no meu pequeno universo
existem tantas pessoas
à margem da sociedade,
da estrada, do rio,
da vida e o do mundo;
existem também,
quem não entende nada
dos valores
que o dinheiro
não pode comprar.
Neste meio,
cego e mudo,
o jovem viciado
contínua sendo um excelente motivo
para ele continuar omisso
aos grandes problemas sociais.
Este cortejo de drogas,
maltrapilhos da sua própria desgraça,
represente um pouco
da nossa falta de consciência;
são as conseqüências de nossas falhas,
seja elas
familiares, sociais ou educacionais.
TOXICÔMANOS:
meus amigos, meus vizinhos,
meus colegas, meus alunos,
meus irmãos...
perdoem- me se venho lhes falar em vida,
em esperança, em futuro...
mas suplico- lhes que tenham fé
em um novo amanhecer.
Ainda é tempo de recomeçar,
sempre é possível ser luz
num caminho de trevas,
e vocês
podem ser a fonte de felicidade,
se forem corajosos o bastante
para retirar a lama
que existe no caminho.

Autor: Olina Iracema Balbé Corrêa


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